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Em tempos recentes, o consórcio vem se consolidando como alternativa para quem planeja renovar ou ampliar a frota, mas não tem pressa para adquirir o bem.
No ano passado, essa modalidade bateu recordes em vários indicadores, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), com crescimento de 7,4% na venda de cotas.
O segmento de veículos pesados cresceu 9,5% em participantes ativos, saltando de 776,18 mil em 2023 para mais de 850 mil em 2024.
Por não exigir valor de entrada, diferentemente de outras modalidades de financiamento, o consórcio se mostra mais acessível a clientes que não dispõem de capital inicial ou contam com recursos mobilizados e, assim, optam por adquirir bens por meio de uma solução com custo financeiro inferior.
Uma das principais vantagens é o prazo, que pode chegar a 100 meses. Esse período dilatado d
Foto: VCE
Em tempos recentes, o consórcio vem se consolidando como alternativa para quem planeja renovar ou ampliar a frota, mas não tem pressa para adquirir o bem.
No ano passado, essa modalidade bateu recordes em vários indicadores, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), com crescimento de 7,4% na venda de cotas.
O segmento de veículos pesados cresceu 9,5% em participantes ativos, saltando de 776,18 mil em 2023 para mais de 850 mil em 2024.
Por não exigir valor de entrada, diferentemente de outras modalidades de financiamento, o consórcio se mostra mais acessível a clientes que não dispõem de capital inicial ou contam com recursos mobilizados e, assim, optam por adquirir bens por meio de uma solução com custo financeiro inferior.
Uma das principais vantagens é o prazo, que pode chegar a 100 meses. Esse período dilatado dá aos clientes a possibilidade de ampliar a frota sem desembolso elevado de caixa.
Outro benefício são as parcelas reduzidas até a contemplação ou a metade do tempo do plano, com mensalidade menor enquanto o consorciado não é contemplado.
Outro aspecto relevante é evitar o endividamento bancário. Segundo Thais Schmelzer, gerente do Consórcio Volvo, a modalidade funciona como uma poupança para aquisição de produtos, uma vez que as contemplações podem ocorrer por sorteio ou lance.
“Os clientes de consórcio também utilizam as cartas de crédito para a venda de equipamentos usados”, explica Schmelzer.
“Não pagam juros, mas assumem as despesas da taxa de administração, que pode ser diluída em até 100 meses, por um custo muito menor, se comparado aos juros”, pondera.
Por sorteio ou lance, a modalidade funciona como uma poupança para aquisição de produtos. Foto: VFS
Se o cliente precisa do equipamento de imediato, a melhor alternativa ainda é o financiamento, pois o consórcio tem como finalidade estrita o planejamento futuro de compra.
Também é possível fazer uma antecipação de contemplação por meio de lances, desde que se programe de forma estruturada, ou mesmo usar cartas de crédito para quitar o financiamento.
Segundo Carlos Gondim, diretor de soluções de acúmulo do Porto Bank, na opção de lance livre é contemplado o cliente que oferecer o maior valor. Adicionalmente, também podem ser feitos lances fixos, aplicados em casos nos quais há um valor pré-definido de lance para o grupo.
“Assim, o cliente se planeja e busca acelerar sua contemplação para o momento mais propício”, comenta.
“Aliás, uma boa programação maximiza a possibilidade de uma contemplação mais acelerada, inclusive adquirir a cota em grupos já em andamento e buscar a contemplação através de lances poucos dias após a contratação, quando acontece a primeira assembleia.”
Entretanto, ele observa, o cliente precisa ter flexibilidade na programação de aquisição, uma vez que, dependendo da maturidade do grupo e do perfil dos demais participantes, a concorrência de contemplação por meio de lance pode apresentar variações.
“A principal vantagem é a ausência de juros sobre o capital, uma vez que o cliente paga uma taxa de administração com valor previamente definido, como percentual fixo do capital desejado, resultando em um custo financeiro mais baixo em operações de longo prazo”, destaca Gondim.
“Dadas as características, a análise de crédito é beneficiada quando comparada à contratação de financiamento.”
ADESÃO
Na perspectiva da ABAC, o sistema de consórcios pode crescer até 8% neste ano, resultado geral calculado a partir das altas estimadas em diversos segmentos, sendo 23% em eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, 20% em imóveis, 10% em veículos pesados, 10% em serviços, 6% em veículos leves e 2% em motocicletas.
De acordo com Claudio Bassani, gerente comercial do Consórcio Nacional John Deere, gerido pela Randon Administradora, o crescimento acumulado desde 2018 na venda de cotas para o segmento de veículos pesados é de 241%.
“O cenário positivo se dá pela previsão de safras recordes e um crescimento médio de 3,36% do PIB do agronegócio nos últimos cinco anos”, diz ele.
Prazo dilatado abre possibilidade de ampliar a frota sem desembolso elevado de caixa.Foto: JOHN DEERE
Para ele, a retração no volume de financiamentos tradicionais e o aumento da oferta de cotas, incentivado pela participação dos bancos, também impulsionaram o consórcio.
