Muito se fala da lavoura massiva baseada em ciência – que, de fato, elevou o país ao protagonismo da produção agrícola global –, mas é a agricultura familiar que constitui o verdadeiro elemento-chave para o setor no Brasil e, especialmente, para a economia brasileira. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa da população são produzidos pela agricultura familiar.
Um cruzamento entre dados do Banco Mundial e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realizado pelo portal Governo do Brasil, revela que a agricultura familiar tem um faturamento anual de US$ 55,2 bilhões. Ou seja, caso o país contasse somente com a produção familiar, ainda assim permaneceria entre os dez maiores produtores de alimentos do mundo em valor movimentado. “Quando se soma a agricultura familiar com toda a produção, o Brasil passa da oitava para a quinta posição nesse quesito, com faturamento de US$ 84,6 bi por ano”, aponta o estudo.
ATRIBUTOS
Muito se fala da lavoura massiva baseada em ciência – que, de fato, elevou o país ao protagonismo da produção agrícola global –, mas é a agricultura familiar que constitui o verdadeiro elemento-chave para o setor no Brasil e, especialmente, para a economia brasileira. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa da população são produzidos pela agricultura familiar.
Um cruzamento entre dados do Banco Mundial e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realizado pelo portal Governo do Brasil, revela que a agricultura familiar tem um faturamento anual de US$ 55,2 bilhões. Ou seja, caso o país contasse somente com a produção familiar, ainda assim permaneceria entre os dez maiores produtores de alimentos do mundo em valor movimentado. “Quando se soma a agricultura familiar com toda a produção, o Brasil passa da oitava para a quinta posição nesse quesito, com faturamento de US$ 84,6 bi por ano”, aponta o estudo.
ATRIBUTOS
Utilitários: indústria aposta em modelos talhados para o pequeno produtor brasileiro
De olho nesse próspero nicho de mercado, as fabricantes de equipamentos – tanto agrícolas como da Linha Amarela – têm apostado no lançamento de modelos de tratores especialmente talhados para os pequenos agricultores. E não é para menos. De acordo com Celso Camarano Monteiro Jr., gerente de marketing tático da John Deere, “mais de 50% dos tratores agrícolas vendidos anualmente pela fabricante são direcionados a esse mercado”.
Para resumir, o trator dos sonhos do pequeno produtor brasileiro é versátil, com torque elevado, alta vazão do sistema hidráulico, alta capacidade de levante e transmissão com bom escalonamento de marchas. De modo geral, buscam-se máquinas voltadas para operações de preparo de solo, plantio, trato cultural, pulverização, serviços de carreta e atividades na sede da propriedade rural. É esse perfil de operação que define a característica principal dos equipamentos, que se resume a uma palavra: versatilidade. “Geralmente, todas essas diferentes atividades são realizadas pelo mesmo trator, desde o preparo do solo e canteiros, passando pelo plantio de grãos, aplicação de defensivos e carregamentos frontais, até o transporte da produção”, diz ele. “Por isso, é fundamental a escolha de um trator que traga essa variabilidade de operação.”
Perfil de cliente valoriza aspectos como robustez, torque e assistência técnica atuante
Geralmente, como destaca Monteiro Jr., essa diversidade de operações é realizada pelo proprietário da máquina, sendo que a principal característica que ele busca na solução é o equilíbrio entre capacidade e economia. “São pontos importantes contar com potência e torque para operar com diferentes implementos em condições variadas, sistema hidráulico com vazão e capacidade de levante compatíveis com os implementos e tomada de força que opere na rotação econômica”, afirma o gerente, destacando ainda outro fator fundamental. “Para esse produtor, o trator também precisa ser confortável e oferecer operação e manutenção simplificadas.”
Além desses pontos, o pequeno produtor rural brasileiro também busca outros benefícios, como confiabilidade e tradição da marca. Como explica o gerente de marketing para tratores da New Holland Agriculture, Saulo Silva, esse cliente anseia por características como robustez e alto torque, baixo índice de quebras, consumo baixo de combustível, custo reduzido de manutenção, elevado escalonamento de marchas e, não menos importante, rede de concessionários presente e atuante em sua região.
Uso de piloto automático tem ajudado agricultores a obter alto rendimento no campo
Acrescentando detalhes de configuração, o gerente ressalta que os pequenos agricultores adquirem preferencialmente tratores agrícolas de pneus, na faixa de 50 a 90 cv de potência nominal, com motor mecânico e tração dianteira 4x2 auxiliar, além de transmissão mecânica sincronizada de 8 ou 12 marchas à frente, plataforma plana com no mínimo duas válvulas de controle remoto e pneus traseiros aro 30 ou inferior.
Até por uma questão econômica, a maioria ainda escolhe tratores sem cabine, porém o percentual de tratores cabinados vem crescendo substancialmente na preferência deste tipo de cliente. “Já o valor médio de compra varia entre R$ 80 mil e R$ 100 mil, tendo como referência os modelos cadastrados no programa Mais Alimentos, que destina recursos para investimentos em infraestrutura da propriedade rural”, comenta o executivo.
