Ao contrário do senso comum, nem sempre os mais avançados recursos tecnológicos estão disponíveis nos grandes centros urbanos e sim em regiões longínquas do país. Esse paradoxo pode ser observado no mercado de bombas de concreto e tem motivos óbvios: diferentemente da construção de uma hidrelétrica, por exemplo, geralmente instalada em locais distantes das grandes capitais, as obras urbanas se caracterizam pelo baixo consumo de concreto.
Além disso, elas ocorrem em ambientes marcados pelo intenso tráfego de veículos e, como as concreteiras adotam caminhões betoneira com balão de 8 m³ para o transporte de sua produção, dificilmente o bombeamento de concreto nas grandes capitais ultrapassa a taxa de 15 m³/h. Por esses motivos, em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro raramente as concreteiras e locadoras de equipamentos operam com bombas com vazão superior a 30 m³/h ou 40 m³/h. Não é por falta de tecnologia e sim pela falta de demanda imposta pela logística, já que existem equipamentos com capacidade para até 200 m3, geralmente mobilizados em grandes obras de infraestrutura.
Diante desse cenário, há quem acredite que as inovações tecnológ
Ao contrário do senso comum, nem sempre os mais avançados recursos tecnológicos estão disponíveis nos grandes centros urbanos e sim em regiões longínquas do país. Esse paradoxo pode ser observado no mercado de bombas de concreto e tem motivos óbvios: diferentemente da construção de uma hidrelétrica, por exemplo, geralmente instalada em locais distantes das grandes capitais, as obras urbanas se caracterizam pelo baixo consumo de concreto.
Além disso, elas ocorrem em ambientes marcados pelo intenso tráfego de veículos e, como as concreteiras adotam caminhões betoneira com balão de 8 m³ para o transporte de sua produção, dificilmente o bombeamento de concreto nas grandes capitais ultrapassa a taxa de 15 m³/h. Por esses motivos, em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro raramente as concreteiras e locadoras de equipamentos operam com bombas com vazão superior a 30 m³/h ou 40 m³/h. Não é por falta de tecnologia e sim pela falta de demanda imposta pela logística, já que existem equipamentos com capacidade para até 200 m3, geralmente mobilizados em grandes obras de infraestrutura.
Diante desse cenário, há quem acredite que as inovações tecnológicas sejam dispensáveis no mercado
brasileiro. Esse não é o caso da locadora Kaiobá, que opera com uma frota de 62 equipamentos para bombeamento de concreto, entre bombas estacionárias, autobombas e bombas-lança. Para atender a demanda de concreteiras e construtoras de grande porte, a empresa mantém um parque de equipamentos relativamente novo, conforme explica o diretor Diomar Martins Barbosa, em sua maioria composto por modelos com 90 m³/h de capacidade de vazão.
Segundo Diomar, o parque de bombas de concreto disponível no Brasil passou por uma modernização nos últimos anos. “Atualmente, contamos com as mesmas tecnologias utilizadas nos países industrializados, mas há de se considerar que dois terços desses equipamentos são bombas rebocáveis e autobombas mais usadas em obras imobiliárias e apenas um terço da frota brasileira corresponde às bombas-lança”, diz ele.
Relação custo/benefício
A adoção de um ou outro tipo de equipamento é definida em função das características do concreto e da altura de bombeamento. “No caso das autobombas, por exemplo, os modelos mais usados têm uma capacidade de vazão de 90m³/h e bombeiam até 60 m de altura, em distâncias de 100 m a 150 m na horizontal.” Para isso, o traço do concreto deve atender especificações do fabricante do equipamento, apresentando consistência mais fluida para seu deslocamento pelas tubulações.
“Nesse caso, sua dosagem conta com maior quantidade de cimento, motivo pelo qual o denominamos de concreto mais argamassado”, explica o especialista.
Se o bombeamento possibilita ganhos de produtividade no serviço, o uso de concreto com maior quantidade de cimento implica um aumento nos custos com o material. Por esse motivo, a opção entre o uso de bomba ou de métodos convencionais exige uma análise da relação custo/benefício, contemplando todas as variáveis envolvidas em cada caso. No primeiro caso, por exemplo, o ganho de produção justifica
os custos maiores com o uso do equipamento e a produção do concreto. Os métodos convencionais, por sua vez, apresentam menores custos nesses quesitos, mas mobilizam maior volume de mão-de-obra e consomem maior tempo de serviço.
Segundo Martins, a preocupação com o traço do concreto bombeado começou a ser mais difundida no setor depois de diversos registros de entupimento das tubulações dos equipamentos (veja quadro abaixo).
Além dos prejuízos ocasionados por esse tipo de ocorrência, entupimentos durante um bombeamento ocasionam atrasos no serviço, algo sempre comprometedor quando se trata de uma concretagem. Tudo isso sem contar as preocupações relacionadas à segregação do material durante o bombeamento, outro motivo para o controle rigoroso de seu traço.