“A necessidade de renovação e ampliação das frotas reforça essa tendência”, complementa.
Por sua vez, Rogério Huffenbaecher, diretor da Bradesco Consórcios, atribui o crescimento contínuo na adesão ao cenário de alta de juros, que antepõe dificuldades de acesso ao crédito para produtores rurais e empresários, uma vez que alguns tipos de financiamento ficam mais caros.
“O consórcio não sofre esse tipo de impacto, pois não tem juros. A taxa de administração é atrelada à Selic e, por isso, é atraente”, ressalta.
A instituição tem 22 anos de atuação e, segundo Huffenbaecher, é a administradora que mais contempla clientes no país, representando 27% do mercado.
“No agro, um dos maiores responsáveis pelo avanço da modalidade, tivemos um faturamento de R$ 1,7 bilhão em 2024, crescimento de 29% em relação ao ano anterior”, revela o executivo, destacando que a empresa planeja fortalecer a representatividade no campo, aumentando o quadro de especialistas no setor em 30%.
De acordo com Vittório Rossi Junior, sócio-diretor da Primo Rossi Consórcio, que administra o Consórcio Nacional Case IH, o sistema de consórcios no Brasil registrou aumento de 29% no segmento de bens pesados entre 2022 e 2024, incluindo máquinas agrícolas.
“No entanto, o consórcio da Case IH dobrou as vendas no mesmo período”, destaca.
“Entre os fatores que impulsionam essa tendência estão o reconhecimento do consórcio como um produto financeiro estratégico, oferecido como alternativa de investimento, além de juros elevados para financiamentos.”
Com o consórcio, o produtor pode planejar a compra de novos equipamentos sem se sujeitar às taxas de mercado, mantendo o valor do capital sempre atualizado, além de obter um prazo maior em relação aos financiamentos.
“Em tempos de incerteza econômica, esse sistema é visto como uma forma segura de aquisição, por ter regulamentação, transparência e proteger os recursos dos participantes”, destaca.
Reconhecimento como um produto financeiro estratégico impulsiona o consórcio. Foto: CASE IH
SEGMENTAÇÃO
Os clientes que buscam a modalidade de consórcio possuem diferentes perfis, desde profissionais autônomos, pequenas construtoras e transportadoras de pequeno e médio porte, até grandes frotistas.
Normalmente, são clientes que planejam a aquisição pensando no médio e longo prazo.
Também utilizam equipamentos usados como estratégia, oferecendo os bens aos distribuidores ou vendendo as máquinas para ofertar um lance, aumentando assim as chances de contemplação.
Na Volvo, assegura Schmelzer, as cartas de crédito são versáteis e podem ser utilizadas para compra de qualquer equipamento das marcas Volvo e SDLG. No último ano, as vendas de cotas aumentaram 20%, recorde histórico no país.
Embora a modalidade de financiamento via CDC tenha sido a mais utilizada para aquisição de equipamentos de construção, chegando a quase 90% do total em 2024, o consórcio representou 2%. “Existe um grande espaço para crescimento”, acredita a gerente.
“Atuamos com nossa rede para que os clientes usufruam das vantagens do consórcio como uma ferramenta para aquisição e renovação, que já é uma cultura muito forte no segmento de caminhões.”
Na estimativa dela, o Consórcio Volvo se mantém como uma “ótima opção” para a compra de equipamentos.
Afinal, a alta dos juros impacta os planos de renovação, fazendo com que os clientes posterguem algumas compras ou aguardem melhorias no ambiente de investimentos.
Contudo, Schmelzer observa que – buscando reduzir os custos – algumas empresas utilizam recursos para dar entrada e financiam parte do valor.
“O Banco Volvo tem trabalhado com prazos maiores, oferta de carências, condições e planos especiais de financiamento para apoiar o segmento de equipamentos de construção”, assegura a executiva.
A variedade no perfil do público que recorre ao consórcio também é apontada pelo Porto Bank. Nos últimos anos, o sistema foi especialmente procurado não só por pessoas físicas de baixa renda, como também por clientes de padrão elevado (segmento Private), além de empresas nacionais e multinacionais.
De acordo com Gondim, “há uma busca crescente de empresas que optam pelo consórcio como solução para a renovação de frotas, aquisição de maquinários diversos e reforma ou construção de instalações”.
Perfil diversificado do público que aciona o consórcio é apontado pelas administradoras. Foto: OFÍCIO DA IMAGEM
O executivo confirma que o agro tem aumentado a representatividade na participação.
“A aquisição de tratores, colheitadeiras, silos, drones para pulverização e projetos de irrigação ganhou protagonismo”, posiciona.
“Importante ressaltar que, em qualquer consórcio, o uso da carta de crédito exige garantias compatíveis e adequadas para o valor disponibilizado”, diz ele.
