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Revista M&T - Ed.186 - Dez/Jan 2015
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Financiamento

Caminho das pedras

Até o Finame teve menos requisições no último ano, mostrando que nem mesmo a possibilidade de financiamento a juros mais baixos minimiza os impactos do baixo crescimento econômico

No Brasil, é usual que os fabricantes apostem em bancos próprios para intermediar o financiamento de equipamentos de Linha Amarela com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma vez que oferecem condições especiais de pagamento aos clientes. Mesmo assim, no ano passado a economia apresentou obstáculos para quem planejava renovar a frota.

Segundo o Banco Caterpillar, por exemplo, o mercado de financiamento teria retraído cerca de 10% em 2014, comparado ao ano anterior. Já os dados do BNDES apontam para um cenário ainda pior em relação ao mercado de construção civil. Segundo seu levantamento, equipamentos pesados para essa finalidade apresentaram uma queda de 27,5% na busca por financiamentos, em comparação com o primeiro semestre de 2013.

Um dos motivos da queda, além do baixo crescimento econômico do país, pode ser explicado pelas alterações nas condições de Financiamento para Máquinas e Equipamentos do Programa de Sustentação do Financiamento (Finame-PSI). Os juros oferecidos pelo BNDES, antes fixados em 3% ao ano, passaram para 4,5% a.a. em operações contratadas com pequenas empresas. E esse mercado é justamente um dos que mais crescem no Brasil, representando grande parte do impulso de compra por equipamentos com índice de nacionalização acima de 60%.

Nem por isso as grandes empresas, com faturamento acima de R$ 90 milhões, foram beneficiadas. Para elas, as taxas de financiamento do BNDES passaram de 3% para 6% a.a., o que dificulta a renovação do pátio de grandes frotistas. “Desse modo, muitos beneficiários aproveitaram as melhores taxas de 2013 para renovar seu maquinário, antecipando as aquisições do ano passado”, relata a empresa pública. A expectativa do banco era de que os financiamentos se mantivessem neutros até o final do ano, em parte pela postergação dos investimentos até o mês de novembro.

APOSTAS

Mesmo em um ano difícil, algumas fabricantes apostam nos investimentos do mercado de equipamentos no Brasil. No caso da John Deere, duas fábricas foram inauguradas em fevereiro de 2014, em Indaiatuba (SP), nacionalizando a linha de máquinas de construção. Como alternativa ao financiamento direto com o BNDES/Finame, a fabricante apo


No Brasil, é usual que os fabricantes apostem em bancos próprios para intermediar o financiamento de equipamentos de Linha Amarela com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma vez que oferecem condições especiais de pagamento aos clientes. Mesmo assim, no ano passado a economia apresentou obstáculos para quem planejava renovar a frota.

Segundo o Banco Caterpillar, por exemplo, o mercado de financiamento teria retraído cerca de 10% em 2014, comparado ao ano anterior. Já os dados do BNDES apontam para um cenário ainda pior em relação ao mercado de construção civil. Segundo seu levantamento, equipamentos pesados para essa finalidade apresentaram uma queda de 27,5% na busca por financiamentos, em comparação com o primeiro semestre de 2013.

Um dos motivos da queda, além do baixo crescimento econômico do país, pode ser explicado pelas alterações nas condições de Financiamento para Máquinas e Equipamentos do Programa de Sustentação do Financiamento (Finame-PSI). Os juros oferecidos pelo BNDES, antes fixados em 3% ao ano, passaram para 4,5% a.a. em operações contratadas com pequenas empresas. E esse mercado é justamente um dos que mais crescem no Brasil, representando grande parte do impulso de compra por equipamentos com índice de nacionalização acima de 60%.

Nem por isso as grandes empresas, com faturamento acima de R$ 90 milhões, foram beneficiadas. Para elas, as taxas de financiamento do BNDES passaram de 3% para 6% a.a., o que dificulta a renovação do pátio de grandes frotistas. “Desse modo, muitos beneficiários aproveitaram as melhores taxas de 2013 para renovar seu maquinário, antecipando as aquisições do ano passado”, relata a empresa pública. A expectativa do banco era de que os financiamentos se mantivessem neutros até o final do ano, em parte pela postergação dos investimentos até o mês de novembro.

APOSTAS

Mesmo em um ano difícil, algumas fabricantes apostam nos investimentos do mercado de equipamentos no Brasil. No caso da John Deere, duas fábricas foram inauguradas em fevereiro de 2014, em Indaiatuba (SP), nacionalizando a linha de máquinas de construção. Como alternativa ao financiamento direto com o BNDES/Finame, a fabricante aposta também nas condições do Banco John Deere e do Consórcio Nacional da marca, principalmente para equipamentos agrícolas.

Evidentemente, a empresa faz projeções de longo prazo, baseadas nos dados da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), que apontam um crescimento anual de 5,5% nas vendas até 2018. Tais informações levam em conta os investimentos previstos em infraestrutura no país, calculados em R$ 500 bilhões para os próximos três anos, além de outros R$ 700 bilhões nos projetos não executados.

Nesse contexto, a Caterpillar espera um ano difícil para 2015, tanto no volume de financiamento como nos números de inadimplência dos pagamentos. Para a empresa, há necessidade de o governo assumir a análise e a revisão de contratos e projetos para esse mercado, o que também pode impactar o ritmo dos investimentos.

Mesmo com as projeções de investimentos pesados para os próximos anos, em 2014 o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi continuamente ajustado para baixo, chegando a 0,24%, o que configura o índice mais baixo dos últimos dez anos, exceto em 2009, quando o Brasil sofreu os impactos da crise econômica mundial. “Já em 2016, acreditamos que o ritmo da economia deverá melhorar e o PIB voltará a crescer”, afirma Sanderley Vieira de Souza, gerente comercial do Banco Caterpillar.

