Dependentes diretos de matérias-primas provenientes da atividade florestal, os setores de papel, celulose e painéis de madeira conseguem, até mesmo por sua significativa atividade exportadora, registrar índices de expansão pouco comuns no atual contexto da economia nacional (confira Quadro na pág. 26). E, juntamente com a siderurgia, demandam suprimento contínuo e volumoso de insumos, nesse caso gerados em plantas de reflorestamento.
Para atender a essa demanda e, simultaneamente, ajudar a manter a competitividade de seus clientes no disputado mercado global, a aquecida indústria florestal precisa investir em equipamentos de incremento de sua produtividade. Muitos deles têm nomes anglófilos ainda pouco conhecidos até mesmo por profissionais mais afeitos ao universo das máquinas, como feller-buncher e harvester, que são capazes de conferir taxas expressivas de mecanização a essa indústria.
Conforme estimativas de Rodrigo Junqueira, gerente de vendas e marketing da divisão
Dependentes diretos de matérias-primas provenientes da atividade florestal, os setores de papel, celulose e painéis de madeira conseguem, até mesmo por sua significativa atividade exportadora, registrar índices de expansão pouco comuns no atual contexto da economia nacional (confira Quadro na pág. 26). E, juntamente com a siderurgia, demandam suprimento contínuo e volumoso de insumos, nesse caso gerados em plantas de reflorestamento.
Para atender a essa demanda e, simultaneamente, ajudar a manter a competitividade de seus clientes no disputado mercado global, a aquecida indústria florestal precisa investir em equipamentos de incremento de sua produtividade. Muitos deles têm nomes anglófilos ainda pouco conhecidos até mesmo por profissionais mais afeitos ao universo das máquinas, como feller-buncher e harvester, que são capazes de conferir taxas expressivas de mecanização a essa indústria.
Conforme estimativas de Rodrigo Junqueira, gerente de vendas e marketing da divisão florestal da John Deere para a América Latina, mais de 80% da colheita florestal no Brasil já são mecanizados. “Atualmente, mesmo os pequenos produtores florestais já vêm migrando de motosserras para máquinas florestais profissionais”, relata.
Lançado em 2018, o cabeçote C144 para harvesters promete maior força de tração
Para esse mercado, no qual é um dos principais fabricantes globais, a John Deere conta com equipamentos como feller-bunchers, harvesters – ambos de pneus ou esteiras –, forwarders, skidders e cabeçotes, dentre outros itens. No Brasil, a unidade de Indaiatuba (SP) produz o modelo 2144G, por exemplo, que integra as operações de harvester, processador, garra traçadora e carregadora florestal. A máquina possui cinco configurações operacionais e de sistema hidráulico, que permitem ajustes conforme as características da floresta, além de trazer cabine florestal ROPS/FOPS/OPS, dentre outras características técnicas.
O custo de aquisição de uma máquina florestal como esta, compara Junqueira, não difere muito do cobrado por uma colheitadeira agrícola, que a marca também produz. Mas ainda não são tão comuns por aqui. “No Brasil, são comercializadas aproximadamente 450 máquinas florestais a cada ano”, posiciona o profissional.
Esse número, porém, não considera as escavadeiras adaptadas, uma configuração bastante utilizada pelo setor florestal brasileiro. Aliás, essa adaptação talvez nem seja muito recomendável, pois, com o observa o gerente de marketing e vendas da Komatsu Forest, Felipe Vieira, as máquinas florestais devem ter características muito específicas, como cabines capazes de proteger os operadores contra queda de galhos.
O conceito modular Raptor Line atende a demandas específicas de transporte
Também requerem sistemas hidráulicos mais complexos, pois enquanto a lança de uma escavadeira apenas puxa, empurra e levanta materiais, nas máquinas florestais o sistema hidráulico responde por muitas outras ações, necessárias para cortar as árvores, movimentá-las e acionar serras para seccioná-las em toras, dentre outras. “Assim, o sistema hidráulico mais complexo também demanda um sistema específico de arrefecimento de calor, pois apenas o radiador não dá conta”, ressalta Vieira.