Bombas de pequeno porte
O engenheiro de vendas Fábio Letto de Mello, da Putzmeister, confirma a tendência de uso de equipamentos com menor capacidade de vazão no mercado brasileiro. Segundo ele, a empresa fabrica autobombas que operam a taxas de até 200 m³/h, mas tais modelos não têm demanda no país. “Os melhores negócios estão no varejo, pois o mercado imobiliário paga muito mais por metro cúbico de concreto bombeado, mas nesse setor não é possível trabalhar com grandes vazões.”
Ele vislumbra uma massificação no uso de bombeamento em obras de pequeno porte, motivo pelo qual a Putzmeister foca sua atuação nas bombas rebocáveis com capacidade entre 30 e 120m³/h e nas bombas lança de 28 a 36m³/h. “Vale ressalta que não é o volume de vazão que determina a qualidade do equipamento e sim a tecnologia.” Mello explica que as bombas rebocáveis da marca são dotadas de cilindro com capa de cromo duro, o que lhes confere vida útil de até 100.000 m³ bombeados, o equivalente a três vezes mais que outros modelos similares. Nas bombas- lança, o destaque fica por conta do mastro em formato de “Z”, que confere maior flexibilidade às operações.
Grandes volumes de concreto
Quando a concretagem envolve grandes volumes, como a construção de uma hidrelétrica, a empresa indica o uso do transportador telescópico por correias (Telebelt), modelo com mais de 10 unidades vendidas no país em um ano e meio de comercialização. “Eles estão presentes em obras como as usinas do rio Madeira, pois são indicados para trabalhar com quantidades muito grandes de concreto não bombeável, ou seja, com baixo slump”, afirma o engenheiro.
Segundo ele, o equipamento transporta concreto, brita, areia e quaisquer outros materiais ou agregados com até 100 mm de diâmetro, atingindo uma produção de 275 m³/h. O transporte de todo o material seco usado no concreto (areia, cimento e brita) é realizado por meio de uma correia transportadora acoplada e, simultaneamente, o equipamento vai fazendo a adição de água necessária, conforme o traço especificado para o concreto. “Em obras de grande porte, o uso de bombas não é a melhor opção, pois esses equipamentos necessitam de concreto com slump bem melhor para trabalhar na vazão máxima. Isso abre um mercado único para o Telebelt”, pondera Mello.
A Schwing Stetter também aposta nas grandes obras de infraestrutura para manter o ritmo dos negócios aquecido. “Para atender os contratos que têm em carteira, as grandes construtoras continuam investindo em equipamentos para concretagem”, afirma Ricardo Lessa, gerente comercial e de marketing da fabricante. Como exemplo, ele cita a venda de centrais misturadoras compactas CP 30, com capacidade para 30 m³/h, para a empreiteira Queiroz Galvão, que mobilizou os equipamentos na obra do Rodoanel Mário Covas, em São Paulo.
No caso da Construtora Camargo Corrêa, ele destaca as vendas realizadas para a construção da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, como bombas estacionarias de alta pressão, com capacidade de até 90 m³/hora, e das bombas estacionarias SP 500, dotadas de pistão para a projeção de concreto por sistema de via úmida. “Já a OAS optou por comprar todos os equipamentos para concreto da nossa marca na obra da hidrelétrica de Estreito”, comemora Lessa.
Nesse projeto, a empreiteira mobiliza quatro centrais misturadoras semimóveis, com capacidade de 90 m³/h cada uma, além de autobetoneiras de 8 m³ para o transporte de concreto, de oito bombas estacionarias de alta pressão, de quatro mastros separados para a distribuição de concreto e quatro autobombas montadas sobre caminhão, com mastros de distribuição que atingem entre 32 m e 39 m de alcance vertical.
Com mastro desmontável
Atualmente, entretanto, o projeto de infraestrutura com maior parque de equipamentos da marca é a obra da hidrelétrica de Santo Antônio, que juntamente com a de Jirau compõe o complexo de usinas do rio Madeira. Lá, o consórcio construtor composto pelas empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez contratou o fornecimento de concreto com a concreteira Wanmix, que, segundo Lessa, opera com uma frota de equipamentos exclusivamente da Schwing. “Ao todo, esse parque será responsável pela produção, transporte e lançamento de cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos de concreto”, diz ele.
Para isso, a obra mobilizou cinco centrais misturadoras semimóveis, sendo uma com capacidade de 90 m³/h e as demais de 120 m³/h, além de 40 autobetoneiras com balões de 8 e 10 m³, para o transporte do concreto, e de seis bombas estacionárias rebocáveis de alta pressão. Completando a lista, Lessa cita o uso de dez autobombas montadas sobre caminhão, com mastros para distribuição de 32 m e 42 m, além de autobombas para concreto com mastros desacopláveis de 32 m. Esse equipamento merece destaque porque permite a desmontagem do mastro da autobomba e sua instalação em torres treliçadas verticais, atingindo até 50 m de altura de concretagem.
