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Revista M&T - Ed.83 - Jun/Jul 2004
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METRÔ

Metrô: retomada expansão em São Paulo

Após indefinição que levou mais de uma década, o Governo de São Paulo inicia as obras do novo trecho da linha 2-Verde.

No dia Io de abril, o governo do n Estado de São Paulo retomou o projeto de construção do novo trecho da linha 2-Verde do Metrô. Atualmente, com sete quilômetros de extensão, essa linha faz a conexão entre a Zona Sul e a Zona Oeste da Capital, passando pela Avenida Paulista. A partir da estação Ana Rosa, uma de suas extremidades, haverá um prolongamento de 5,1 quilômetros até bairro do Sacomã, no início da Via Anchieta, integrando ao sistema os passageiros que residem na Região do ABC. O resultado será um aumento na circulação diária de pessoas, de 300 mil para cerca de 530 mil em 2008. O financiamento da obra, avaliada em R$ 600 milhões, será efetivado pelo governo paulista e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na proporção de R$ 200 milhões e R$ 40


Após indefinição que levou mais de uma década, o Governo de São Paulo inicia as obras do novo trecho da linha 2-Verde.

No dia Io de abril, o governo do n Estado de São Paulo retomou o projeto de construção do novo trecho da linha 2-Verde do Metrô. Atualmente, com sete quilômetros de extensão, essa linha faz a conexão entre a Zona Sul e a Zona Oeste da Capital, passando pela Avenida Paulista. A partir da estação Ana Rosa, uma de suas extremidades, haverá um prolongamento de 5,1 quilômetros até bairro do Sacomã, no início da Via Anchieta, integrando ao sistema os passageiros que residem na Região do ABC. O resultado será um aumento na circulação diária de pessoas, de 300 mil para cerca de 530 mil em 2008. O financiamento da obra, avaliada em R$ 600 milhões, será efetivado pelo governo paulista e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na proporção de R$ 200 milhões e R$ 400 milhões, respectivamente.

Desde o início dos anos 90 a licitação já havia sido feita, dividida em cinco lotes que incluem as estações Chácara Klabin, Imigrantes, Ipiranga e Sacomã, a cargo das construtoras Andrade Gutierrez, CBPO (Odebrecht) e Camargo Corrêa. O primeiro lote - que abrange dois túneis de 928 metros em seção singela, um poço de ventilação intermediário, além da estação Chácara Klabin e de um prolongamento de 206 metros - começou a ser executado pela Andrade Gutierrez neste ano, devendo ser concluído em março de 2006.

A construtora aproveitou a estrutura do canteiro deixada ao término da primeira etapa da linha 2, quando se pensava no prolongamento imediato da mesma. Essa área está situada na Rua Vergueiro, entre as estações Vila Mariana e Ana Rosa, onde foi escavado um poço de 20 metros que serve de acesso aos túneis. “A partir deste poço, começamos a escavar no dia Io de abril. Quase quatro meses depois, já alcançamos 226 metros, somando 126 metros da via 1 e 100 metros da via 2”, informa o engenheiro civil Marcus Vinícius Dutra Moresi, gerente de contratos da Andrade Gutierrez e responsável direto pela execução do empreendimento.

Escopo das Obras - O avanço diário dos túneis é de 2,2 metros, construídos pelo método NATM (New Austrian Tunnelling Method) H Também conhecido como “túnel mineiro”, a operação consiste em escavar o diâmetro em duas seções de tamanho equivalente. A cada 80 centímetros de solo removido, é colocada uma cambota (armação metálica) na seção superior, onde é projetado o concreto. Após oito avanços na parte superior, é escavado o miolo e, em seguida, encaixadas as cambotas inferiores. Esta outra meia seção do túnel, chamada de invert, também recebe camadas de concreto. Ao término da extensão das vias, são feitas outras camadas de concreto, até que o local fique suficientemente plano para instalação dos trilhos.

No momento, 210 homens trabalham nas atividades de escavação, projeção de concreto, remoção do material de dentro do poço, transporte da carga e demais atividades que envolvem mecânica, elétrica e serviços de auxílio da obra. “Esse número saltará para aproximadamente 700 no final de 2004, quando a obra atingir o pico operacional, em função dos trabalhos para instalar a estação Chácara Klabin”, afirma Moresi. A região já teve o tráfego desviado e os técnicos da Andrade Gutierrez apenas aguardam autorização para começar a escavar o local. Essa fase vai se iniciar nos próximos meses. Ela se dá através da implantação de paredes- diafragma de concreto armado numa vala, entre as quais ficará a estação. As dimensões da área incluem 80 metros de comprimento, 60 metros de largura e 40 metros de profundidade. Porém, para os dois lados haverá um prolongamento de 30 metros, na forma de túnel com diâmetro maior, para serem construídas as plataformas de embarque e desembarque, escadas-rolantes, salas de máquinas e ventilação. “Assim como nos túneis, decidimos fazer esse prolongamento pelo método NATM. E mais fácil porque escavamos menos do que escavaríamos se fizéssemos uma vala maior. Com isso, a obra fica mais rápida e econômica”, destaca o engenheiro civil.

