Revista M&T - Ed.161 - Setembro 2012
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Mercado Internacional

Indústria de equipamentos da China desacelera

Estudo mostra que houve queda na produção de máquinas, mas setor aposta em uma recuperação rápida

A Associação Chinesa de Máquinas de Construção (CCMA) acaba de divulgar um balanço do mercado de equipamentos em seu país. Intitulado “Análise sobre a situação de desenvolvimento da indústria de máquinas para construção no primeiro semestre de 2012 e suas perspectivas”, o documento foi coordenado pelo secretário geral da associação, Su Zimeng, e publicado na segunda quinzena de agosto deste ano. Apesar da queda de produção, os números ainda impressionam.

De forma geral, a CCMA aponta que houve uma redução de 3,36% no faturamento operacional do setor de janeiro a junho deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2011. O lucro total, por sua vez, caiu 19,8%, usando a mesma referência. Até junho deste ano, a indústria produziu ao todo 363.804 equipamentos, considerando uma lista de oito modelos: pá carregadeira, tratores, motoniveladora, guindaste de construção, veículos industriais, rolos, pavimentadoras e escavadeiras. Esse montante é 24% menor do que a mesma produção atingida de janeiro a junho do ano passado, que chegou a 479.150 unidades.

DRAGÃO ADORMECIDO?


A Associação Chinesa de Máquinas de Construção (CCMA) acaba de divulgar um balanço do mercado de equipamentos em seu país. Intitulado “Análise sobre a situação de desenvolvimento da indústria de máquinas para construção no primeiro semestre de 2012 e suas perspectivas”, o documento foi coordenado pelo secretário geral da associação, Su Zimeng, e publicado na segunda quinzena de agosto deste ano. Apesar da queda de produção, os números ainda impressionam.

De forma geral, a CCMA aponta que houve uma redução de 3,36% no faturamento operacional do setor de janeiro a junho deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2011. O lucro total, por sua vez, caiu 19,8%, usando a mesma referência. Até junho deste ano, a indústria produziu ao todo 363.804 equipamentos, considerando uma lista de oito modelos: pá carregadeira, tratores, motoniveladora, guindaste de construção, veículos industriais, rolos, pavimentadoras e escavadeiras. Esse montante é 24% menor do que a mesma produção atingida de janeiro a junho do ano passado, que chegou a 479.150 unidades.

DRAGÃO ADORMECIDO?

Três categorias de máquinas destacam-se pela maior retração: as pavimentadoras, os rolos de compactação e os guindastes de construção. No primeiro caso, o mais acentuado, a queda de produção foi de 49,6%. Já os rolos tiveram uma retração de 45%, enquanto no caso dos guindastes a queda chegou a 43%. Mas esses indicadores precisam ser avaliados sob  outro prisma, o da representatividade. Com exceção dos guindastes, os outros dois tipos não estão entre os equipamentos com maior volume de produção. De janeiro a junho deste ano, a indústria chinesa produziu 1.176 pavimentadoras, o que representa apenas 0,3% da produção total de máquinas. Os rolos ficam com 2,1%.

Os guindastes pesam um pouco mais: no primeiro semestre deste ano eles totalizam 13.296 unidades, o que significa 3,65% de toda a produção chinesa. Mesmo assim, eles não podem concorrer com os veículos industriais a categoria mais representativa, que responde por 42% da produção de janeiro a junho e cuja queda foi de apenas 5,5%. A segunda categoria mais forte na balança é a de pás carregadeiras, que representam 28,9% da produção no primeiro semestre e tiveram retração de 25,6%. O caso das escavadeiras é mais emblemático: elas representam 21% da produção total da categoria de máquinas listadas pela CCMA e sua queda foi mais acentuada, chegando a 39%. Analisada separadamente, esse é provavelmente o caso mais preocupante.

Os tratores estão na categoria intermediária. A queda de produção foi de 38% e a indústria chinesa fechou o primeiro semestre com 5.458 equipamentos, contra os 8.814 fabricados de janeiro a junho de 2011.

PANORAMA DE RETOMADA

Além do balanço individual de cada equipamento, a CCMA também analisa o quadro geral do mercado chinês, mostrando que as exportações continuam crescendo, aumentando 5% no primeiro semestre deste ano. As importações seguem o caminho inverso, com uma queda de 36,2% quando comparadas ao período de janeiro a junho de 2011.

De acordo com o documento, a indústria chinesa já faz alguns ajustes para estimular o desenvolvimento interno e a inovação. O desenvolvimento de equipamentos de maior valor agregado é um deles. A Sany, por exemplo, desenvolve novas tecnologias para motoniveladoras hidráulicas em parceria com a universidade de Chang’an. A Shantui tem programas de P&D nas áreas de controle inteligente e de transmissão dinâmica de pressão. Mesmo concorrentes, os gigantes chineses XCMG, Zoomlion, Sany, LiuGong e Shantui têm compartilhado experiências em seminários específicos.

