Técnicos de usinas de açúcar e álcool decidem uniformizar indicadores de desempenho de suas frotas. Segmento se ressente da ausência de históricos de custos poro manter produtividade e disponibilidade das máquinas.
O G ME C - Grupo de Motomecanização, formado por técnicos das áreas de produção e manutenção das usinas de açúcar e álcool do estado de São Paulo, definiu uma relação de indicadores para monitorar, avaliar e otimizar o desempenho de equipamentos sucroalcooleiros. O objetivo, segundo Humberto Garrara, coordenador do grupo e gerente de motomecanização da Usina São João, de Araras, "é o de estabelecermos padrões de avaliação que nos permitam a troca de informações (bencbmark) entre os membros do grupo e a comparação do desempenho de máquinas semelhantes de fabricantes diferentes. Especificamente, ainda, em função do avanço tecnol&oac
Técnicos de usinas de açúcar e álcool decidem uniformizar indicadores de desempenho de suas frotas. Segmento se ressente da ausência de históricos de custos poro manter produtividade e disponibilidade das máquinas.
O G ME C - Grupo de Motomecanização, formado por técnicos das áreas de produção e manutenção das usinas de açúcar e álcool do estado de São Paulo, definiu uma relação de indicadores para monitorar, avaliar e otimizar o desempenho de equipamentos sucroalcooleiros. O objetivo, segundo Humberto Garrara, coordenador do grupo e gerente de motomecanização da Usina São João, de Araras, "é o de estabelecermos padrões de avaliação que nos permitam a troca de informações (bencbmark) entre os membros do grupo e a comparação do desempenho de máquinas semelhantes de fabricantes diferentes. Especificamente, ainda, em função do avanço tecnológico e da consequente elevação do custo de operação desses equipamentos, precisamos identificar novos indicadores que norteiem a gestão da frota para o aumento de sua disponibilidade." Para desenvolver o trabalho de seleção dos indicadores mais adequados foi criado um subgrupo composto por Helmut Wintruff Kõller, gerente corporativo de motomecanização do grupo José Pessoa, Marcelo Henrique Bassi, supervisor de motomecanização da Usina São José da Estiva, de Novo Horizonte, Marcos Antonio Luiz Rodrigues, coordenador de manutenção automotiva da Usina São Domingos, de Catanduva, e Márcio Rogério Pastre, da empresa Irineu Pastre e Outros, de Araras.
A meta, diz Kõller, "é alcançar indica dores exclusivos para o grupo de motomecanização das usinas de açúcar e álcool, aplica-los e discutir em reuniões mensais do GMEC os índices obtidos, estabelecendo comparativos. Visamos, assim, o levantamento do modus operandi ideal, com base nessa troca de experiências, para reduzir custos de operação e manutenção, considerando sempre a eficiência de disponibilidade da frota de equipamentos".
Nova Cultura — "O mais importante é que cada unidade possa identificar seus indicadores deficitários, discutindo as questões dentro do próprio GMEC 6 trocando informações com as usinas que possuem um melhor resultado naqueles itens", explica Bassi.
Trata-se de uma proposta inovadora na área, que não possui uma uniformidade de procedimentos e uma padronização dos itens de verificação e controle, mesmo porque a motomecanização da agricultura evoluiu qualitativamente e em um curto período de tempo, se comparada a segmentos como o da construção pesada e mineração e, por isso depende, ainda, de formar toda uma conceituação específica. "Hoje temos os dados, mas não sabemos avaliar se eles são bons ou ruins", diz Rodrigues. Um exemplo, conta, é o cálculo dos custos de reparo e manutenção (CRM), que varia de usina para usina, podendo incluir desde o custo do frentista do posto de abastecimento até a remuneração do presidente da empresa. Para o coordenador de manutenção da Usina São Domingos, "sem uma padronização fica impossível estabelecer um comparativo dos resultados. É preciso que falemos uma mesma linguagem, comparando dados reais e repercutindo a aplicação dos melhores indicadores, de forma a reduzir o CRM final".
