Em 2015, entra em vigor a primeira fase da resolução 433 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que visa a regulamentar a emissão de poluentes e ruídos em equipamentos fora de estrada. Como as máquinas para construção principalmente da Linha Amarela também estão nesse rol, fabricantes mundiais com presença nacional afirmam que já estão plenamente preparados para atender à nova legislação. E vão além, demonstrando que as máquinas atuais já contam com diferentes formas de mitigar o impacto ambiental em sua produção, operação e descarte.
É o que ocorre com a Caterpillar, cujos processos fabris e produtivos atendem a 915 requisitos ambientais de legislações federais e estaduais. “A pintura das máquinas, por exemplo, requer a utilização de sistemas de filtros, bem como de uma cabine de testes com captação de monóxido de carbono, tudo para não causar impacto ambiental durante os procedimentos”, diz José Minatel, especialista em processos de pintura da empresa.
DEFASAGEM
Hugo Aguiar, engenheiro ambiental da fabricante norte-americana, pontua a defa
Em 2015, entra em vigor a primeira fase da resolução 433 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que visa a regulamentar a emissão de poluentes e ruídos em equipamentos fora de estrada. Como as máquinas para construção principalmente da Linha Amarela também estão nesse rol, fabricantes mundiais com presença nacional afirmam que já estão plenamente preparados para atender à nova legislação. E vão além, demonstrando que as máquinas atuais já contam com diferentes formas de mitigar o impacto ambiental em sua produção, operação e descarte.
É o que ocorre com a Caterpillar, cujos processos fabris e produtivos atendem a 915 requisitos ambientais de legislações federais e estaduais. “A pintura das máquinas, por exemplo, requer a utilização de sistemas de filtros, bem como de uma cabine de testes com captação de monóxido de carbono, tudo para não causar impacto ambiental durante os procedimentos”, diz José Minatel, especialista em processos de pintura da empresa.
DEFASAGEM
Hugo Aguiar, engenheiro ambiental da fabricante norte-americana, pontua a defasagem da Legislação brasileira no que tange à utilização de materiais cancerígenos, como o amianto. Segundo ele, nada impede que a fibra seja usada em material de fricção e freio no país, apesar de ser nociva aos seres humanos, como já foi comprovado cientificamente. “Na Caterpillar, sua utilização está banida mundialmente desde 1992”, diz o engenheiro. “Outro exemplo negativo é o uso de gás refrigerante Freon, do tipo CFC, que ataca a camada de ozônio.”
Mas a questão não reside apenas no que deixa de ser usado, como também nas soluções aplicadas aos equipamentos. Especialista de processos de identificação de vazamento da Caterpillar, Edvard Charlie Florêncio destaca que os equipamentos da fabricante possuem dreno ecológico para facilitar a troca de óleo. O sistema possui um tubo com registro e uma extensão de mangueira, que permite ao mecânico trocar o óleo com maior segurança e evitar derramamento. “As máquinas também têm anéis de face nas mangueiras, que evitam vazamentos, diferentemente do metal contra metal encontrado em outras marcas de equipamentos”, explica.
Nos equipamentos da fabricante, o fluido do radiador – que também pode ser ambientalmente nocivo – só precisa ser trocado quando o próprio radiador for substituído, normalmente após 10 mil horas de operação. “Além disso, enquanto os líquidos comuns de arrefecimento duram cerca de um ano, o nosso dura até seis anos, ou 6 mil horas de operação”, compara Laudelino Cavenaghi Júnior, supervisor de meio ambiente, ergonomia e higiene da Caterpillar.
EXPERTISE
A Volvo Construction Equipment (Volvo CE) também transfere a expertise mundial em mitigação de impacto ambiental às máquinas produzidas ou exportadas para o Brasil. Assim como na Caterpillar, o derramamento de óleo durante o processo de troca também é evitado, mas mediante o uso de um sistema de conexão da mangueira de drenagem, que abre a válvula somente após ela estar corretamente fixada. “Esse é o nosso sistema de dreno ecológico”, diz Boris Sanchez, gerente da engenharia de vendas da VCE.
Expandindo a questão, Bruno Campos, chefe da qualidade e meio ambiente da planta fabril da VCE em Pederneiras (SP), explica como os cuidados ambientais – como o dreno ecológico – integram os valores corporativos da empresa. “A política ambiental norteia a abordagem sustentável nos nossos processos produtivos, sendo reforçada por atividades como palestras, fóruns e treinamentos de conscientização e boas práticas”, diz ele. “Atualmente, temos um processo de reciclagem e reaproveitamento energético que abrange 96% de todo o resíduo gerado na produção dos equipamentos.”
Nesse sentido, o especialista enfatiza a coleta e envio do efluente industrial para tratamento físico-químico, além de projetos de eficiência energética visando a reduzir a utilização de fontes de energia por unidades produzidas e outras ações.
