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Revista M&T - Ed.299 - Novembro de 2025
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ENTREVISTA – BRUNO ARRUDA ANDRADE

“O Brasil é um grande importador da linha amarela’’

Nossa perspectiva é de manter resultados sólidos e sustentáveis, aproveitando o momento positivo de alguns setores e mitigando os efeitos da estagnação em outros, diz o diretor comercial da Vallor Trading
Por Redação

BRUNO ARRUDA ANDRADE

“Mesmo em cenários desafiadores, sempre há setores em expansão, o que contribui para equilibrar a balança comercial”, pondera Bruno Arruda Andrade, diretor comercial da Vallor Trading, nesta entrevista exclusiva concedida à Revista M&T.

Formado em administração e comércio exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, o executivo também possui MBA em gestão pela Thunderbird School of Global Management, em Phoenix (EUA), uma das instituições de maior prestígio mundial na área.

Com mais de duas décadas de experiência em comércio internacional, Andrade iniciou a trajetória profissional em 2003, passando mais recentemente por áreas operacionais e de logística de empresas como Cisa Trading e Timbro Trading, o que lhe proporcionou uma visão abrangente e aprofundada das diferentes etapas que envolvem o


BRUNO ARRUDA ANDRADE

“Mesmo em cenários desafiadores, sempre há setores em expansão, o que contribui para equilibrar a balança comercial”, pondera Bruno Arruda Andrade, diretor comercial da Vallor Trading, nesta entrevista exclusiva concedida à Revista M&T.

Formado em administração e comércio exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, o executivo também possui MBA em gestão pela Thunderbird School of Global Management, em Phoenix (EUA), uma das instituições de maior prestígio mundial na área.

Com mais de duas décadas de experiência em comércio internacional, Andrade iniciou a trajetória profissional em 2003, passando mais recentemente por áreas operacionais e de logística de empresas como Cisa Trading e Timbro Trading, o que lhe proporcionou uma visão abrangente e aprofundada das diferentes etapas que envolvem o negócio de trading com foco em máquinas.

De acordo com o executivo, a Vallor Trading – à qual se juntou no início deste ano – já surgiu com DNA ligado à importação de máquinas e equipamentos, com uma estratégia de atuação que permite enfrentar as flutuações do mercado, ajustando-se continuamente para acompanhar os setores em maior crescimento.

Acima de tudo, Andrade avalia que uma atuação de sucesso no comércio internacional, assim como em qualquer interação de êxito entre agentes econômicos, exige foco na oferta de soluções eficientes para clientes e parceiros, unindo – como ele mesmo diz – “conhecimento técnico, visão global e sólida capacidade de gestão comercial”.

“Nossa perspectiva é de manter resultados sólidos e sustentáveis, aproveitando o momento positivo de alguns setores e mitigando os efeitos da estagnação em outros”, diz ele à M&T, comentando ainda sobre logística, regulação e escalada tarifária, entre outros assuntos.

“Assim, reafirmamos nosso compromisso em ser um parceiro estratégico para empresas que dependem de processos de importação ágeis, seguros e competitivos.”

A seguir, acompanhe os principais trechos da conversa.


Dinamismo é resultado de um trabalho contínuo de análise de cenários,proximidade com clientes e diálogo com fornecedores, diz o executivo. Foto: VALLOR TRADING


  • Qual é a estrutura da Vallor Trading em termos de instalações e equipes no país?

Nossa matriz está localizada em Itajaí (SC), principal polo logístico portuário do sul do Brasil, assegurando proximidade com os principais fluxos de importação. Além disso, contamos com unidades em Barueri (SP), Pouso Alegre (MG), Vitória (ES) e Maceió (AL). Seguindo nosso plano de expansão, ainda neste ano será inaugurada uma nova filial em Recife (PE), reforçando a presença no eixo Norte-Nordeste.

  • Como avalia o fluxo atual de entrada de bens no país em relação ao ano passado?

A Vallor Trading tem DNA voltado à importação de máquinas e equipamentos, segmento cujas oscilações acompanhamos de perto. E nossa experiência mostra que, mesmo em cenários desafiadores, sempre há setores em expansão, o que contribui para equilibrar a balança comercial. Nos últimos dois anos, observamos um forte aquecimento no mercado de construção que, embora tenha alcançado um patamar elevado, encontra-se atualmente em relativa estagnação. Em contrapartida, registramos um crescimento consistente nos setores do agronegócio e pavimentação, que vêm puxando a demanda por novas importações e investimentos.

  • Qual é a estratégia adotada para acompanhar esses movimentos?

