Montados sobre caminhões, furgões e até mesmo pick-ups, os comboios são veículos customizados com utilidades de atendimento e abastecimento para máquinas pesadas em operações na construção civil e mineração. Para tanto, essas verdadeiras “oficinas ambulantes” são blindadas e preparadas para trabalhar em condições severas, assegurando assim uma operação ininterrupta nos canteiros, estejam onde estiverem.
A blindagem, aliás, é um dos pontos mais discutidos em relação aos comboios, pois – como o objetivo é garantir que a operação não seja interrompida – eles também precisam resistir às intempéries do ambiente.
Nesse sentido, esses utilitários são oferecidos em três diferentes níveis de proteção. Os chamados comboios “abertos” possuem apenas proteção contra chuva e sol, enquanto os “semiabertos” apresentam proteções laterais e os “fechados”, proteção completa.
Até por isso, atualmente os comboios fechados são os mais requisitados no mercado, pois são totalmente protegidos por portas, vedações e compartimentos destinados ao alojamento dos acessórios
Montados sobre caminhões, furgões e até mesmo pick-ups, os comboios são veículos customizados com utilidades de atendimento e abastecimento para máquinas pesadas em operações na construção civil e mineração. Para tanto, essas verdadeiras “oficinas ambulantes” são blindadas e preparadas para trabalhar em condições severas, assegurando assim uma operação ininterrupta nos canteiros, estejam onde estiverem.
A blindagem, aliás, é um dos pontos mais discutidos em relação aos comboios, pois – como o objetivo é garantir que a operação não seja interrompida – eles também precisam resistir às intempéries do ambiente.
Nesse sentido, esses utilitários são oferecidos em três diferentes níveis de proteção. Os chamados comboios “abertos” possuem apenas proteção contra chuva e sol, enquanto os “semiabertos” apresentam proteções laterais e os “fechados”, proteção completa.
Até por isso, atualmente os comboios fechados são os mais requisitados no mercado, pois são totalmente protegidos por portas, vedações e compartimentos destinados ao alojamento dos acessórios. Nesse modelo, todo o trabalho é realizado pelo operador no nível do solo, garantindo também riscos menores de acidentes e maior conforto durante o serviço. Mas há outros motivos.
Na opinião de Humberto Eufrade, gestor de negócios da fabricante de comboios Gascom, a preocupação com a segurança e a integridade do próprio equipamento fizeram com que as configurações tipo aberta e semiaberta se tornassem gradualmente menos requisitadas em operações severas. Além disso, o prolongamento da vida útil do comboio altera o valor de revenda, desfavorecendo os modelos abertos. “Os comboios abertos deixam a desejar na condição mínima de vedação exigida pelos usuários, pois ficam expostos a todas as intempéries do ambiente”, complementa Eufrade.
Por outro lado, Guilherme Baraldi Neto, da engenharia de vendas da Bozza, acredita que a escolha depende do tipo de operação e do porte de investimento de cada cliente. Portanto, há um mercado forte tanto para os modelos abertos quanto semiabertos, que representam entre 30% e 40% das vendas da fabricante. “A operação desse tipo de equipamento também é feita a partir do solo, com todas as condições previstas de segurança e qualidade dos lubrificantes e combustíveis”, diz ele, destacando que o investimento nesse tipo de comboio pode ser até 40% menor, atendendo às expectativas de clientes de menor porte.
VIDA ÚTIL
No que tange à proteção mecânica, o gerente de exportações da Romanelli, Thiago Sebber Romanelli, explica que o reforço na proteção dos equipamentos fechados é feito com aço especial para proteger os equipamentos e o tanque contra impactos, pois – como ficam expostos – precisam de armaduras para protegê-los contra colisões com galhos de árvores e até mesmo atos de vandalismo.
Além de assegurar a integridade de componentes menores (como mangueiras e medidores de vazão), a blindagem também preza pelas estruturas maiores. O tanque de combustível, por exemplo, é um dos elementos de maior periculosidade e, geralmente, se encontra no centro do equipamento, oferecendo maior resistência mecânica contra colisões laterais, frontais e traseiras.
