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Revista M&T - Ed.76 - Abr/ Mai 2003
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50 ANOS

Queiroz Galvão: A engenharia abrindo novos caminhos

Em cinquenta anos, construtora deu origem a uma holding diversificada e estruturada em várias áreas de negócios, com faturamento de RS 1,6 bilhão.

Desde as primeiras ruas e avenidas na Recife de 1953 e as estradas que se seguiram em Pernambuco e no Nordeste, a Queiroz Galvão abriu muitos caminhos nos 50 anos de atividades que a transformaram em uma das principais empresas privadas do país no setor de construção civil. A área de engenharia ainda é o carro-chefe, respondendo por 65% de uma receita total que superou R$1,6 bilhão em 2.002, pois a Queiroz Galvão S/A está estruturada em uma holding com várias áreas de negócios. “Eu ainda vejo a empresa como um grupo jovem, com características empreendedoras, sempre procurando novos caminhos e acreditando no futuro”, define João de Queiroz Galvão. (leia entrevista na página anterior).


Em cinquenta anos, construtora deu origem a uma holding diversificada e estruturada em várias áreas de negócios, com faturamento de RS 1,6 bilhão.

Desde as primeiras ruas e avenidas na Recife de 1953 e as estradas que se seguiram em Pernambuco e no Nordeste, a Queiroz Galvão abriu muitos caminhos nos 50 anos de atividades que a transformaram em uma das principais empresas privadas do país no setor de construção civil. A área de engenharia ainda é o carro-chefe, respondendo por 65% de uma receita total que superou R$1,6 bilhão em 2.002, pois a Queiroz Galvão S/A está estruturada em uma holding com várias áreas de negócios. “Eu ainda vejo a empresa como um grupo jovem, com características empreendedoras, sempre procurando novos caminhos e acreditando no futuro”, define João de Queiroz Galvão. (leia entrevista na página anterior).

A mesma definição que aliás cabe, passados 50 anos, a um grupo menor. formado por quatro irmãos engenheiros o próprio João, que hoje comanda as operações no exterior, Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país, a partir da sede no Rio de Janeiro: o seu irmão mais velho, Antônio, presidente e atual patriarca do grupo, que acaba de completar 80 anos e ainda está à frente da eterna “matriz” em Recife; além de dois outros fundadores e também irmãos, já falecidos, Mário e Dario.

A vocação para a engenharia de quatro irmãos - algo sui generis em uma mesma família - veio acompanhada de uma outra providência que se revelaria extremamente acertada nos anos que se seguiram. Nem bem completou dez anos de existência, a Queiroz Galvão se estruturou nacionalmente, através de três administrações regionais - Norte (Fortaleza), Nordeste (Recife) e Sul (Rio de Janeiro) - dirigidas pessoalmente por um ou dois dos Queiroz Galvão e, portanto, com grande autonomia e integração entre si. O portifólio dessa época fala por si: de uma ponte sobre o rio Capibaribe, passando pelos eixos rodoviários Belém /Brasília, Manaus/Porto Velho e Vitória/Belo Horizonte, até obras para os DERs de São Paulo e Rio. A década de 70 em seu início confirmou essa vocação estritamente rodoviária, com estradas que cortaram o Nordeste de alto a baixo, da Bahia ao Piauí, e quatro anos no meio da mata, recebendo suprimentos e víveres de avião, na execução dos 256 quilômetros de Altamira a Itaituba da BR-230, também conhecida como Transamazônica (um dos poucos trechos ainda hoje perfeitamente operacionais). Havia, no entanto, uma outra vocação latente na família Queiroz Galvão, desde a execução de sua primeira obra púbica nos primórdios da construtora, o sistema de abastecimento de água da cidade de Limoeiro (PE).

A empresa se lançou na construção de pequenas barragens de contenção de cheias e abastecimento, como as de Carpina, Tapacurá e Goitá, em Pernambuco. Novos caminhos também foram percorridos nos trilhos (e túneis) da Estrada de Ferro Carajás, da Companhia Vale do Rio Doce, e da Ferrovia do Aço, em Minas Gerais. A consolidação dessa diversificação de atividades viria, naturalmente, na década seguinte.

E começa em grande estilo, logo em abril de 1980, com a criação da Queiroz Galvão Perfurações, inicialmente para perfuração de poços de petróleo e que depois passou a atuar também na exploração e produção de petróleo e gás. Quatro anos depois, um outro grande passo, desta vez fora do país. A construtora brasileira vence a licitação internacional para a construção da Barragem de Paso Severino. no Uruguai, responsável pelo abastecimento da cidade de Montevidéu. Finda a obra, em 1987, o grupo já começa estudar a criação de uma diretoria de Negócios Internacionais.

