Revista M&T - Ed.190 - Maio 2015
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Recicladoras

Capeamento sustentável

Apostando no incremento de recicladoras e estabilizadoras de solo e asfalto, fabricantes antecipam lançamentos que serão expostos pela primeira vez na M&T Expo
Por Camila Waddington

Durante a M&T Expo 2015, a Wirtgen e a Bomag apresentarão em primeira mão seus novos modelos de recicladoras e estabilizadoras de solo e asfalto. Privilegiando suas origens, ambas as empresas apostam em tecnologias alemãs, destacando duas máquinas cada. A diferença é que uma delas exibirá uma máquina média e uma compacta, de olho nos mercados de pavimentação tradicional e no spot. Já a outra vem com uma máquina média e uma de grande porte, antecipando tendências europeias e norte-americanas – onde já é realidade há alguns anos – de utilizar esse tipo de equipamento em obras rodoviárias mais largas.

No Brasil, as recicladoras de solo e estabilizadoras de asfalto (o nome composto indica que as máquinas realizam as duas funções) começaram a se popularizar na última década, apesar de haver relatos de utilização anterior, nas décadas de 1980 e 1990. “Atualmente, estimamos que sejam vendidas cerca de 70 unidades ao ano”, pontua Juliano Gewehr, especialista de produtos da Ciber, empresa brasileira do Grupo Wirtgen.

Para a Bomag, que absorveu o legado das


Durante a M&T Expo 2015, a Wirtgen e a Bomag apresentarão em primeira mão seus novos modelos de recicladoras e estabilizadoras de solo e asfalto. Privilegiando suas origens, ambas as empresas apostam em tecnologias alemãs, destacando duas máquinas cada. A diferença é que uma delas exibirá uma máquina média e uma compacta, de olho nos mercados de pavimentação tradicional e no spot. Já a outra vem com uma máquina média e uma de grande porte, antecipando tendências europeias e norte-americanas – onde já é realidade há alguns anos – de utilizar esse tipo de equipamento em obras rodoviárias mais largas.

No Brasil, as recicladoras de solo e estabilizadoras de asfalto (o nome composto indica que as máquinas realizam as duas funções) começaram a se popularizar na última década, apesar de haver relatos de utilização anterior, nas décadas de 1980 e 1990. “Atualmente, estimamos que sejam vendidas cerca de 70 unidades ao ano”, pontua Juliano Gewehr, especialista de produtos da Ciber, empresa brasileira do Grupo Wirtgen.

Para a Bomag, que absorveu o legado das máquinas da Terex Roadbuilding, o Brasil vem se conscientizando sobre a importância da reciclagem asfáltica, mas ainda está muito distante da Europa e da América do Norte, onde há obras e equipamentos em números muito mais expressivos. “Mas a população de máquinas no Brasil cresce a cada ano e a Bomag participa ativamente desse avanço”, diz Ivan Reginatto, gerente de marketing da empresa.

Segundo ele, as projeções promissoras são embasadas em aspectos econômicos e ambientais, pois além de reduzir custos nas obras os equipamentos atenuam o impacto ambiental causado por sua operação. “Os processos de reciclagem de asfalto, por exemplo, reutilizam produtos que antes eram descartados, tornando-os economicamente viáveis para recuperar trechos rodoviários ou para construir novas estradas”, diz o especialista.

CICLO INFINITO

Reginatto destaca que o ciclo infinito de vida útil do asfalto é o aspecto ambiental mais relevante, dada a possibilidade de se extrair um material já desgastado e devolvê-lo de forma rejuvenescida às pistas. “Essa técnica também minimiza a necessidade de se explorar pedreiras ou executar aterros de bota-fora, o que é uma solução excepcional para o problema de disposição final dos materiais em locais inadequados, principalmente ao longo do corpo de estradas”, afirma.

Sobre a qualidade dos pavimentos reciclados, o gerente de engenharia da Bomag, Elton Luís Antonello, avalia que em muitos casos o uso de recicladoras e estabilizadoras “acaba gerando misturas que dão uma capacidade de carga mais elevada do que o material que originalmente seria colocado para uma sub-base ou para base”.

Assim, tendo em vista a necessidade de se garantir o retorno sobre o investimento no uso desses equipamentos, os especialistas avaliam que os brasileiros adentram em um novo momento de consumo dessas tecnologias. “Até então, o mercado era majoritariamente de locadoras ou empresas prestadoras de serviços de pavimentação, que conseguiam aferir o custo-benefício das máquinas alocando-as em diferentes obras durante o ano”, diz Antonello. “Hoje, os empreiteiros perceberam que podem fazer esse serviço sem subcontratar e, por isso, começaram a investir e qualificar pessoal para operação em vários pontos do país.”

A operação das recicladoras e estabilizadoras de solo e asfalto é detalhada de modo didático por Gewehr, da Wirtgen. “No caso de reciclagem de asfalto, em uma única passada a máquina retira a capa, recupera o material com a adição de elementos faltantes (betume, cal, brita etc.) e o aplica novamente nas condições ideais para criar um novo pavimento”, explica. “Na estabilização de solo, o ciclo é o mesmo, com o diferencial de criar materiais com condições de suporte para a base, permitindo que até o capeamento posterior seja mais fino.”

