http://https:movimentobw.org.brFoto:VÖGELE
Nos últimos anos, a malha rodoviária brasileira vem avançando em aspectos licitatórios e de sustentabilidade, muitas vezes de forma conjunta.
Tecendo uma contextualização do modal no Brasil, o diretor executivo da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Antonio Giusti, destacou no 2º BW Fórum o amadurecimento do modelo de concessões, apontando um avanço de 60% na extensão de rodovias concedidas, o que representa mais de 11,6 mil km cuja gestão passou para a iniciativa privada nos últimos dez anos.
“Esse crescimento tem se acelerado, embora a malha concedida ainda represente um percentual relativamente baixo em relação ao total”, afirmou.
Nos últimos quatro anos, o setor saltou de um patamar de R$ 13,7 bilhões para R$ 21,5 bilh&o
http://https:movimentobw.org.brFoto:VÖGELE
Nos últimos anos, a malha rodoviária brasileira vem avançando em aspectos licitatórios e de sustentabilidade, muitas vezes de forma conjunta.
Tecendo uma contextualização do modal no Brasil, o diretor executivo da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Antonio Giusti, destacou no 2º BW Fórum o amadurecimento do modelo de concessões, apontando um avanço de 60% na extensão de rodovias concedidas, o que representa mais de 11,6 mil km cuja gestão passou para a iniciativa privada nos últimos dez anos.
“Esse crescimento tem se acelerado, embora a malha concedida ainda represente um percentual relativamente baixo em relação ao total”, afirmou.
Nos últimos quatro anos, o setor saltou de um patamar de R$ 13,7 bilhões para R$ 21,5 bilhões em investimentos, ele lembrou.
“Essa curva continua a subir, de modo que a tendência é de crescimento contínuo desses números”, acentuou o diretor, citando os programas do Governo Federal e do Estado de São Paulo como principais indutores desse processo.
COMPROMISSO
Esse pano de fundo também emoldura uma mudança estratégica na atuação das empresas no que tange à natureza das operações.
Atualmente, o setor conta com 86 concessionárias operando no país, assumindo compromissos de sustentabilidade cada vez mais ambiciosos e abrangentes.
“Muitas pessoas associam a concessão de rodovias a obras para a melhoria do pavimento, o que é verdade”, ponderou Giusti.
“Mas não podemos esquecer que há diversos serviços associados, pois tudo o que traz maior fluidez ao tráfego acaba gerando ganhos, especialmente em tecnologias, que é uma das maneiras que as concessionárias têm para contribuir com a redução das emissões.”
Nesse sentido, o setor tem se posicionado de maneira mais direta ao promover a metrificação das emissões, por exemplo.
“O setor de transportes, especificamente, é responsável por cerca de 10% das emissões de gases no país, o que corresponde a 2,3 milhões de toneladas/ano”, elucidou Giusti, citando dados do Atlas de Sustentabilidade da ABCR.
“Além da mudança do perfil da frota, outra contribuição importante está na qualidade do pavimento, assim como na sua manutenção ao longo da concessão, capaz de reduzir de 15% a 20% as emissões dos veículos de carga.”
Previstas em contratos mais recentes, as iniciativas incluem eletrificação da frota de apoio e de veículos mais pesados, estudos com biocombustíveis, reaproveitamento de materiais e insumos (CAP e agregados), redução no consumo de energia, uso de fontes renováveis e adaptação da infraestrutura às novas ameaças climáticas.
“Essas são algumas das frentes em que as empresas vêm atuando, sem prejudicar o desempenho do pavimento”, pontificou Giusti, destacando o avanço obtido no uso de asfalto reciclado, asfalto borracha e novos componentes (como aditivos CAP Pro e RoadCem).
“Um estudo da Motiva mostra que o uso de 20% de RAP (Reclaimed Asphalt Pavement) na base do pavimento já permite eliminar 40 mil kg de CO2 em emissões”, comentou.
“Além disso, é possível usar de 10% a 15% do resíduo de pneus usados para aplicação de asfalto borracha.”
(Em sentido horário) Correia, Tuchumantel, Silveira, Giustie Barros: equilíbrio ambiental
e financeiro na pavimentação. Imagens: NUTZ PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
Em relação aos pavimentos rígidos, o diretor destacou que há uma tendência – já antiga – de uso dessa solução em pontos específicos, embora ainda permaneçam hesitações.