“Carretera” boliviana — A maturação não é longa e isso acontece já no início dos anos 90 na Bolívia, com a execução de um trecho da “carretera” Rio Seco/Desaguadero, que liga La Paz ao sul do Lago Titicaca e à fronteira com o Peru. Junto com as obras de Padcaya/La Marmora e Ascención, serão 247 quilômetros em território boliviano sob responsabilidade da Queiroz Galvão nos anos seguintes. Sem contar a rodovia Santa Rosa/ Sicuani nos Andes peruanos. "Essas obras foram muito importantes para aumentar nossa competitividade no Brasil. E o que ocorre com qualquer pessoa, que passa algum tempo no exterior, supera problemas e volta com uma visão mais ampla”, diz Malthus Antonio Soares, diretor de negócios internacionais.

Antes de seguir adiante nessa década que se revelou promissora para a diversificação de negócios, não se pode deixar de mencionar ainda naquele momento a conquista das obras da Usina de Miranda (390 MW), em Minas Gerais. Com ela, a Queiroz Galvão carimbou o passaporte para o clube dos “barrageiros”. "Como a Transamazônica, que demonstrou a nossa capacidade logística e a Ferrovia do Aço, que provou nossa competência em grandes obras, Miranda abriu caminho para todas as hidrelétricas que se seguiram”, confirma Ildefonso Colares, diretor de construção pesada da Queiroz Galvão.

Antes, porém, o grupo tratou de se associar a outros clubes igualmente promissores. No biênio 94795 compra duas siderúrgicas no Maranhão que hoje exportam cerca de 400 mil t, anuais de ferro gusa para Europa, Estados Unidos e Ásia. Também se desenvolve uma área agropecuária que mais tarde iria contribuir para transformação do Vale do São Francisco em um polo produtor e exportador de frutas. Nasce também o Banco Galvão de Negócios (BGN) que opera como banco múltiplo no Nordeste e em várias capitais do país. O banco é fundamental, explica Ricardo Galvão, diretor executivo, porque o principal negócio (construção) obriga o grupo a fazer análise de crédito e risco dos diversos clientes. “Com frequência também temos necessidade de viabilizar “funding” aos nossos subcontratados e fornecedores que muitas vezes tem o seu pagamento vinculado à quitação, por parte do cliente, da fatura correspondente ao serviço e fornecimento por ele realizado”.

Desde 1993, a Queiroz Galvão também participa do mercado de limpeza pública, coleta de lixo, recuperação e gerenciamento de aterros sanitários no Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória (ES). É nessa época que marca um importante tento ecológico ao colaborar para a transformação do maior lixão da América Latina (1,3 milhão m2), o Aterro do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, em um aterro sanitário.

O novo modelo de gestão — O grande salto, no entanto, viria na segunda metade da década de 90, devidamente embalado pela implantação de um novo modelo de gestão. “Buscamos o fim da estanqueidade das áreas de negócios e a introdução da gestão com foco nos diversos processos com maior participação e comprometimento dos colaboradores. Adicionalmente, obtivemos uma maior horizontalização da estrutura organizacional com a redução de três níveis hierárquicos”, lembra Ricardo Galvão.

Ricardo da Boa-Viagem Parahyba, diretor de Suporte à Gestão e Tecnologia, garante que o novo modelo proporcionou uma estrutura mais leve e flexível, dando maior autonomia e responsabilidade às áreas de negócio. “Esse processo envolveu todos, do grupo executivo aos encarregados nas obras. Identificamos os procedimentos em cada área e oferecemos instrumentos a cada colaborador para identificação de seu produto e de suas metas. Em última instância, conseguimos descentralizar todas as decisões operacionais”.

Um bom exemplo pode ser dado pelo gerenciamento dos equipamentos da frota própria da construtora. O próprio Ricardo Parahyba, que responde por essa área na sede da Queiroz Galvão no Rio de Janeiro, explica que a aquisição e o controle do “patrimônio" equipamento são centralizados, bem como a alienação dos mesmos. Estando na obra, no entanto, a responsabilidade por sua manutenção é do responsável pelo contrato. A aquisição de materiais e contratação de terceiros também é descentralizada e responsabilidade dos contratos”. Essa descentralização, complementa Ildefonso Colares, foi fundamental em uma empresa que trabalhava basicamente em obras públicas e que passou a atuar mais intensamente no mercado privado como contratada e diretamente como concessionária. “No mercado privado, temos margens menores e estamos muito mais próximos dos clientes. E preciso realmente grande agilidade e atenção redobrada em relação às nossas obrigações contratuais”. Desse modo, devidamente reestruturado o Grupo Queiroz Galvão ingressa no mercado de concessões, integrando consórcios na área rodoviária, em São Paulo e no Paraná, e de saneamento, no Rio de Janeiro. Mais tarde, também participaria como coinvestidora na Plidre- létrica de Santa Clara (60 MW), na divisa entre Minas Gerais e Bahia.