Reginatto, da Bomag, complementa que não é incomum a mudança – após a reciclagem – de projetos de pavimentos de 10 cm para 5 cm de espessura. Isso porque, como explica o especialista, a recicladora geralmente não aplica a camada final (apesar de ser possível em alguns casos), mas deixa a base e sub-base com melhores capacidades de suporte e passíveis de receber capa asfáltica de menor espessura.

Na estabilização de solo a operação é bem similar, segundo explica Gewehr. “Em solos irregulares, a máquina passa, corta o material do terreno, mistura internamente com os componentes necessários e torna a aplicar o material, agora mais homogêneo e com as características corretas para suporte de base e sub-base”, relata. “Nesses processos, o mais comum é a aplicação de cal, para endurecer solos mais úmidos, ou de cimento, para dar a função estrutural necessária ao solo.”

CONCEITO

O princípio de funcionamento dessas máquinas tem como coração o cilindro de corte, pelo menos no que tange à parte mecânica. Trata-se de um componente muito semelhante aos cilindros de fresadoras de asfalto, repleto de bits e que opera em rotação. A diferença é que, em vez de jogar o material fresado para as laterais, como faz a fresadora, a recicladora o traz para dentro de si, onde há uma caixa dedicada a recebê-lo e misturá-lo com os “ingredientes” estipulados em projeto.

“Por esse princípio de funcionamento, não é indicado o uso das recicladoras e estabilizadoras somente para fresar solos, como sabemos que ocorre isoladamente em alguns lugares”, afirma Gewehr. “Afinal, se isso for feito, além do desperdício de usar uma máquina com muito mais recursos para fazer uma tarefa mais simples o cliente estará encarecendo o processo, tendo de retirar material fresado de dentro da caixa misturadora a cada passada.”

O especialista ressalta que também o uso de cabeças de fresagem em minicarregadeiras tem se tornado bastante comum, mas de eficiência muito menor. Porém, quando o assunto é criatividade na aplicação, a Wirtgen mostra que nem tudo é inadequado quando não se trata de obra rodoviária.

Na edição 29 de sua revista corporativa Usina de Notícias, a empresa apresentou um caso de sucesso com o uso desse equipamento em uma mina de gipsita (gesso) em Grajaú, no Maranhão. Lá, as duas recicladoras atuam na extração do mineral, não só inaugurando um novo modelo de operação para esse tipo de mineração, como também apresentando significativa redução de custo. O resultado foi um decréscimo de custos na ordem de 30% em relação ao sistema convencional. “Antes da chegada das recicladoras, retirávamos o estéril do mineral, fazíamos um furo com a perfuratriz pneumática e detonávamos com explosivos”, diz José Josias Lucena Ferreira, diretor da Gesso Integral. “Depois, utilizando uma escavadeira de esteira com rompedor, quebrávamos as rochas até o tamanho apropriado para o britador.”

Agora, como pontua Ferreira, o processo é muito mais prático, pois a extração é feita a partir da trituração e corte da gipsita com o uso das recicladoras e estabilizadoras. Nesse método, os equipamentos atuam com um conceito similar ao de mineradoras de superfície, em que o estéril fica no chão após a passada, pronto para ser carregado por uma pá carregadeira e depois despejado no caminhão de transporte até o beneficiamento.

NOVIDADES

Os cilindros de corte das recicladoras e estabilizadoras são compostos de formas diferentes, de acordo com cada fabricante. No caso da Wirtgen, os bits são invariavelmente espaçados a cada 20 mm, de modo que a única diferença ficará na largura do tambor, especifico para cada modelo da linha. “Há dois anos lançamos o modelo WR 240, com 2,4 m de largura no tambor e que veio substituir o WR 140, um modelo bem conhecido com o qual nos popularizamos no mercado brasileiro”, diz Gewehr. “Agora estamos lançando a WR 200, oferecendo uma alternativa de tambor mais estreito, de 2 m de largura de trabalho”, completa o executivo, revelando que o lançamento oficial ocorrerá em abril, mas a primeira demonstração pública da máquina será feita durante a M&T Expo 2015, entre 9 e 13 de junho, em São Paulo.

Já a Bomag – que até então comercializava a linha de recicladoras e estabilizadoras da CMI (antiga Terex) fabricada nos Estados Unidos – traz agora a linha MPH, de fabricação alemã, da própria Bomag Marini. Segundo Reginatto, serão apresentados dois modelos ao mercado brasileiro: a MPH 122 e a 600, sendo que o primeiro conta com motor de 482 hp, tambor cortador de 206 bits e largura e profundidade de corte de 2,4 m e 500 mm, respectivamente. “Já o modelo maior possui motor de 590 hp e conta, na versão básica, com tambor cortador com 212 bits, largura de 2,4 m e profundidade de corte de 600 mm, o que o torna apropriado para reciclagens profundas, que requeiram a injeção de emulsão ou mesmo de asfalto espumado (foam betume)”, detalha.

Nas máquinas da Bomag, segundo Reginatto, ainda há o diferencial do controle de velocidade de rotação na própria cabine de operação. “São 11 variações de corte, todas por meio de comando simples na cabine e com a facilidade de troca mesmo durante a operação do equipamento”, diz ele, salientando que a cabine também é diferenciada, ocupando toda a extensão horizontal da máquina para que o operador possa trabalhar do lado direito ou esquerdo, privilegiando a visibilidade. “Essa tecnologia de controle elimina a necessidade de parar o equipamento para alterar manualmente a polia ou correia quando se quer mudar a velocidade”, finaliza.

 

 

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