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Revista M&T - Ed.11 - Mai/Jun 1992
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PERFIL     

Blás Bermudez Cabrera

O entrevistado desta edição de Manutenção & Tecnologia é o administrador de empresas Blá Bermudez Cabrera, da Serveng-Civilsan. Nesta conversa ela fala do setor, de suas experiências e dos desafios da carreira.

Administrador de empresas e na profissão há 30 anos, Blás Bermudez Cabrera é diretor de suprimentos da Serveng-Civilsan. Com 47 anos, ele conta nesta entrevista à M&T que o que mais impressionou nesses anos todos foi a participação no projeto Carajás. Mas há um desafio do qual ele ainda sonha participar: a construção de uma hidroelétrica.

De todas as atividades em que está envolvido na empresa, ele gosta mesmo é de mexer com a área agropecuária do grupo. "Gosto demais do que faço e me realizo com o trabalho nas fazendas", diz ele.

Sempre com um visão realista do nosso tempo e do setor de suprimentos, Blás Bermudez diz que muita coisa melhorou nos últimos anos, mas ainda existem muitos pontos onde o país precisa se desenvolver.

Pergunta: Qual a sua expectativa para o mercado de equipamentos e insumos da indústria da construção como consequência da abertura das importações e redução de alíquotas que vêm ocorrendo?

Resposta: O mercado mudou, mudou para melhor. Com a abertura das importações e com o programa de redução de alíquotas do imposto de importação — dependendo do equipamento — existe a redução do ICMS em até 50 %. Isto faz com que o produto importado chegue aqui no Brasil até mais barato que o produto nacional. Isto é muito bom: faz com que a indústria brasileira reavalie seus custos e melhore a qualidade do seu produto.

P: Qual sua opinião sobre parceria com fornecedores?

R: Acho muito difícil conseguir trabalhar em parceria com


O entrevistado desta edição de Manutenção & Tecnologia é o administrador de empresas Blá Bermudez Cabrera, da Serveng-Civilsan. Nesta conversa ela fala do setor, de suas experiências e dos desafios da carreira.

Administrador de empresas e na profissão há 30 anos, Blás Bermudez Cabrera é diretor de suprimentos da Serveng-Civilsan. Com 47 anos, ele conta nesta entrevista à M&T que o que mais impressionou nesses anos todos foi a participação no projeto Carajás. Mas há um desafio do qual ele ainda sonha participar: a construção de uma hidroelétrica.

De todas as atividades em que está envolvido na empresa, ele gosta mesmo é de mexer com a área agropecuária do grupo. "Gosto demais do que faço e me realizo com o trabalho nas fazendas", diz ele.

Sempre com um visão realista do nosso tempo e do setor de suprimentos, Blás Bermudez diz que muita coisa melhorou nos últimos anos, mas ainda existem muitos pontos onde o país precisa se desenvolver.

Pergunta: Qual a sua expectativa para o mercado de equipamentos e insumos da indústria da construção como consequência da abertura das importações e redução de alíquotas que vêm ocorrendo?

Resposta: O mercado mudou, mudou para melhor. Com a abertura das importações e com o programa de redução de alíquotas do imposto de importação — dependendo do equipamento — existe a redução do ICMS em até 50 %. Isto faz com que o produto importado chegue aqui no Brasil até mais barato que o produto nacional. Isto é muito bom: faz com que a indústria brasileira reavalie seus custos e melhore a qualidade do seu produto.

P: Qual sua opinião sobre parceria com fornecedores?

R: Acho muito difícil conseguir trabalhar em parceria com fornecedores. Você deve conseguir selecionar seus fornecedores, estar constantemente cobrando responsabilidade assumida e - em paralelo - estar desenvolvendo outros fornecedores para substituir os que não estão cumprindo com os contratos firmados.

P: Como você concilia a perecibilidade das cotações, neste tempo inflação de alta, com a necessidade de uma análise mais criteriosa de cada proposta?

R: Nestes tempos de inflação alta a burocracia tem que ser eliminada. O setor de compras tem que ser objetivo e decisivo nas cotações. Não se pode perder tempo deixando para o dia seguinte uma negociação.

P: Como você vê a posição dos revendedores autorizados? São atravessadores, um mal necessário ou uma efetiva ajuda?

