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Revista M&T - Ed.17 - Mai/Jun 1993
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M&T ESPECIAL

ConExpo 93

Oportunidade. Esta é a melhor palavra para definir o que significa uma feira internacional do porte e da importância da Conexpo 93. Oportunidade de negócios, contatos, aprendizado e reflexão sobre a posição do Brasil frente aos equipamentos, métodos, processos e tecnologia usados pelos países do Primeiro Mundo no setor de construção.
A Conexpo 93 foi realizada no Centro de Convenções de Las Vegas, nos Estados Unidos, de 20 a 25 de março e além de apresentar as novidades em equipamentos, componentes e acessórios para construção, ofereceu uma intensa programação de seminários sobre temas atuais e de interesse para os profissionais da área. Mas o que melhor ilustra a grandiosidade da feira são os seus números, principalmente se comparados com os da Conexpo de seis anos atrás: a área de exposição subiu de 72.000 para 90.000 m2 (somadas, as áreas de exposição e convenções do Anhembi chegam a 76.600 m2), o número de expositores saltou de 280 para 800 e o de visitantes ficou em torno de 130.000. "Esta feira se popularizou, abrindo espaço para os médios e pequenos fabricantes, o que aumentou o número de stands e diversificou os modelos apresentados”, observa Carlos Pimenta, gerente de equipamentos da Azevedo & Travassos.

“Por isso, quem não tivesse uma programação rígida para conhecer a feira, perdia muitas novidades”, completa.
Atrações
Mesmo com vários fatores que poderiam ofuscar o brilho da feira - a recessão mundial, a ausência ou discreta participação de grandes fabricantes como a Caterpillar, Komatsu, Case, Fiat-AIlis, Demag e o pequeno período entre as feiras do setor, dificultando o surgimento de novidades - a Conexpo mostrou equipamentos que foram unanimemente considerados grandes atrações.
Um exemplo na área de dutos, são os equipamentos para furo direcional de pequenos di&aci


Oportunidade. Esta é a melhor palavra para definir o que significa uma feira internacional do porte e da importância da Conexpo 93. Oportunidade de negócios, contatos, aprendizado e reflexão sobre a posição do Brasil frente aos equipamentos, métodos, processos e tecnologia usados pelos países do Primeiro Mundo no setor de construção.
A Conexpo 93 foi realizada no Centro de Convenções de Las Vegas, nos Estados Unidos, de 20 a 25 de março e além de apresentar as novidades em equipamentos, componentes e acessórios para construção, ofereceu uma intensa programação de seminários sobre temas atuais e de interesse para os profissionais da área. Mas o que melhor ilustra a grandiosidade da feira são os seus números, principalmente se comparados com os da Conexpo de seis anos atrás: a área de exposição subiu de 72.000 para 90.000 m2 (somadas, as áreas de exposição e convenções do Anhembi chegam a 76.600 m2), o número de expositores saltou de 280 para 800 e o de visitantes ficou em torno de 130.000. "Esta feira se popularizou, abrindo espaço para os médios e pequenos fabricantes, o que aumentou o número de stands e diversificou os modelos apresentados”, observa Carlos Pimenta, gerente de equipamentos da Azevedo & Travassos.

“Por isso, quem não tivesse uma programação rígida para conhecer a feira, perdia muitas novidades”, completa.
Atrações
Mesmo com vários fatores que poderiam ofuscar o brilho da feira - a recessão mundial, a ausência ou discreta participação de grandes fabricantes como a Caterpillar, Komatsu, Case, Fiat-AIlis, Demag e o pequeno período entre as feiras do setor, dificultando o surgimento de novidades - a Conexpo mostrou equipamentos que foram unanimemente considerados grandes atrações.
Um exemplo na área de dutos, são os equipamentos para furo direcional de pequenos diâmetros (foto 1), que foram representados por vários fabricantes. Este equipamento permite que o solo seja perfurado sem a abertura de valas, dispensando a valetadeira e reduzindo os custos da operação.
Sua grande vantagem é que a perfuração pode ser controlada remotamente através de sensores colocados na ponta da broca que indicam o seu posicionamento, evitando que seu curso seja desviado ou obstruído, e mantendo, na superfície, o tráfego e a execução de obras no seu ritmo normal.

Uma máquina que chamou a atenção pela sofisticação e produtividade foi o “padder” (foto 2), para fechamento de valas. O “padder" reaterra a vala com o material selecionado. Ele possui um sistema que coleta o material escavado, classifica utilizando uma peneira e separa tudo o que for indesejado no recobrimento da vala. Como o material da própria vala é reaproveitado no seu recobrimento, consegue-se uma boa economia. Por ser um equipamento de aplicação tão específica, o “padder” vem sendo alugado e operado pelas locadoras que, assim, evitam que construtoras invistam num produto que terá grande ociosidade. Aliás, a terceirização dos serviços foi um fato largamente observado na feira.
Outro equipamento, bastante elogiado e que lembra um problema corriqueiro no País, foi um moderno sistema de tapa-buracos (foto 3), adaptável a qualquer caminhão. Neste sistema, é preciso apenas uma pessoa para guiar e comandar o serviço da própria cabine do caminhão. O caminhão é equipado com o agregado, ar comprimido, asfalto, enfim todo o material necessário à reparação do buraco. Através de uma lança controlada hidraulicamente, montada na parte frontal do veículo, é possível limpar, impermeabilizar, aplicar o material betuminoso e tapar o buraco numa velocidade maior e numa operação mais segura e eficiente que no sistema brasileiro. E os custos, lógico, são bem menores.

