Revista M&T - Ed.171 - Agosto 2013
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Agribusiness

Alta do mercado agrícola impulsiona setor de equipamentos

Com apostas na agricultura de precisão, empresas preparam suas linhas de máquinas para atender À safra recorde de grãos prevista para 2013
Por Rodrigo Conceição Santos

Em um recorde histórico, o Brasil deve ter uma produção de 184,6 milhões de toneladas de grãos na safra 2012-2013. O volume representa um aumento de 11% em relação à safra anterior, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atualizados em abril deste ano. Mais que isso, a tendência de crescimento vem desde 2005 e, no acumulado até 2013, já contabiliza um incremento de 61%, beneficiando agentes da cadeia do agribusiness, inclusive fabricantes de equipamentos off-road.

É o que mostra a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que registrou 69,4 mil unidades vendidas em 2012, em um incremento de 6,2% em relação ao ano anterior. A maior parte das máquinas agrícolas comercializadas no período (80,5%) foi de tratores de rodas, equipamento-chave que deve continuar liderando as vendas no setor. Já a demanda de colheitadeiras, a segunda máquina mais vendida, também se mostrou aquecida com um avanço de 17,6% em comparação a 2011.

CRESCIMENTO

Mantendo o ritmo, neste ano também deve haver crescimento. A Anfa


Em um recorde histórico, o Brasil deve ter uma produção de 184,6 milhões de toneladas de grãos na safra 2012-2013. O volume representa um aumento de 11% em relação à safra anterior, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atualizados em abril deste ano. Mais que isso, a tendência de crescimento vem desde 2005 e, no acumulado até 2013, já contabiliza um incremento de 61%, beneficiando agentes da cadeia do agribusiness, inclusive fabricantes de equipamentos off-road.

É o que mostra a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que registrou 69,4 mil unidades vendidas em 2012, em um incremento de 6,2% em relação ao ano anterior. A maior parte das máquinas agrícolas comercializadas no período (80,5%) foi de tratores de rodas, equipamento-chave que deve continuar liderando as vendas no setor. Já a demanda de colheitadeiras, a segunda máquina mais vendida, também se mostrou aquecida com um avanço de 17,6% em comparação a 2011.

CRESCIMENTO

Mantendo o ritmo, neste ano também deve haver crescimento. A Anfavea estima que até o final de 2013 sejam vendidas 73 mil unidades, o que representa um incremento de mercado de 5%. Além disso, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo federal disponibilizará 3.500 retroescavadeiras e 1.330 motoniveladoras para municípios brasileiros, em apoio a projetos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), indicando uma tendência perene de utilização das máquinas de construção na lavoura, como aponta a Case Construction nesta reportagem.

Outro fator que contribui para o crescimento de mercado no Brasil é o aumento de 4,2% da área cultivada no último biênio, em comparação a 2009-2010. Agora, o país possui cerca de 53 milhões de hectares cultivados. No entanto, o elemento de maior importância para os bons resultados atuais são mesmo os planos de financiamento e incentivos rurais. Um exemplo disso é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), cujo montante de financiamento para 2013 está estimado em R$ 137 bilhões, incluindo projetos individuais ou coletivos, com baixa taxa de juros. Desse total, 84% estão destinados à agricultura empresarial, sendo que o restante irá para projetos familiares.

O acesso ao Pronaf pode estimular ainda mais a compra dos equipamentos agrícolas, uma vez que os beneficiados dispõem de um crédito de R$ 130 mil por ano. Esse valor inclui a aquisição de tratores de até 80 cv ou colheitadeiras. No caso de um projeto coletivo, o limite sobe para R$ 500 mil. Com essas linhas de financiamento, o agricultor – principalmente o familiar – passa a ter mais dinheiro no bolso, o que também significa a possibilidade de ampliação de investimentos em mecanização e modernização dos equipamentos utilizados no campo.

DEMANDA

Com isso, o efeito na cadeia do setor é certeiro: a fim de atender ao volume maior de solicitações, os grandes fabricantes passam a investir em aumento de capacidade produtiva e melhoria dos processos de manufatura.

É o caso da brasileira Agrale. Em 2012, a empresa do Grupo Francisco Stedile registrou crescimento de 14,8% e espera ampliar as vendas em mais 10% neste ano. “A expectativa é positiva, principalmente em decorrência do bom preço das commodities e da boa safra, exceto no Maranhão e Piauí, que passam por período de seca”, diz Silvio Rigoni, gerente de vendas de tratores da Agrale. “Outro fator positivo foi a queda de produção nos EUA e a redução nos estoques mundiais de grãos.”