Apesar de destacar as grandes construções, a Schwing Stetter também vislumbra oportunidades no mercado de obras imobiliárias, onde a demanda por equipamento é impulsionada por concreteiras e locadoras. Nesse segmento, entretanto, os especialistas esperam um aquecimento na concorrência, devido ao ingresso de novos competidores no Brasil. Eles ressaltam que os fabricantes chineses chegaram para disputar não apenas esse mercado, mas também o de grandes obras, embora o setor imobiliário seja mais sensível à competição pelo preço. “Os novos players também oferecem equipamentos com tecnologia e precisam apenas estruturas suas operações no país em termos de suporte de manutenção e estoque de peças de reposição”, avalia Diomar, da Kaiobá.
Competidores asiáticos
Exemplo disso é a Sany, que está estruturando suas operações no Brasil e compareceu à M&T Expo 2009 com toda a sua linha de equipamentos. Na área de concreto, o destaque foi a sua família de bombas estacionárias, autobombas e bombaslança, com modelos de diversas capacidades de vazão. “Nesse segmento, temos uma participação de mercado de 60% na China e nos Emirados Árabes e queremos difundir a nossa experiência também no Brasil, assim como já o fizemos em outros lugares do mundo”, disse Zhao Hui, presidente mundial da Sany, em entrevista exclusiva à revista M&T.
Ele ressalta que a empresa detém o recorde mundial de altura de bombeamento com um único equipamento de alta capacidade. A bomba foi mobilizada na construção do complexo comercial Shanghai World Financial Center, em 2002, lançando concreto a uma altura de 402 m. Hui não descarta a possibilidade de produzir parte de sua linha de equipamentos no Brasil nos próximos cinco anos, caso a demanda justifique tal iniciativa.
Como exemplo da tecnologia da empresa, o executivo cita os equipamentos da marca mobilizados na concretagem da Torre da Federação de Moscou, segundo ele, o primeiro prédio europeu com estrutura totalmente em concreto armado. “Para executar esse serviço, mobilizamos duas bombas rebocáveis e uma de alta pressão, que trabalham com concreto de alto desempenho, do tipo B90.” De acordo com o presidente da Sany, essa obra exige o bombeamento a alturas de até 352 m, movimentando um volume total de 220 mil m³ de concreto.
No Brasil, o foco da companhia está voltado para as bombas rebocáveis com capacidades entre 40 e
120 m³/h. Equipadas com sistemas de alta pressão, elas podem bombear a alturas de até 500 m, mas isso exige um acompanhamento no traço do concreto e operações com vazão bem menor do que a especificada pela empresa. Segundo Hui, a bomba rebocável HBT90CH-2135D possui pressão máxima de 35Mpa e é a primeira do mundo dotada de tecnologia para bombeamento de concreto de terceiro grau, podendo lançar concreto com agregados de até 100 mm de diâmetro, sem o comprometimento das tubulações ou da qualidade final do serviço.
Demanda surpreendente
Outro fabricante chinês que apresentou seus equipamentos para bombeamento de concreto na M&T
Expo 2009 foi a Zoomlion, presente à feira por meio de sua representante no país, a Brasil Máquinas de Construção (BMC). “Em 2007 começamos a importar as autobombas da marca com capacidade de vazão de 80m³/h e o resultado nos surpreendeu devido à grande aceitação do mercado”, afirma Paulo Oliveira, diretor de marketing da BMC.
Segundo ele, a surpresa se deu em função das características das máquinas utilizadas nos canteiros de obras do Brasil até então, que atingiam taxas máximas de bombeamento de 40m³/h. “Isso nos demonstrou que há espaço para equipamentos de maior porte no país e a prova disso são os mais de 100 equipamentos vendidos desde então”, complementa o executivo.
A BMC também aproveitou a M&T Expo 2009 para apresentar as novas autobombas da Zoomlion, dotadas de sistema de controle cujo monitor possui tela touch screen, pelo qual o operador pode acompanhar todas as funções do serviço. Além disso, Oliveira ressalta seu dispositivo de bombeamento regulado cientificamente, que faz com que os sistemas de força, hidráulico e de bombeamento correspondam da melhor maneira e gerem os resultados esperados. “Elas podem fornecer óleo intermitentemente para a bomba de óleo principal, além de permitir a sua filtragem ou o abastecimento com fluido novo. Em consequência disso, o sistema de lubrificação fornece óleo de forma adequada, reduzindo o consumo de lubrificante em até 50%.”
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