A estratégia da Vallor é estar sempre bem-posicionada e preparada para as variações de mercado, ajustando rapidamente a atuação para acompanhar os setores em maior crescimento. Esse dinamismo é resultado de um trabalho contínuo de análise de cenários, proximidade com clientes e diálogo com fornecedores internacionais, garantindo que possamos antecipar tendências e oferecer soluções alinhadas às necessidades de cada segmento.

  • Qual é a complexidade envolvida na importação de equipamentos?

A importação de equipamentos de grande porte envolve um alto nível de complexidade técnica e logística, exigindo experiência consolidada e planejamento detalhado em todas as etapas. Cada operação demanda uma análise minuciosa de variáveis como dimensões, peso, tipo de carga, exigências alfandegárias, disponibilidade de modais, seguros e adequação às normas de segurança e ambientais. Na Vallor, entendemos que o sucesso da operação começa já na preparação e execução inicial do transporte. É a combinação de expertise técnica, rede global de parceiros qualificados e acompanhamento estratégico que permite oferecer segurança, previsibilidade e eficiência em um processo que, por natureza, é complexo e desafiador.

De acordo com o diretor, a escalada tarifária ainda não teve impactos diretos no segmento de importação de máquinas pesadas. Foto: LIEBHERR


  • O que o usuário brasileiro geralmente não sabe sobre a importação de máquinas?

Grande parte dos usuários desconhece a complexidade por trás de uma operação. Além da negociação comercial, há inúmeros fatores que impactam diretamente em custo, prazo e viabilidade da entrega. Hoje, nossos maiores desafios estão concentrados no âmbito logístico. O mercado global de transportes é altamente sensível a fatores externos – como pandemias, conflitos geopolíticos ou guerras tarifárias, que podem alterar drasticamente as rotas e os custos do frete. Além disso, há questões como a infraestrutura portuária – navios de grande porte, com mais de 400 m, muitas vezes não encontram portos preparados para recebê-los, o que restringe opções e aumenta riscos de atrasos – e a realidade nacional – como país continental, o Brasil enfrenta grandes distâncias entre estados, e a ineficiência portuária e da cabotagem impacta diretamente a fluidez do transporte interno.

  • Qual é o resultado dessas limitações?

Esses elementos tornam a importação de máquinas um processo que vai muito além da simples compra, pois se trata de uma operação que exige planejamento estratégico, experiência técnica e parceiros especializados para mitigar riscos e garantir que o equipamento chegue ao cliente no prazo e nas condições adequadas. Mas o mercado brasileiro de máquinas também é cada vez mais protecionista, com barreiras como Licença de Importação (LI), LCVM e Ex-tarifário, que tornam o processo complexo e altamente regulado.

  • Qual é o tempo médio de recebimento a partir da encomenda?

Hoje, possuímos um tempo médio de aproximadamente 50 a 55 dias para [produtos com] origem na Ásia. Da Europa e dos EUA, chega de 20 a 25 dias, aproximadamente. Mas oferecemos opções variadas aos clientes. Como o lead time pode ser preponderante para o fechamento de um projeto ou contrato, buscamos entregar uma logística mais ágil com as novas linhas da Ásia para os portos de Santa Catarina, por exemplo.

  • Quais são os critérios adotados na escolha do fornecedor?

Entre os critérios adotados destacam-se a reputação e o histórico no mercado internacional, assegurando que o fornecedor tenha experiência consolidada e referências positivas, assim como compromisso com a qualidade e conformidade técnica, garantindo que os equipamentos atendam aos padrões exigidos pelo mercado brasileiro. Outros pontos relevantes incluem transparência e ética nas práticas comerciais— valores inegociáveis em qualquer relação de negócios – e capacidade logística e de pós-venda, assegurando suporte adequado ao longo de todo o ciclo da operação.

  • Como a Vallor beneficia fornecedores e compradores?

Nos últimos anos, temos sido cada vez mais procurados por fabricantes estrangeiros, especialmente da China, interessados em acessar o mercado brasileiro. Graças à nossa experiência e à rede de contatos junto a revendedores e locadores de máquinas, conseguimos atuar como uma ponte estratégica entre esses fornecedores internacionais e os clientes nacionais. Esse modelo de atuação tem se mostrado altamente eficaz, permitindo que novos players entrem no Brasil de forma estruturada e que nossos clientes tenham acesso a soluções competitivas, sem renunciar à segurança e à qualidade que caracterizam o trabalho da Vallor.

  • Quais são as vantagens de alocar profissionais na operação do cliente?

