Revista M&T - Ed.153 - Dez/Jan 2012
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Transmissão

Sistemas automatizados conquistam o mercado fora de estrada

Ao eliminar as imperícias do operador, as caixas automatizadas reduzem custos de manutenção e consumo de combustível, transformando-se em padrão nos modelos extrapesados de algumas marcas

A Nacional Minérios S.A. (Namisa), empresa do grupo CSN dedicada à produção de minério de ferro, opera 45 caminhões 8x4 da Iveco com caixa de transmissão automatizada desde dezembro de 2010. Os veículos, que são utilizados no transporte de minério em uma mina localizada na cidade de Congonhas, no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, representam a primeira experiência da montadora com esse tipo de transmissão na linha extrapesada.

Apesar de não apresentar números consolidados, a Iveco avalia que a tecnologia proporcionou redução de custos à Namisa e que pode contribuir para a maior eficiência em operações severas. A expectativa da montadora é partilhada por outros fabricantes com forte atuação no segmento fora de estrada, como a Mercedes-Benz, Scania e Volvo. Em consenso, eles reconhecem o avanço na utilização de sistemas de transmissão automáticos e automatizados no mercado brasileiro, mas a maioria das montadoras ainda vislumbra algumas barreiras a serem vencidas para a popularização da tecnologia.

A Volvo foge à regra ao declarar que 80% dos seus caminhões já saem de fábr


A Nacional Minérios S.A. (Namisa), empresa do grupo CSN dedicada à produção de minério de ferro, opera 45 caminhões 8x4 da Iveco com caixa de transmissão automatizada desde dezembro de 2010. Os veículos, que são utilizados no transporte de minério em uma mina localizada na cidade de Congonhas, no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, representam a primeira experiência da montadora com esse tipo de transmissão na linha extrapesada.

Apesar de não apresentar números consolidados, a Iveco avalia que a tecnologia proporcionou redução de custos à Namisa e que pode contribuir para a maior eficiência em operações severas. A expectativa da montadora é partilhada por outros fabricantes com forte atuação no segmento fora de estrada, como a Mercedes-Benz, Scania e Volvo. Em consenso, eles reconhecem o avanço na utilização de sistemas de transmissão automáticos e automatizados no mercado brasileiro, mas a maioria das montadoras ainda vislumbra algumas barreiras a serem vencidas para a popularização da tecnologia.

A Volvo foge à regra ao declarar que 80% dos seus caminhões já saem de fábrica equipados com o sistema de transmissão automatizada da marca, o I-Shift. Segundo Álvaro Menoncin, gerente de engenharia de vendas da fabricante no Brasil, a caixa inteligente – como ele denomina essa solução – já tem larga utilização em operações caracterizadas por paradas e partidas frequentes, chamadas de stop and go. “Na mineração, por exemplo, onde as trocas de marcha são frequentes, a utilização desses sistemas cresceu entre frotistas que buscam maior durabilidade para os componentes do caminhão e menor consumo de combustível”, ele afirma.

Resistência dos usuários

Mesmo assim, Menoncin ressalta que a maioria das aplicações com caixa inteligente se concentra em operações de transporte rodoviário devido a uma desconfiança nos segmentos fora de estrada quanto às vantagens da tecnologia. “O sistema automatizado é mais durável, requer menos troca de peças e proporciona maior economia de combustível, o que não justifica essa desconfiança”, diz ele. “Além disso, o I-Shift permite que o motorista realize a troca de marchas manualmente em determinadas operações, como rampas superiores a 15% de inclinação, onde sua experiência operacional pode contribuir para melhores passagens de marcha e a utilização do freio motor”, complementa o especialista.

Com base nesse cenário, o especialista da Volvo acredita que em dois ou três anos, perto de 100% dos caminhões rodoviários da marca já sairão de fábrica com caixa automatizada. Nos modelos destinados a operações fora de estrada, Menoncin avalia que esse período se estenderá para quatro ou cinco anos, mas que o avanço é inevitável.

