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Revista M&T - Ed.297 - Setembro 2025
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RETROESCAVADEIRAS

A resiliência de uma campeã de vendas

Considerada natural por especialistas do setor, a queda nas vendas de retroescavadeiras prevista para 2025 não deve representar uma situação estrutural que volte a se repetir nos próximos anos
Por Redação

Em 2025, as vendas de retroescavadeiras no Brasil estão passando por uma reacomodação, resultante inclusive da elevada procura por esse tipo de equipamento registrada no ano passado. Dados apresentados em julho na atualização do Estudo Sobratema do Mercado de Equipamentos de Construção mostram potencial desaceleração na comercialização dessas máquinas, com retração de -3% no ano. Contudo, a previsão de vendas ainda é de 10.730 unidades, o que mantém a família como a mais procurada da Linha Amarela em termos de volume no país, com mais de 1 mil unidades acima de escavadeiras e 5 mil máquinas acima de carregadeiras.

Essa curva é vista com naturalidade por Marcelino Baião, gerente comercial da New Holland Construction Brasil. “A retração projetada para 2025 representa um ajuste normal após o ciclo de expansão de 2024”, afirma o executivo, avaliando q


Em 2025, as vendas de retroescavadeiras no Brasil estão passando por uma reacomodação, resultante inclusive da elevada procura por esse tipo de equipamento registrada no ano passado. Dados apresentados em julho na atualização do Estudo Sobratema do Mercado de Equipamentos de Construção mostram potencial desaceleração na comercialização dessas máquinas, com retração de -3% no ano. Contudo, a previsão de vendas ainda é de 10.730 unidades, o que mantém a família como a mais procurada da Linha Amarela em termos de volume no país, com mais de 1 mil unidades acima de escavadeiras e 5 mil máquinas acima de carregadeiras.

Essa curva é vista com naturalidade por Marcelino Baião, gerente comercial da New Holland Construction Brasil. “A retração projetada para 2025 representa um ajuste normal após o ciclo de expansão de 2024”, afirma o executivo, avaliando que o movimento é “cíclico e pontual”, não estrutural. “A retroescavadeira é porta de entrada para mecanização em muitos setores, especialmente para novos empreendedores, construtores e produtores rurais”, diz ele.

Para Rubens Bicalho, gerente comercial da Case CE, a avaliação é semelhante. “Trata-se de uma correção natural do mercado após o forte ciclo de crescimento de 2024”, reforça o profissional, destacando que o segmento segue essencial para o avanço da infraestrutura, agricultura mecanizada e cidades inteligentes. “Nossa leitura é de estabilização com viés positivo, além da demanda consistente e do foco renovado em termos de eficiência e versatilidade”, complementa.

FATORES

Outra maneira de entender a diferença é observar que, no ano passado, o país viveu o final de um ciclo mais aquecido de investimentos, impulsionado principalmente por obras públicas, renovação de frotas por parte das locadoras e certa recuperação da confiança do mercado. “A previsão de retração parece estar ligada a fatores conjunturais, como o término do período pré-eleitoral, maior cautela nos investimentos, restrições de crédito e possível reorganização na escolha de máquinas, com o crescimento da demanda por soluções mais compactas em nichos específicos”, opina Chia Chen Chiang, gerente de produtos da Sany. Em linha com o estudo da Sobratema, considerando a margem de erro, o executivo projeta queda de até 5% para a empresa no segmento. “Todavia, não está descartado um cenário de estabilidade em relação a 2024”, aponta.

Segundo o gerente de estratégia & marketing da JCB, Luiz Carlos de Jesus, variações dessa magnitude estão “dentro da normalidade” para o atual ambiente de negócios. “O custo de capital está mais elevado em relação ao ano passado”, considera o executivo, corroborando que não se trata de uma reversão estrutural no perfil da demanda, que ademais “há quase uma década vem crescendo de maneira bastante consistente no país”.

Em 2024, a demanda de retroescavadeiras também foi impulsionada por outros fatores, como maior acesso ao crédito rural e programas públicos voltados à infraestrutura. Além disso, o setor foi movimentado pela chegada de novos empreendedores e pela força do agronegócio. Nessa equação, é possível incluir, ainda, as obras municipais (aceleradas por conta do ciclo pré-eleitoral), a retomada do crédito subsidiado e a forte demanda de construtoras e locadoras na execução de projetos urbanos e de infraestrutura leve.

No ano passado, um ponto adicional no quadro foi a taxa Selic mais reduzida (em relação à atual), o que contribuiu para a melhoria nas condições de crédito, facilitando investimentos por parte dos frotistas. Outro fator que também beneficiou a compra de máquinas de alta versatilidade – como as retroescavadeiras – foi o lançamento de iniciativas públicas como o Finame Inovação, com taxas mais atraentes, que alavancaram a busca por equipamentos.

Já para 2025, cogita-se que o cenário de menor previsibilidade fiscal e maior seletividade bancária possa ter levado o mercado a postergar investimentos. Soma-se a isso o menor ritmo de contratações públicas, além do aumento da oferta de usados e restrições ao crédito para pequenos clientes. Para os especialistas, todos esses fatores indicam uma postura financeiramente mais cautelosa no país.

