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Revista M&T - Ed.290 - Dez / Jan
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ENTREVISTA - THOMÁS SPANA

“A tecnologia requer retorno financeiro”

“O setor de construção continua se destacando no Brasil", diz em entrevista exclusiva o gerente de marketing da divisão de construção da John Deere para a América Latina, Thomás Spana

Para a John Deere, assim como para muitas outras empresas – como mostra a matéria de capa desta edição –, o setor da construção no Brasil registrou bons resultados em 2024, com boas perspectivas para o próximo ano.

“Obras de construção leve, como desenvolvimento habitacional e saneamento básico, devem continuar aquecidas”, afirma Thomás Spana, gerente de marketing da divisão de construção da John Deere para a América Latina, destacando que nada indica que o próximo ano registre desempenho inferior ao do ano que termina.

“Contudo, ainda esperamos o retorno de grandes projetos de infraestrutura e construção pesada”, ele ressalta.

Em entrevista exclusiva à Revista M&T, o executivo acentua que a fabricante lançou novas versões de máquinas no decorrer do ano, incluindo pás carregadeiras e escavadeiras, reservando ainda outras novid


Para a John Deere, assim como para muitas outras empresas – como mostra a matéria de capa desta edição –, o setor da construção no Brasil registrou bons resultados em 2024, com boas perspectivas para o próximo ano.

“Obras de construção leve, como desenvolvimento habitacional e saneamento básico, devem continuar aquecidas”, afirma Thomás Spana, gerente de marketing da divisão de construção da John Deere para a América Latina, destacando que nada indica que o próximo ano registre desempenho inferior ao do ano que termina.

“Contudo, ainda esperamos o retorno de grandes projetos de infraestrutura e construção pesada”, ele ressalta.

Em entrevista exclusiva à Revista M&T, o executivo acentua que a fabricante lançou novas versões de máquinas no decorrer do ano, incluindo pás carregadeiras e escavadeiras, reservando ainda outras novidades para o futuro próximo, com destaque para equipamentos e soluções ainda mais tecnológicos e sustentáveis disponíveis no portfólio global da marca.

Formado em engenharia mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Spana tem passagens por grandes empresas do mercado, amealhando experiência em controladoria financeira e de mercado, produção, gerenciamento de manutenção e engenharia de processos, tendo migrado para setor de equipamentos de construção há cerca de 13 anos.

Em 2014, chegou à John Deere, inicialmente como gerente de negócios corporativos para o mercado brasileiro.

“O setor de construção continua se destacando no Brasil, passando de 32% de representatividade na indústria ao final de 2023 para 38% agora em setembro”, diz ele.

“Já o segmento de locação mantém-se estável desde o ano passado, oscilando em torno de 23% de representatividade.”

A seguir, acompanhe os principais trechos.

  • Como a John Deere avalia o desempenho da construção no país em 2024?

A indústria de equipamentos de construção tem se mantido estável em um bom patamar. Nas cinco linhas de produtos em que atuamos no país (escavadeiras, carregadeiras, retroescavadeiras, tratores de esteiras e motoniveladoras.), o mercado registrou quase 28 mil equipamentos comercializados em 2023 e, no acumulado dos 12 meses até setembro de 2024, observamos uma variação negativa de menos de 3 pp.

  • Qual linha de produto teve o melhor desempenho no ano?

Observa-se estabilidade em praticamente todas as linhas de produtos, com exceção de carregadeiras, que registraram queda de cerca de 16 pp ao compararmos o ano de 2023 com o acumulado dos últimos 12 meses até setembro.

  • Na sua avaliação, por que isso ocorreu?

Essa queda ocorre tanto na construção quanto na agricultura, sendo de certa forma acompanhada por um crescimento nas vendas de retroescavadeiras, especialmente na construção. Esse cenário reflete o momento do setor agrícola, pressionado pela queda no preço das commodities, além da natureza da construção, mais voltada para serviços de saneamento e construção leve, nos quais a retroescavadeira é amplamente utilizada.

  • Qual setor produtivo vem se destacando mais na compra de máquinas?

O setor de construção continua se destacando, passando de 32% de representatividade na indústria ao final de 2023 para 38% agora em setembro. Já o segmento de locação mantém-se estável desde o ano passado, oscilando em torno de 23% de representatividade.


Segundo Spana, a indústria de equipamentos
tem se mantido estável em bom patamar

  • O Brasil está preparado para receber produtos mais avançados tecnologicamente?

Não tenho dúvidas de que estamos preparados. O que precisamos é que esses equipamentos gerem mais retorno financeiro que os demais modelos. Como há cenários distintos em termos de custos de mão de obra, materiais, projetos e outros aspectos que envolvem uma obra, nem sempre é apenas uma questão de estar preparado, mas que a tecnologia proporcione maior retorno. Em alguns mercados, onde esses custos são significativamente mais altos, esses equipamentos se tornam viáveis mais rapidamente.

  • Pode detalhar as novidades apresentadas durante o ano?

O lançamento mais recente, realizado em novembro, inclui as carregadeiras versão P, com os modelos 524 P, 544 P, 624 P, 644 P e 724 P. São máquinas projetadas para oferecer maior conforto ao operador, com assento diferenciado e coluna de direção ajustável. Além disso, o exclusivo sistema de refrigeração em formato de caixa otimiza a circulação de ar, melhorando o desempenho térmico e facilitando a limpeza dos radiadores. Os novos equipamentos também trazem avanços significativos em tecnologia, que impactam diretamente na durabilidade dos componentes.

  • E qual é o ganho em produtividade?

