As pessoas sempre estarão no centro. Com esse mote, o diretor da Porsche Consulting Brasil, Rüdiger Leutz, encaminhou sua apresentação no evento de conteúdo promovido anualmente pela Revista M&T, traçando um comparativo entre avançadas linhas industriais de produção – no caso, automotiva – com o segmento da construção. Segundo ele, o paralelo é viável, pois os princípios são os mesmos, resumidos no que ele chama de “triângulo mágico”, a saber: custos, prazos e qualidade. “Essas duas áreas compartilham dificuldades em termos de gestão, restrições espaciais e complexidade organizacional”, destacou. “De modo que a base para qualquer melhoria chama-se planejamento, o que envolve desde o desenho do projeto, layout de trabalho e fluxos logísticos até a sincronia e o monitoramento das atividades.”
O especialista acentuou que os gargalos se avolumam quando n
As pessoas sempre estarão no centro. Com esse mote, o diretor da Porsche Consulting Brasil, Rüdiger Leutz, encaminhou sua apresentação no evento de conteúdo promovido anualmente pela Revista M&T, traçando um comparativo entre avançadas linhas industriais de produção – no caso, automotiva – com o segmento da construção. Segundo ele, o paralelo é viável, pois os princípios são os mesmos, resumidos no que ele chama de “triângulo mágico”, a saber: custos, prazos e qualidade. “Essas duas áreas compartilham dificuldades em termos de gestão, restrições espaciais e complexidade organizacional”, destacou. “De modo que a base para qualquer melhoria chama-se planejamento, o que envolve desde o desenho do projeto, layout de trabalho e fluxos logísticos até a sincronia e o monitoramento das atividades.”
O especialista acentuou que os gargalos se avolumam quando não são resolvidos a tempo, causando desperdícios e contratempos. “A ação tem de ser imediata, pois, se esperar muito, não se recupera mais”, disse ele, ressaltando que a mera absorção de recursos tecnológicos avançados não resolve os problemas por si só. “Todo mundo quer robô. Mas, antes, é preciso fazer a lição de casa, para só depois se inserir a tecnologia, quando os processos já estão devidamente ajustados. Estamos na era da Indústria 4.0, mas é necessário avançar passo a passo, não adianta pular direto da primeira para a quarta.”
Para exemplificar, Leutz citou seis passos cruciais no caminho da produtividade, permitindo obter redução de custos e simplificar processos por meio de uma cultura “lean”. “Há muita afobação para iniciar a obra, mas é preciso planejamento, sem pressão para começar logo o trabalho”, apontou.
Nesse sentido, o diretor também destacou a importância da definição da estratégia operacional, do planejamento orientado a processos e do dimensionamento da organização indireta, passando pela otimização do layout e do fluxo logístico, até chegarà sincronização da produção e ao monitoramento e sustentabilidade. “Uma smart operation exige que se parta desse modelo de excelência operacional, para poder evoluir em direção ao digital, depois conectado, autônomo e, por fim, colaborativo, em que as pessoas decidem preventivamente”, afirmou. “São níveis condicionantes, não se pode pular essa sequência.”
No que tange especificamente ao setor da construção, Leutz frisou como o acompanhamento online das atividades vem permitindo obter ganhos expressivos, citando o case de uma construtora em Londrina (PR) com a qual a Porsche Consulting atuou recentemente. “O acompanhamento de todos os marcos das obras em real time, incluindo tanto o avanço físico como financeiro, permitiu uma avaliação digital diária das tarefas e dos fornecedores”, explicou. “E isso, por sua vez, possibilita verificar a qualidade e agregar serviços adicionais quando necessário, sempre com foco na produtividade.”
Leutz, da Porsche Consulting: pessoas no centro dos processos
ALAVANCAS
Isso é crucial, até porque em relação às demais indústrias o crescimento da produtividade tem permanecido historicamente baixo na construção. Segundo o sócio da McKinsey, Kevin Nobels, os megaprojetos tocados no país frequentemente enfrentam sobrecustos e atrasos de cronograma, ao passo que a participação mundial torna-se cada vez maior e mais complexa. “A baixa produtividade no trabalho da construção brasileira torna os investimentos em infraestrutura menos eficientes”, advertiu o especialista.
Nesse quadro, o consultor elencou sete alavancas para melhorar resultados e estimular a produtividade na construção brasileira. Todas elas envolvem forças externas, dinâmica da indústria e elementos operacionais no nível das empresas, com impactos diretos na produtividade. E, segundo uma pesquisa que a McKinsey realizou com 20 das maiores empresas americanas de engenharia e construção, a principal é a tecnologia. “É possível obter um impacto acumulado de 48% a 60% em produtividade com melhorias em aspectos como regulamentação, capacitação, execução da obra, compras e gerenciamento, contratação, design e engenharia”, listou. “Mas a tecnologia tem o maior percentual de impacto isolado, mostrando que, atualmente, produtividade e digitalização estão correlacionadas.”