Embora apresente tais especificidades, a manutenção desses equipamentos florestais não é muito mais complexa do que ocorre em colheitadeiras ou máquinas de mineração, compara Junqueira. “Talvez a principal diferença seja a intensidade de uso, pois as máquinas florestais operam ininterruptamente, chegando a mais de 5 mil horas por ano”, ressalta o executivo da John Deere, que também disponibiliza ao mercado florestal suas conhecidas soluções de gerenciamento e otimização de aplicações, como o sistema JDLink, que permite diagnóstico e programação remotos dos equipamentos, além da solução de mapeamento de operações TimberNavi.
SISTEMAS
Tradicionalmente, há dois sistemas principais de colheita em florestas. No modelo cut-to-length, mais comum na Europa, o harvester derruba a árvore, retira os galhos e a casca no próprio local – se isso for necessário – e corta as toras, posteriormente retiradas da floresta por um forwarder.
Já no sistema norte-americano, geralmente chamado de tree-length, um feller-buncher corta e derruba as árvores, que ele próprio leva para outro local, onde um skidder cuida da etapa seguinte de processamento e transporte. Até recentemente, a Komatsu fornecia apenas equipamentos para o modelo europeu, mas com a recente aquisição da empresa TimberPro – anunciada em março deste ano – também passou a atuar com o modelo norte-americano.
Independentemente do modelo adotado, a evolução da tecnologia dos equipamentos florestais, como destaca Vieira, manifesta-se atualmente em três vertentes básicas: produtividade, redução de custos e disponibilidade mecânica, com menor necessidade de manutenção (e intervenções mais simples, quando se fazem necessárias). Para atender à primeira dessas demandas – a produtividade –, a Komatsu lançou no ano passado o cabeçote C144 para harvesters. “Com quatro rolos, a solução tem mais força de tração, sendo significativamente mais produtiva que outros modelos de cabeçotes, que normalmente possuem apenas dois rolos de tração”, explica.
Para o transporte, as opções de implementos também vêm crescendo no país. A fabricante de fueiros Unylaser, por exemplo, está lançando o conceito Raptor Line, que promete soluções modulares e customizadas para demandas específicas. “Essas soluções visam a otimizar a operação logística da madeira, atendendo às necessidades de cada operação e cliente”, ressalta Roger Viezzer, gerente comercial da Unylaser, que, por “razões estratégicas”, ainda não pode revelar mais detalhes deste projeto.
Os fueiros, como descreve Viezzer, são estruturas metálicas – fixas ou removíveis – instaladas em implementos rodoviários para realizar a logística de toras de madeira em florestas, pátios portuários e rodovias, dentre outros ambientes (também podem ser adaptados para operações ferroviárias ou mesmo para chassis acoplados em tratores). Nos chassis, eles compõem conjuntos denominados ‘caixas de carga’, normalmente carregados e esvaziados por meio de garras.
A combinação entre aços especiais de alta resistência e recursos avançados de tecnologia de beneficiamento e projeto, assegura Viezzer, torna os fueiros Raptor mais leves, ampliando assim sua capacidade de carga. “Estudos mostram que nossos fueiros podem aumentar em até 5,46% a caixa de carga do implemento florestal”, afirma o especialista da Unylaser, que além de fueiros produz outros acessórios para operação florestal, como painéis dianteiros e traseiros e barrotes (protetores que evitam danos ao chassi no processo de movimentação de carga).
MERCADO
O maior mercado da indústria florestal brasileira, informa Junqueira, está atrelado à produção de celulose, que nas fábricas mais modernas recebe a madeira já sem a casca, demandando, portanto, o sistema cut-to-length em maior escala. E, em decorrência da destinação das terras mais produtivas ao cultivo de alimentos, a procura por equipamentos para colheita florestal em áreas com declividade mais acentuada (de até 40o) vem se expandindo neste mercado. “Nesses casos, muitas vezes não é possível fazer a colheita com esteiras, sendo preciso usar máquinas com rodas e, em terrenos mais íngremes, trabalhar com máquinas assistidas por guinchos”, explica o gerente de vendas.