REFERÊNCIA
Apesar da defasagem, o tema vem progredindo no país. Segundo Carlos França, gerente de marketing de produto da Case Construction, o Brasil não está totalmente descoberto em termos legais em relação à mitigação do impacto ambiental na produção e utilização de equipamentos fora de estrada. Citando os avanços legais já obtidos, o gerente destaca que o país é hoje referência mundial no uso de baterias veiculares. “A Portaria 299, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), aborda questões técnicas de fabricação desses componentes”, explica França. “E a Resolução 401, do Conama, define limites para a presença de substâncias nocivas como chumbo, cádmio e mercúrio nas baterias, além de estabelecer normas para o gerenciamento ambiental.”
As máquinas da Case, ressalta o executivo, contam com baterias produzidas unicamente por fabricantes certificados e em conformidade com as citadas resoluções do Inmetro e do Conama.
Em termos de política ambiental, França também destaca a Lei Federal 12.305, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente em agosto de 2010, que visa à criação de um plano nacional para controle de resíduos sólidos como pneus, óleos, filtros, lâmpadas e componentes eletrônicos. “No entanto, devido à extensão do nosso país, essa iniciativa ainda não está totalmente implementada, mas já se configura como uma importante ferramenta para a mitigação do impacto ambiental”, avalia.
CONCEITO
Para evitar vazamento de fluidos, a Case CE equipa suas máquinas com conexões do tipo O-Ring Face Seal (anel com vedação facial), que evitam vazamento nas linhas de média e alta pressão do sistema hidráulico. “Também só utilizamos mangueiras de fabricantes certificados, cobrando testes de estanqueidade para tubos e soldas executadas em nossos equipamentos”, afirma França.
Tais precauções da Case CE se baseiam em um conceito de fabricação de classe mundial, a partir do qual melhorias são obtidas no processo produtivo com base em 10 pilares, sendo um deles o meio ambiente. “Nesse pilar, o preceito de reduzir, reutilizar e reciclar permite a criação de projetos que minimizem o consumo de água, energia, gás natural e outras fontes naturais”, detalha. “Com isso, reciclamos 92% de todo o resíduo gerado em nossa produção, como no caso das embalagens, que são reutilizadas para a fabricação de móveis.”
Com o objetivo de atender às normas ambientais de cada país onde comercializa seus equipamentos, a New Holland é outra fabricante a manter equipes de desenvolvimento que atuam globalmente. “Atualmente, a maior preocupação da empresa é com a emissão de poluentes”, informa a assessoria de imprensa da companhia. “Por isso, a maioria dos motores que equipam máquinas New Holland no Brasil já conta com motor padrão Tier III.”
RUÍDO E POLUENTES
As ações da New Holland para equipar seus equipamentos com motores menos poluentes visam a atender a Resolução 433 do Conama, que a partir de janeiro de 2015 regulamentará a emissão de gases de exaustão e ruídos gerados por equipamentos fora de estrada.
A primeira fase do Proconve/MAR-1 (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores/Máquinas Agrícolas e Rodoviárias) regula os motores de máquinas novas com faixas de potência igual ou superior a 50 hp. Em 2017, entra em vigor a segunda fase do programa, envolvendo todos os motores destinados a máquinas de construção, tanto de produção nacional como importadas. “Além disso, só poderão ser comercializados os modelos de máquinas agrícolas e de construção que possuam Licença para Uso da Configuração de Veículo ou Motor, emitida pelo Ibama”, adverte França, da Case.
O MAR-1 equivale ao Tier III, nos EUA, e ao Stage IIIA, no padrão europeu. Isso significa que os motores off-road não poderão emitir mais de 3,5 g/kWh de gás carbônico e 4 g/kWh de hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio (veja quadro na pág. 84). Já a emissão de material particulado fica limitada a 0,2 g/kWh.
No que se refere à emissão de ruídos, o Mar-1 classifica os limites por tipo de equipamento. Os tratores de esteiras, pás carregadeiras sobre esteiras e retroescavadeiras sobre esteiras, por exemplo, não podem emitir mais de 106 dB durante sua operação. Esse limite varia para outras máquinas, sendo que a medição deve ser realizada em laboratório por órgão credenciado pelo Ministério do Meio Ambiente.
Segundo França, a Case já está pronta para atender à regulamentação em 2015. Prova disso é que – além das minicarregadeiras e retroescavadeiras – três de suas motoniveladoras, três classes de pás carregadeiras e cinco modelos de escavadeiras já são equipados com motor Tier III.
Na Caterpillar, segundo Odirlei Ducatti, supervisor de engenharia, também não haverá problemas para atender ao MAR-1, tendo em vista que mais de 90% dos modelos comercializados no Brasil já contam com tecnologia Tier III. “Isso quer dizer que as emissões de óxido de nitrogênio são 80% menores e as de material particulado, 90% menores”, explica o especialista.
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