Além do atendimento diário, desenvolvemos o modelo in-house, que consiste na alocação de profissionais diretamente na estrutura do cliente. O processo se inicia com o mapeamento da operação – uma análise detalhada do fluxo de importação e das demandas específicas, para definição do perfil profissional do cliente. Então, identificamos as competências necessárias e selecionamos o colaborador mais adequado. Essa presença dedicada permite maior agilidade, redução de retrabalho, antecipação de problemas e identificação de oportunidades de melhoria, além de escalabilidade – com o profissional inserido no dia a dia, é possível identificar quando e como expandir a demanda, alinhando o crescimento da operação às necessidades estratégicas do cliente.

  • Qual é o bem importado com o maior fluxo de clientes no Brasil?

Apesar de produtor, o Brasil ainda é e sempre será um grande importador da Linha Amarela, cujos principais produtos são carregadeiras e escavadeiras. O mercado agrícola vem crescendo bastante, com a entrada de tratores chineses, assim como colheitadeiras. Também temos observado de perto o mercado florestal, que tem crescido em representatividade no país.


Segundo Andrade, mercado de construção se encontra en relativa estagnação, embora tenha alcançado um patamar elevado nos últimos anos


  • Como avalia as novas normas sobre a demurrage de contêineres?

Representam um avanço relevante para as importadoras e, consequentemente, para a cadeia de comércio exterior. Historicamente, a responsabilidade quase sempre recaía sobre o importador, mesmo em situações em que não tinha controle direto sobre o atraso. Com as novas regras da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), esse ônus passa a ser mais bem distribuído, garantindo maior segurança jurídica e reduzindo cobranças indevidas. Entretanto, é preciso olhar para o cenário estrutural mais amplo: o governo federal precisa incentivar investimentos em depósitos de devolução e em infraestrutura portuária e logística, para que a operação não se limite a transferir custos dentro da cadeia, mas sim resulte em eficiência real.

  • Quais são os ganhos obtidos com a simplificação dos processos fiscais?

A redução de burocracias e a modernização dos sistemas trazem ganhos diretos para empresas devidamente preparadas, especialmente trading companies. Para quem possui equipe técnica capacitada e processos internos estruturados, essa simplificação se traduz em mais agilidade, menor custo operacional e maior competitividade. Em resumo, essas medidas não representam apenas um avanço regulatório, mas também uma oportunidade estratégica para que as importadoras possam operar de forma mais eficiente, competitiva e segura no mercado brasileiro.

  • Como a escalada tarifária está afetando o comércio internacional de máquinas pesadas até o momento?

Especificamente no segmento de importação de máquinas pesadas, ainda não observamos impactos diretos. Isso porque o Brasil não promoveu aumentos relevantes em suas tarifas de importação nesse setor, mantendo uma política relativamente estável nesse aspecto. Entretanto, acompanhamos de perto os efeitos da guerra comercial entre EUA e China, que já provoca realinhamentos de fluxos internacionais. Nesse cenário, o Brasil pode ser beneficiado indiretamente, fortalecendo a relação comercial com a China, que tende a buscar novos mercados e parceiros diante das restrições. No plano doméstico, a desaceleração do mercado brasileiro decorre mais de fatores internos, como questões políticas, que influenciam o ambiente de negócios e os investimentos, que de tarifas e restrições de crédito, que limitam a capacidade de financiamento.

  • Quais são as perspectivas para o cenário global?

Se a escalada tarifária global se intensificar, o Brasil pode se tornar um mercado ainda mais estratégico para países que buscam diversificar suas parcerias comerciais. A manutenção de tarifas estáveis tende a preservar a atratividade do mercado brasileiro para importadores e fabricantes estrangeiros. No entanto, o desempenho dependerá fortemente da melhora no ambiente político-econômico interno e do aumento do acesso ao crédito, fatores essenciais para sustentar a demanda no país. Assim, embora a escalada tarifária ainda não tenha causado impactos diretos no setor de máquinas pesadas no Brasil, o cenário global abre oportunidades que podem ser aproveitadas, desde que o país avance em suas condições estruturais internas.

  • O que pode facilitar o fluxo de bens no que se refere à desburocratização das operações e do próprio país?

Toda desburocratização facilita o fluxo de bens, reduzindo custos e prazos. O governo já busca alternativas, mas soluções mais eficazes dependem da colaboração entre sindicatos, associações do setor e governos estaduais, de forma prática e econômica. Essa integração tende a tornar a importação mais ágil e competitiva no Brasil.


Saiba mais:
Vallor Trading: vallortrading.com.br

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