Em termos de produtividade, o opcional de balança de fábrica permite registrar e monitorar a produtividade diretamente no John Deere Operations Center. Essa funcionalidade oferece dados em tempo real sobre a carga transportada, facilitando o gerenciamento eficiente das operações e contribuindo para melhor alocação de recursos. O novo design das caçambas também merece destaque, pois melhora a retenção do material, permitindo operações mais eficazes e reduzindo a necessidade de ciclos adicionais.

  • Como os lançamentos aprimoram a linha de escavadeiras oferecida no país?

Com seis modelos inéditos (200 G, 130 P, 160 P, 210 P, 250 P e 350 P), as novas versões de escavadeiras G e P trazem avanços significativos. Ambas as versões foram desenvolvidas para oferecer maior robustez, enquanto a versão P se destaca pela integração de tecnologias de ponta. As principais inovações incluem redução de até 10% no consumo, melhorias na durabilidade das caçambas e aumento de 20% na vida útil dos componentes.


Lançamento das linhas G e P de escavadeiras
foi um dos destaques no ano, diz o gerente

  • Como avalia o desenvolvimento de soluções alternativas de energia?

A empresa está focada em biocombustíveis, baterias elétricas, híbridos elétricos e motores avançados de combustão interna. Olhamos para essas quatro áreas, em vez de apenas uma, pois precisamos atender às necessidades econômicas e de eficiência energética dos clientes. O mundo precisa de todas essas soluções para reduzir as emissões de carbono e a pressão sobre os recursos naturais.

  • A propósito, quais são as metas nesta área?

A partir de 2022, as metas “Leap Ambitions” foram traçadas para impulsionar a sustentabilidade em um período de quatro anos (2026) a oito anos (2030). De fato, são metas focadas e mensuráveis, buscando atender às demandas de um mundo em rápida transformação. Alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, abrangem não apenas as próprias emissões da empresa, mas também se concentram em ajudar a reduzir os insumos e emissões de clientes e fornecedores.

  • Pode descrever algumas dessas propostas?

Até 2026, a John Deere se compromete a apresentar uma solução viável de motor de baixa ou livre emissão de carbono, assim como entregar um trator com sistema totalmente autônomo e elétrico ao mercado. Outras frentes incluem o desenvolvimento de mais de 20 produtos elétricos e híbridos na divisão de construção e florestal, garantindo que 100% dos novos produtos de pequeno porte, voltados para agricultura familiar e pequenas produções, estejam habilitados para conectividade, abrangendo 1,5 milhão de máquinas – atualmente, já são mais de 650 mil.

  • Com o nivelamento da tecnologia, como as marcas podem se diferenciar em competitividade?

O ecossistema John Deere em si é um diferencial, incluindo os serviços oferecidos no pós-venda. Mas a empresa trabalha em diferentes frentes para auxiliar os clientes a reduzir o tempo de máquina parada. Como são equipamentos versáteis e que podem ser utilizados em diversos tipos de operações, a integração das máquinas faz com que o tempo de uso aumente e a ociosidade diminua. Além disso, a John Deere tem como foco a sincronia entre a gestão e os equipamentos em campo, com dados em nuvem e de conexão inseridos nas soluções. O cruzamento de dados colhidos durante a operação permite identificar oportunidades de otimização do uso de máquinas e zonas de manejo.


Para o executivo, o diferencial atual está na sincronia
entre a gestão e os equipamentos em campo

  • Por falar em serviços, o que a empresa apresentou em 2024 nessa área?

Juntamente com a rede de distribuidores, implantamos 43 Centros de Soluções Conectadas para auxiliar na gestão de frota, criando a maior concentração do mundo desses centros em um único país. Desses, sete são voltados à área de construção, fazendo a cobertura de todos os estados para auxiliar na gestão dos equipamentos. Atualmente, mais de 85% dos atendimentos são feitos ou iniciados de forma remota, por meio desses centros. Em média, essa abordagem remota/híbrida diminui em 50% o tempo médio de atendimento/reparo.

  • E como esse serviço está estruturado?

A principal ferramenta é o John Deere Operations Center, que conta com tecnologias de diagnóstico/ajustes em tempo real/a distância, acesso remoto às máquinas com interação (sem que o operador saia da cabine) e algoritmos de Machine Learning e Inteligência Artificial para predição/prevenção das falhas (Expert Alerts). O custo médio dos serviços/assistência técnica feitos ou iniciados de forma remota ficam até 60% mais baratos para o cliente, pois geram economia de custos de deslocamento e, acima de tudo, reduzem o tempo de máquina parada.

  • Com funciona a prevenção de falhas na prática?

Os “Expert Alerts” integram uma tecnologia preditiva e proativa que evidencia a atuação das ferramentas de Machine Learning e Big Data. A solução ajuda a identificar e diagnosticar preventivamente algumas anomalias, antes que causem falhas na máquina, permitindo que o operador continue trabalhando temporariamente até um momento conveniente – minimizando o custo de reparo e o potencial impacto nos componentes, o que reduz consideravelmente o tempo de máquina parada (downtime) e permite que o proprietário tenha uma janela confortável para lidar com eventuais manutenções.

  • Por fim, quais são as projeções para 2025 em vendas?

Em relação à indústria, temos a expectativa de um ano bastante similar, com possível viés de alta. Obras de construção leve, como desenvolvimento habitacional e saneamento, devem continuar aquecidas, mas esperamos o retorno de grandes projetos de infraestrutura e construção pesada. Também prevemos uma recuperação no setor agrícola, que pode contribuir para o viés de alta. Neste momento, não vemos indícios de que 2025 seja um ano com desempenho inferior ao atual.


Saiba mais:
John Deere:
www.deere.com.br

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