Apesar do descompasso entre os investimentos anunciados e a quantidade de projetos em execução na área de construção de dutos (veja quadro na pág. 52), as construtoras especializadas nesse tipo de obra mantêm o otimismo enquanto aguardam a oportunidade de disputar novos contratos. Os fabricantes de equipamentos específicos para essa atividade adotam o mesmo comportamento, especialmente as empresas especializadas na conversão de tratores de esteiras em assentadores de tubos, os mais utilizados em obras de oleodutos, gasodutos, minerodutos e demais linhas de transporte.
Embora apontem uma diminuição no ritmo das atividades, esses fabricantes apostam nos projetos em fase de concorrência e de licenciamento para a expansão na demanda por equipamentos específicos para a instalação de tubos. No caso dos assentadores de dutos, também conhecidos como side booms ou pipelayers, o otimismo se baseia nos prazos cada vez mais apertados para a instalação dos canteiros, o que deve impulsionar uma corrida das construtoras para a modernização de seus parques. Afinal, a maior parte desses equipamentos n
Apesar do descompasso entre os investimentos anunciados e a quantidade de projetos em execução na área de construção de dutos (veja quadro na pág. 52), as construtoras especializadas nesse tipo de obra mantêm o otimismo enquanto aguardam a oportunidade de disputar novos contratos. Os fabricantes de equipamentos específicos para essa atividade adotam o mesmo comportamento, especialmente as empresas especializadas na conversão de tratores de esteiras em assentadores de tubos, os mais utilizados em obras de oleodutos, gasodutos, minerodutos e demais linhas de transporte.
Embora apontem uma diminuição no ritmo das atividades, esses fabricantes apostam nos projetos em fase de concorrência e de licenciamento para a expansão na demanda por equipamentos específicos para a instalação de tubos. No caso dos assentadores de dutos, também conhecidos como side booms ou pipelayers, o otimismo se baseia nos prazos cada vez mais apertados para a instalação dos canteiros, o que deve impulsionar uma corrida das construtoras para a modernização de seus parques. Afinal, a maior parte desses equipamentos não é fornecida como item de prateleira, já que resulta de adaptações realizadas em tratores de esteiras mais antigos.
Segundo Manoel Araujo, diretor de produção da Imbra Máquinas, que atua na fabricação, venda, locação e transporte de equipamentos para obras de infraestrutura e dutos, o critério para a seleção do trator de esteiras a ser convertido em side bom não está relacionado apenas com o seu tempo de uso. “O equipamento também deve estar em bom estado de conservação, de forma a facilitar futuras manutenções, além de dispor de peças no mercado de reposição”, ele afirma.
Etapas da instalação
Araújo explica que o primeiro passo da adaptação passa pela retirada das lâminas, do rípper e do material rodante do trator. Seus principais componentes também passam por uma revisão, tais como o motor, transmissão e bombas hidráulicas, enquanto o chassi é submetido a uma reforma completa. O serviço envolve a limpeza do chassi por jateamento com granalhas e, após minuciosa vistoria de seus componentes, eventuais trincas ou fissuras serão corrigidas com solda. A terceira etapa contempla a montagem do kit side boom.
“O trator se modifica completamente, pois as sapatas de 22 polegadas, por exemplo, são trocadas por modelos de 28 polegadas, de forma a proporcionar maior estabilidade durante o levantamento de cargas, e as alavancas mecânicas são substituídas por joysticks”, afirma Araújo. Segundo ele, os guinchos hidráulicos que equipam os side booms da empresa possuem capacidade para a elevação de até 60 t, a uma velocidade de 25 m/min, contando ainda com redutores planetários de três estágios e com sistema de freio automático multidisco.
Um diferencial em relação a outros modelos existentes no mercado, segundo ele, está relacionado à lança, que, ao contar com um dispositivo de segurança de final de curso ativado automaticamente, fica livre de possíveis deformações ou acidentes. “A nossa linha de montagem tem capacidade para a fabricação de quatro modelos para transporte e assentamento de tubos de vários diâmetros”, afirma o executivo.
Ele ressalta que todos os equipamentos são dotados de cabines fechadas com proteção contra tombamento (ROPS), cujos modelos ainda incorporam ar condicionado (ou capotas). Outro componente importante aplicado nas cabines, segundo ele, está associado a um sistema que facilita a comunicação com o operador da máquina por meio de um dispositivo que emite sinais sonoros e visuais de alerta. “Pensando na proteção do meio ambiente, também fazemos a substituição de todo o sistema de vedação do equipamento, de forma a evitar qualquer tipo de vazamento de óleo.”