“No passado, a dúvida era em relação ao custo de partida”, observou.
“Hoje, na maioria dos casos o custo inicial está mais baixo e, se a aplicação for bem-executada, a vida útil tende a ser mais longa, com menos necessidade de intervenção ao longo da concessão.”
Essa alternativa permite reparos mais ágeis, destacou Giusti, liberando as pistas mais rapidamente para garantir a fluidez.
“Já existe tecnologia, que começa a ser testada no Brasil, para permitir a utilização de placas de concreto nas rodovias e liberar o tráfego em menos de 3 h”, informou o diretor.
“Ou seja, começa a haver maior competitividade dos pavimentos rígidos, inclusive nesse ciclo de intervenção e manutenção.”
TECNOLOGIA
No aspecto estritamente tecnológico, o diretor-presidente da Wirtgen Brasil, Adriano Correia, ressaltou que as soluções mais avançadas em pavimentação já estão amplamente disponíveis no país.
“Nosso papel é fazer a transferência de tecnologia”, acentuou.
“Trazemos os equipamentos, mas os processos muitas vezes ainda não existem.”
Otimização no uso dos equipamentos permite reduzir custos e interferências nas operações. Foto: WIRTGEN
Isso porque, segundo ele, as novas tecnologias para reciclagem e fresagem, por exemplo, demoram para começar a ser adotadas no país.
“Antes, era tudo capa em cima de capa, ou remover solo sem condições e trazer outro de fora. Mas a operação de pavimentação é pura logística, o que exige reduzir também os custos de transporte”, exemplificou.
Para a Wirtgen, garantiu Correia, a sustentabilidade ambiental precisa caminhar lado a lado com a financeira.
“Não adianta investir em equipamentos que aumentam o custo de operação e reduzem a margem de lucro, pois com o tempo não se consegue continuar trabalhando”, afirmou.
Nesse sentido, o especialista citou soluções que permitem reduzir os custos das operações, enquanto dirimem as emissões na frente de obra.
“Até 2030, a Wirtgen almeja reduzir em 50% as emissões diretas e indiretas (fábricas e sistemas de produção) e 30% na aplicação dos nossos produtos (equipamentos)”, elucidou Correia, contando que, para atingir esses objetivos, a fabricante trabalha com estratégias como eletrificação (híbridos) e uso de hidrogênio.
“Em relação aos veículos de transporte, trata-se de um caminho mais complexo, pois na pavimentação os equipamentos sempre trabalham com carga”, explicou.
“Mas o que trabalhamos forte mesmo é a inteligência, isto é, a automação.”
Isso implica otimizar a operação completa – e não apenas os equipamentos.
“Não olhamos o equipamento individualmente, mas sim a natureza da operação”, disse ele, citando o conceito de emissão de CO2 por trabalho realizado.
“Ou seja, é o resultado que se tem em emissões quando se muda a maneira como se faz o pavimento, o processo produtivo como um todo.”
Além do uso de materiais (virgens ou reciclados), isso também passa pela medição das emissões do trabalho realizado pelos equipamentos, em uma combinação de possibilidades de acordo com os recursos e processos logísticos disponíveis.
“O uso de 90% de material reciclado, por exemplo, já reduz a emissão em 32%”, assegurou.
“Também é possível tirar proveito da otimização no uso dos equipamentos, cortando custos operacionais, uso de recursos e níveis de emissões”, comentou Correia, relacionando vetores como produtividade, tecnologia e consumo como peças-chave para a eficiência no processo de pavimentação e reabilitação de pavimentos, inclusive com soluções de retrofit e reciclagem a frio, por exemplo.
No rol de tecnologias inteligentes, o especialista citou soluções avançadas como assistente de fresagem, sistema de redução de consumo e medidor de eficiência, disponíveis para fresadoras, pavimentadoras e usinas de asfalto, respectivamente.
“Antes, se dependia do operador para otimizar a máquina, mas agora a máquina se autoconfigura para trabalhar na melhor relação produtividade vs. economia de combustível vs. ferramentas de desgaste”, observou o executivo.
“Só aperta um botão e a máquina se calibra automaticamente.”
