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Revista M&T - Ed.292 - Abril de 2025
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ENTREVISTA - VANESSA AJEJE

“Transformação não é obstáculo”

Executiva avalia o mercado brasileiro como de extrema relevância para a multinacional sueca Epiroc
Por Redação


Impulsionado por inovações em eletrificação, digitalização e automação, o setor de mineração e construção vem passando por transformações em todo o mundo, em meio a um contexto de transição energética, oscilações de mercado e tensões geopolíticas. Gerente-geral da Epiroc no Brasil desde setembro do ano passado,

Vanessa Ajeje vê o cenário como desafiador, mas também cheio de oportunidades no país.

Com carreira em mineradoras como Vale, CSN e FerrousResources, além de empresas como ArcelorMittal e Trafigura, a executiva avalia o mercado brasileiro como de extrema relevância para a multinacional sueca, posicionando-se entre os maiores produtores minerais do mundo.

Em entrevista exclusiva à Revista M&T, ela destaca que o país desempenha um papel fundamental no suprimento global de maté



Impulsionado por inovações em eletrificação, digitalização e automação, o setor de mineração e construção vem passando por transformações em todo o mundo, em meio a um contexto de transição energética, oscilações de mercado e tensões geopolíticas. Gerente-geral da Epiroc no Brasil desde setembro do ano passado,

Vanessa Ajeje vê o cenário como desafiador, mas também cheio de oportunidades no país.

Com carreira em mineradoras como Vale, CSN e FerrousResources, além de empresas como ArcelorMittal e Trafigura, a executiva avalia o mercado brasileiro como de extrema relevância para a multinacional sueca, posicionando-se entre os maiores produtores minerais do mundo.

Em entrevista exclusiva à Revista M&T, ela destaca que o país desempenha um papel fundamental no suprimento global de matérias-primas essenciais para a transição energética, a sustentabilidade e o avanço tecnológico.

“Sem dúvida, o minério de ferro segue como carro-chefe da mineração brasileira, com os estados do Pará e Minas Gerais liderando a produção nacional”, observa.

“No entanto, vemos uma crescente relevância de minerais estratégicos como níquel, manganês, lítio, nióbio e terras raras, impulsionados pela demanda crescente por tecnologias limpas e veículos elétricos.”

Formada em comércio exterior pelo Centro Universitário Una, com MBA em gestão empresarial pela PUC/RS e pós-graduação em gestão de pessoas e negócios pela Fundação Dom Cabral, Vanessa Ajeje também se orgulha de ser “embaixadora” por uma maior inserção das mulheres no setor de mineração.

Em três anos, diz ela, a presença feminina saltou 217% na equipe local da empresa. “Esse número não é apenas um indicador estatístico, mas uma prova de que diversidade e inclusão são forças transformadoras”, afirma.

“Afinal, nos tornam mais fortes, criativos e preparados para os desafios de um mundo em constante evolução.”

A seguir, acompanhe os principais trechos da entrevista.


  • Como avalia o desempenho das operações no Brasil em 2024?

Para nós, transformação não é obstáculo, mas um motor de crescimento. E foi assim que encaramos 2024, como um ano de desafios, mas acima de tudo de oportunidades. Os resultados refletem a solidez de um mercado maduro e tradicional, no qual nossa expertise, a qualidade dos equipamentos e a dedicação da equipe foram determinantes. Se por um lado o cenário macroeconômico exigiu cautela, por outro alavancamos negócios de forma consistente, com números que nos dão ainda mais confiança para o futuro.

  • Qual é a relevância do mercado brasileiro para a companhia?

