Revista M&T - Ed.130 - Novembro 2009
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Eletrônica embarcada

Quando menos é mais

Para algumas empresas do setor, o custo de aquisição e a variabilidade na operação tornam os equipamentos mecânicos mais atrativos que os dotados de maior tecnologia, mesmo diante dos ganhos proporcionados pela eletrônica embarcada

O sistema informa todos os parâmetros de funcionamento da máquina pelo monitor instalado na cabine, mas se o operador não souber interpretar esses dados, eles não terão o mínimo valor. Em situações como essa, a eletrônica embarcada deixa de ser um aliado na busca pela maior produtividade e se transforma num custo adicional à operação, totalmente desnecessário, motivo pelo qual algumas empresas preferem utilizar equipamentos com menor conteúdo tecnológico. Nesse grupo se incluem as locadoras, que geralmente não têm controle sobre a operação de seus equipamentos.

“Os equipamentos atuais incorporaram recursos fantásticos, mas infelizmente nossa mão-de-obra não está preparada para lidar com toda essa tecnologia embarcada”, afirma Eurimilson Daniel, diretor da Escad Rental. O problema torna-se ainda mais crônico para as locadoras, cujos equipamentos são deslocados constantemente de um canteiro para outro para atender contratos com diferentes construtoras. Daniel explica que sua empresa oferece a locação das máquinas com ou sem operador, embora muitos clientes optem pela


O sistema informa todos os parâmetros de funcionamento da máquina pelo monitor instalado na cabine, mas se o operador não souber interpretar esses dados, eles não terão o mínimo valor. Em situações como essa, a eletrônica embarcada deixa de ser um aliado na busca pela maior produtividade e se transforma num custo adicional à operação, totalmente desnecessário, motivo pelo qual algumas empresas preferem utilizar equipamentos com menor conteúdo tecnológico. Nesse grupo se incluem as locadoras, que geralmente não têm controle sobre a operação de seus equipamentos.

“Os equipamentos atuais incorporaram recursos fantásticos, mas infelizmente nossa mão-de-obra não está preparada para lidar com toda essa tecnologia embarcada”, afirma Eurimilson Daniel, diretor da Escad Rental. O problema torna-se ainda mais crônico para as locadoras, cujos equipamentos são deslocados constantemente de um canteiro para outro para atender contratos com diferentes construtoras. Daniel explica que sua empresa oferece a locação das máquinas com ou sem operador, embora muitos clientes optem pela segunda modalidade.

Nesses casos, ele ressalta que não é incomum o operador transferir o controle do equipamento para outro profissional sem instruí-lo sobre os recursos disponíveis. “Já registramos casos em que o funcionário, sem entender os sinais emitidos pelo rolo vibratório, que informavam os parâmetros de compactação, paralisou a operação do equipamento.” Daniel também relata casos em que o usuário simplesmente desabilitou sensores e outros componentes do sistema eletrônico para evitar contratempos desse tipo, o que representa um contra-senso por não aproveitar os recursos oferecidos pela máquina.

Prós e contras
Para as empresas de rental, a falta de cuidado de alguns usuários finais em relação ao equipamento locado representa outro problema, principalmente em se tratando de componentes sensíveis como os do sistema de eletrônica embarcada. Nesse capítulo, o especialista inclui as máquinas com cabine fechada e ar condicionado, itens que, assim como a eletrônica embarcada, aumentam a produtividade do serviço. “O conforto oferecido por um equipamento com essa configuração é inegável, mas o sistema de refrigeração da cabine exige cuidados, uma manutenção custosa e nem sempre o cliente está disposto a pagar por isto.”

Diante dessa situação, os profissionais do setor destacam o maior custo da manutenção eletrônica, com a substituição do tradicional mecânico por profissionais formados em mecatrônica, nem sempre disponíveis em todas as regiões do País. “Consertamos um equipamento mecânico mais rapidamente e, na maioria das vezes, apenas com recursos locais, o que faz uma grande diferença nas obras localizadas longe dos grandes centros urbanos”, explica Albano Jorge Mendes, gerente de suprimentos da construtora Azevedo & Travassos.

Apesar do suporte oferecido por fabricantes e distribuidores, com o envio de técnicos equipados com laptop para o levantamento do código de falha da máquina eletrônica, Albano destaca o custo envolvido nesse tipo de operação e o tempo de máquina parada. “Muitas vezes o equipamento está em perfeito estado de conservação, mas apresenta problema em um item eletrônico e fica parado aguardando a visita do técnico”, complementa Daniel.

Os dois especialistas apontam os ganhos de produtividade, custo e segurança proporcionados por tecnologias como os motores eletrônicos integrados a sistemas de monitoramento remoto por GPS (sistema global de posicionamento). Mas ressaltam que tais benefícios somente são obtidos quando o equipamento trabalha em condições uniformes de operação, sem muitas relocações de canteiros e mudanças de operador. “A tecnologia embarcada é muito útil em projetos com grande volume de produção, caso contrário pode representar um custo por algo que não se usa”, afirma Albano.

Custo da tecnologia
Como exemplo, ele cita o uso de uma calculadora HP sofisticada para executar apenas as quatro operações básicas ou o caso do proprietário de um smartphone, com acesso à internet sem fio e diversos outros recursos, que emprega o aparelho apenas para ligações telefônicas. Pelos cálculos de Albano, a eletrônica embarcada aumenta o custo de aquisição do equipamento em 25% a 30%, motivo pelo qual sua utilização deve ser ponderada em função da necessidade do projeto.

Por esse motivo, ele explica que a Azevedo & Travassos opera com uma frota de equipamentos mista, composta por modelos com maior ou menor conteúdo tecnológico. “Nas obras de infraestrutura de grande porte, que demandam grandes volumes de produção, mobilizamos as máquinas mais sofisticadas, deixando aquelas com menos tecnologia para os projetos menores e sem tantas exigências”, diz o especialista.

A empresa atua em obras de dutos, rodovias, edificações, loteamentos, construção industrial e terraplenagem, entre outras atividades, mobilizando uma frota de cerca de 280 equipamentos de grande porte, como escavadeiras hidráulicas, retroescavadeiras, pás carregadeiras, tratores de esteira, motoniveladoras e assentadores de tubos (pipelayers). Segundo Albano, a construtora opera com alto índice de terceirização do parque de máquinas, sendo que cerca de 70% da frota mobilizada corresponde a modelos locados.

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