PROTAGONISMO

Mesmo com a previsão de leve queda nas vendas, as retroescavadeiras não devem perder o protagonismo. “Nenhum outro equipamento entrega tanto por tão pouco. De fato, trata-se da campeã na relação de custo-benefício”, opina Baião, da New Holland. Sem falar da reconhecida versatilidade da máquina. “Essa máquina é considerada uma ‘solução coringa’ pela capacidade de atuar tanto em escavação quanto em carregamento, sendo ideal para obras urbanas, manutenção de vias e pequenas terraplenagens, além de atividades rurais”, completa Chiang, da Sany.

Queda na demanda no ano representa um ajuste normal após o ciclo de expansão em 2024. Foto:NEW HOLLAND


Segmento cresce de maneira consistente no país há quase uma década.Foto:SANY


Também é digna de nota a permissão que a retroescavadeira tem para circular em vias públicas, o que facilita deslocamentos mais rápidos entre as frentes de atuação. Esse é um diferencial importante, especialmente para empresas de menor porte e prefeituras. “A facilidade de transporte e operação simples contribuem diretamente para a ampla adoção em todo o país”, diz Chiang.

Esse protagonismo não foi ofuscado nem mesmo pela crescente adoção de máquinas compactas (como miniescavadeiras e minicarregadeiras), equipamentos complementares indicados para ambientes urbanos extremamente restritos, como reformas de calçadas. Além disso, o fato de geralmente exigirem importação aumenta consideravelmente o valor de aquisição dos compactos, assim como a necessidade de contar com duas máquinas diferentes para a execução de trabalhos em que a retroescavadeira geralmente dá conta sozinha. “Os compactos são mais indicados para obras de menor porte, em espaços reduzidos e onde há exigência por ações simultâneas de escavação e movimentação”, explica Jesus, da JCB. “Nos demais casos, a versatilidade da retroescavadeira acaba sempre prevalecendo.”

PERFIS

Além da construção, a procura por retroescavadeiras está em alta em outros segmentos. Nessa lista, estão áreas como agricultura familiar e de média escala, com diversos produtores optando por equipamentos multifuncionais para obras gerais, manutenção de estradas e pequenas represas, assim como locadoras regionais, que buscam bens mais robustos e simples de operar, e o setor público, que considera a opção para atividades com orçamento mais controlado.

Expectativa do cliente em relação ao produto passa pela entrega de “força com simplicidade. Foto:CASE CE


Nos últimos anos, no entanto, vem ocorrendo uma leve mudança no perfil da demanda, com aumento da participação do agronegócio – por conta de atividades de manutenção de propriedades e infraestrutura leve. “Mas a construção urbana e as obras públicas continuam sendo os principais impulsionadores, especialmente em atividades de manutenção, abertura de valas e pequenas escavações”, reitera Chiang. “O segmento de locação também cresceu, atendendo pequenas construtoras e prefeituras que preferem não mobilizar capital.”

Outro mercado estratégico é o de obras de saneamento, alavancado principalmente pela promulgação do Marco Legal, em julho de 2020. Para conquistar fatias maiores nesses mercados, os fabricantes têm adotado diferentes estratégias. A New Holland Construction, por exemplo, investe em máquinas acessíveis e robustas, com modelos específicos para cada necessidade, além de pacotes de pós-venda e conectividade (com foco em disponibilidade e monitoramento remoto) e financiamento flexível via CNH Capital (via planos personalizados). “Também temos uma rede capilarizada de concessionárias, especialmente em regiões interioranas e agrícolas, com suporte próximo e bastante ágil”, assegura Baião.

Já a Sany tem atuado com uma estratégia focada em “entregar valor agregado ao cliente”, aliando diferenciais técnicos do produto a soluções comerciais mais atrativas. “Nesse sentido, a retroescavadeira BHL75 tem se destacado por contar com motor Cummins de 100 hp, que oferece excelente desempenho em tração, além de bomba de pistão com alta vazão e joystick integrado, garantindo conforto ao operador e maior eficiência às operações”, conta Chiang, destacando ainda que o modelo traz linha hidráulica adicional como item de série, permitindo o uso de diversos implementos.

Por sua vez, a Case CE aposta em três frentes principais: produto confiável e adequado à realidade brasileira, como a 580N Série 2, que promete entregar “força com simplicidade”, incluindo suporte ao cliente via rede de concessionários, telemetria, contratos de manutenção e soluções financeiras por meio da CNH Capital, além de foco no operador, com cabines ergonômicas, comandos intuitivos e facilidade de acesso para manutenção. “Somos uma empresa centrada no cliente, que escuta e evolui junto com as necessidades do campo e do canteiro, em um pacote completo de valor”, ressalta Bicalho.