Uso de asfalto reciclado tem expressivo potencial de redução naextração
de insumos virgens e nas emissões de gases poluentes. Foto: WIRTGEN
INSUMOS
No que tange à área de insumos, o diretor superintendente da Copavel, Rodrigo Magalhães de Vasconcellos Barros, destacou casos reais em que a empresa vem trabalhando com processos como reciclagem, RAP e asfalto borracha, que completa 25 anos de uso no Brasil.
“A reutilização de materiais na pavimentação é bem antiga e ampla, com vários tipos de reciclagem para os mais diversos tipos de aplicação”, disse o especialista no 2º BW Fórum.
Em pavimentação asfáltica, os processos mais aplicados atualmente incluem reutilização de material fresado com emulsão para nivelamento de acostamentos, reciclagem a frio de material fresado – que consiste na reciclagem profunda com adição de cimento, espuma de asfalto ou emulsão asfáltica – e aproveitamento de Resíduo da Construção e Demolição (RCD).
Outras iniciativas em alta abrangem reciclagem de RAP a quente e misturas asfálticas especiais – que incluem material de granulometria descontínua (Gap Graded) com asfalto modificado com pó de borracha reciclada de pneus, por exemplo.
“Nesse caso, toda a química fina utilizada na fabricação de pneus (polímeros e agentes estabilizantes, antioxidantes e antienvelhecimento) é incorporada ao asfalto, aumentando a flexibilidade e, principalmente, a resistência do pavimento”, explicou Barros.
Segundo ele, as perspectivas da reciclagem são as “melhores possíveis” no país, até por conta do portfólio crescente de equipamentos, novos players, especificações aprimoradas e evolução técnica obtida no desenvolvimento de emulsões.
As expectativas para a reciclagem a frio, por exemplo, são bastante promissoras, especialmente por conta da sólida experiência nacional adquirida em obras de reciclagem in situ com espuma asfáltica, que permitiu conhecer seus limites e requisitos mínimos para implementação.
“Os avanços na metodologia de projetos, equipamentos e processos executivos possibilitam minimizar os riscos de falhas, garantindo soluções mais seguras para clientes e usuários, aumentando a vida útil do pavimento e, consequentemente, gerando menores custos de manutenção para os operadores”, frisou.
Outro ponto abordado por Barros, o material fresado sempre foi tratado (inclusive pelas próprias concessionárias) como material de “bota fora”, ou seja, de descarte.
Atualmente, no entanto, já é considerado um material nobre.
“No entanto, há dificuldade para encontrar esse produto de forma que possa ser reutilizado em sua totalidade”, disse o superintendente da Copavel.
Normalmente, destacou, o material chega à obra repleto de terra e galhos de árvores.
“Ou seja, é um produto de suma importância, mas se não for bem cuidado, não se obtém um ciclo eficiente de sustentabilidade, pois há uma perda grande para selecionar o material”, observou o especialista, explicando que a preparação melhora a homogeneidade e a qualidade do produto.
“Além disso, a estocagem adequada minimiza os riscos de contaminação, segregação e até mesmo de alterações de umidade”, pontuou.
Para Osvaldo Tuchumantel, diretor de marketing técnico da Betunel, a escolha assertiva de equipamentos e soluções é crucial para o bom andamento das obras.
“Se o produto tem alto desempenho, é possível de amenizar os impactos nas intervenções que vão ocorrer ao longo do período de utilização da via”, ressaltou.
Equipamentos e soluções de alto desempenho permitem amenizar os impactos ao longo da utilização da via. Foto: BETUNEL
Segundo o executivo, quando se faz uma obra em infraestrutura rodoviária ou mobilidade urbana é preciso dar importância ao custo social.
“Normalmente, as soluções são definidas por preço, sem levar em consideração os impactos para a sociedade com manutenção e intervenções, resultando em longos congestionamentos, gastos energéticos, maior tempo de deslocamento, atrasos e, por fim, estresse”, advertiu.
Ao longo do tempo, as intervenções e manutenções precisam ter impacto reduzido, reforçou.
“Precisamos de soluções que não causem tanto transtorno quando são utilizadas na implantação ou manutenção de rodovias, avenidas e estradas, além de produtos que não impactem o meio ambiente”, afirmou.
