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BNDES tem R$ 50 bi para infraestrutura

Tudo indica que não faltarão recursos para a expansão das obras de infraestrutura no país, desde que haja regras claras e uma regulação de boa qualidade

Valor Econômico

24/10/2018 10h23 | Atualizada em 24/10/2018 13h30

Depois de chegar ao fundo do poço, o BNDES está preparado para dobrar e liderar os investimentos em infraestrutura no próximo ano, assegura Marcos Ferrari, diretor de Infraestrutura e Saneamento do banco.

O pico da atuação na infraestrutura foi em 2014, quando os desembolsos chegaram a R$ 69 bilhões. O “cavalo de pau” foi dado em 2016, com a queda para R$ 26 bilhões. Em 2017 e 2018, a cifra se estabilizou em R$ 27 bilhões.

A instituição, agora, está pronta para retomar, nos próximos três anos, a média histórica de 2% do PIB – cerca de R$ 130 bilhões – de desembolsos anuais, sendo que desse montante R$ 50 bilhões podem ser d

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Depois de chegar ao fundo do poço, o BNDES está preparado para dobrar e liderar os investimentos em infraestrutura no próximo ano, assegura Marcos Ferrari, diretor de Infraestrutura e Saneamento do banco.

O pico da atuação na infraestrutura foi em 2014, quando os desembolsos chegaram a R$ 69 bilhões. O “cavalo de pau” foi dado em 2016, com a queda para R$ 26 bilhões. Em 2017 e 2018, a cifra se estabilizou em R$ 27 bilhões.

A instituição, agora, está pronta para retomar, nos próximos três anos, a média histórica de 2% do PIB – cerca de R$ 130 bilhões – de desembolsos anuais, sendo que desse montante R$ 50 bilhões podem ser destinados à expansão da infraestrutura no país a partir de 2019, comenta o diretor.

Ferrari explicou que, quando fala em liderança, está se referindo não aos desembolsos de operações tradicionais, mas à estruturação de projetos e ao fomento do mercado de capitais com garantias e fianças, dentre outros recursos, que o banco está ofertando.

Tomando como ótimo o estoque de infraestrutura de 60% do PIB que o país registrava nos anos de 1980, a situação hoje beira a calamidade.

O estoque é de pouco mais de 30% do PIB. Entre os anos de 1970 e 1980, o país investia o equivalente a 5,4% do PIB.

Hoje, o investimento na expansão de rodovias, energia, telecomunicações, saneamento, dentre outras áreas, não passa de 2% do PIB.

Para o país voltar a ter um estoque de 60% do PIB até 2035, a taxa de investimento necessária varia de 4,5% do PIB a 5,3% do PIB, dependendo do crescimento econômico médio do período, de 1% a 3%, respectivamente.

Traduzindo em miúdos, o Brasil precisa aumentar o investimento em infraestrutura em cerca de R$ 150 bilhões por ano, conforme exposição recente do diretor do BNDES na Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib).

Há espaço, portanto, para o BNDES atuar em duas frentes: no mercado de dívida e no mercado de capitais, retomando o crescimento do crédito tradicional e, ao mesmo tempo, estimulando as operações no mercado de capitais, salienta Ferrari.

O banco voltou a operar com fiança, que havia parado de oferecer há 20 anos. A fiança pode chegar a 100% do valor do financiamento ou da emissão de debêntures.

Outra alternativa é o fundo de crédito em infraestrutura, pelo qual o BNDES participa da ancoragem de emissões privadas mediante proposta firme de compra de 50%, por exemplo, de uma emissão.

Assim, o banco viabiliza a participação dos fundos de pensão, já que esses investidores não podem comprar debêntures diretamente do emissor.

Tudo indica que não faltarão recursos para a expansão das obras de infraestrutura no país, desde que haja regras claras e uma regulação de boa qualidade. Hoje, o caixa da instituição é de R$ 140 bilhões que não foram emprestados por absoluta falta de demanda.

Um problema que aparece no radar é de outra natureza. Há dinheiro, mas não há uma lista de novos e bons projetos na carteira do banco. Esse é um drama que já se coloca para 2019 e para o qual o presidente da instituição, Dyogo de Oliveira, tem chamado a atenção.

O diretor de Infraestrutura e Saneamento foi encarregado de preparar a transição no BNDES e já está listando as medidas que deveriam ter sido tomadas pelo atual governo e que, por razões diversas, não foram, para que a próxima administração as adote.

Dentre elas, ele destaca a sugestão para que se reduzam os dividendos que o BNDES repassa anualmente ao Tesouro Nacional, dos atuais 60% do resultado do banco para 25%. "Sem isso não será possível retomar a média histórica de 2% do PIB de desembolsos da instituição de fomento", alerta o especialista.

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