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Revista M&T - Ed.85 - Out/Nov 2004
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GESTÃO I

Qual o peso dos pneus na planilha de custos

A opinião de quem "paga a conta": os responsáveis pelo gerenciamento da frota de equipamentos e veículos em construtoras, mineradoras e empresas de movimentação de carga.

Não é fácil chegar-se a um denominador comum do quanto representa em média o item pneus na planilha de manutenção de uma frota de equipamentos. As variações são significativas de empresa para empresa e dependem obviamente do tipo de aplicação e dos equipamentos e veículos considerados. Sabe-se, no entanto, que, descontando-se a mão-de-obra e o combustível, o pneu é o item mais crítico na maioria dos casos. Com um agravante: mão-de-obra e combustíveis são itens razoavelmente previsíveis.

Já com os pneus, entre comprar, usar e arcar com todos os custos de aplicação e manutenção, incluindo reformas e consertos, pode-se levar anos para se ter um panorama razoavelmente preciso dos custos. Além


A opinião de quem "paga a conta": os responsáveis pelo gerenciamento da frota de equipamentos e veículos em construtoras, mineradoras e empresas de movimentação de carga.

Não é fácil chegar-se a um denominador comum do quanto representa em média o item pneus na planilha de manutenção de uma frota de equipamentos. As variações são significativas de empresa para empresa e dependem obviamente do tipo de aplicação e dos equipamentos e veículos considerados. Sabe-se, no entanto, que, descontando-se a mão-de-obra e o combustível, o pneu é o item mais crítico na maioria dos casos. Com um agravante: mão-de-obra e combustíveis são itens razoavelmente previsíveis.

Já com os pneus, entre comprar, usar e arcar com todos os custos de aplicação e manutenção, incluindo reformas e consertos, pode-se levar anos para se ter um panorama razoavelmente preciso dos custos. Além do que, ao contrário dos combustíveis, há uma dificuldade natural de se controlar sistematicamente todos os pneus de uma frota.

Por isso mesmo, profissionais responsáveis pela gestão de equipamentos e veículos em construtoras, prestadores de serviço na área de movimentação e mineradoras, utilizam metodologias próprias, muitas vezes específicas para o perfil de sua frota, mas com um objetivo comum contabilizar os custos com pneus e, consequentemente, implementar ações para reduzi-los.

De um modo geral, o custo de manutenção em um equipamento novo é da ordem de 35% — outros 35% são relativos ao custo de combustível e lubrificantes e o restante, 30%, o custo de depreciação (sem juros sobre o capital empregado). Neste número não está computado o custo da mão-de-obra de operação que normalmente não pode ser calculado como uma porcentagem, pois é um número fixo, em torno de R$ 10,00 a R$ 12,00 por bora para um operador experiente e habilitado. Dentro do percentual de 35% da manutenção, o custo de pneus pode variar entre 40% a 60%, dependendo do tipo do pneu e da aplicação.

Sendo assim, o custo dos pneus representaria entre 15% a 20% do custo total do equipamento. Considerando apenas custos de operação e manutenção (manutenção -l- combustível + lubrificante) o custo de pneus giraria em torno de 20% a 30%, ficando atrás apenas do custo de combustíveis. Há, no entanto, algumas particularidades que devem ser consideradas.

No caso do transporte rodoviário, o custo dos pneus pode vir em primeiro lugar. Além disso, há uma diferença básica entre custo de combustíveis e de pneus. Enquanto o primeiro sofre variação basicamente pelo regime de trabalho e pelo modo do operador, o último está sujeito a muitas variáveis, fazendo com que o custo possa ser muito maior do que a média.

“O custo dos pneus realmente sofre variação em função do tipo de equipamento e aplicação, representando entre 2 e 9% do custo horário total", explica Paulo Oscar Auler Neto, superintendente de aquisição de equipamentos da Odebrecht. Os equipamentos em que os pneus representam o menor custo, lembra ele, são os rolos compactadores e os de maior custo são os caminhões fora-de-estrada acima de 14:00 X 25.

Segundo ele, na Construtora Norberto Odebrecht, que tem em sua frota cerca de 500 pneus fora-de-estrada em operação no Brasil, monitorados por software próprio de registro e controle de vida útil, no ranking de custos, o primeiro é o custo de combustível, depois a mão-de-obra de operação e depois, dependendo do tipo de equipamento, vêm os custos de pneus e a mão-de-obra de oficina.

Fórmula clássica — Silvimar Fernandes Reis, diretor de Suprimentos da Galvão Engenharia, diz que, em sua operação, tanto no caso dos caminhões, quanto no dos equipamentos, desconsiderando-se a mão-de-obra, o custo dos pneus fica em terceiro lugar do custo total. Ele recorre a uma fórmula clássica em que o Custo Total (CT) é a somatória do Custo de Manutenção (CM) e o Custo Operacional (CO). O Custo de Manutenção leva em conta gastos com peças, material de desgaste e rodante (pneus no caso). O Custo Operacional, por outro lado, inclui combustível, lubrificante e filtros.

