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Revista M&T - Ed.215 - Agosto 2017
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Produção

Receita de sobrevivência

Frente à retração de negócios no país, fabricantes se voltam para o mercado externo e adotam estratégias como a renovação do portfólio e o compartilhamento de linhas
Por Melina Fogaça

Quando se esperava uma retomada mais consistente do mercado brasileiro já no final de 2017, eis que novos percalços vêm à tona, deixando as empresas de mãos atadas e, acima de tudo, receosas em aportar novos investimentos no país.

O resultado, como não poderia deixar de ser, é um novo adiamento nas expectativas de normalização dos negócios, que tiveram uma queda abissal nos últimos anos. “Nós nos preparamos para um crescimento que prometia ser muito grande”, comenta Odair Renosto, presidente da Caterpillar no Brasil. “Em 2012, se falava que a indústria de máquinas no Brasil chegaria a 60 mil unidades em 2016, mas a realidade ficou muito abaixo, com apenas 8 mil máquinas.”

Contudo, ficar parado e aguardar a tão esperada retomada não é a estratégia mais sensata. E a Cat é um exemplo disso. Para suprir essa demanda do mercado interno, a empresa passou a utilizar a capacidade de produção de suas fábricas em Piracicaba (SP) e Campo Largo (PR) para atender às necessidades de mercados externos.

Essa também foi uma das soluções utilizadas pela John Deere, que inicialmente exportou para a América Latina seus equipamentos de construção produzidos na fábrica de Indaiatuba (SP), passando depois a abastecer países da África e Ásia. “De modo geral, a crise tem seus pontos de desafio”, afirma Roberto Marques, diretor de vendas da John Deere Construção & Florestal. “Com a queda substancial da indústria, foram impostas algumas restrições em volume de vendas, mas, por outro lado, temos adotado estratégias para trabalhar em projetos que não teríamos tempo a dedicar em momentos de alta.”

Do mesmo modo, fabricantes como Volvo CE e JCB também voltaram seus esforços para aumentar a exportação a partir de suas fábricas instaladas no Brasil. Localizada em Pederneiras (SP), a fábrica latino-americana da Volvo atualmente exporta máquinas para diversos destinos internacionais, incluindo países como Austrália e EUA, além de regiões da África, Ásia e Oriente Médio. “De fato, o mercado externo tem nos ajudado com demandas de outras regiões”, conta Afrânio Chueire, presidente da Volvo CE Latin America. “Isso inclui pás carregadeiras, que passamos a enviar para Austrália, assim como caminhões articulados, que temos c


Quando se esperava uma retomada mais consistente do mercado brasileiro já no final de 2017, eis que novos percalços vêm à tona, deixando as empresas de mãos atadas e, acima de tudo, receosas em aportar novos investimentos no país.

O resultado, como não poderia deixar de ser, é um novo adiamento nas expectativas de normalização dos negócios, que tiveram uma queda abissal nos últimos anos. “Nós nos preparamos para um crescimento que prometia ser muito grande”, comenta Odair Renosto, presidente da Caterpillar no Brasil. “Em 2012, se falava que a indústria de máquinas no Brasil chegaria a 60 mil unidades em 2016, mas a realidade ficou muito abaixo, com apenas 8 mil máquinas.”

Contudo, ficar parado e aguardar a tão esperada retomada não é a estratégia mais sensata. E a Cat é um exemplo disso. Para suprir essa demanda do mercado interno, a empresa passou a utilizar a capacidade de produção de suas fábricas em Piracicaba (SP) e Campo Largo (PR) para atender às necessidades de mercados externos.

Essa também foi uma das soluções utilizadas pela John Deere, que inicialmente exportou para a América Latina seus equipamentos de construção produzidos na fábrica de Indaiatuba (SP), passando depois a abastecer países da África e Ásia. “De modo geral, a crise tem seus pontos de desafio”, afirma Roberto Marques, diretor de vendas da John Deere Construção & Florestal. “Com a queda substancial da indústria, foram impostas algumas restrições em volume de vendas, mas, por outro lado, temos adotado estratégias para trabalhar em projetos que não teríamos tempo a dedicar em momentos de alta.”

Do mesmo modo, fabricantes como Volvo CE e JCB também voltaram seus esforços para aumentar a exportação a partir de suas fábricas instaladas no Brasil. Localizada em Pederneiras (SP), a fábrica latino-americana da Volvo atualmente exporta máquinas para diversos destinos internacionais, incluindo países como Austrália e EUA, além de regiões da África, Ásia e Oriente Médio. “De fato, o mercado externo tem nos ajudado com demandas de outras regiões”, conta Afrânio Chueire, presidente da Volvo CE Latin America. “Isso inclui pás carregadeiras, que passamos a enviar para Austrália, assim como caminhões articulados, que temos comercializado para a África do Sul e o Reino Unido, além do aumento da demanda para articulados nos Estados Unidos.”

Atualmente, em face da queda do mercado, a produção da fábrica é de 1.184 equipamentos/ano. Segundo Chueire, tal capacidade está dentro dos padrões atuais da indústria. “Mesmo diante desse cenário pouco positivo, crescemos na participação em alguns segmentos”, resigna-se o executivo.

ESTRATÉGIAS

Rapidamente, conforme a crise se estendia, tal estratégia se espalhou pelas plantas fabris do segmento. Mas não ficou só nisso. A John Deere, por exemplo, além de dedicar-se ao projeto de exportação, também investiu na expansão da fábrica para acomodar a produção de três modelos de tratores de esteiras, uma linha até então sem fabricação no país. “Estamos nos planejando para que as vendas comecem já em janeiro de 2018”, revela Marques.