O diretor apresentou ainda algumas soluções que permitem reduzir o tempo de fechamento de pistas ou vias, com liberação em poucas horas, com destaque para a reciclagem a frio, que utiliza emulsões asfálticas, e a quente, incluindo ligantes asfálticos.
“Hoje, as concessões de estradas enfatizam a utilização de produtos que tenham emissões reduzidas de poluentes, destacando a sustentabilidade no processo”, reforçou.
Nesse sentido, o especialista citou uma emulsão asfáltica modificada com polímero elastomérico especial, indicada para serviços de Microrrevestimento Asfáltico (MRAF), com aplicação noturna a frio, assim como em condições adversas de tempo e temperatura.
“A abertura do tráfego foi realizada em cerca de 30 min, assim que o MRAF atingiu a coesão inicial”, garantiu.
EXECUÇÃO
Por sua vez, o gerente de pavimento da EPR, Joel Silveira, discorreu sobre soluções aplicadas para reduzir o impacto ambiental, assim como os custos que incidem nas operações da concessionária. Uma dessas soluções é justamente a reutilização de material fresado.
“Não há muito tempo, o fresado ainda era considerado um problema, um rejeito praticamente descartado”, disse.
“Hoje, entende-se que é um ativo importante para aplicação e reutilização.”
Qualidade e manutenção do pavimento é uma contribuição relevante para a sustentabilidade do setor. EPR
Durante a exposição, Silveira citou ainda a reutilização do RAP, destacando benefícios de seu reaproveitamento, como a redução de custos com insumos e transporte, minimização de impactos ambientais, menor necessidade de agregados minerais e consumo reduzido de ligantes.
Até 2030, disse ele, a estimativa é chegar a um volume de cerca de 450 mil toneladas de fresagem de pavimento no país.
Para 2054, esse montante pode subir para algo próximo a 3 milhões de toneladas.
“Nosso objetivo é trabalhar de maneira eficiente com a correta aplicação dos recursos, visando reduzir custos e o impacto ambiental das operações”, argumentou Silveira.
“Com isso, buscamos reutilizar o fresado corretamente, além de saber onde armazenar esse recurso, que se estiver longe do processamento impõe a necessidade de transporte, aumentando assim as emissões”, complementou o especialista da EPR, que reúne seis concessionárias que administram mais de 3 mil km de rodovias concedidas em Minas Gerais e no Paraná.
“A distância entre o local de armazenamento e de processamento pode até mesmo inviabilizar um projeto”, alertou.
Em termos de tecnologia, o especialista destacou um projeto-piloto que vem sendo estudado pela EPR, abrangendo o monitoramento com drones.
Por meio de imagens, é possível identificar não somente a parte volumétrica do material, mas também sua procedência.
“Se houver falta de controle, acabamos rejeitando um material que poderia ser reaproveitado”, comentou Silveira, citando que a economia estimada com o uso de material fresado gira em torno de 20% do agregado virgem, com redução de outros 20% nos impactos ambientais das operações.♦
EVENTO
Fórum aborda sustentabilidadena pavimentação em sua 2a edição
Realizado no dia 18 de setembro no Centro Brasileiro Britânico (CBB), em São Paulo (SP), o 2º BW Fórum trouxe um oportuno debate sobre pavimentação asfáltica e sustentabilidade, em um momento no qual o setor direciona esforços e investimentos em âmbito global visando à busca de soluções sustentáveis para o crescimento econômico, aliado à preservação do meio ambiente.
Segunda edição do evento propôs um debate críticopara o setor, celebrando
os 37 anos da Sobratema. Foto: NUTZ PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
“A missão do Movimento BW é ressaltar melhores práticas, ações e iniciativas para diminuir o impacto ambiental das atividades humanas”, observou Afonso Mamede, presidente da Sobratema, promotora do evento.
Segundo ele, a pavimentação asfáltica está passando por transformações, incorporando novas técnicas, materiais e conceitos que visam a reduzir o impacto das operações, otimizar recursos e promover a longevidade das obras.
“Com quase 87% da malha ainda sem pavimento, temos um desafio monumental sob a ótica da sustentabilidade”, reconheceu o dirigente da Sobratema, que celebrou 37 anos de atividades com um coquetel oferecido após as apresentações.
Saiba mais:
Movimento BW: https:movimentobw.org.br
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Telefone (11) 3662-4159
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