Aplicando-se essa fórmula, os pneus respondem na operação da Galvão Engenharia por 7,71% do custo total dos equipamentos sem esteiras e a 12,89% no dos caminhões. Para efeito de comparação, os itens peças e combustível correspondem, respectivamente, por 46,55% e 39,08% do custo total dos equipamentos (lubrificantes^ 5,02 % CT e filtros: 1,64 % CT). No caso dos caminhões, essa ordem se inverte. O combustível responde por 44,37% do custo total e as peças, 39,08%. (lubrificantes: 2,68% CT e filtros: 0,98 % CT).

Uma outra referência do quanto representam os custos com pneus pode ser dada pelos apontamentos de uma obra em plena execução. Na obra do Consórcio Capim Branco Civil (CCBC), liderado pela Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e integrado pela Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão a frota é bastante diversificada e vem sendo readequada constantemente em função da evolução do projeto.

Francisco Neto, gerente de equipamentos da CCBC, no entanto, mantém sob rígido controle alguns dos elementos centrais dessa frota: caminhões fora-de-estrada RK430, rodoviários MB 2638 e MB2635, além de caminhões Volvo NL 10. Em média, diz ele, nesse grupo de equipamentos e veículos, o custo dos pneus representa de 6 a 8%, o de combustíveis 23% e o de lubrificantes, 1,2% do custo horário total.

Esses números variam se, da atividade típica de construção, fossem considerados os custos com pneus na gestão de equipamentos móveis em uma operação portuária. Rafael Mohedano, diretor da Divisão de Equipamentos da Tomé Engenharia e Transportes, mantém sob controle, com o software “Control Point”, aproximadamente 462 pneus fora de estrada rodando, com tamanhos entre 1800x25 e 1600x25. Segundo ele, os pneus representam 6,6% da receita bruta e 27,5% dos custos de manutenção.

Em relação ao diesel não temos como fazer um comparativo porque os clientes respondem pelo abastecimento das stackers e top loaders, ficando para a Tome o abastecimento dos conjuntos e veículos de passeio. Outros itens, considerando-se sempre o percentual em relação à receita bruta, são os custos com peças e acessórios (10,9%), manutenção interna e externa (6,5%) e lubrificantes (1,8%).

A grande mineração também tem suas particularidades e metodologia própria para aferir o custo com pneus. A CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), por exemplo, que mantém operação em Itabira (MG)350 pneus gigantes e outros 500 menores em operação 24 horas, distingue os pneus-fora-de estrada em pelo menos duas categorias de aplicação distintas, que tem parâmetros de controle e perfis de custos completamente diferentes. Os primeiros são os C/LT (Construction and Ligth Trucks — Construção e Caminhões Leves) e os outros HD/GT (Heavy Duty and Giant Trucks — Serviço Pesado e Caminhões Gigantes).

"Enquanto que no primeiro grupo o custo de pneus não representa mais que 10% do custo operacional da frota, aparecendo em quinto ou sexto lugar (atrás de combustível, peças e mão de obra), no segundo grupo (HD/GT), esse custo é extremamente significativo, cerca de 25% de todo custo operacional, ficando atrás apenas do combustível",explica Luiz Antonio Vasconcelos, gerente de manutenção, responsável pela área de caminhões fora-de-estrada e pneus.

Sem esteiras — A maioria dos grandes usuários de equipamentos não recomenda que se faça, no cálculo de custos gerais, o controle de custos com pneus junto com o de esteiras. “São itens que não podem ser comparados, pois possuem variáveis diferentes e têm impactos diferentes nos custos em função do tipo de equipamento e da forma de aplicação. A forma de avaliação de desgastes também é controlada de forma diferente”, explica Paulo Oscar Auler Neto, da Odebrecht. “Baseado em nossa experiência com pneus, principalmente pneus gigantes (medida 30.00R51 e acima), também não recomendo unificar controles de pneus e material rodante”, acrescenta Luiz Vasconcelos, da CVRD. “As variáveis, métodos e principalmente custos são totalmente diferentes. Por exemplo: em algumas minas não faz sentido o acompanhamento do custo de pneus por milímetro de borracha, mas faz sentido o custo do material rodante por milímetro de desgaste”.

De qualquer modo, tanto pneus quanto esteiras exigem medições constantes, acompanhamento das variáveis da utilização e controle de recuperação. Tanto que algumas construtoras utilizam o mesmo software base para o controle dos pneus e do material rodante. Para que o mesmo controle genérico possa ser utilizado, no entanto, deve-se considerar de antemão que em aplicações severas em rocha, o custo do material rodante é maior do que o de pneus. Novamente, as variáveis que afetam os pneus são muito maiores, sendo inclusive muito mais influentes no fator segurança do que o material rodante. O que parece mais arriscado num equipamento em movimento, um pneu estourado ou uma esteira rompida?

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