O Brasil é um país de dimensões continentais, rico em recursos minerais estratégicos e com um talento extraordinário para a mineração. O país não apenas se posiciona entre os maiores produtores minerais do mundo, como desempenha um papel fundamental no suprimento global de matérias-primas essenciais para a transição energética, a sustentabilidade e o avanço tecnológico. Essa posição estratégica destaca o país como protagonista na economia global voltada para eletrificação e sustentabilidade. Mas o Brasil é muito mais do que mineração metálica. O setor de agregados para construção também tem crescido de forma consistente, reforçando a importância da mineração para o desenvolvimento da infraestrutura e do setor de construção.


Oferta da marca inclui o que há de mais avançado em tecnologia, automação e eletrificação, assegura Ajeje

  • E como avalia os desafios conjunturais que enfrentamos?

Operar nesse mercado exige resiliência. O setor enfrenta desafios significativos, como carga tributária complexa, burocracia excessiva e longos processos de licenciamento, que muitas vezes criam insegurança jurídica e afastam investimentos. Além disso, a escassez de mão de obra especializada exige um esforço em capacitação e retenção de talentos. A logística também é um ponto crítico. Apesar de o país possuir uma malha ferroviária superior a 30 mil km, o transporte ferroviário ainda precisa de ampliação para se tornar mais competitivo. Hoje, muitas minas menores ainda dependem de rodovias, um modal mais caro e menos eficiente para commodities que necessitam de escalabilidade.

  • Qual é a estrutura atual da empresa no Brasil?

O Centro de Operações em Vespasiano (MG) é um pilar fundamental, atuando como centro administrativo, suporte técnico especializado e hub logístico, o que garante uma resposta ágil às demandas. No Pará, contamos com um CD em uma das principais regiões mineradoras do país, enquanto nossos postos labors on site fortalecem ainda mais a presença em Minas Gerais. Além disso, nossos técnicos atuam diretamente nas minas em diversos estados, assegurando suporte e proximidade aos clientes. Também contamos com um escritório de suporte em São Paulo.

  • Como é feita a entrega de máquinas no mercado interno?

Além da equipe própria de vendas, trabalhamos com uma rede de distribuidores e mantemos estoques-pulmão em regiões estratégicas, permitindo respostas rápidas às demandas operacionais dos clientes. Contudo, reconhecemos os desafios logísticos do Brasil, incluindo processos alfandegários e burocracias de importação, que fazem parte da realidade de operar em um mercado de grande dimensão e complexidade.

  • Qual é o diferencial da marca em relação à concorrência?

Nossos produtos são fabricados em unidades ao redor do mundo, como Suécia, EUA e China, com o que há de mais avançado em tecnologia, automação e eletrificação. Além disso, as áreas de P&D estão em constante evolução, promovendo inovação contínua e alinhada às necessidades da mineração global. Mas o nosso diferencial está na capacidade de unir tecnologia, proximidade e suporte especializado, garantindo que os clientes tenham não apenas os melhores equipamentos, mas também a tranquilidade de contar com um parceiro estratégico para otimizar as operações e impulsionar a produtividade.

Para a diretora, conectividade e análise de dados são essenciais na gestão de frotas e de processos


  • Quais são os destaques do portfólio atual?

Entregamos soluções que antecipam necessidades, aumentam a eficiência e a segurança nas operações, incluindo máquinas elétricas a bateria livres de emissões, com destaque para modelos subterrâneos elétricos como carregadeiras LHD, caminhões e equipamentos de perfuração para produção (Fandrill) e desenvolvimento (Boomer). Nossos equipamentos também são projetados para operar de forma autônoma ou remota, reduzindo a exposição humana a riscos operacionais e otimizando a eficiência das minas. A Epiroc é pioneira no conceito de Mixed Fleet Automation, permitindo que diferentes marcas de equipamentos sejam integradas em um ambiente unificado de automação. Isso garante flexibilidade e escalabilidade para as minas do futuro.

  • Qual é a abordagem em termos de digitalização de processos?