De acordo com o BNDES, foi justamente a crise econômica mundial que impulsionou a criação do programa BNDES PSI, que operacionalizou o produto Finame, por meio da medida provisória nº 465, de 29/06/2009. Desde então, o programa tem desempenhado um importante papel anticíclico, ou seja, mantendo o mercado ativo mesmo em época de recessão da economia. Com isso, foi possível ao BNDES oferecer apoio financeiro a investimentos e viabilizar a retomada do crescimento em diversos setores econômicos, incluindo os equipamentos pesados.

CANAL

Apesar do aumento nas condições financeiras impostas aos clientes – estabelecido por intermédio da Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) –, o BNDES afirma que o Finame ainda está sendo bastante utilizado pelos clientes do setor e assim deve continuar. Principalmente porque a conjuntura econômica se manteria estabilizada, já que, em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil (BCB), confirmou que manterá a taxa Selic, que representa os juros básicos da economia, em 11% ao ano. A Selic é utilizada pelo Banco Central para estabilizar a inflação oficial do CMN, de 4,5% a.a., apresentando uma tolerância máxima que não ultrapasse 6,5%. E o Finame está atrelado a essas informações (leia mais sobre o Finame-PSI no Box abaixo).

De acordo com Souza, o Finame-PSI tem sido o principal canal de financiamentos do Banco Caterpillar, que funciona como agente repassador dos recursos e o responsável pelos riscos dos clientes. Para entender melhor, ele explica que, nos casos em que o cliente não honra os pagamentos ao Finame, a Caterpillar assume essa responsabilidade e o cliente passa a negociar com o Banco privado da empresa.

Outra modalidade que tem sido procurada pelos clientes da empresa é o Crédito Direto ao Consumidor (CDC). “Trata-se de um financiamento tradicional, no qual o equipamento sempre é alienado a favor do banco, ofertando taxas de mercado”, completa o gerente comercial. Além desses, o Leasing financeiro constitui uma terceira opção, com taxas de juros próximas ao CDC e a abertura para negociação de prazos e condições. Nas operações de CDC e Leasing, a Caterpillar afirma que a vantagem está nas exigências mais flexíveis, podendo inclusive financiar equipamentos usados, o que não é feito pelo Finame.

Segundo Souza, o Banco Caterpillar solicita uma entrada de 10%, financiando a diferença do valor. Em média, o banco está oferecendo prazos de 48 meses, tanto para o Finame como para outros produtos. No caso do Finame, a empresa afirma que é oferecida uma carência de até seis meses, prazo que pode ser estendido, dependendo das condições financeiras de cada cliente.

Para assegurar e mitigar os riscos de inadimplência, todas as modalidades de financiamento requerem aprovação prévia do crédito do cliente junto ao banco, sendo que a aprovação leva em conta as restrições apontadas pelo Serasa ou atrasos no BCB. Nesses casos, o crédito é vetado ao cliente.

OPÇÕES

No Banco John Deere, também há possibilidade de financiamento para equipamentos importados, com taxas equivalentes às do Finame, assim como a tradicional intermediação para máquinas nacionais, feita pelo BNDES. No caso dos importados, entram escavadeiras de grande porte, motoniveladoras e tratores de esteira.

Segundo Roberto Marques, líder da divisão de construção e florestal da John Deere Brasil, a fabricante oferece planos de financiamento por meio do Consórcio Nacional, realizado em parceria com a Randon Consórcios. Nesse caso, são oferecidos aos clientes planos para programar a renovação ou a ampliação da frota, permitindo a escolha do melhor período de investimento.

No consórcio da fabricante, inclusive, entram planos para toda a linha de produtos, que são pagos em parcelas de até 100 vezes, de acordo com o planejamento financeiro de cada cliente. “Por meio desta opção, os clientes podem adquirir máquinas John Deere de maneira planejada, utilizando o consórcio como forma de investir ou renovar na sua frota”, afirma Marques.

Para ele, utilizar os bancos das marcas é uma grande vantagem, pois além de obter planos especiais para financiamentos, inclusive por meio do BNDES, os clientes podem encontrar em um único canal uma solução tanto para a escolha dos equipamentos como para sua aquisição.

Entenda melhor como funciona o Finame-PSI

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é uma empresa pública federal e serve de instrumento de financiamento a longo prazo para investimentos no país. Um dos programas do banco, iniciado em 2009, é o Finame-PSI, ou Financiamento de Máquinas e Equipamentos do Programa de Sustentação do Investimento. Os benefícios são dados para financiamento na aquisição, produção e comercialização de equipamentos e máquinas.

Para ser elegível a uma operação de Finame, o programa estipulou algumas regras básicas. Dentre elas, o equipamento precisa ser novo, credenciado na lista pré-aprovada e apresentar um índice de nacionalização mínimo de 60%. Além disso, para conseguir aprovação de crédito, os clientes precisam apresentar certidões de RAIS, FGTS, INSS e Conjunta, bem como certidões e autorizações de extração, caso se enquadrem em categorias de mineração ou extração madeireira.

O recurso do Finame provém do BNDES e é derivado de pagamentos e captações do mercado. Atualmente, ele financia até 100% do preço de venda do equipamento para empresas de todos os portes, cada qual com condições próprias de financiamento. Por exemplo, para pequenas empresas e negócios, as taxas são de 4,5% ao ano. Já empresas maiores pagam 6% a.a.

No programa, destaca-se ainda o Cartão BNDES, semelhante a um cartão de crédito. O produto corresponde a um meio de pagamento em sistema de crédito rotativo, por meio do qual o BNDES disponibiliza determinada quantia ao Banco Emissor, que define o limite utilizável para cada cliente na compra de equipamentos e máquinas.

 

 

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