A Caterpillar também apostou recentemente na inserção de novos produtos no mercado brasileiro, como a escavadeira compacta 313D2, a miniescavadeira 302.D2, o trator de esteira D6K e uma linha inédita de produtos para pavimentação, que inclui dois rolos compactadores de asfalto. “Também ampliamos nosso índice de nacionalização dos produtos, além de apostar nos equipamentos da Linha Amarela para serem utilizados no agronegócio”, comenta Renosto. “É o caso da pá carregadeira de rodas 938K, para aplicação no setor sucroalcooleiro.”

A operação brasileira da JCB, por sua vez, continuou a receber investimentos da matriz em programas de produtividade, qualidade e, sobretudo, localização de componentes. “O objetivo é manter a fábrica preparada para atender à retomada do crescimento do setor em nosso país”, explana José Luis Gonçalves, presidente da JCB Latam.

Inaugurada em 2012, a fábrica da JCB em Sorocaba (SP) conta atualmente com cerca de 250 colaboradores, abrangendo tanto pessoal direto quanto indireto. A unidade recebeu investimento de R$ 400 milhões na implantação da linha, que tem capacidade de produzir 6 mil máquinas ao ano. “No entanto, atualmente, estamos produzindo cerca de 1.500 máquinas, número que corresponde à atual situação do mercado”, acrescenta o executivo.

Segundo ele, o planejamento estratégico é ambicioso, prevendo investimento de R$ 50 milhões para o lançamento de novas máquinas com conteúdo local, como a retroescavadeira 3CX, lançada no ano passado com o objetivo de liderar o mercado na categoria. Até 2020, como parte do projeto de ampliação do portfólio nacional, a JCB almeja lançar ao menos uma nova máquina por ano, privilegiando o conteúdo local. “Só neste ano lançamos três novos modelos de escavadeiras hidráulicas”, ressalta. “E a meta é que todo o processo de fabricação seja feito com conteúdo nacional e tecnologia de ponta.”

PRIORIDADES

Seguindo nesta linha, a CNH Industrial também tem aproveitado o momento de baixa para investir no pós-venda e na rede de concessionárias. “O objetivo tem sido atender aos clientes que não puderam renovar suas frotas e, não obstante, precisam manter a disponibilidade dos equipamentos no atendimento às obras em andamento”, diz a empresa em comunicado.

Para se adaptar ao tamanho do mercado, a fabricante focou em processos e no desenvolvimento de produtos com melhor desempenho, alinhada às melhores práticas de TCO (Total Cost of Ownership, ou Custo Total de Propriedade). “A avaliação de TCO oferece uma indicação final que reflete não somente o custo de compra, mas todos os aspectos no uso adicional e na manutenção do equipamento”, comenta a empresa.

Em relação à produção, a CNHi afirma que o volume está ajustado ao tamanho do mercado atual, considerando o consumo interno e as exportações. Exclusiva para máquinas de construção, a fábrica de Contagem (MG) conta hoje com 900 funcionários, enquanto o centro de distribuição de peças da marca em Sorocaba (SP) totaliza cerca de 500 colaboradores diretos.

Outro exemplo ilustrativo é o da LiuGong, que inaugurou uma fábrica em Mogi Guaçu (SP) em 2015, já em plena crise econômica. Assim, a unidade foi aberta já com a expectativa de operar com capacidade ociosa em um primeiro momento, mas preparada para atender ao crescimento futuro de demanda.

Isso incluiu a estruturação da linha e do estoque de peças, além do fortalecimento da presença nacional com a nomeação e o treinamento de distribuidores regionais. “Avançamos também na nacionalização de equipamentos para que nossos clientes tenham a opção de Finame, desenvolvendo fornecedores locais que estão alinhados à nossa política global de qualidade”, diz Bruno Barsanti, vice-presidente da LiuGong Latin America.

COMPARTILHAMENTO

Além do foco em processos, distribuição e portfólio, o receituário de sobrevivência das fabricantes inclui alguns passos inusitados, porém coerentes. Segundo o diretor do complexo industrial da Volvo CE na América Latina, Wladimir Garcia, a fábrica brasileira é a única das 16 unidades fabris da marca no mundo a utilizar uma só linha de montagem para dois produtos, no caso, pás carregadeiras e caminhões articulados.

Além da linha compartilhada, os produtos fabricados localmente incluem as escavadeiras hidráulicas da SDLG, marca de equipamentos controlada pela Volvo CE. “Isso faz dessa planta a única do mundo a produzir duas marcas de equipamentos no mesmo complexo industrial”, complementa Garcia.

Na CNHi, a linha de produção sempre foi compartilhada entre os produtos das duas marcas comerciais que a empresa mantém no mercado, Case e New Holland. “Essa é a maior sinergia que podemos oferecer aos nossos dealers e clientes em termos de ganhos perceptíveis de escala e eficiência, além de também desenvolvermos os motores que equipam nossas máquinas dentro de casa, com a FPT Industrial”, reitera a assessoria da fabricante.

REMANUFATURA AVANÇA NA MINERAÇÃO

A unidade da Sotreq localizada em Contagem (MG) não perdeu tempo em expandir suas operações assim que o mercado de mineração deu os primeiros sinais de melhora.

Segundo o gerente da empresa, Eduardo Carvalho, o reaquecimento das exportações de commodities minerais estimulou a ampliação do portfólio para a área, resultando em uma readequação importante da capacidade operacional. “Com a abertura de uma nova filial em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG), pudemos concentrar lá todo o nosso estoque, aproveitando o espaço físico em Contagem para novas iniciativas, principalmente no que tange à remanufatura de motores e componentes de equipamentos”, diz ele, destacando ainda que o objetivo é manter o market share na área de mineração, que hoje corresponderia a 90% do mercado brasileiro no setor.

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