Na JCB, parte relevante do ciclo de R$ 500 milhões em investimentos anunciados até 2030 se direciona à modernização da linha de produtos, incluindo nesse rol a família de retroescavadeiras, bem como à expansão e à capacitação da rede de distribuidores. “Já são 66 filiais em todo o Brasil”, ressalta Lucas Alves, supervisor de estratégia de produto & engenharia de aplicação da JCB, mencionando que a marca é a única na Linha Amarela que atua com distribuidores especializados por segmento (construção e agrícola). “Também temos como diferenciais a oferta de planos de manutenção, bem como financiamentos com taxas reduzidas e consórcio próprio”, acrescenta.

PREFERÊNCIAS

Para manter a relevância e permanecer no topo da lista de preferências em segmentos variados, as retroescavadeiras precisam continuar evoluindo. Nesse sentido, Baião conta que os clientes têm pedido simplicidade com eficiência, o que vem se tornando um mantra no setor. “Atendemos a essas demandas com soluções como cabines mais confortáveis, melhor visibilidade e sistema hidráulico responsivo com comandos mecânicos práticos e confiáveis, além da facilidade de manutenção com capôs de abertura total e menos eletrônica embarcada, o que fundamental especialmente em regiões com menor disponibilidade técnica”, lista o profissional, citando ainda a importância da integração com ferramentas digitais, como portais de conectividade e telemetria embarcada, que permitem gestão remota das máquinas.

Outra inovação bastante demandada no mercado atual são os joysticks para acionamento hidráulico, que garantem maior precisão e conforto ao operador, assim como bancos com suspensão pneumática, que reduzem a fadiga em longas jornadas. “São avanços incorporados de maneira equilibrada, sem comprometer a simplicidade e o custo-benefício característicos da categoria”, afirma Chiang, da Sany.

Um bom exemplo de evolução tecnológica é o modo ECO, desenvolvido pela JCB. Trata-se de um sistema inteligente para gerenciamento das bombas hidráulicas em diferentes tipos de operação. Ao toque de um botão, é possível habilitar a terceira bomba para obter maior vazão hidráulica em tarefas de escavação, reduzindo assim a rotação do motor, ou desabilitá-la, para disponibilizar maior potência para a transmissão, especialmente útil em atividades de carregamento e deslocamento em velocidades mais elevadas. “Graças a essa inovação, é possível reduzir o consumo de combustível em até 15% durante escavações”, garante Alves. “Menos rotações do motor diminuem as emissões de carbono e o desgaste, assim como prolongam os intervalos entre os reabastecimentos, resultando em maior produtividade, com mais material movimentado por hora do que qualquer outra máquina do mercado”, ele arremata.

Especialistas veem espaçopara retomada moderada

Apesar da possibilidade de retração do segmento de retroescavadeiras em 2025, Baião se mostra otimista em razão do nível elevado de competitividade e demanda em patamares saudáveis. “A partir de 2026, com a retomada econômica e novos investimentos em infraestrutura e saneamento, o mercado tende a voltar a crescer com pouco mais de consistência”, antecipa. O sentimento é compartilhado por Chiang, indicando que a Sany trabalha com expectativa de estabilização gradual do mercado em 2026 e 2027. “Isso com possibilidade de retomada moderada, a depender de fatores como política de crédito, investimentos em infraestrutura e novas obras públicas”, avalia. “Apesar da leve desaceleração atual, seguimos confiantes no potencial de médio prazo do segmento, especialmente com a demanda contínua de locadoras, prefeituras e pequenos construtores.”

Apesar do cenário desafiador, a Case também projeta um ano sólido, com boa performance e “manutenção da liderança” no segmento. “Vemos espaço para uma retomada moderada nos próximos dois anos, puxada por obras públicas, crescimento da mecanização no campo e renovação de frotas no setor de locação”, acredita Bicalho, antecipando que o objetivo é continuar como referência em retroescavadeiras. Já Alves comenta que, mesmo com a queda prevista, o mercado brasileiro de retroescavadeiras segue bastante resiliente, considerando-se a conjuntura. “Apesar do ambiente de incerteza não indicar um fim no horizonte observável, nossa visão para os próximos anos é de manutenção dessa resiliência”, salienta. “Mas, independentemente do cenário, a retroescavadeira segue com espaço garantido no mercado nacional de equipamentos.”

Crédito, investimentos e obras públicas podem estabilizar o mercado em 2026. Foto:SANY


Segmento conta com ofertaFOCADA NA FAIXA DE POTÊNCIA

Um dos segmentos mais disputados no mercado brasileiro, a família de retroescavadeiras conta com uma ampla oferta de modelos e marcas no país, incluindo produtos de fabricação nacional e importados, concentrados na faixa de 90-100 hp. No quadro abaixo, confira alguns dos principais, conforme o programa Guia Sobratema de Equipamentos, um dos mais completos levantamentos do mercado nacional de máquinas pesadas para construção e mineração.

Saiba mais:

Case CE: www.casece.com/pt-br

JCB: www.jcb.com/pt-br

New Holland: https://construction.newholland.com/pt-br

Sany: https://sanydobrasil.com

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