Os guindastes também foram uma das grandes atrações na Conexpo. Foi observada uma tendência à montagem de guindastes de até 20 ton em veículos de série, que além de ter custo inferior, incorporam diversos acessórios para serviços específicos tornando o equipamento bastante versátil. Com relação aos guindastes pesados, a novidade foi a apresentação da linha GROVE AT - Ali Terrain, até 150 ton, cuja principal característica é ter, no mesmo equipamento mobilidade em terrenos acidentados e fácil transporte rodoviário.
Também tiveram destaque as Manlift, plataformas de serviço, pantográficas (foto 10) até 14m e de lança telescópica até 35m totalmente operadas por controle remoto.
As escavadeiras hidráulicas assistidas eletronicamente (foto 4) também foram muito comentadas e consideradas como o que há de mais inovador em terraplenagem. A opinião é de Carlos R. Camerato, gerente de engenharia da Camargo Corrêa, que foi à Conexpo justamente para identificar e contactar os fabricantes desta máquina. “Este tipo de equipamento oferece maior produtividade e melhor qualidade nos serviços devido à automação e tecnologia de ponta”, resume Camerato.

Pavimentação, recuperação de pavimentos e reciclagem estavam representados por diversos fabricantes, que apresentaram equipamentos de alta produção. Podemos ressaltar os equipamentos autopropelidos para alimentação de vibroacabadoras com silo de capacidade de 30 ton. Estes equipamentos podem receber o material diretamente do basculante ou carregar o material depositado na pista. Em usinas de alfalto a novidade foi o Drum Mixer do Astec. A mistura do material reciclado se faz em uma câmara externa ao tambor secador misturador para evitar o aquecimento excessivo desse material.
Tendências
A Conexpo reafirmou tendências que vinham sendo observadas nos últimos anos e devem cada vez mais se fortalecer. A concepção tecnológica dos equipamentos modernos visa qualidade, produtividade, segurança mas também um mercado encolhido por uma crise econômica mundial. “Acabaram os grandes equipamentos, as máquinas gigantes, que vendiam bem há duas décadas atrás”, atestam Sérgio Palazzo, presidente da Sotenco. “A saída encontrada pelos fabricantes foi produzir acessórios que otimizam o uso de suas máquinas e modelos menores, que não exijam um investimento alto”. Afinal, como mostra Palazzo, o único mercado que está efetivamente absorvendo máquinas é a Ásia.

Mesmo os fabricantes mexeram em suas estruturas para se adaptar à recessão. Vários dos grandes fabricantes se uniram com a intenção de reduzir custos e melhorar sua capacidade de compra. Na feira, estas fusões que já vinham acontecendo há alguns anos, apareceram de forma bastante clara: a holding Astec e a Volvo-GM (caminhões) são alguns exemplos.
Sobre a terceirização já não se pode nem mais falar em tendências - é um fato, notado principalmente entre as empresas norte-americanas. Pequenas e especializadas num tipo de serviço, estas empresas locam suas máquinas e mão-de- obra às empreiteiras, obtendo melhores resultados devido à especialização. “Como o mercado da construção nos países de Primeiro Mundo está abastecido por equipamentos muito específicos, é mais barato e produtivo comprar apenas as máquinas que realmente são básicas para uma grande construtora, deixando as outras para serem locadas no momento necessário", considera Pimenta. Empresários brasileiros também já reconhecem as vantagens da terceirização e alguns puderam prová-las na própria Conexpo. A Sotenco, que esteve na feira como representante brasileira de três fabricantes e como subempreiteira, conseguiu fechar mais negócios na sua parte de prestação de serviços do que na de venda de máquinas. “Vários clientes gostaram do que viram, mas não quiseram comprar. Por outro lado, se animaram muito com a ideia de contratar nossos serviços", conta Palazzo.
Quanto às novidades tecnológicas, o aumento da eletrônica embarcada foi uma das que mais chamou a atenção dos visitantes à feira. “Através de computadores, as funções dos circuitos hidráulicos de uma escavadeira, por exemplo, são otimizadas”, explica Paulo Brito, gerente de equipamentos da Construtora Norberto Odebrecht.
Também impressionaram os sistemas de corte de concreto com fio dia- mantado, que foram mostrados por três empresas americanas. Sistemas hidráulicos aperfeiçoados foi outro avanço percebido na feira. “Notamos que, enquanto nossa linha de placas vibratórias é a tradicional, os fabricantes europeus já a substituíram por uma hidráulica, bem mais moderna, que trabalha à frente e a ré", diz Maércio M. Cavalcante, gerente de divisão da Dynapac, empresa que esteve na feira exibindo seus equipamentos.

