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Revista M&T - Ed.200 - Abril 2016
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Tecnologias para Concreto

Uma solução para cada necessidade

Mercado de concreto amadurece com a popularização de diferentes conceitos tecnológicos, incluindo centrais, caminhões betoneira e minibetoneiras autopropelidas
Por Augusto Diniz

Todos os anos, o Brasil produz cerca de 55 milhões de toneladas de concreto, que são utilizadas principalmente na construção de pontes, viadutos, barragens, fundações de edifícios e outros grandes empreendimentos da construção. A quase totalidade desse material é fabricada em centrais misturadoras, caminhões betoneira ou minibetoneiras autopropelidas (também conhecidas no Brasil como autoconcreteiras). Cada uma dessas soluções produz concreto para aplicações específicas, com produtividade diretamente atrelada ao local, tamanho ou tipo de obra para o qual o material é destinado.

Em termos simplificados, as centrais misturadoras – que ainda não “pegaram” no país por questões tributárias – fazem a dosagem e a mistura dos materiais que vão compor o concreto, que já sai pronto para o uso. Com isso, o material precisa ser transportado para o local da aplicação por outros meios além dos caminhões betoneira, incluindo opções como basculantes, dumpers e gruas, por exemplo. De forma geral, no Brasil essas usinas são mais utilizadas por empresas de pré-fabricados de conc


Todos os anos, o Brasil produz cerca de 55 milhões de toneladas de concreto, que são utilizadas principalmente na construção de pontes, viadutos, barragens, fundações de edifícios e outros grandes empreendimentos da construção. A quase totalidade desse material é fabricada em centrais misturadoras, caminhões betoneira ou minibetoneiras autopropelidas (também conhecidas no Brasil como autoconcreteiras). Cada uma dessas soluções produz concreto para aplicações específicas, com produtividade diretamente atrelada ao local, tamanho ou tipo de obra para o qual o material é destinado.

Em termos simplificados, as centrais misturadoras – que ainda não “pegaram” no país por questões tributárias – fazem a dosagem e a mistura dos materiais que vão compor o concreto, que já sai pronto para o uso. Com isso, o material precisa ser transportado para o local da aplicação por outros meios além dos caminhões betoneira, incluindo opções como basculantes, dumpers e gruas, por exemplo. De forma geral, no Brasil essas usinas são mais utilizadas por empresas de pré-fabricados de concreto, que requerem misturas extremamente precisas. Porém, como oferecem alto rendimento, também são muito demandadas em obras de grande porte como barragens, rodovias e centrais hidrelétricas.

Com as betoneiras e minibetoneiras autopropelidas, o processo é diferente. As primeiras são usualmente transportadas por caminhões – os caminhões betoneira –, produzindo o concreto durante a viagem. Para isso, no entanto, essas máquinas dependem das centrais dosadoras, que fazem a dosagem dos agregados e os despejam dentro do balão dos veículos, onde efetivamente ocorre a mistura.

Esses equipamentos podem ser permanentes ou temporários. Os primeiros são mais comuns nas cidades e buscam atender a diversos empreendimentos de uma região, localizados dentro de sua área de influência. Já os outros são utilizados quando a magnitude e especificidade da obra exigem a instalação de uma central exclusiva, que será desmobilizada ao término do trabalho.

VERSATILIDADE

As minibetoneiras autopropelidas, por sua vez, são máquinas autônomas, que funcionam como uma solução “quatro em um”, reunindo as funções de diferentes equipamentos em um só. A saber: centrais dosadora e misturadora, pá carregadeira e caminhão betoneira. “Trata-se de um sistema para carregamento, dosagem, mistura e transporte”, explica Edison Ferreira Rosa, supervisor comercial da Convicta, empresa que fabrica tanto caminhões betoneira como minibetoneiras autopropelidas.

Como exemplo, o especialista cita o modelo autocarregável e autopropelido C-5000, produzido por sua companhia. “É um equipamento com capacidade nominal para 15 m³/h”, diz ele. “Ele substitui a central de concreto, os caminhões betoneira e a pá carregadeira, reduzindo ainda os custos com mão de obra”, frisa Rosa. “Além de dosar os agregados com um sistema de pesagem, o equipamento mistura e transporta o material até o ponto de aplicação, com a mesma precisão de uma central de produção automatizada.”

