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Revista M&T - Ed.86 - Dez/Jan 2005
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MOTORES I

Emissões sob controle

Para atender as normas internacionais de controle de emissões, cada vez mais severas, fabricantes desenvolvem novas soluções em tecnologia de motores.

O ano de 2005 marca um novo desafio para os fabricantes de equipamentos agrícolas e industriais, seus fornecedores de motores e demais componentes ligados ao sistema de combustão. Afinal, a regulamentação sobre controle de emissões para o mercado de offroads, estabelecida pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), ingressa em sua terceira etapa de implantação para algumas faixas de potência de motor, o denominado Tier III, com exigências ainda mais rigorosas quanto aos níveis de monóxidos de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (PM) gerados pela combustão.

Nesse cenário, os equipamentos novos comercializados nos


Para atender as normas internacionais de controle de emissões, cada vez mais severas, fabricantes desenvolvem novas soluções em tecnologia de motores.

O ano de 2005 marca um novo desafio para os fabricantes de equipamentos agrícolas e industriais, seus fornecedores de motores e demais componentes ligados ao sistema de combustão. Afinal, a regulamentação sobre controle de emissões para o mercado de offroads, estabelecida pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), ingressa em sua terceira etapa de implantação para algumas faixas de potência de motor, o denominado Tier III, com exigências ainda mais rigorosas quanto aos níveis de monóxidos de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (PM) gerados pela combustão.

Nesse cenário, os equipamentos novos comercializados nos Estados Unidos a partir deste ano, com motores na faixa de potência de 300 a 750 hp, precisam atender os parâmetros de emissão EPA Tier III, cujo cronograma e nível de exigência coincidem com a regulamentação europeia, a Stage IIIA. Em 2006, essa etapa da norma se estende aos motores off-road com potência entre 176 e 300 hp, e assim sucessivamente. “Quando ingressarmos no Tier IV, a partir de 2008, o ar que sai do motor será mais limpo que o do ambiente em seu entorno”, afirma o diretor industrial da Caterpillar Brasil, João Carlos Maranha.

Para atender a tais níveis de exigência, que determinam um nível máximo de emissão de CO em 5 g/kWh e de NOx em 4 g/kWh, por exemplo, a partir de 2007 (EPATier III, para motores entre 100 e 175 hp), os fabricantes de motores e equipamentos avançam no desenvolvimento de novas tecnologias. “Diante de restrições cada vez mais severas, a combustão precisa atingir um patamar de perfeição superior, proporcionado pelo maior controle de injeção, que deve ser realizada sob pressão elevada, acima de 1.000 bar”, explica Elcio Reginato, gerente de vendas e marketing da International Engines.

Com a evolução dos sistemas de injeção, que caminham para a tecnologia commom rail, já disponível no mercado veicular e em lançamento para o setor de off-roads por diversos fabricantes, o enfoque volta-se para o controle eletrônico dos injetores. Dessa forma, o sistema comanda a injeção de combustível a cada milésimo de segundo, otimizando a combustão em todas as faixas de rotação e não apenas na região de máxima potência. Tudo isto por meio de sensores que monitoram todas as condições operacionais, como carga, aceleração, torque, temperatura, pressão e outros.

Proposta brasileira — Como essas inovações já são oferecidas nos modelos recém lançados por alguns fabricantes que operam globalmente, tais fornecedores passam a defender uma regulamentação semelhante para o mercado local. “Num mundo integrado como o nosso, fica inviável, em termos de custos, manter uma plataforma exclusiva para comercialização no Brasil”, diz Maranha. Mesmo assim, ele reconhece o desafio que representa convencer o cliente a pagar por esse desenvolvimento tecnológico, principalmente em se tratando de usuários de um País sem preocupações ou regulamentação nesse setor. Por esse motivo, os fabricantes com plataforma de produção global já se articulam, no âmbito da Câmara de Máquinas Rodoviárias da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), para apresentar uma proposta de regulamentação de emissões em off-roads ao governo brasileiro. Segundo o gerente de qualidade e projetos especiais da Delphi, Vicente Pimenta, o comitê técnico CB 48, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), já desenvolveu a proposta, atualmente em fase de revisão por seus integrantes, para entrega aos órgãos oficiais entre fevereiro e março de 2005. O assunto foi amplamente debatido durante o XIII Congresso Internacional de Tecnologia da Mobilidade SAE Brasil, realizado em outubro último, em São Paulo, que contou com um painel dedicado ao controle de emissões em off-roads, com mediação do jornalista Luís Nassif. “A idéia é partir do estágio Tier II, já que a Resolução 315 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) é clara, ao excluir de sua área de abrangência, todos os motores marítimos, ferroviários e industriais, bem como os de máquinas agrícolas e de terraplenagem”, diz Pimenta.

Além da regulamentação, que abrange os modelos novos, ele aponta a necessidade de um programa de inspeção, que aguarda implantação até mesmo no segmento veicular. “Esse controle fica ainda mais complicado no setor off-road, já que estamos tratando de uma frota espalhada por regiões remotas ou equipando geradores de energia, muitas vezes sem possibilidade de parada para inspeções.”

Questão de custo — Pelos cálculos de Pimenta, nas primeiras etapas da regulamentação EPA, os equipamentos emissionados — assim denominados por atenderem as normas de emissão — sofreram um acréscimo de custos de 3%. Para atender a exigências Tier IV, haveria um aumento de custos de mais 2%, devido aos desenvolvimentos necessários à adequação de tais motores.

Esse, aliás, é o motivo para a falta de consenso entre os fabricantes de equipamentos agrícolas e os fornecedores de máquinas para os demais segmentos off-road, conforme explica Reginato. “Essa frota é um bem de capital e qualquer aumento de custo pode gerar impacto no negócio, principalmente em um setor sensível como a agricultura”. Ele avalia que, no curto prazo, a indústria pode manter uma plataforma de produtos não emissionados dedicada ao mercado agrícola brasileiro, devido a sua escala de demanda, embora o avanço em termos de regulamentação seja irreversível num horizonte mais longo.

O gerente de planejamento de mercado da John Deere, Amilcar Centeno, corrobora essa opinião ao detalhar a estratégia de sua empresa. “Como importamos os motores emissionados, nossa unidade brasileira pode produzir equipamentos adequados às exigências de países regulamentados ou não”, diz ele. Devido às divergências, a proposta desenvolvida pela ABNT, no âmbito do comitê CB 48, exclui o segmento de máquinas agrícolas e contempla o controle de emissões exclusivamente para equipamentos rodoviários.

Para o diretor de engenharia e j desenvolvimento de produtos da AGCO, Luiz Fernandes Ghiggi, mesmo nos mercados sem controle de emissões, cabe à indústria uma postura proativa. “Apesar de não existir essa exigência no Brasil, já lançamos um trator coletor emissionado, equipado com sistema de injeção commom rail e tecnologia de recirculação de gases de exaustão (EGR)”, ele afirma.

Para o presidente da Volvo, Yoshio Kawakami, o debate sobre controle de emissões deve ser travado acima de discussões de custos ou tecnicidades de normas. “Não se trata de responder a exigências ou regulamentações, pois o avanço dessa tecnologia é parte integrante da evolução dos produtos”, ele afirma. Na sua opinião, o segmento off-road conta com o privilégio de desenvolver soluções emissionadas a partir da experiência veicular, que já aportou boa parte dos investimentos necessários.

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