Na área de equipamentos de segurança, a variedade e sofisticação dos produtos mostrou que esta preocupação nos mercados mais modernos é muito grande. Vale a pena destacar um sistema que é colocado atrás dos veículos de serviços para absorver choques (foto 5), os sinalizadores digitais de pista (foto 6) e uma máquina toda sinalizada, operada pelo motorista, para recolher ou colocar cones em ruas e estradas, evitando a exposição direta do operador no trânsito.
Os escoramentos metálicos também fizeram sucesso. Havia desde o sistema contínuo (foto 7), onde o próprio equipamento de escavação puxa o escoramento à medida que o serviço avança, deixando a vala escavada e protegida, o que elimina os riscos na operação de assentamento do tubo, até o sistema estaca-prancha (foto 8), também móvel, e servido de pinos que liberam à estaca caso seja encontrada alguma interferência durante sua colocação na vala. Além de diminuir os custos gerados pelas grandes áreas de escoramento, ambos os sistemas garantem totalmente a segurança dos trabalhadores.


Brasil
Ao falar dos avanços e tendências observados na Conexpo é inevitável pensar na situação brasileira. A defasagem do Brasil no setor da construção em relação aos países representados na feira ainda é grande. Se a abertura de mercado e a queda da lei de informática estão ajudando a introduzir no País uma tecnologia mais moderna, o leque de opções de modelos ainda é pequeno. Muitos serviços que poderiam ser feitos por uma máquina especializada, são executados por homens em situação precária de segurança e remuneração. "O Primeiro Mundo tem uma produtividade muito grande, consegue otimizar os serviços com equipamentos específicos e que dão ritmo ao processo contínuo de produção. Ainda estamos limitados neste setor”, avalia Pimenta. Do outro lado do balcão, fabricantes e revendedores de máquinas brasileiros também sentem os impactos desta desigualdade.
Certos equipamentos, que já fazem parte da rotina de obras em outros países, ainda não são conhecidos no Brasil. Não só pela tecnologia, que às vezes o fabricante sediado no Brasil é obrigado a adquirir para vender para mercados mais interessantes que o nacional, mas também pela diversidade de modelos. "A Dynapac na Europa tem produtos de alta tecnologia e modelos variados que já tentamos vender no Brasil, mas não houve aceitação no mercado”, lembra Maércio. "Isto porque ainda vigora no País um mercado de preços”, acrescenta. Palazzo, da Sotenco que representa cinco fabricantes, também vivência esta dificuldade. “Ultimamente, os serviços e produtos automatizados que a empresa oferece têm disputado espaço no mercado, sem muitas chances, com os serviços feitos manualmente'1, afirma. E não poderia ser muito diferente num País onde projetos e obras incertas, que sofrem com as oscilações da economia, acabam se utilizando da contratação de mão-de-obra barata como um paliativo.
Mas as máquinas produzidas no Brasil expostas na Conexpo também agradaram. “Vi com muita satisfação, máquinas fabricadas no Brasil, como as carregadeiras FR-14 e FR-18 e motoniveladora da Fiat-AIlis e o articulado RK-628 da Randon, fazendo boa figura na feira”, diz Paulo Brito. Marcos Cló, diretor comercial da Cló Zironi Mecânica que expôs toda a sua linha de equipamentos que executam estacas (foto 9), também considerou positiva a participação da empresa na Conexpo. “Um grande número de pessoas se interessou por nossa linha de produtos, o que nos dá a certeza de que estaremos presentes na próxima feira”, comemora. Da Cló Zironi, o público pôde conhecer modelos acoplados a caminhão ou guindaste, que fazem o revestimento simultaneamente à perfuração - processo “eco-estaca" que preserva o meio-ambiente.

Estímulo
A distância que a Conexpo revelou v' entre nós e os demais países tem um lado bom. Ela estimula empresas brasileiras a aprender com modelos que deram certo. Camerato, por exemplo, que gostou das escavadeiras hidráulicas assistidas eletronicamente, de marcas inexistentes no mercado nacional, estuda a possibilidade de com o apoio técnico dos dealers, adotar um equipamento similar, que se aproxime do nível de automação visto na feira. “Para os brasileiros que participaram deste evento, o importante não são só as novidades, mas a chance de aprendizado e de, principalmente, exigir que os fabricantes instalados no País melhorem a qualidade dos seus equipamentos’’, argumenta.

“Para todos evoluírem tecnologicamente, é necessário atingir o padrão internacional que estes fabricantes já demonstraram possuir lá fora”, finaliza Camerato. Para os profissionais, a Conexpo deu a oportunidade, entre outras, de contato direto com fabricantes, acrescentando soluções para os problemas que surgem no dia a dia dos equipamentos. Como resumiu muito bem Paulo Brito, isto é fundamental, pois afinal de contas não é possível dialogar com os catálogos.

Gabriela Garcia

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