Na Komatsu, a oferta de tecnologia embarcada para os veículos florestais inclui o sistema MaxiXplorer, que disponibiliza dados como quantidade de árvores processadas, tempos dos ciclos de processamento e volume produzido, dentre outros, permitindo gerenciar e incrementar a produtividade da operação. Atualmente, como revela Vieira, a fabricante vem investindo mais incisivamente em equipamentos para a silvicultura – incluindo preparo do solo e plantio –, uma etapa da produção florestal que no Brasil ainda é bem menos mecanizada que o corte e a extração.
Aliás, o preparo do solo em uma floresta é bem diferente de outros cultivos, entre outras coisas porque as cavidades aonde serão colocadas as mudas devem ser mais profundas, sem falar que muitas vezes é preciso arrancar os tocos de árvores remanescentes da colheita anterior. “Nessa linha, já lançamos uma escavadeira específica para o preparo do solo para reflorestamento e, no próximo ano, teremos uma plantadeira específica que trabalha com georreferenciamento”, ele adianta.
Essa movimentação mostra que o mercado florestal brasileiro tem grande potencial econômico. O setor, comenta o profissional da Komatsu, deve seguir expandindo-se nos próximos anos com a instalação de novos projetos e plantas de papel, celulose, chapas e placas de madeira. “Hoje, mesmo quem não tem uma área plantada muito grande prefere a mecanização, para agregar valor à madeira que colhe”, observa Vieira.
Pela ótica da John Deere, Junqueira referenda as perspectivas, lembrando que, embora já lidere esse mercado mundialmente, o Brasil continuará recebendo novas plantas de celulose, até porque o ciclo nacional de produção de eucalipto é menor que em qualquer outro local. “A expansão do e-commerce, com operadoras do porte de Amazon e Alibaba, também demanda mais papelão para o transporte dos produtos”, pondera. “Além disso, há o uso crescente dos recursos florestais para a produção de outros materiais, como polímeros e vestuário.”
GERAÇÃO DE ENERGIA POR BIOMASSA TAMBÉM CONSOME PRODUTOS FLORESTAIS
A indústria de papel e celulose utiliza resíduos de madeira para gerar energia através de biomassa, bem como a de cana-de-açúcar, quando não dispõe de bagaço para assegurar sua oferta de energia.
Picador WC2500TX oferece opção de rotor de corte para madeira “contaminada” por metais
No Brasil, há prestadores de serviços que levam a madeira e seus resíduos para a produção de biomassa em diversas indústrias”, relata Flavio Leite, gerente nacional da Vermeer, empresa que entre outros itens fornece picadores, trituradores e desbastadores para o processamento da madeira necessária à geração de biomassa. “Tais equipamentos tornam-se continuamente mais potentes e, simultaneamente, mais compactos”, completa o especialista.
No portfólio da Vermeer, soluções como trituradores e picadores horizontais também são oferecidas com a opção de rotor de corte – onde ocorre a granulação – dotado de facas ou de martelos; esse último é utilizado preferencialmente em processos nos quais a madeira vem “contaminada” com outros materiais além de terra, como metais, comuns em resíduos da construção e paletes descartados.
“No Brasil, já vem se consolidando o mercado de empresas que recolhem e processam essa madeira”, ressalta o gerente, citando ainda alguns diferenciais dos equipamentos, como a ausência de solda nos rotores, onde estão os componentes que mais se desgastam e, portanto, precisam ser trocados periodicamente – como é o caso das facas e dos martelos. “Com flexibilidade de ajustes, nossos rotores também permitem uma variedade muito grande de granulometrias, entre 3,2 mm e 50 mm”, conclui Leite.
Saiba mais:
John Deere: www.deere.com.br/pt/florestal
Komatsu: www.komatsuforest.com.br
Unylaser: www.unylaser.com.br/pt-br/raptor-florestal
Vermeer: vermeerbrasil.com
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