O Estado de S.Paulo
16/01/2023 14h19
Nos últimos dois anos, houve uma forte alta nas operações de transporte rodoviário de cargas no Brasil. Ao mesmo tempo, a indústria de veículos sentiu os impactos da Covid-19.
Ou seja, houve uma limitação na produção de caminhões e ônibus por causa da falta de componentes. Como resultado, a locação vem ganhando espaço como uma das soluções para resolver esse problema.
Além disso, no fim de 2022 as montadoras lançaram seus caminhões e ônibus em conformidade com as regras do Proconve P8. Para atender as novas leis de controle de emissões, os pesados receberam vá
...Nos últimos dois anos, houve uma forte alta nas operações de transporte rodoviário de cargas no Brasil. Ao mesmo tempo, a indústria de veículos sentiu os impactos da Covid-19.
Ou seja, houve uma limitação na produção de caminhões e ônibus por causa da falta de componentes. Como resultado, a locação vem ganhando espaço como uma das soluções para resolver esse problema.
Além disso, no fim de 2022 as montadoras lançaram seus caminhões e ônibus em conformidade com as regras do Proconve P8. Para atender as novas leis de controle de emissões, os pesados receberam várias atualizações. Com isso, os preços subiram, em média, entre 15% e 25%.
Da mesma forma, os custos operacionais também subiram. Segundo empresários do setor, a alta ocorreu de forma desproporcional. Dessa forma, muitas transportadoras optaram por limitar novos investimentos. Portanto, essa é mais uma razão para que os serviços locação de caminhões ganhassem espaço.
Segundo o CEO do Grupo Vamos, Gustavo Couto, mesmo assim a locação de caminhões e ônibus no Brasil não chega a 1% da frota. De acordo com ele, há cerca de 3,3 milhões de veículos rodando do país. Couto disse que, nos Estados Unidos, por exemplo, 25% da frota de pesados é alugada.
Ou seja, ele aposta no crescimento desse serviço. Não por acaso, Couto estima ter cerca de 100 mil veículos alugados até 2025. Atualmente, a Vamos tem 38,5 mil veículos locados.
A Zorzin Logística entra em 2023 de olho na locação de caminhões. Segundo a diretora administrativa da empresa, Gislaine Zorzin, em 2022 a transportadora comprou de mais de 40 veículos. De acordo com ela, o investimento foi feito para atender novos contratos.
"Em 2022 conseguimos adquirir ainda caminhões Euro 5" afirma Gislaine. "Porém, com a entrada em vigor do Euro 6, os preços subiram muito." Por isso, ela diz que estuda a viabilidade de locação. Assim, a transportadora pretende atender novos contratos com uma frota alugada.
"São novos clientes. Portanto, pode ser que o contrato se estenda ou não" afirma Gislaine. "Com frota alugada, não vou precisar me preocupar com o que fazer com esses ativos, em caso de encerramento do contrato", explica.
Gislaine Zorzin quer alugar caminhões antes de investir em frota para atender novos contratos
Segundo a Zorzin Logística, boa parte de suas operações é de transporte de produtos químicos. Portanto, as exigências de segurança são bem rígidas. Por isso, muitos clientes não aceitam caminhões alugados. Em muitos casos, isso tem a ver com regras de seguro.
Seja como for, a Zorzin vai precisar de mais 40 caminhões. Parte deles será alugada. "Dessa forma, diluindo o custo no valor mensal, as condições ficam mais atrativas. Como ocorre no financiamento", completa.
A Anacirema Transportes e Logística começou a operar veículos alugados em 2022. Segundo o diretor da companhia, José Alberto Panzan, a estratégia é inspirada na experiência com o leasing operacional. Afinal, nos dois tipos de contrato, o veículo pode ser devolvido no fim do plano.
"No ano passado, precisávamos ampliar e renovar a frota. Chegamos à conclusão de que comprar ou alugar depende de cada operação e situação. Para isso, é preciso fazer contas", diz Panzan. Ele lembra que altos investimentos na compra de caminhões podem descapitalizar a empresa. Ou mesmo limitar o crédito junto aos bancos.
Porém, com a locação isso não ocorre. Ou seja, mesmo que o valor do aluguel seja similar ao da parcela de financiamento, a operação é interessante. "Em outras palavras, isso ajuda a empresa transformar impostos em receita. Mas não há uma regra pronta. Há situações em que a locação faz sentido. Em outras, a aquisição pode ser melhor", afirma Panzan.
José Alberto Panzan, da Anacirema, diz que dependendo do contrato, o aluguel pode fazer mais sentido
Segundo a Anacirema Transportes, em 2022 foram comprados cavalos-mecânicos para atender um novo contrato. Porém, alguns meses depois um novo cliente também precisava de caminhões tratores, tocos, trucados e VUC's. Esses modelos menores foram alugados por 36 meses. Ou seja, o mesmo prazo do contrato recém-asssinado.
"No meu negócio não operamos com caminhões menores. Além disso, eu teria de fazer um investimento muito alto. Nessa conta, a assinatura fez muito mais sentindo", diz o diretor da Anacirema. Conforme Panzan, outra vantagem é que a empresa trocou o custo fixo pelo variável.
"Mesmo se, por exemplo, depois de 12 meses o cliente rescindir o contrato e eu tiver de pagar uma multa para a locadora, é melhor que ficar com um monte de ativos na garagem. Se eu compro, tenho de pagar as parcelas de qualquer jeito", diz.
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