Cuidados na adaptação
Rafael Arnaldi, gerente executivo da Eficas, que atua no mesmo segmento e se posiciona como pioneira na adaptação de escavadeiras hidráulicas em side booms, ressalta os investimentos da empresa em pesquisa e desenvolvimento. Ele destaca que as adaptações para instalação do kit side boom demandam profundo conhecimento do sistema hidráulico da máquina, que, necessariamente, deve ser totalmente redimensionado para atender à nova aplicação.
De acordo com o executivo, os modelos da empresa são equipados com guinchos hidráulicos mais modernos e rápidos, além de um sistema de segurança que identifica falhas de operação durante a elevação e manipulação de carga. “Os moitões utilizados em nossos equipamentos são montados com rolamentos, evitando a perda de eficiência por atrito”, diz ele.
No que tange à manutenção preventiva e corretiva dos side booms montados sobre tratores de esteiras, os procedimentos são similares aos executados nos modelos tradicionais, porém acrescidos de cuidados especiais nos guinchos, mangueiras e cabos de aço. “Além disso, as manutenções englobam cuidados com a lubrificação do equipamento, com a verificação das roldanas e de outras superfícies de contato com os cabos”, completa Araújo.
Nova configuração
Apesar dos investimentos na adaptação em chassi de tratores de esteiras, o executivo da Eficas revela que muitos clientes da empresa já priorizam a aquisição de side booms montados sobre escavadeiras hidráulicas, uma prática ainda recente no mercado em comparação à operação tradicional. A Volvo Construction Equipment (VCE) também fornece assentadores de tubos com essa configuração, que foram apresentados ao mercado brasileiro durante a M&T Expo 2009, juntamente com seu lançamento mundial.
Os equipamentos, que já saem de fábrica com lança, contrapeso, material rodante e outros componentes projetados para aplicação em assentamento de dutos, são oferecidos em dois modelos. O PL4608 tem capacidade para o levantamento de 80 t, enquanto o PL4611 trabalha com uma capacidade de 110 t. Um terceiro modelo, de 50 t, encontra-se em fase final de desenvolvimento e deve ser lançado em breve no mercado brasileiro.
“O grande diferencial desses modelos está diretamente associado ao fato de a lança ser fixada na parte superior da escavadeira hidráulica, o que preserva o giro de 360º da máquina”, afirma Bóris Sanchez, gerente de engenharia de vendas da VCE Latin America. Segundo ele, esse ganho de mobilidade em relação aos equipamentos sobre chassi de trator de esteiras se reverte em produtividade na movimentação dos tubos, tanto nos serviços de pátio como no enfileiramento dos dutos ao lado das valas.
Segurança nos movimemntos
A aplicação de assentadores de tubos em pátios, aliás, figura como uma tendência crescente em obras de dutos já que eles são previamente soldados numa oficina em pares de tubos, antes do seu transporte à frente de montagem (sistema double joint). “A operação desses equipamentos requer muita precisão e coordenação de movimentos e, nesse ponto, nossos modelos oferecem recursos que conferem maior estabilidade, segurança e facilidade ao trabalho”, completa Sanchez.
Outra vantagem apontada se refere à segurança operacional, na medida em que o sistema de gerenciamento de carga (LMS) do pipelayer utiliza sensores montados na lança e na máquina base para o monitoramento do ângulo da lança, bem como a direção e inclinação do equipamento.
“Trata-se de um sistema computadorizado que monitora constantemente a carga durante a operação, reduzindo o risco de tombamento da máquina, seja em superfícies planas ou em ladeiras”, diz Masashi Fujiyama, engenheiro de aplicação da empresa. Como exemplo, ele cita o transporte de tubos em uma ladeira, situação na qual a trava mecânica de giro do equipamento proporciona maior segurança à operação. O sistema também aumenta a produtividade na eventual necessidade de se manter o tubo na mesma posição, como no caso da solda de tubos.
A Volvo destaca ainda a facilidade de transporte de seus assentadores de tubos. O modelo PL4611, por exemplo, conta com um dispositivo para a remoção automática das esteiras da máquina básica, reduzindo o peso e largura da máquina para o seu transporte. Com um simples aperto de botão, sistemas hidráulicos acionam a remoção do carro e elevam o equipamento sobre patolas, facilitando sua instalação sobre a carreta. A PL4608, por sua vez, é equipada com contrapeso traseiro hidraulicamente removível, para se atingir o peso ideal de transporte, que posteriormente pode ser reinstalado.