Por volta de julho de 2005, as paredes- diafragma deve estar concluídas juntamente com a laje superior da estação. A partir daí, a laje inferior e dois mezaninos podem ser construídos no interior da vala, com o tráfego sendo liberado na superfície. Nesse momento a obra começa a andar no sentido oposto, da Chácara Klabin para a Ana Rosa, sendo escavados 150 metros de túneis. Também serão abertos dois shafts ao lado de cada túnel, sobre os quais ficarão pórticos (pontes rolantes) para retirada de terra e movimentação de concreto.

Em paralelo à abertura dos túneis e à movimentação em torno da área onde será a estação Chácara Klabin, começará a ser escavado o poço da Vila Mariana. Com 40 metros de profundidade, ele serve para manter a circulação de ar abaixo do solo.

Operação em Detalhes - O trabalho de remoção de terra na região do poço é feito diariamente. Dois homens promovem o carregamento das caçambas acopladas ao pórtico do local. Diariamente, saem da obra 20 caminhões levando em torno de 200 m3 de material escavado. Quando o trecho da Andrade Gutierrez for finalizado, serão retirados mais de 94 mil m3 de terra removida pelo método NATM. E mais uma média de 56 mil m3por escavação convencional.

Do ponto de vista geotécnico, o solo extraído dos túneis é constituído por argilas pré-adensadas arenosas/siltosas. Não há previsão de rochas no percurso. Na extensão de cada via, cerca de dez homens trabalham ininterruptamente nas escavações e projeção do concreto. “Tivemos que entrar com uma escavadeira de quatro toneladas, B50, da Yanmar, em cada boca de túnel. Por serem menores, conseguem ter mais giro, possibilitando o trabalho de remoção da terra retirada pela retroescavadeira de maior porte, que é uma 580H da Case”, detalha Moresi.

A retroescavadeira possui uma fresa Simex acoplada, cuja função é realizar o acabamento das seções do túnel, depois que os homens fazem o desmonte manual. Aterra acumulada na seção inferior vai sendo removida, progressivamente, pela B50, que faz o carregamento do material em dumpers. A cada seção escavada, um dumper-betoneira autocarregável transporta concreto para ser projetado no diâmetro do túnel. Essa operação ocorre de maneira simultânea nas duas vias escavadas. Uma vez que o pórtico vai puxando os contêineres de terra através do poço, o material é despejado nas caçambas dos caminhões basculantes. Andrade Gutierrez vem utilizando dez caminhões com capacidade para transporte de 10 m³. Todavia, pretende acrescentar mais cinco caminhões em decorrência do desenvolvimento da obra.

O mesmo procedimento operacional das fases de escavação, remoção de terra e projeção de concreto se repetirá na etapa de construção da estação Chácara Klabin. Para tanto, a Andrade Gutierrez terá que mobilizar mais duas mini escavadeiras Yanmar B50, uma retroescavadeira 580H, dois dumpers e um dumper- betoneira. “Mas nesse caso também precisaremos de uma escavadeira hidráulica FH200, Fiatallis, de 20 toneladas, já que serão removidas grandes proporções de terra consecutivamente. Além dela, estamos planejando colocar uma carregadeira de esteiras 955 da Caterpillar, a fim de auxiliar o trabalho”, afirma o gerente de contratos da Andrade Gutierrez.

A manutenção dos equipamentos é feita, periodicamente, numa oficina ao lado do canteiro. Afora os dumpers e retroescavadeiras, as demais máquinas são terceirizadas pela Andrade Gutierrez, tendo as vistorias técnicas sob controle dos respectivos distribuidores. A verificação de peças mais frágeis demanda cuidado especial nesse tipo de empreendimento, em vista do contato direto com a poeira, resíduos de projetado e aquecimento no interior dos túneis. “Nós retiramos o equipamento com o pórtico e fazemos a checagem aqui em cima, no canteiro. Damos uma lavada na máquina e verificamos óleo, mangueiras e outros itens preventivamente”, enaltece o engenheiro civil.

Marcus Vinícius Moresi classifica a obra da linha 2'Verde do Metrô como “teoricamente simples”. Com a experiência de quem já executou obras de construção pesada em todo o país - Metrô Copacabana-Botafogo (RJ), hidrelétricas Nova Ponte e Irapé (MG) e Itapebi (BA) -, ele concluiu: “talvez o único empecilho é o fato de estarmos no centro de São Paulo e isso interfere muito no dia-a-dia da comunidade. Mas nossa equipe é muito experiente, saberá lidar bem com isso”.

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