De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), o Brasil produz mais de 1 milhão de toneladas de lixo por dia, dos quais cerca de 39% têm como destino final os aterros sanitários. Em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, a produção diária de lixo ultrapassa a faixa de 16 mil e 11 mil toneladas, respectivamente. Para complicar o cenário, a maior parte desse resíduo é coletada sem uma separação que permita a reciclagem de uma parcela significativa do lixo, sobrecarregando a operação dos aterros sanitários existentes.
Independentemente dessa sobrecarga, as empresas do setor precisam enfrentar operações extremamente severas, motivo pelo qual seus equipamentos são submetidos a adaptações destinadas a torná-los mais robustos e com maior vida útil. “As máquinas usadas são basicamente as mesmas mobilizadas nos serviços de terraplenagem, como tratores de esteiras, escavadeiras hidráulicas, retroescavadeiras, motoniveladoras e rolos compactadores”, diz Joaquim Neves, responsável pela área de aterro sanitário da En
De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), o Brasil produz mais de 1 milhão de toneladas de lixo por dia, dos quais cerca de 39% têm como destino final os aterros sanitários. Em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, a produção diária de lixo ultrapassa a faixa de 16 mil e 11 mil toneladas, respectivamente. Para complicar o cenário, a maior parte desse resíduo é coletada sem uma separação que permita a reciclagem de uma parcela significativa do lixo, sobrecarregando a operação dos aterros sanitários existentes.
Independentemente dessa sobrecarga, as empresas do setor precisam enfrentar operações extremamente severas, motivo pelo qual seus equipamentos são submetidos a adaptações destinadas a torná-los mais robustos e com maior vida útil. “As máquinas usadas são basicamente as mesmas mobilizadas nos serviços de terraplenagem, como tratores de esteiras, escavadeiras hidráulicas, retroescavadeiras, motoniveladoras e rolos compactadores”, diz Joaquim Neves, responsável pela área de aterro sanitário da Enterpa, que mantém operações nos estados de São Paulo, Acre e Amazonas. “A única diferença é que elas trabalham continuamente¸ faça chuva ou faça sol”, ele completa.
Além de trabalharem em tempo integral, os equipamentos ficam expostos a materiais extremamente abrasivos – como o chorume produzido pelo lixo – o que impõe a necessidade de uma rigorosa política de manutenção. “Nos aterros de grande porte, por exemplo, acompanhamos semanalmente o desgaste sofrido pelos componentes do material rodante dos tratores, como os roletes, coroas, pinos, buchas e a própria esteira.” Acompanhando esse nível de desgaste em relação às horas trabalhadas pelo equipamento, a empresa mantém os custos operacionais sob controle e sempre sabe o momento ideal de recondicionar os componentes ou até mesmo de trocá-los.
Material rodante
Os cuidados com o material rodante dos tratores de esteira levaram até mesmo à adoção de uma prática peculiar na empresa: nos momentos de ociosidade, quando o equipamento fica esperando que os caminhões realizem a descarga do lixo, um profissional inspeciona a esteira e realiza sua limpeza, removendo os resíduos maiores. “Isso ajuda a evitar desgastes prematuros provocados por detritos altamente prejudiciais aos equipamentos”, diz Neves. Como exemplo, ele cita a presença de arames envolvendo o material rodante, o que já resultou até mesmo na parada da máquina. Nesse caso, o especialista ressalta que o equipamento ficou fora de operação um dia inteiro para que a equipe de manutenção removesse o resíduo.
O engenheiro mecânico Jaymerson Vilar de Freitas, da construtora S.A. Paulista, ressalta algumas peculiaridades nesse tipo de serviço. “Enquanto em terraplenagem é possível identificar rapidamente um vazamento na máquina e acionar a manutenção corretiva, nos aterros sanitários essa visualização é praticamente impossível de ser feita, principalmente em dias chuvosos.” Ele sabe o que diz já que sua empresa operou grandes centrais de tratamento de resíduos, segmento do qual se retirou no começo deste ano.
Adaptações na frota
Com essa experiência no currículo, Freitas recomenda a adoção de medidas preventivas em cada troca de turno de trabalho, principalmente no acompanhamento do material rodante. “Senão, os componentes podem sofrer danos que comprometerão os custos operacionais.” Ele também cita a presença de arame enroscado à roda motriz dos tratores como uma ocorrência frequente. Para evitar esse tipo de problema, que chegou a ocasionar a quebra do comando final de alguns equipamentos, o especialista explica que a empresa adotou vedações nas rodas motrizes dos tratores alocados em operações de aterro sanitário. “Na aquisição de novos equipamentos para esse tipo de aplicação solicitávamos aos fabricantes a incorporação desse dispositivo.”