Os indicadores escolhidos podem ser divididos em dois grupos – produção e manutenção - e cada um possui índices próprios de aferição. No primeiro ficam os indicadores de avaliação operacional, com os índices capacidade diária dos caminhões x distância média percorrida, capacidade diária das colhedoras, carregadoras decampo e tratores reboque, produtividade das colhedoras (em toneladas/hora), percentual de colheita mecanizada, capacidade operacional aração, gradagem, sulcação e cultivo (todas em hectares/hora) e consumo, tanto de óleo hidráulico por tonelada de cana nas colhedoras e carregadoras, quanto de óleo diesel por tonelada de cana nas colhedoras.
No grupo de manutenção encaixam-se os indicadores de apoio à renovação da frota, cujo índice é a idade média da frota geral, o de avaliação da frota de apoio, com o número de equipamentos atendidos por comboio de abastecimento e lubrificação e de avaliação da oficina mecânica — quantidade de equipamentos em relação à mão-de-obra direta empregada a cada intervenção, eficiência de disponibilidade de da frota geral e intervalo e duração média das Ordens de Serviço (OS's). Há ainda um indicador de custo de manutenção anual por equipamento, que inclui peças de reposição e mão-de-obra direta e também os serviços terceirizados com fornecimento de material. Desse custo, estão excluídos apenas os pneus, que viraram um indicador com dois índices específicos—quantidade de pneus por borracheiro e custo dos pneus, em reais a cada mil quilômetros rodados. Segundo Kõller,"o custo expressivo com esse item justifica sua individualização".
Márcio Rogério Pastre, engenheiro agrícola e responsável pela área de manutenção, colheita e transporte da Irineu Pastre e Outros, fornecedora de cana-de-açúcar para as Usinas São João, Santa Lúcia e Santa Rita, considera os indicadores de avaliação operacional como os mais importantes no seu caso. "Nossa empresa é de pequeno porte e o número de máquinas que utilizamos não justifica o emprego de todos os indicadores. Nos interessa realmente a produtividade dessa frota, inclusive para comparar meus resultados com os de outras usinas", explica. Pastre possui 70 equipamentos, entre eles 39 tratores (38 de pneus e um de esteira), 7 carregadoras, uma motoniveladora e uma retroescavadeira. Segundo ele, sua maior dificuldade é a aplicação de técnicas de gerenciamento no sistema como um todo. "Muitas decisões ainda são tomadas de forma empírica e sem planejamento. Isso ocorre porque a empresa é familiar e as mudanças têm de ser gradativas", justifica.
Panorama — Em São Paulo, a idade média da frota sucroalcooleira está em torno de nove anos e encontra-se em processo de renovação. No Grupo José Pessoa, por exemplo, que conta com sete usinas de açúcar e álcool, há unidades onde, tanto a frota de caminhões quanto a de carregadoras, foi adquirida entre 2000 e 2001, diz Kõller. Para Bassi, a idade média ideal, no caso da frota de máquinas pesadas (colhedoras, carregadoras e motoniveladoras) seria de cerca de 25 mil horas de operação, para tratores de rodas em torno de 18 mil horas e para caminhões, de 700 mil quilômetros, em média. Nesse universo, os equipamentos teriam uma disponibilidade inicial superior a 90% e uma disponibilidade final máxima de 85%. Mas essa definição de qual seria a vida útil do equipamento não é fácil. Ao contrário, para Marcos Rodrigues é um dos principais problemas no gerenciamento da frota da usina Sã Domingos. "Antes, utilizávamos o critério de idade média. Neste ano, passamos a aplicar o do custo de manutenção. Isso porque, o equipamento pode ter uma idade maior, mas se sua taxa de utilização é baixa, com pensa mantê-lo, ainda que com um CMR alto. O que já não ocorre com o equipamento de alta taxa de utilização, como uma colhedora, onde o custo vai ficando alto e a disponibilidade continua caindo", explica.
