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Presença de empreiteiras se multiplica no exterior

Folha de S. Paulo

21/09/2011 10h20 | Atualizada em 22/09/2011 18h08

A exportação de obras de construtoras brasileiras explodiu nos últimos dez anos. O desembolso de financiamentos do BNDES para obras de empreiteiras brasileiras no exterior aumentaram 1.185% entre 2001 e 2010, passando de US$ 72, 897 milhões para US$ 937, 084 milhões.

No governo Lula, que usou a diplomacia presidencial para abrir mercados para empresas brasileiras na África e América Latina, o crescimento foi de 544%.

Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa tiram uma parcela cada vez maior de seu faturamento de obras feitas em países como Venezuela, Peru, Angola e Moçambique.

"O banco financia obras de infraestrutura desde 1997 e jamais houve uma demanda tão grande para projetos no exteri

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A exportação de obras de construtoras brasileiras explodiu nos últimos dez anos. O desembolso de financiamentos do BNDES para obras de empreiteiras brasileiras no exterior aumentaram 1.185% entre 2001 e 2010, passando de US$ 72, 897 milhões para US$ 937, 084 milhões.

No governo Lula, que usou a diplomacia presidencial para abrir mercados para empresas brasileiras na África e América Latina, o crescimento foi de 544%.

Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa tiram uma parcela cada vez maior de seu faturamento de obras feitas em países como Venezuela, Peru, Angola e Moçambique.

"O banco financia obras de infraestrutura desde 1997 e jamais houve uma demanda tão grande para projetos no exterior", diz Luciene Machado, superintendente de comércio exterior do BNDES.

"Antes isso se restringia à Odebrecht, mas agora vemos todas as empreiteiras fazendo uma opção pela internacionalização", afirma.

Ela prevê que os desembolsos devem chegar a US$ 1,3 bilhão neste ano, uma alta de 38% em relação a 2010.

Já há contratos para construção de uma hidrelétrica na Nicarágua e hidrelétricas e gasoduto no Peru, que devem começar a ter desembolsos em breve.

Os investimentos do BNDES não são os únicos indicadores do aumento das exportações das empreiteiras.

Segundo dados do Banco Central (BC), ao lado de exportação de serviços de tecnologia de informação, construção e engenharia estão entre os que mais crescem.

De acordo com o BC, as exportações das empreiteiras entram em duas categorias-exportações de serviços de construção ou de engenharia, ou investimento brasileiro direto (IBD).

O IBD em infraestrutura e construção de edifícios cresceu de US$ 194 milhões em 2006, primeiro ano pesquisado, para US$ 455 milhões em 2010, uma alta de 186%.

Já as exportações de serviços de construção e engenharia cresceram de US$ 1,8 bilhão em 2003 para US$ 5,7 bilhões em 2010; alta de 208%.

Esses dados subestimam o valor real das exportações. Segundo o BC, muito do investimento brasileiro direto é feito a partir de reinvestimento de lucros auferidos no exterior, que as empreiteiras não internalizam, por isso não entram na estatística.

Já nos números de exportação de serviços de construção e engenharia entram apenas os projetos de curta duração.

Envolvimento do governo também ajuda na expansão

As empreiteiras brasileiras começaram sua expansão na América do Sul, mas hoje têm presença cada vez maior na América Central e na África.

E a diplomacia presidencial foi um dos principais instrumentos para abertura de mais mercados.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se juntou ao presidente cubano, Raúl Castro, em 2010, para inaugurar as obras da Odebrecht no porto cubano de Mariel, com financiamento de cerca de US$ 300 milhões do BNDES.

Ele visitou várias obras da construtora em Angola, junto com o presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

E, mesmo fora da presidência, Lula continua fazendo promoção comercial. Recentemente esteve na Bolívia e teria discutido com o governo problemas em uma estrada em construção pela OAS e financiada pelo BNDES.

As negociações dessas exportações de obras de infraestrutura normalmente envolvem governos.

Isso porque as vendas de obras ao exterior são feitas sempre em um pacote, que geralmente inclui o financiamento do BNDES.

"Levamos junto o financiamento do BNDES para a obra, e o banco estipula que 85% dos produtos e serviços do projeto precisam vir do Brasil", diz Mauro Rehm, gerente-geral da Odebrecht Logística e Exportação.

Segundo Rehm, em 2009 e 2010, só nesses serviços e bens acoplados, sem incluir as construções, a Odebrecht exportou US$ 2 bilhões. Hoje, 58% da receita da Odebrecht Engenharia e Construção vêm do exterior.

"É importante o governo brasileiro fazer meio de campo para obter contratos; e é natural, todos os governos fazem", diz Luciano Amadio, presidente da Associação Paulista de Empresários e Obras Públicas (Apeop). Para Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização, a internacionalização das empreiteiras mostra maior competitividade.

E é vantajoso para o país, porque se trata de exportação de maior valor agregado.

Diplomacia brasileira ajudou empreiteiras

Telegramas confidenciais do Itamaraty revelam que o corpo diplomático do Brasil tentou interferir em licitações internacionais para ajudar empreiteiras brasileiras a conseguirem contratos de obras públicas financiadas pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e pelo Banco Mundial.

Eles fazem parte de um novo lote de 77 documentos que a Folha divulgou no "Folha Transparência", um projeto na Folha.com que torna públicas informações de interesse da sociedade e que já disponibilizou 517 telegramas sigilosos.

As licitações ocorreram nos anos 1990 na Venezuela, na Colômbia, na China, nas Filipinas, na Bolívia e no Irã.

A gestão feita pelos embaixadores é classificada no meio diplomático como "promoção comercial". Os telegramas agora revelados permitem verificar como ela ocorreu.

Em 1997, o consórcio das brasileiras Odebrecht e Andrade Gutierrez disputava licitação na Venezuela para construir a hidrelétrica Caruachi, inaugurada em 2006 ao preço de US$ 2,1 bilhões.

A Venezuela declarou vencedor um concorrente espanhol e enviou o processo para aprovação do BID, em Washington, financiador da obra.

O embaixador brasileiro Paulo Tarso Flecha de Lima procurou o presidente do BID, Enrique Iglesias, para denunciar supostas irregularidades na licitação. A intenção dos brasileiros era reverter a decisão original.

O embaixador disse que o déficit bilateral de US$ 1 bilhão do Brasil com a Venezuela "recomendava que o Brasil promovesse a exportação de serviços" como a construção da usina. O pleito do Brasil foi derrotado.

 

 

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