A área de construção propriamente dita manteve-se aquecida com a retomada das obras da linha 2 do metrô carioca que lhe valeria know how para futuros contratos, como o da linha 6 do metrô de São Paulo e dos metrôs de Fortaleza e Recife. Em 1995, também inicia o maior programa de irrigação da América Latina, o Projeto Jaíba, que iria resultar na irrigação de 18 milha, em pleno Polígono das Secas, em Minas Gerais, com a escavação de mais de 100 quilômetros de canais a céu aberto, a partir da margem direita do rio São Francisco.

Entre outras obras emblemáticas nesse período, pode-se destacar a ponte estaiada sobre o rio Paranaíba, junto à divisa de Minas Gerais com Mato Grosso do Sul - com torres de 95,4 m para sustentação dos estais- e a construção em apenas 20 meses do Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza (CE), com área de 36 mil m2 e capacidade para embarque e desembarque de 2,5 milhões de passageiros/ano. Foi o coroamento de um conjunto de obras aeroportuárias no Nordeste, que incluíram infraestrutura básica para alavancas de desenvolvimento regional, como o porto de Suape, em Pernambuco. No novo milênio que se inicia, o Grupo Queiroz Galvão colhe os frutos que plantou no passado. Os contratos de concessão estão em andamento, com investimentos próprios em sistemas de tratamento e distribuição de água e na operação e manutenção de estra- das federais e estaduais. Também participa como investidora em empreendimentos para produção de petróleo e gás offshore e onshore, muitas vezes em parceria com a Petrobrás.

Projetos próprios — E mesmo o core business original, a construção rodoviária, esteve até há poucos meses atrás bem representado pelas obras de duplicação da Fernão Dias e pelo primeiro lote concluído no Trecho Oeste do Rodoanel em São Paulo. Nenhuma área, no entanto, é tão paradigmática quanto a de energia. Valeu a antevisão e as projeções feitas ainda durante a construção da Usina de Miranda. A Queiroz Galvão entra no novo século com cinco hidrelétricas em mãos. Três projetos próprios, onde é responsável por todas as etapas de construção e montagem eletromecânica dos Aproveitamentos Hidrelétricos de Santa Clara (60 MW), no rio Mucuri, em Nanuque (MG), Jauru (120 MW) no rio e município de mesmo nome em Mato Grosso, e Quebra Queixo (120 MW), no rio Chapecó, em Santa Catarina. Como contratada, é líder nos contratos de EPC - Engineering, Procurement. and Construction - nos Aproveitamentos Hidrelétricos de Queimados (105 MW), no rio Preto, em Unaí (MG) e Aimorés (330MW), no rio Doce, no município mineiro de Aimorés.

Novos contratos — Na área de construção pesada, Ildefonso Colares vê grandes perspectivas em obras de ampliação do transporte de massa nas grandes capitais, metrôs em particular, e de aeroportos. Grandes oportunidades também estão se abrindo, diz ele, na expansão da infraestrutura para produção e distribuição de petróleo (gasodutos, terminais, portos e refinarias). “Além de novas hidrelétricas, que precisam ser concebidas com antecedência, pois é um tipo de obra que exige um tempo de maturação de quatro a cinco anos’. Em relação a novos contratos no exterior, Malthus Antonio Soares está confiante na nova política brasileira de integração com os países vizinhos. “Com financiamento do Proex e do BNDES em breve poderemos viabilizar corredores de exportação através da Bolívia até portos chilenos e peruanos no Pacífico”.

Em termos estratégicos, diz Ricardo Galvão. diversas áreas estão sendo consideradas para atuação futura da Queiroz Galvão no Brasil e no exterior. "A engenharia é e ainda será nosso principal negócio. É o que melhor sabemos fazer, porém estamos atentos a novas oportunidades por exemplo na área de energia, com geração própria através de hidrelétricas e contratos de risco para produção de óleo e gás. Além é claro da área de meio ambiente, cuja necessidade de preservação e busca de alternativas propiciarão muitas oportunidades de negócios”.

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