Segundo Winston Quintas, supervisor de marketing de produto para tratores da marca Valtra, do Grupo AGCO, os modelos mais procurados pelos pequenos agricultores incluem máquinas com rodado simples e estreito, para serem utilizadas com pulverizadores de arrasto, plantadeiras, cultivadores e grades. “Em outros casos, as máquinas também são utilizadas para transporte das culturas após a colheita”, ele acresce.
Modelos mais procurados incluem máquinas com rodado simples e estreito
DESEMPENHO
Com este receituário em mãos, as fabricantes vão à luta. A Case IH, por exemplo, oferece uma linha completa de tratores dedicada a esse público. Os modelos Farmall, como explica Lauro Rezende, gerente de marketing de produto da marca, possuem uma faixa de potência de 60 a 130 cv, apresentando bom desempenho em diferentes atividades, tanto na agricultura quanto na pecuária. “Com um sistema hidráulico de alta capacidade, esses modelos oferecem o máximo de flexibilidade nas operações e são os mais procurados pelos pequenos produtores, principalmente devido às suas especificações técnicas”, diz.
O portfólio da marca, todavia, oferece mais opções. Para atender à demanda em fruticultura, por exemplo, a fabricante recentemente lançou o trator Quantum 75N, de 78 cv. “Trata-se de uma máquina indicada para trabalhar em culturas que demandam bitola estreita, sendo especializada em cafeicultura, pomares e cultivo de hortaliças”, conta o executivo. Já os tratores da New Holland Agriculture – como os modelos TT4030 (75 cv) e TL75 (78 cv), ambos produzidos na fábrica de Curitiba (PR) – “são destinados como ferramentas de trabalho não apenas ao pequeno produtor rural, mas também a programas sociais”, diz Silva.
Tipo de cultura a que se destina influencia o projeto estrutural do equipamento
Na Valtra, o portfólio busca atender “a toda e qualquer demanda do pequeno produtor”, seja na produção de hortifrutigranjeiros, pecuária ou grãos. “Entre os tratores, a faixa de 75 cv é a mais vendida para o pequeno produtor, com destaque para os modelos A750 e A750 F, em versão fruteira”, pontua Quintas, explicando que, durante a Expointer 2018, a empresa lançou cinco novos modelos, sendo três da Série A4s – uma novidade da marca – e dois que se somam à Série A4, apresentada no ano passado. “Variando de 75 cv a 95 cv, os modelos da Série A4s possuem chassi compacto, sendo indicados para pequenas e médias propriedades ou operações que demandam potências menores.”
Como alta eficiência e baixo consumo de combustível são pontos importantes para o pequeno agricultor, no mesmo evento a Massey Ferguson lançou o modelo MF 4700 (de 75 a 95 cv), que traz motor AGCO Power iEGR de alto torque. “Lançamento de 2018, essa linha inclui máquinas que suprem as necessidades do pequeno produtor com o melhor custo-benefício”, garante Eder Pinheiro, coordenador de marketing de tratores da fabricante. “Nesse sentido, ela foi projetada para ampliar o rendimento e a versatilidade nas atividades no campo, que são características muito procuradas pelos produtores.”
Especialmente focada em desenvolver produtos para a agricultura familiar, a brasileira Agritech apresentou recentemente ao mercado o trator traçado de pequeno porte 1145-4 Parreira. Segundo Nelson Watanabe, gerente nacional de vendas da empresa, o modelo 4x4 foi repaginado para atender aos produtores que necessitam de versatilidade para uso em parreirais. “Com levante hidráulico de 1.000 kg, esse trator possui uma altura de 1.195 mm do volante até o solo”, descreve Watanabe.
Outro trator que integra o portfólio da marca é o 1160 Turbo, com motorização Yanmar. Voltado para segmentos como hortifrúti e pecuária, este modelo compacto de 55 cv é indicado para produtores rurais que necessitam de um trator estreito para trabalhar em áreas restritas de cultivo. “Sempre estivemos focados em desenvolver produtos para a agricultura familiar, setor que emprega mais de 70% da mão de obra agrícola do Brasil”, sublinha Pedro Lima, gerente de marketing da empresa.
TECNOLOGIA
Como se vê, o segmento de agricultura familiar busca modelos mais simples, de fácil uso e manutenção. Mas também há espaço para a eletrônica embarcada. Segundo Monteiro Jr., da John Deere, um dos principais recursos buscados por pequenos agricultores é o piloto automático, que constitui a base para qualquer projeto de agricultura de precisão em todas as culturas.