Neves, da Enterpa, confirma essa tendência de os fabricantes oferecerem acessórios especiais para os equipamentos destinados a esse tipo de aplicação, como protetores de cárter e outros. “Mas os acessórios de maior benefício são os controles verticais, horizontais e angulares da lâmina dos tratores de esteira.” Com esses dispositivos, ele explica que o equipamento é submetido a menos esforços durante a movimentação dos detritos. “Diferente da operação em terraplenagem, na qual a lamina pode trabalhar o tempo todo em um só ângulo, nos aterros sanitários ela varia muito de posição, pois as pilhas de lixo são irregulares.”
Quando são deslocados de uma obra de terraplenagem para um aterro sanitário, os tratores de esteiras também sofrem alterações nas dimensões da lâmina. As empresas do setor costumam instalar uma grade protetora para conter os resíduos que possam sair fora da lâmina durante a operação de espalhamento do lixo. “Além disso, é preciso limpar diariamente a colméia do radiador por meio de ar comprimido”, complementa Neves.
Técnicas de compactação
Apesar de os aterros sanitários serem considerados pelos órgãos ambientais como uma das melhores formas para a disposição final do lixo, eles ainda existem em pequena quantidade no País. Segundo cálculos do Ibam, o Brasil conta com apenas cerca de 2.200 aterros, o que demanda elevada produtividade das centrais em operação.
Para isso, as empresas do setor lançam mão de diferentes técnicas de compactação. “Na maioria dos casos, o próprio trator usado para espalhar o lixo também realiza sua compactação”, diz Neves. Ele explica que, após a descarga dos resíduos que chegam nos caminhões de coleta, esse material é espalhado por todo o terreno destinado à operação, na proporção de uma parte de rampa para três partes de solo no mesmo nível. “Depois, o trator realiza de três e cinco passadas, dependendo do tipo de resíduo existente, de forma que o volume compactado não ultrapasse 30 cm de espessura”, diz Neves.
A compactação, segundo ele, também pode ser feita por rolos estáticos de alta capacidade, mas esta ainda é uma prática pouco usual no Brasil. “Neste caso, os equipamentos são mobilizados apenas para operações em terreno plano.” Fabricantes como a Bomag, Caterpillar e Dynapac oferecem esse tipo de equipamento no País, com peso operacional acima de 20 t, próprio para compactações em aterros sanitários.
No caso do modelo da Caterpillar, por exemplo, o sistema de ar-condicionado vem instalado no teto da cabine, o que facilita a limpeza do sistema de arrefecimento, segundo a fabricante. Isso porque a colméia do ar-condicionado não fica localizada na traseira da máquina, onde está mais sujeita a contaminações. Tal característica também reduz a frequência de limpeza da colméia do condensador, proporcionando melhor arrefecimento para a cabine. Além disso, o radiador é dotado de uma tecnologia especial, com colméias que evitam a acumulação de detritos.
Mesmo assim, Neves ressalta que o alto custo de aquisição desses equipamentos, todos importados, torna sua mobilização pouco usual em aterros sanitários do País. Apesar de proporcionar melhores índices de compactação, o rolo compactador tem seu desempenho prejudicado em terrenos planos e seu uso implica maior tempo de exposição dos resíduos, o que facilita a proliferação de vetores e de mau odor.
Preparação do solo
Seja com o uso de rolos compactadores ou de trator de esteiras, a compactação do lixo é seguida pela cobertura com uma camada de solo ou de asfalto, preparando o terreno para o tráfego dos caminhões de coleta que trarão a próxima remessa de resíduos. No Brasil, a maioria dos aterros sanitários opera com compactações de solos, empregando escavadeiras, caminhões basculantes e motoniveladoras para a movimentação desse material.
A mobilização dos equipamentos sobre rodas, aliás, exige cuidados especiais no que se refere à proteção dos pneus, de forma a evitar danos a esse componente. “Em aterro sanitário, é muito comum o manuseio de resíduos perfurantes que podem cortar os pneus e reduzir sua vida útil, impondo um alto custo à operação”, afirma Jaymerson Freitas, da S.A. Paulista.
Joaquim Neves, da Enterpa, explica que a compactação de aterros somente com a movimentação de solos exige retrabalhos quase que diários. “A motoniveladora tem que retomar constantemente a preparações do terreno mesmo antes de receber a próxima camada de resíduos”, diz ele. Isso porque os detritos já compactados são sujeitos a novas deformações com a passagem dos caminhões e outros equipamentos pesados sobre o terreno.
Uma forma de reduzir a manutenção das vias de acesso é realizar sua pavimentação, algo pouco usual nos aterros sanitários do Brasil. Segundo Neves, isso se deve à necessidade de maior aporte de recursos para a implantação do pavimento. “Entretanto, esse custo deve ser avaliado pelas empresas do setor, pois dessa forma elas reduzem gastos com manutenção das vias e ainda obtêm melhor controle ambiental, reduzindo a emissão de mau odor e de poeira”, ele finaliza.
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