Para a Iveco, que começou a adotar recentemente a transmissão automatizada em modelos extrapesados, a popularização das caixas automatizadas em operações off road depende de se vencer preconceitos estabelecidos entre alguns frotistas do  segmento. “Entre esses usuários, existe uma avaliação errônea de que os sistemas automáticos e automatizados são mais sensíveis quando comparados ao manual. Notamos também uma postura cautelosa nesse setor, uma vez que os clientes acreditam que as tecnologias necessitam ser testadas exaustivamente antes de serem aplicadas em suas frotas”, diz Marcelo Bouhid, gerente de marketing da Iveco no Brasil.

Ele diz compreender essa cautela por parte dos usuários, uma vez que operações de alta produtividade não podem prescindir de um veículo parado por falha mecânica. Mas ressalta que a transmissão automatizada não pode ser classificada como um item de risco à operação devido à evolução tecnológica incorporada.

Economia de combustível

A Scania também aposta na maior utilização de sistemas automatizados nos seus caminhões comercializados no Brasil. Como admitiu Roberto Leoncini, diretor geral da empresa no país, durante a prévia dos lançamentos da marca na Fenatran, a montadora vai intensificar as atenções para essa tecnologia, com o objetivo de recuperar o tempo perdido na última década, quando os holofotes não foram devidamente voltados para as transmissões automatizadas. Para isso, a empresa apresentou a nova versão da tecnologia Opticruise (caixa automatizada), sem o pedal de embreagem, o que, segundo a companhia, diminui ainda mais o desgaste do conjunto e o consumo de combustível.

“Atualmente, entre 15% e 20% da nossa produção sai de fábrica com transmissão automática ou automatizada, mas, para os segmentos de mineração e construção pesada, praticamente todos os nossos veículos são fornecidos com caixa automatizada”, diz Marcel Prado, gerente de pré-venda da Scania. Segundo ele, a tecnologia ganhou popularidade nesse segmento nos últimos anos e hoje não há qualquer entrave que impeça a sua utilização, ainda mais com os resultados já comprovados pelos clientes em campo quanto à redução no consumo de combustível e à menor fadiga do motorista.

Cláudio Gasparetti, gerente de marketing de caminhões da Mercedes-Benz, compartilha da opinião de Prado e avalia que, além de inexistir qualquer entrave de custo ou de mercado que emperre o avanço desses sistemas no Brasil, eles foram bem aceitos pelos frotistas em função dos benefícios que oferecem. “O consumo de combustível nos nossos caminhões equipados com caixa automatizada diminui de 3% a 6%.”

Durabilidade das peças

Ele ressalta ainda que os componentes do trem de força – eixo traseiro, câmbio, embreagem – apresentam menor desgaste e podem durar o dobro de tempo em comparação com as peças utilizadas na transmissão manual de um caminhão submetido a falhas de operação. “Nesse caso, os trancos causados por troca errada de marcha, uma situação que não ocorre com o sistema automatizado, também são fatores de desgaste dos componentes.”

As vantagens pontuadas por Gasparetti na relação entre caixas automatizadas e manuais ainda contemplam uma lista na qual se inclui a dispensa dos anéis sincronizadores no sistema. “Essa é uma peça de desgaste que necessita de troca regularmente e, por isso, seu consumo é classificado como custo de manutenção. Quando a eliminamos, obtemos também o benefício de espaço, o que permite configurar uma engrenagem maior e mais robusta”, diz ele.

A nova versão do modelo Actros 4844, que A Mercedes-Benz disponibiliza no mercado desde 2008 para aplicação basculante, já vem equipada com transmissão automatizada de segunda geração, com 12 marchas e sem pedal de embreagem. A principal novidade da tecnologia é o sensor de inclinação da via, que auxilia o sistema na escolha da marcha mais adequada conforme o relevo da pista. De acordo com a montadora, o veículo tem 48 t de peso bruto total (PBT) e sua capacidade de carga líquida chega a 37 t, dependendo do peso do implemento, possibilitando implementar caçamba basculante de até 20 m³.

 

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