Outro cuidado ressaltado pelas fabricantes diz respeito à qualidade do ar comprimido, que deve impreterivelmente chegar puro ao compressor para evitar a contaminação do óleo lubrificante. Como os comboios atuam em ambientes com muita poeira e água, sistemas mais confiáveis de filtragem e eliminação de umidade são essenciais nesse tipo de serviço.
Nessa linha, a manutenção preditiva é primordial para mitigar qualquer avaria. Para Baraldi, dentre os principais cuidados que devem ser rotineiramente adotados está o respeito aos limites do caminhão, sem jamais ultrapassar a capacidade da tomada de força do veículo, bem como a lubrificação do eixo cardan, o tensionamento correto das correias de transmissão e a verificação no aperto dos parafusos a cada 500 km. No dia a dia, também é preciso drenar a água condensadora no reservatório do compressor de ar, incluindo outros cuidados descritos nos manuais de fabricante do veículo e dos implementos do comboio.
AUTOMAÇÃO
Para atender às exigências logísticas e operacionais, novas tecnologias de automação estão impulsionando o avanço desses equipamentos. Isso é feito por meio de sistemas eletrônicos para controle de abastecimento, monitoramento via GPS, gerenciamento remoto da frota operacional e outras soluções, muitas vezes aplicadas por demanda dos próprios clientes.
Para os comboios menores, a mesma vertente tecnológica está sendo aplicada e utilizada no controle de frota e abastecimento. Conforme explica Tambellini, um único software já é capaz de gerenciar o fornecimento de óleo diesel e de lubrificantes, por meio do sistema GPRS (Serviço de Rádio de Pacote Geral). O especialista frisa que esses recursos serão cada vez mais utilizados no mercado nacional, permitindo o monitoramento em todos os setores para controle de gastos e formação de custos.
Para Eufrade, essa tendência é iminente, principalmente em relação à preocupação com o controle de saída dos produtos. “Sentimos que há uma dificuldade, pois a apuração e gerenciamento dos gastos na operação tornam-se, cada vez mais, uma questão de sobrevivência das empresas”, explica. “Por isso, é necessário garantia e parâmetro para evitar descontrole de consumo.”
Já João Guilherme Bozza, um dos responsáveis pelo setor de engenharia da JAB Comboio, conta que a empresa desenvolveu um sistema de gestão de fluidos em parceria com a Vale. Nesse caso, foram instalados transmissores nos postos e comboios da mina de Carajás (PA), controlando quase um milhão de litros diariamente. “Nesse sistema, são cadastradas todas as informações de localização, volume, horário, dados de veículo e operador, rastreáveis em tempo real e liberadas apenas mediante autorização”, diz ele.
O especialista pondera que a crescente demanda por automação é resultado do encarecimento da mão de obra e, ainda, do elevado fator de erro em dados atualizados por operadores pouco qualificados. Nessa linha, ele diz que os gestores de frota precisam de sistemas automáticos que tragam maior confiabilidade para o processo, rapidez na emissão de relatórios e rastreabilidade de eventos, podendo detectar qualquer movimentação ou abastecimento irregulares.
UTILITÁRIOS
A evolução deste mercado tem favorecido inclusive o surgimento de outros formatos. Com o objetivo de facilitar o atendimento às empreiteiras dentro das cidades, por exemplo, as fabricantes também têm recorrido cada vez mais a soluções que permitam o trânsito dos comboios nos horários de restrição, além de reduzirem os custos em canteiros mais confinados.
A melhor resposta a essas duas necessidades pode ser encontrada em utilitários urbanos e pick-ups, que são veículos de menor porte e equipados com os principais serviços de abastecimento e lubrificação. “Além de mais ágeis em relação aos comboios tradicionais, eles reduzem os custos quando há poucas máquinas para abastecer”, avalia Carlos Tambellini, diretor comercial da Sage Oil Vac Brasil, fabricante dessas soluções.
Assim como os comboios em caminhões, esses veículos tiveram avanços tecnológicos significativos nos últimos anos. Segundo Tambellini, isso inclui a substituição das bombas propulsoras pneumáticas por vasos de pressão e tanques pressurizados para retirada a vácuo do óleo usado, uma medida que facilita a troca dos lubrificantes e, de quebra, respeita os limites ambientais para mitigação de derramamentos.