A expansão global é outra forma de reação da indústria chinesa de equipamentos, sendo que as feiras setoriais são apontadas pela CCMA como um dos caminhos a se seguir, ao lado da aquisição de outras empresas. Entre os eventos internacionais citados pela associação constam Bauma China, Intermat e Icon, na Indonésia. Dois outros países são expressamente nomeados: Brasil e Rússia.

Apesar da reação, a CCMA não descarta novos problemas por enfrentar, com a fraca demanda, preços em queda e redução de financiamento. O excesso de capacidade de produção também pode levar a um superestoque. A homogeneização de produtos é outra ameaça apontada, além do aumento de custo na fabricação. Para a associação, o setor deve aplicar uma autodisciplina, pois o problema – avalia a entidade – tende a ser temporário.

OTIMISMO VELADO

Um otimismo velado dá o tom das previsões para o segundo semestre na indústria de equipamentos da China. A associação apostava em uma reversão do quadro negativo já a partir de setembro. Para a CCMA, haverá uma rápida reestruturação da indústria, acompanhada pela continuidade dos projetos de infraestrutura no país, caso do setor ferroviário. Mas outras frentes também devem ser abertas. Tanto que a estimativa da associação é de que o faturamento com as vendas cresça 12% e as exportações aumentem em 30%.

O relatório também aposta no impacto da 12ª edição do Plano Quinquenal (2011-2015) e de outras iniciativas governamentais, como o Plano de Desenvolvimento Ocidental. Tais iniciativas devem contrabalançar a economia, ao promover a industrialização, urbanização e desenvolvimento da agricultura do país, com reflexos diretos na indústria de máquinas de construção.

TAMBÉM NO BRASIL SEMESTRE NÃO FOI DOS MELHORES

Assim como na China, as empresas brasileiras também refazem suas contas. De acordo com reportagem da revista M&T, o pacote do governo lançado no final de agosto infelizmente não chegou a tempo de salvar o ano. Os constantes atrasos e mudanças de calendários de grandes obras pesaram igualmente contra. Na previsão otimista, o ano termina empatado. Para os pessimistas, a retração no faturamento pode chegar a 10%. "O trabalho vai ser hercúleo nesta segunda metade do ano e, ainda assim, será difícil recuperar as perdas do primeiro semestre", diz Felipe Cavalieri, presidente da Brasil Máquinas de Construção (BMC), que representa marcas como Zoomlion e XCMG.

O anúncio do pacote do governo federal, em agosto, ajudou a levantar os ânimos entre os empresários, mas, até por ser um estímulo de investimento e não de consumo, a ideia é que leve algum tempo para surtir efeito. "Deu uma boa mexida no mercado, todo mundo ficou animado, mas a perspectiva de recuperação é mesmo para o ano que vem", afirma Cavalieri.

O quadro é semelhante para a Sotreq, distribuidora de máquinas Caterpillar. A empresa estima ter vendido 10% menos em receita e 5% abaixo em volume no acumulado do ano, na comparação com igual intervalo de 2011. "Com os aeroportos e as ferrovias, os processos são muito lentos, demoram a sair do papel", diz Davi Morais, diretor da unidade de construção da Sotreq. Ele explica que o último grande lote da distribuidora foi entregue recentemente para as obras de Belo Monte (PA) e que não houve mais vendas de equipamentos de grande porte. Assim, as empresas acabam vendendo retroescavadeiras e miniescavadeiras para obras menores e, com isso, a receita cai.

Dados coletados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostram que, até julho, o volume de equipamentos vendidos caiu 6,9%. Na comparação anual, a associação não tem dados referentes a faturamento. Como observou Morais, as vendas de equipamentos de menor valor, como retroescavadeiras, subiram em volume, com alta de 5,8%. Já máquinas para grandes obras de infraestrutura, como escavadeiras e pás carregadeiras, caíram respectivamente 8,5% e 8,1%.

FEIRAS AMPLIAM OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS

Além da consagrada Bauma China, que receberá mais de 150 mil pessoas entre 27 e 30 de novembro deste ano, a aposta na retomada da indústria de equipamentos chinesa para o segundo semestre do ano favorece também a realização da 12ª edição da Beijing International Construction Machinery Exhibition and Seminar (Bices 2013), que acontece em Pequim no próximo ano. O evento agrega ainda duas outras exposições: a China International Commercial Vehicle Exhibition (IVEX 2013) e a China International Emergency Rescue Equipment Exhibition.

Prevista para ocupar 230 mil m2, a Bices estima superar os 1,5 mil expositores. Nesse rol, a organização da feira inclui fabricantes de equipamentos para construção civil e mineração, players da indústria de veículos especiais e equipamentos pesados de emergência e resgate, para citar os principais. A Bices também já se posiciona como uma frente de oportunidades para recuperar os números de 2012. Para que isso aconteça, a organização do evento deve promover novas tecnologias e produtos sustentáveis, além de um amplo debate a respeito do crescimento sustentável do setor de máquinas para construção civil e mercados adjacentes.

 

 

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