De forma geral, a tecnologia baseia-se na utilização de um dispositivo GNSS (receptor), que envia informações georreferenciadas de posicionamento ao sistema de direção da máquina, fazendo com que siga um caminho pré-determinado, sem qualquer interação do operador. “A utilização do piloto automático oferece inúmeras vantagens às etapas de plantio, tratos culturais e colheita, como a redução da compactação do solo e do número de passadas da máquina”, explica Monteiro Jr.
No plantio, diz ele, a tecnologia permite a instalação da cultura com paralelismo de alta qualidade e com maior eficiência, respeitando o planejamento prévio. “Já na etapa de aplicação de defensivos, o piloto automático ajuda a reduzir o pisoteio durante a operação, bem como a diminuir os custos com insumos, quando atrelado a outros recursos como desligamento de seções e taxa variável”, frisa o executivo.
Nessa linha, a Case IH também oferece piloto automático elétrico em seus tratores Farmall, além de uma variação hidráulica para o modelo Farmall Série A (projetado para trabalhos pesados). “Desenvolvidos especialmente para uso agrícola, nossos tratores com piloto automático são projetados para economizar combustível, enquanto entregam alto rendimento”, complementa Lauro Rezende, gerente de marketing de produto da companhia.
Quanto ao monitoramento, o cenário é diferente. Já bastante comum na construção e na mineração, a telemetria ainda não é utilizada em larga escala nesse segmento, principalmente devido ao custo de aquisição dessas soluções em relação ao preço total da máquina. “Hoje, essa tecnologia é aplicada apenas a tratores de maior potência e em propriedades rurais e frotistas de médio a grande porte”, delineia Silva, da New Holland Agriculture.
Por outro lado, atualmente os tratores contam com recursos fundamentais como os engates de três pontos para acoplamento de implementos, que há tempos já estão presentes nas linhas de algumas empresas. “Ao contrário dos implementos de tração simples acoplados à barra de tração, o acoplamento ao sistema hidráulico de três pontos permite que o tratorista tenha maior controle sobre a profundidade e aumente a sensibilidade do trabalho do implemento sobre o solo”, diz Silva, da New Holland.
Segundo Monteiro Jr., da John Deere, o engate faz a conexão do levante hidráulico com os implementos que serão acoplados ao trator. “Dessa forma, o trator pode erguer estes implementos do solo, transportá-los e utilizá-los em suas atividades”, diz. “A principal vantagem disso é a agilidade na operação, principalmente em áreas menores, que exigem muitas manobras.”
TRATORES DE ESTEIRAS GANHAM ESPAÇO NO CAMPO
Comumente utilizados na construção e na mineração, os tratores de esteiras também são aplicados nas atividades agrícolas. Segundo Gecimar Morini, consultor de marketing da Caterpillar, esse tipo de maquinário é ofertado a diferentes nichos de mercado – incluindo nesse rol o agribusiness –, mas isso não significa que o objetivo seja concorrer ou substituir os tratores de pneus. “A ideia é mostrar ao produtor que o trator de esteiras também é útil no cenário do agronegócio”, diz ele.
Afinal, nem sempre o produtor sabe que isso é possível. Como explica Morini, os tratores de esteiras podem ser empregados em uma extensa lista de atividades nas plantações e propriedades rurais, “especialmente para preparação de solo, gradeamento, adubação, cultivo e irrigação, além de escarificarão de solo, recuperação de pastagens e áreas com assoreamento e drenagem em caixas de contenção de água da chuva”.
As máquinas também são utilizadas na construção e manutenção de canais de irrigação, açudes, barragens, valas, silos, estradas, curvas de nível e uma série de outras atividades. “Ao adquirir um trator de esteira o agricultor não irá utilizá-lo somente na sua atividade-fim”, afirma o especialista. “Normalmente, o produtor compra o equipamento já pensando no seu leque de possibilidades de uso.”
Clássico da construção, trator de esteiras também é útil no agronegócio
Menor trator de esteiras da marca para o mercado brasileiro, o modelo D6K também é um dos mais utilizados pelo pequeno agricultor nacional. Produzido na fábrica de Piracicaba (SP), trata-se de um trator equipado com transmissão hidrostática de 13 t e motor de 130 hp, talhado para diferentes tarefas. Segundo Morini, o trator atua como duas máquinas em uma, com capacidade de puxar o subsolador em trabalhos de preparação da terra, além de eventualmente realizar atividades que um trator agrícola não é capaz – como curvas de nível, contenções de água e afofamento de terra. “Normalmente, o pequeno agricultor não tem a capacidade de gerenciar uma frota com muitas máquinas”, diz Morini. “Como conta com um reduzido número de funcionários, ele necessita de um parque de máquinas igualmente restrito.”
Saiba mais:
Agritech: www.agritech.ind.br
Case IH: www.caseih.com/latam/pt-br
Caterpillar: www.cat.com/pt_BR
John Deere: www.deere.com.br
Massey Ferguson: www.masseyferguson.com.br
New Holland Agriculture: www.newholland.com.br
Sintecsys: www.sintecsys.com
Valtra: www.valtra.com.br
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