A mesma opinião é compartilhada pela italiana Carmix, que há 30 anos produz autoconcreteiras para o mercado internacional. Segundo a empresa, o equipamento é uma solução tecnicamente avançada marcada pela versatilidade, podendo ser classificado como uma autêntica “usina de concreto móvel”, ao carregar, pesar e misturar os materiais, entregando o produto pronto. “Desse modo, as autoconcreteiras podem ser usadas para diversos tipos de obras, desde residenciais, industriais e de hotelaria até pontes, viadutos e manutenção de estradas e rodovias”, diz o diretor comercial da empresa no Brasil, Francesco Fusconi. “Graças à sua tração 4x4, essa máquina sobe inclinações de até 40%, mesmo carregada.”

Também italiana, a Fiori é outra empresa que comercializa minibetoneiras autopropelidas no Brasil e tece elogios ao seu desempenho. “Esses equipamentos evoluíram de tal forma que atualmente possibilitam a produção de argamassas, concretos e diversos tipos de misturas no próprio local de aplicação, com um rigoroso sistema de pesagem e controle do cimento, água, aditivos e agregados”, garante o diretor da empresa, Antonio Grisci, complementando que a máquina da marca possui um sistema de pesagem e controle do traço que dosa o concreto no mesmo nível de precisão de uma central. “A solução pesa o material antes de ser inserido no balão de mistura e possui o dispositivo tip-off, que permite descarregar facilmente qualquer excesso de peso.”

APLICAÇÕES

Rosa, da Convicta, enfatiza que as minibetoneiras autopropelidas são mais indicadas para obras de pequeno porte e baixa demanda de concreto ou mesmo em locais remotos, desprovidos de recursos como energia elétrica, estradas ou cimento a granel, por exemplo. Além disso, a solução tem a vantagem de iniciar a produção tão logo o equipamento chegue ao local.

O especialista dá alguns exemplos de seus usos: “As autoconcreteiras são ideais para a produção de concreto para fazer meio-fio ao longo de uma via”, diz ele, explicando que essas máquinas têm uma velocidade máxima de 30 km/h e, por isso, oferecem um bom trabalho de acompanhamento das maquinas de produção. “Se este serviço for feito por um caminhão betoneira, corre-se o risco de queimar a embreagem em função da baixa velocidade, freando e acelerando o veículo para acompanhar o andamento do trabalho.”

O outro exemplo de utilização da minibetoneira autopropelida são as obras em locais remotos, como fazendas ou cooperativas. Atualmente é grande a demanda para este segmento. Para usar o equipamento, o cliente disponibiliza os agregados próximo ao local do trabalho e o equipamento produz o concreto todo ali mesmo (sem necessidade de pá carregadeira, central e betoneira). “Se fosse comprado de uma empresa concreteira, por exemplo, o produto teria de ser dosado e transportado por caminhão betoneira, em estradas rurais geralmente ruins, o que aumentaria o custo”, afirma Rosa.

Seja como for, cada tipo de equipamento, seja a minibetoneira autopropelida ou o conjunto usina dosadora e caminhão betoneira, tem aplicações mais indicadas, dependendo do volume de concreto que se pretende produzir, do seu uso, do acesso a recursos, do tipo de obra e outros fatores. “Hoje, há espaço para os dois equipamentos”, diz Rosa. “Sempre oferecemos ao cliente a melhor solução, pois entendemos que existe um equipamento ideal para cada tipo de empreendimento, o que tem de ser respeitado em favor do melhor custo-benefício.”

No entanto, Grisci assegura que, pela flexibilidade, capacidade, autonomia e precisão, as minibetoneiras autopropelidas são indicadas para qualquer tipo de empreendimento ou aplicação. “Especialmente na construção de túneis, torres eólicas e bases de linhas de transmissão, eletrodutos, gasodutos e dutos de cabo óptico, mas também fundações, pontes e viadutos, canais de irrigação, canalizações, pavimentos, edificações horizontais, condomínios residenciais, construção de silos e armazéns, portos, ferrovias”, enumera. “Entre suas vantagens, estão a eliminação do tempo e do custo de transporte, a diminuição do custo de mão de obra, a economia e rapidez no desenvolvimento de trabalhos de difícil acesso e a flexibilidade na produção, atendendo exatamente ao volume requerido pelo empreendimento.”