Nobels, da McKinsey Brasil: digitalização como propulsor
O consultor ressaltou que, com as tecnologias atuais, o potencial de automação na construção é alto e pode aumentar ainda mais com o desenvolvimento de novas soluções. Mapeando o atual ecossistema de tecnologia no setor, ele destacou as tendências mais proeminentes para se iniciar uma transformação digital, incluindo o uso de automatização, inteligência artificial e analytics. “As tecnologias digitais twin (modelos virtuais de ativos físicos ou processos) trazem oportunidade para otimizar a entrega de projetos, assim como a integração de dados as-built (desenho técnico) com modelos 3D”, exemplificou.
Os debatedores do Workshop 2019: busca por produtividade
Nesse quadro, a rapidez e a precisão dos dados de análise permitem uma atualização automatizada do progresso da obra em tempo real. “O uso de Advanced Analytics (AA) para capitalizar dados está se tornando cada vez mais importante, proporcionando ganhos na otimização do layout, geolocalização de material, operadores e equipamentos, previsão da performance de projeto, produtividade da engenharia e seleção de contratados e subcontratados”, citou.
Ao lado de vetores como robótica vestível, veículos autônomos e impressão 3D, que podem estimular a indústria da construção a criar um sistema de produção em massa, Nobels fez coro a Leutz ao citar que a adoção da tecnologia requer que as empresas saibam associar gestão de projetos com tecnologia, identificando e criando talentos e capacidades, adotando inovações críticas e, acima de tudo, mantendo um plano de transformação, com agilidade e adaptabilidade ao aprendizado. “Processos robustos vêm antes da inovação em si, pois a tecnologia não substitui princípios, práticas e processo sólidos de gestão de projetos”, alertou. “Pensar em inovação é pensar de forma diferente, mais simples e rápida.”
Cases mostram soluções inovadoras
Neste ano, o Workshop Revista M&T trouxe como novidade a apresentação de cases de sucesso na utilização de equipamentos, sistemas e tecnologias aplicadas. “Com o mercado mais baixo, é o momento certo para se debater maneiras de agregar produtividade às atividades”, disse na abertura o presidente da Sobratema, Afonso Mamede.
Na sequência, o gerente de marketing e produto da Atlas Copco, Rafael Basso, discorreu sobre a geração de energia em aplicações severas, com o uso de novas tecnologias como geradores e compressores elétricos de chassi vedado.
“Além de facilitar o transporte, essas novas soluções permitem ganhos de sustentabilidade e produção”, afirmou. Na mesma linha, Josimar Siqueira, consultor de vendas da CPE Tecnologia, mostrou como a aplicação de drones vem aprimorando o controle da produção em levantamentos topográficos. “Com maior detalhamento e precisão, as tecnologias de VANT permitem reduzir o tempo de operação e as equipes envolvidas nos projetos”, disse ele.
Abordando o desempenho das máquinas, o engenheiro de aplicações e serviços da Komatsu, Carlos Nakagawa, explicou como o uso da telemetria permite monitorar o desempenho por meio de índices como consumo de combustível e uso de marcha-lenta, dentre outros. “Essa é a importância de as máquinas se comunicarem, melhorando a forma como são utilizadas”, ressaltou.
Em sentido horário: Basso, Siqueira, Moura, Zermiani, Borgonovo e Nakagawa: cases evidenciam os ganhos de tecnologias aplicadas
Na sua fala, o gerente de marketing da Manitowoc, Leandro Nilo de Moura, citou conceitos inovadores como o uso contrapeso de posição variável em guindastes na montagem de torres eólicas. “Isso possibilita ganhos na composição de custos como uma menor quantidade de caminhões no transporte, mas também na área de preparo do solo e na capacidade de içamento”, comentou.
O gerente de marketing da New Holland, Giovanni Borgonovo, destacou a possibilidade de criação de oportunidades de trabalho por meio de soluções de acessibilidade. “O kit elevatório adaptado à máquina padrão traduz-se em um conceito de inclusão social, um mercado inexplorado com milhões de trabalhadores que pode fazer a diferença frente à baixa qualificação de operadores”, destacou.
Já Vanderlei Zermiani, gerente de vendas da Sotreq/Sitech, mostrou como as tecnologias georreferenciadas trazem resultados expressivos em operações de preparo de solo e terraplenagem. “Como comparativo, podemos citar ganhos no tempo de execução, no trânsito de pessoas no local da obra, no consumo de combustível e na performance geral das máquinas”, concluiu.
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