Embora menores, os equipamentos compactos operam nas mesmas condições climáticas dos tradicionais e, por isso, é necessário equipá-los com filtros de ar de alto desempenho. Já a blindagem é dispensada, uma vez que os componentes utilizados são resistentes à poeira e outras intempéries.
Quanto à disposição desses veículos menores, o especialista explica que podem ser montados em carrocerias abertas com capacidades de aproximadamente 1.500 kg. Modelos de utilitários compactos, como o K2500 (da Kia Motors) ou o HR (da Hyundai), por exemplo, podem ser configurados para transportar em torno de 1.000 l de diesel, 300 l de óleo lubrificante, 50 kg de graxa e acessórios para troca de pneus de caminhões. Para quem prefere modelos ainda menores, pick-ups como a S10 (da Chevrolet) ou a Ranger (da Ford), entre outras, também oferecem os mesmos serviços, porém com capacidades reduzidas, como 400 l de diesel e alguns acessórios adicionais.
Como comparativo, os tanques de combustível dos comboios sobre caminhões possuem capacidades que variam de 2.000 a 12.000 l. Para óleos lubrificantes, os reservatórios geralmente comportam entre 250 e 300 l em modelos pressurizados, sendo que esse valor pode quadruplicar nos hidráulicos. Já os reservatórios para transporte de ar e água giram em torno de 250 l nestes modelos.
Evolução atende às exigências legais
Para garantir que o equipamento já saia de fábrica com a qualidade esperada pelo usuário, em 2004 o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e o Inmetro publicaram a norma RTQ-07C, que discorre sobre a inspeção na construção de equipamentos para o transporte rodoviário de produtos perigosos. Com isso, o comboio deve sair da montagem com o Certificado de Inspeção de Produtos Perigosos (CIPP).
As exigências devem ser estendidas às normas mandatórias que regulam o tráfego dos caminhões em quase todos os municípios brasileiros. Desse modo, devem obedecer às resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) sobre adequação, transporte e treinamento para combustíveis e outros produtos perigosos em vias públicas. Outra resolução, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), também pede a instalação de itens de segurança, placas de sinalização e identificação dos produtos, entre outros requisitos.
Em adição, o tráfego de caminhões também precisa respeitar as restrições municipais de circulação, o que limita a mobilidade dos comboios tradicionais. Em São Paulo, por exemplo, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estipulou que os caminhões cadastrados para transporte de produtos perigosos com até dois eixos podem trafegar na Zona de Máxima Restrição de Circulação (ZMRC) somente entre 10h e 16h.
Para Thiago Sebber Romanelli, gerente de exportações da Romanelli, tais normas representam um fator positivo para a indústria, uma vez que selecionam as empresas mais capacitadas para fabricar esses produtos. No entanto, o especialista aponta que ainda faltam maior clareza e especificações nas leis, de modo a torná-las menos interpretativas e mais diretas. Por sua vez, João Guilherme Bozza, do setor de engenharia da JAB, enfatiza que “os volumes de armazenamento e de acessórios podem ser totalmente customizados para os clientes, desde que não desrespeitem as normas impostas pelo Denatran e nem excedam a capacidade de carga do caminhão”.
Vendas seguem atreladas à exportação de commodities
Na avaliação de Angela Cristina Pilegi, especialista do departamento comercial da JAB, o mercado de comboios é altamente sensível e flutua junto aos demais setores da economia de base, como construção, mineração e agricultura, principalmente a sucroalcooleira. Segundo ela, são setores que dependem da exportação (por sua vez dependente do cenário macroeconômico mundial) e, por isso, as crises financeiras impactam diretamente na comercialização dos equipamentos. “Nos últimos dois anos, a venda acompanhou esse cenário”, afirma Pilegi. “No entanto, acreditamos em uma melhora, apesar da falta de perspectiva dos mercados internacionais.”
Para Mauro Lima, gestor da área comercial da Bozza, as usinas de açúcar e a área de mineração tiveram queda nos investimentos, o que reduziu a venda de comboios da empresa em 27%, mesmo com a estabilidade dos últimos anos. “Para 2015, esperamos que as novas linhas de crédito do governo ajudem a retomar as condições de financiamento, impulsionando a renovação das frotas, principalmente do segmento agrícola”, diz.
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