PRODUTIVIDADE

As betoneiras convencionais – ou caminhões betoneira – são equipamentos maiores. Enquanto as minibetoneiras autopropelidas têm balão de mistura com capacidade máxima de 5 m³, esses equipamentos podem chegar a 12 m³. “No entanto, as mais vendidas no mercado nacional são as de 8 m³”, posiciona Luiz Polachini, gerente comercial para a América do Sul da Schwing-Stetter. “No nosso caso, este perfil corresponde ao modelo AM 8 FHC.”

De acordo com ele, aos poucos essa situação vem mudando com crescimento da comercialização de modelos maiores. “Devido ao ganho constante de produtividade, a betoneira de 10 m³ ganhou uma parcela do mercado, mas ainda se mantém em níveis muito inferiores às de 8 m³”, explica.

Em uma comparação entre as minibetoneiras autopropelidas versus o conjunto usina dosadora mais caminhão betoneira há vantagens e desvantagens para ambos os lados, dependendo da aplicação. “As primeiras são mais indicadas para situações que demandem baixo consumo de concreto e distâncias maiores de transporte, como construção de guias e sarjetas de uma via, por exemplo”, explica Leonardo Cavalcante, consultor técnico de vendas da RCO. “A combinação de usina dosadora com caminhão betoneira, por sua vez, é o método mais tradicional de produção de concreto, atendendo a praticamente todas as necessidades de utilização do produto.”

Porém, ambos os sistemas também têm suas desvantagens. “A usina dosadora costuma oferecer maior produtividade por hora, mas necessita obrigatoriamente de um caminhão betoneira para transportar e entregar o produto”, diz Cavalcante. “Por outro lado, a minibetoneira autopropelida dispensa isso, pois soma a pá carregadeira com a usina e o caminhão betoneira.”

A desvantagem, explica o especialista, é que a máquina autônoma não apresenta a mesma produtividade do conjunto e, por isso, dificilmente atende às médias e grandes obras. “E, como a diferença de preço não é tão significativa, na maioria dos casos acaba sendo mais compensador adquirir uma usina dosadora compacta, como o modelo Nomad D-20, que produz 20 m3/h”, sugere o consultor da RCO.

Já no caso dos caminhões betoneira, Cavalcante alerta que são necessários alguns cuidados. Por se tratar de um veículo automotor, diz ele, devem ser observadas as regras de segurança pertinentes à sua condução e, ainda, as normas internas da obra em que o equipamento estiver sendo utilizado. “Além disso, deve-se tomar o cuidado para preencher a betoneira somente até o limite de sua capacidade, para evitar tombamentos e derramamento de concreto no percurso”, explica. “Outro ponto importante refere-se à manutenção do equipamento, de modo a garantir sua boa durabilidade e operacionalidade.”

Crise não dá margem para erros, diz empresa

Entre 2014 e 2015, o mercado de betoneiras foi duramente impactado pela crise econômica. Seguindo a tendência geral do mercado da construção, o segmento sofreu uma retração de aproximadamente 50%. A Liebherr Brasil, por exemplo, que produz esses equipamentos em Guaratinguetá (SP) e afirma ser líder de mercado no segmento, comprova que houve uma sensível redução no volume de vendas, “pois o uso desse equipamento está diretamente relacionado ao número de obras no país, tanto imobiliárias como de infraestrutura”. Até mesmo a reforma dos equipamentos – que a empresa realiza desde o início dos anos 2000 – sentiu o baque, com uma diminuição na procura por esse serviço nos últimos 12 meses. “Já que as betoneiras estão sendo menos utilizadas, por consequência estão tendo menos desgaste”, diz o gerente comercial de tecnologia de concreto, Guilherme Zurita.Para enfrentar o cenário, a empresa realizou diversos ajustes em sua fábrica, após expandir a produção no período de “superaquecimento” da economia (2009-2012), inclusive com a aquisição de novos maquinários para a modernização da linha. O fato é que a adaptação tornou-se mandatória, até porque o próprio mercado mudou. Na análise de Zurita, “em tempos de crise, há menos margem para erros e desperdícios”. “Os clientes tendem a ficar mais exigentes em relação à qualidade dos produtos e serviços que adquirem, além de buscar cada vez mais otimizar a produção, reduzir custos e gerar mais valor para o seu negócio”, conclui o especialista. (MJ)

 

 

 

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