O diretor da Escad Rental, Eurimilson Daniel, faz outra ressalva. “Há um risco sobre o valor do bem que gera instabilidade no planejamento, pois quando o valor da máquina aumenta, puxa junto o valor da parcela”, diz ele, que também é vice-presidente da Sobratema.
Todavia, Gondim, do Porto Bank, aponta que o crescimento da adesão tem sido impulsionado pelas variações da curva de juros, que elevaram o custo em outras modalidades de crédito, assim como limitações na disponibilidade de créditos convencionais e aumento do conhecimento sobre o produto e seus benefícios.
Especificamente para a modalidade de imóveis, a alta tem sido maior frente às demais, com salto de 28% na média anual entre 2021 e 2024, enquanto as modalidades de automóveis e veículos pesados subiram 13% ao ano, em média, no mesmo período.
A carteira administrada pelo Porto Bank Consórcio, especificamente, cresceu 33,4% de 2023 para 2024.
“As condições macroeconômicas contribuem para potencializar a atratividade relativa do consórcio frente a outras opções de financiamento, favorecendo o crescimento do mercado”, conta Gondim.
INADIMPLÊNCIA
Assim como em qualquer outra forma de crédito, o consórcio requer disciplina nos pagamentos. Caso deixe de arcar com as parcelas, o cliente torna-se inadimplente com a administradora por descumprimento contratual.
Quando uma ou mais parcelas não são pagas dentro do prazo, a administradora pode adotar medidas para recuperar o crédito, que envolvem desde multas e juros até ações mais drásticas.
Se o atraso persistir, a participação do consorciado no grupo pode ser suspensa ou até mesmo excluída, perdendo a oportunidade de contemplação por sorteio ou lance.
A suspensão pode ser temporária, até que o pagamento seja regularizado, ou definitiva, dependendo da gravidade do atraso.
Caso o consorciado seja contemplado, já esteja com o bem em sua posse e não consiga regularizar a dívida, a administradora pode buscar medidas judiciais para recuperar o crédito.
No Porto Bank Consórcio, os indicadores de inadimplência mantêm-se sob controle, comenta Gondim, sem variações significativas.
O executivo ressalta que a empresa monitora e implementa melhorias contínuas nas políticas e processos de análise de crédito e cobrança, “levando em consideração ainda o cenário macroeconômico e os resultados passados, assim como diversas modelagens de perfis de clientes”.
No Consórcio John Deere, a inadimplência atingiu o menor nível dos últimos três anos, consolidando um cenário de estabilidade.
“A redução foi de 10,6% em 2022 para 10,4% em 2023 e 9,8% em 2024, refletindo um controle eficiente e garantindo maior previsibilidade e segurança financeira para o setor”, conta Bassani.
Segundo ele, algumas estratégias, como planos de pagamentos semestrais e anuais, “têm sido fundamentais para manter a saúde financeira da carteira e garantir a sustentabilidade do mercado de veículos pesados”.
No Consórcio Volvo, a inadimplência também tem se mantido em níveis estáveis, mas o momento é de atenção.
“Em cenários como esse, o apoio do consórcio faz uma grande diferença, pois estamos sempre ao lado dos clientes para entender suas necessidades e apoiá-los em seus projetos de crescimento”, arremata Thais Schmelzer.
CENÁRIO
Crescimento do sistema tem sido constante no país
Segundo a ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), o crescimento do sistema tem sido constante no país nos últimos anos.
Somente no ano passado, foram vendidas 4,5 milhões de cotas, superando todas as marcas históricas anteriores.
Em janeiro, o sistema contava com 859.186 participantes ativos no segmento de pesados no país. Foto: VFS
Entre as razões para a demanda, a entidade cita valor acessível da parcela mensal, prazos mais longos, baixo custo final, ausência de juros e IOF e poder de compra à vista na utilização da carta de crédito contemplada, entre outras.
“Carta de crédito é dinheiro na mão, e os descontos conseguidos em uma negociação vantajosa acabam por compensar em parte os custos do consórcio”, resume Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
Atualmente, o sistema conta com 11,37 milhões de participantes ativos (+9,7% a.a.) em vários setores da economia, incluindo veículos, caminhões, máquinas agrícolas, implementos e outros bens móveis duráveis.
Segundo o boletim da entidade, referente a janeiro de 2025, o crédito comercializado no segmento de pesados atingiu R$ 2,9 bilhões, com crédito disponibilizado de R$ 2,1 bilhões e ticket médio de R$ 198 mil, sendo efetuadas 10,7 mil contemplações para o segmento no período.
Saiba mais:
ABAC: https://abac.org.br
Bradesco Consórcios: https://banco.bradesco
Consórcio John Deere: www.consorciojohndeere.com.br
Consórcio Volvo: www.volvofinancialservices.com/br/consorcio.html
Escad Rental: https://escad.com.br
Porto Bank Consórcio: https://portoseguroeconsorcio.com.br
Primo Rossi Consórcio: https://primorossi.com.br
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