Sobre trator ou escavadeira?
O uso de assentadores de tubos sobre chassi de escavadeiras hidráulicas, entretanto, não é uma unanimidade no mercado. Na visão de Manoel Araújo, da Imbra, a maior demanda dos clientes deverá permanecer nos side booms montados sobre tratores de esteiras. Segundo ele, tal fato se deve à robustez desses equipamentos para aplicações severas, como obras que exigem a locomoção segura de dutos em terrenos acidentados, com aclives e declives acentuados.
“Fatores técnicos dificultam a adaptação sobre escavadeiras hidráulicas, como, por exemplo, a baixa capacidade de subida em rampa, a menor estabilidade do equipamento base, sua largura e também o contrapeso”, explica Araújo. “Na minha opinião, a adaptação sobre escavadeira não teve uma boa aceitação no mercado e sua eficiência não é totalmente comprovada”, ele complementa.
Rafael Arnaldi, da Eficas, discorda dessa opinião e ressalta que a montagem sobre escavadeiras hidráulicas é mais rápida, já que seu sistema hidráulico é mais moderno, possibilitando a instalação sem a necessidade de muitas adaptações. Ele destaca ainda outros benefícios desse modelo, entre eles o menor consumo de combustível e emissão de poluentes. “O conforto do operador é maior, em virtude do ar condicionado e outros itens de série, os comandos são mais precisos e o equipamento se destaca pela versatilidade na operação, tanto na lateral quanto na frente da escavadeira.”
Além disso, Arnaldi aponta a agilidade no transporte como uma das características marcantes dos assentadores de tubos montados sobre escavadeiras hidráulicas. “Nesse caso, o side boom está apto a embarcar sozinho em uma carreta prancha, sem a necessidade de desmontagem da lança ou contra-peso, dispensando o auxílio de uma equipe e outros equipamentos.” Tais características, segundo ele, diminuem o tempo e o custo de mobilização e desmobilização dos equipamentos. “Os clientes reclamavam muito dos gastos com transporte e, dessa forma, o custo diminui em até 50%”, ele conclui.
Muitos projetos, poucas obras
No momento atual, o ritmo de contratações para a construção de dutos, um tipo de obra muito peculiar, que envolve empresas especializadas e o uso de equipamentos específicos para tal atividade, segue na contramão do volume de investimentos anunciados. Os fabricantes de equipamentos, especialmente as empresas que atuam na transformação de tratores de esteiras em assentadores de tubos (side booms), confirmam essa tendência do mercado.
De acordo com Rodrigo Britto, diretor de negócios da Imbra Máquinas, nenhuma obra de grande porte foi iniciada nesse segmento no primeiro semestre de 2011. “O setor está passando por uma clara estagnação, porém os próximos anos se mostram muito promissores”, ele afirma. Seu otimismo se fundamenta no provável início de grandes projetos no segundo semestre deste ano. Entre eles se incluem o etanolduto – que ligará as cidades paulistas de Paulínia e Ribeirão Preto – o gasoduto entre Uberaba (MG) e São Carlos (SP) e o terceiro mineroduto da Samarco, que irá interligar suas minas e usinas de beneficiamento de Minas Gerais ao terminal de Ponta de Ubu, em Vitória (ES).
Rafael Arnaldi, gerente executivo da Eficas, segue a mesma linha de raciocínio e aponta uma lacuna muito grande entre o início das obras e as divulgações feitas na mídia. “Os empreendimentos não estão saindo do papel. Após 28 anos de atuação no mercado, a nossa empresa vivencia uma pausa prolongada em obras estratégicas, o que acontece, ironicamente, em um momento de crescimento expressivo do país”, ele lamenta.
Mesmo assim, o executivo vislumbra grandes oportunidades num futuro próximo. Além das obras já citadas, os especialistas do setor incluem a construção do maior mineroduto do mundo, com 525 km de extensão, que a Anglo America planeja para escoar sua produção de minério de ferro entre as frentes de lavra, em Minas Gerais, e o Porto de Ponta de Açu (RJ). Além disso, os investimentos anunciados pela Petrobras na exploração do Pré-Sal e a expansão da produção de petróleo certamente implicarão aportes na ampliação da sua malha de dutos para transporte desse óleo.
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