O novo critério já está sendo aplicado na frota de caminhões de cana. Os equipamentos podem operar como treminhões, mas são utilizados no arranjo Romeu & julieta, carregando cerca de 30 toneladas por viagem realizada e rodando 70.280 quilômetros ao ano em média. Sua substituição é feita no oitavo ano, com 562 mil quilômetros rodados e quando o CR atinge R$ 0,92/km. Em termos de disponibilidade, significa que esse caminhão saiu de um patamar de 98,81% (quando novo) para um de 83,13%. Ao utilizar o CRM como critério, Marcos Rodrigues fundamenta melhor sua tomada de decisão, mas também aumenta, significativamente, o número de máquinas a serem renovadas, diz. Em toda a frota, a prioridade na substituição fica com os caminhões de cana e as máquinas agrícolas.
Dia a dia — A usina São Domingos possui 264 equipamentos, com idade média de 9,3 anos e disponibilidade geral em tomo de 92%. Além de motobombas, motores estacionários, caminhões de apoio, há entre eles 44 caminhões de cana, quatro colhedoras, 49 tratores de pneus e um de esteira, 15 carregadoras, quatro pás-carregadeiras, duas motoniveladoras e uma retroescavadeira.
Boa parte da manutenção dessa frota é realizada em oficina própria, que chega a ter 112 funcionários na época de safra. São terceirizados os serviços que exigiriam um investimento maior em ferramental e pessoal especializado, caso das bombas injetoras e retifica de motores. Para reduzir custos, a oficina assumiu recentemente a manutenção das válvulas pneumáticas e dos aparelhos de ar condicionado, assim como a de veículos, assim que terminado o prazo de garantia dado pelas concessionárias.
Na manutenção, o gargalo tem sido o atraso no prazo da entrega de peças de reposição, diz Marcos Rodrigues.
"As revendas mantêm apenas o estoque de alto giro e recorrem às montadoras para os demais itens, transferindo ao usuário o ônus da demora no fornecimento. Isso nos obriga a manter um estoque maior, o que imobiliza um capital que poderia estar sendo empregado na aquisição de novos equipamentos. Ou a recorrer ao paralelo", conta o coordenador.
No Grupo José Pessoa, a reclamação de Kõller é a mesma. O estoque é pequeno e de itens de maior giro. Já foi maior, passou por uma redução e, agora, a demora no atendimento por revendas e fabricantes está levando a empresa a repensar o caso e fazer uma outra reestruturação desse setor. O correto é manter um estoque mínimo, a partir de um ponto de custo ideal.
Na teoria é muito bonito, mas na prática acaba ficando difícil", admite. Entre as seis usinas do grupo, KõUer destaca a Benalcool, em Bento de Abreu, como a que apresenta, boje, os melhores indicadores de desempenho de frota. Com 101 equipamentos motorizados e idade média de 9,1 anos, a disponibilidade geral é de aproximadamente 78% atualmente. A frota principal é composta de 21 caminhões, 3 colhedoras, 11 carregadoras, 15 tratores reboque e outros 4 agrícolas.
Também para Marcelo Bassi, a reposição de peças é a maior dificuldade. A maioria das distribuidoras não trabalha com estoques de peças e, a partir do pedido dos usuários, é que vão requisitá-las para venda, o que tem comprometido os prazos de entrega". A usina São Jose da Estiva tem uma frota total de 200 equipamentos automotores, com idade média de sete anos e disponibilidade de 92%. Entre os equipamentos principais estão quatro colhedoras, 10 carregadoras, trinta caminhões de cana, sete pás-carregadeiras, 50 tratores de pneus, três de esteira e uma retroescavadeira. De todos, o melhor índice de desempenho, segundo Bassi, fica com os tratores mais novos — 97%.
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