A conectividade e a análise inteligente de dados são essenciais para a gestão eficiente das frotas e a otimização dos processos operacionais. A abordagem Fully Managed Pipeline – decisões baseadas em dados – contribui para um planejamento estruturado, operação eficiente e sustentabilidade de longo prazo, promovendo aderência ao plano operacional e maior previsibilidade. Além disso, oferecemos tanto soluções stand-alone quanto integração completa da mina, criando um ecossistema conectado que impulsiona desempenho, segurança e eficiência.

  • Como a marca trabalha as novas tendências tecnológicas?

Com tecnologias como AutoMine e Certiq, a Epiroc está na vanguarda dessa transformação, combinando produtividade e sustentabilidade para impulsionar a competitividade. E o Brasil tem um papel central nesse avanço, contando com políticas que apoiam a transição energética, incluindo metas ambiciosas para reduzir emissões em 50% até 2030 e alcançar net-zero até 2050. Essas iniciativas têm estimulado o desenvolvimento de projetos de mineração sustentável, garantindo que as operações se mantenham competitivas enquanto atendem a padrões ambientais e de segurança cada vez mais rigorosos.

Segundo a executiva, o conceito Mixed Fleet Automation permite que diferentes marcas sejam integradas em um ambiente unificado de automação


  • Como vê o futuro da mineração em termos de tecnologia?

A mineração do futuro será mais segura, produtiva e sustentável, impulsionada por avanços tecnológicos que já estão transformando o setor neste momento. Para operações subterrâneas, penso em equipamentos 100% elétricos e livres de emissões, que serão cada vez mais adotados. Em termos de automação avançada e controle remoto, a tendência é um ambiente de trabalho cada vez mais seguro e eficiente, onde os operadores poderão gerenciar frotas subterrâneas de qualquer lugar do mundo. Já a segurança operacional tende a aumentar com o uso de sistemas inteligentes como o Mobilaris, que permite o acompanhamento em tempo real dos trabalhadores subterrâneos.

  • E qual é a perspectiva para a manutenção do futuro?

Sensores inteligentes e plataformas de análise como Certiq já possibilitam monitoramento contínuo, previsão de intervenções e otimização do consumo das frotas, reduzindo paradas não programadas e garantindo aderência ao plano operacional. Além disso, a integração de frotas mistas e a interoperabilidade tendem a tornar a mineração subterrânea ainda mais flexível e escalável. Ou seja, idealmente a mineração subterrânea do futuro será uma combinação de eficiência, inovação e sustentabilidade.

A segurança operacional tende a aumentar com o uso de sistemas inteligentes, comenta a executiva


  • Como avalia o potencial desse mercado nos próximos anos?

Atualmente, a América Latina em geral está aquém de seu potencial na produção de minerais críticos, mesmo com reservas expressivas. O Brasil, por exemplo, detém 26% das reservas globais de grafite, mas contribui com apenas 5% da produção mundial – um claro indicativo do imenso potencial de crescimento. Mas o futuro da mineração no Brasil será influenciado por muitos fatores, incluindo avanços tecnológicos, aumento da demanda por minerais críticos, iniciativas de sustentabilidade e políticas governamentais. Além disso, mudanças geopolíticas e novas demandas tecnológicas têm potencial para reposicionar o Brasil como um parceiro confiável para países que buscam fontes seguras e sustentáveis de minerais críticos.

  • Para fechar, como é ser líder em um setor tão masculino como a mineração?

A igualdade de oportunidades é um tema em alta na sociedade, mas ainda estamos longe do ideal. Historicamente, a mineração tem sido um ambiente predominantemente masculino, mas essa realidade está mudando. Afinal, a diversidade é um pilar essencial da inteligência coletiva. Por mais brilhantes que sejam os indivíduos, se todos pensarem de forma semelhante, as chances de criar soluções realmente inovadoras diminuem. É a diversidade que traz novas perspectivas, ideias inesperadas e soluções que dificilmente emergiriam em grupos mais homogêneos.


Saiba mais:
Epiroc:
www.epiroc.com/pt-br

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