Com mais de 30 anos de experiência no agribusiness, o executivo avalia que o consumo brasileiro também vem aumentando devido ao fortalecimento da classe C, compondo mais um aspecto que impulsiona o setor. Até por isso, os tratores da Agrale são voltados à agricultura familiar, para operação em fazendas de 5 a 10 hectares, na maioria dos casos. “Os nossos equipamentos vão de 15 a 180 cavalos de potência, sendo que os de 18 cv e 30 cv são o nosso carro-chefe”, revela. Segundo ele, atualmente os tratores para a agricultura familiar representam 2% do total de tratores vendidos no Brasil. “Ou seja, em 2013 já foram comercializadas 900 unidades dessas máquinas, um mercado do qual a Agrale detém 80% de share”, afirma Rigoni.

TECNOLOGIAS

O executivo ressalta que os tratores para agricultura familiar são diferenciados, principalmente pelo menor consumo de combustível e baixo custo de manutenção. “A troca de óleo no nosso trator custa cerca de R$ 30, enquanto nos tratores maiores pode chegar a R$ 300”, compara.

Sobre as tecnologias de controle utilizadas na agricultura de precisão, o especialista cita alguns implementos como os pulverizadores, com a ressalva de que ainda são pouco aplicados nos tratores. “Apesar da possibilidade de ser instalada em tratores para agricultura familiar, a agricultura de precisão ainda não é uma demanda desse mercado”, explica. “Ela está concentrada nos grandes produtores, com terras acima de 200 hectares nas quais utilizam sistemas de precisão para corrigir o solo e distribuir sementes, adubos e nutrientes.”

Em terras mais extensas, segundo Rigoni, o conceito também é aplicado nas etapas de plantio e colheita, uma vez que a tecnologia traz maior rentabilidade a equipamentos como colheitadeiras e plantadeiras.

PRECISÃO

Como contraponto, o diretor de planejamento estratégico da John Deere para a América Latina, João Pontes, afirma que a demanda por técnicas de agricultura de precisão também vem crescendo entre os pequenos produtores. “Para tratores menores, por exemplo, temos o sistema Barra de Luz, que guia o operador por meio de GPS, alertando-o com sinais de LED no painel quando a máquina sai do alinhamento correto no plantio”, diz ele.

Pontes destaca o sistema de piloto automático universal como outra opção interessante para pequenos e médios agricultores. “Trata-se de um controle automático acoplável, que pode ser instalado e removido em todos os equipamentos agrícolas da John Deere, com a possibilidade de mantê-lo apenas durante o uso da máquina”, explica.

Já Gregory Riordan, gerente de marketing de soluções de precisão e telemática da CNH na América Latina, afirma que nos últimos 15 anos houve um notável incremento de automação de equipamentos agrícolas para plantio e colheita. “As máquinas incorporaram sistemas como computador de bordo e sensores de auxílio ao operador”, diz. “No Brasil, essa foi a primeira onda tecnológica no sentido de viabilizar a agricultura de precisão.”

Um exemplo desse salto tecnológico foi a automação da altura de corte das colheitadeiras, antes regulada manualmente e atualmente automatizada, o que otimiza o tempo de trabalho do operador. “O ajuste de velocidade da colheitadeira de acordo com a carga foi outro avanço, assim como o ajuste da velocidade dos tratores de acordo com o seu índice de patinagem”, completa Riordan.

Empresa alemã aposta no setor agrícola

Conhecida pela oferta de tecnologias para mineração, a Haver & Boecker ampliou seu leque de atuação com a oferta de ensacadeiras para o setor agrícola. Atendendo à demanda crescente da colheita de grãos, os equipamentos atuam no ensacamento dos grãos para posterior envio aos centros de vendas, nacionais e internacionais. “Além das ensacadoras, também oferecemos soluções de maquinário para carregamento e paletização de qualquer tipo de grão produzido pelo mercado agrícola nacional”, diz Clélio Tonelli, gerente da divisão de ensacamento da Haver & Boecker.

Destaque do portfólio, a ensacadeira modelo NWE-F tem capacidade para preenchimento de até 560 sacos por hora, com pesos entre 10 e 60 kg e precisão de peso sigma de 30 g. O aplicador do saco pode ser utilizado de forma manual ou automática. Outro ponto forte é a capacidade de ensaque por bico, além de trabalhar com sementes in natura ou tratadas. “A característica mais importante dessa máquina é precisão de peso, que evita desperdício de grãos, além da baixa manutenção”, informa Tonelli.

 

 

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