R: Os revendedores autorizados estão aí para ajudar. Eles têm o compromisso de atender bem tanto na venda do equipamento como na reposição de peças e orientação técnica. A cada dia que passa, sinto mais a preocupação do fabricante em exigir, do revendedor, maior empenho e entrosamento, tanto na área de suprimentos, negociando preços (o que não existia) , quanto um maior relacionamento na área de manutenção.

P: É muito comum, em grandes obras, o sistema de materiais trabalhar muito em regime de urgência. O que fazer para eliminar a pressa?

R: A pressa é falta de planejamento, falta de entrosamento e falta de comunicação. São muito desgastantes, tanto para o setor de suprimentos quanto para o setor de produção, as compras de última, hora. Compra-se mal, obra parada, resultado: prejuízo para empresa. O setor de planejamento deve trabalhar com prazos determinados para que o setor de suprimentos tenha o tempo suficiente para pesquisar o mercado, comprar e enviar o material para a obra.

P: Também em grandes obras, as mudanças de projetos e a má programação sacrificam o setor de suprimentos. Como seu departamento supera estas situações?

R: Lamentavelmente, as mudanças de projeto causam um prejuízo enorme para as empreiteiras. Você tem que acompanhar dia a dia o an-damento da obra. Não há outro caminho. A comunicação entre o Engenheiro residente da obra e a gerência de suprimentos é importantíssima, evitando, com isto, prejuízos maiores.

P: Hoje as empresas trabalham com o menor nível possível de estoque. Qual a sua indicação, em termos percentuais relacionados ao faturamento mensal previsto, para se manter um item em estoque?

R: O meu estoque é o do fornecedor. Desde que você tenha um grupo de fornecedores selecionados, dificilmente eles irão deixá-lo na mão. O estoque em mãos deve ser de segurança e estratégico, pois você jamais consegue atender 100% uma solicitação.

P: Com a abertura das importações, o que melhorou em termos de burocracia e fisco, na área de suprimentos?

R: Antes, importar era um tabu. Poucas empresas estavam estruturadas para atender suas necessidades de importação. Hoje, um micro-empresário importa qualquer produto sem maiores dificuldades, pois ele mesmo tem condições de dar andamento na documentação junto ao Decex e Banco do Brasil. Resumindo: os prazos para liberação dos documentos foram reduzidos. Você tem, em conseqüência, seu produto importado liberado mais rapidamente.

P: Fazendo uma projeção para os próximos anos, o que mudará nas estruturas e metodologias de suprimentos?

R: A organização é o princípio para qualquer empresa vencer. No passado, o grande lucro que as empresas obtinham cobria todos os prejuízos causados pela desorganização. Hoje, a empresa que não estiver organizada em todos os seus setores, sem dúvida nenhuma, estará com os dias marcados para encerrar sua atividade.

P: Como você vê a consignação?

R: Eu vejo a consignação de materiais com muita restrição; tive experiências anteriores com resultado negativo. De um lado, favorece, pois o atendimento é imediato, você não pára. De outro, existe abuso no consumo. Material em consignação funciona em países onde a inflação é baixa e o consumidor é educado.

P: Quais os critérios usados para avaliar seus fornecedores?

R: Você tem que saber de quem compra. Em primeiro lugar, o fornecedor tem que ser idôneo, tem que cumprir seus compromissos, ter um bom produto, ser flexível nas negociações e ser pontual nas entregas.

P: Quais os critérios usados para avaliar os funcionários do seu setor?

R: É claro que, além do conhecimento profundo da área, o funcionário deve ser responsável e disciplinado. Ninguém pode assumir nenhuma função sem estes três requisitos.

P: Atualmente, temos desafios todos os dias: qual o que você não teve e que gostaria de enfrentar?

R: Enfrento todos os dias os mais diversos desafios, trabalhando em um grupo de empresas encabeçado por uma empreiteira. São agro-pecuárias, empresas de ônibus, concessionária de caminhões e laticínios. Respondendo a pergunta, gostaria de enfrentar o desafio da construção de uma usina hidroelétrica.

P: Com a sua experiência, qual o fato ou situação que mais o marcou profissionalmente?

R: Depois de 30 anos de profissão o que mais me fez vibrar foi a participação no projeto Carajás.

P: Se você começasse tudo outra vez, escolheria o mesmo caminho? Tentaria mudar alguma coisa?

R: Como disse anteriormente, trabalho em uma empreiteira que tem diversas fazendas agro-pecuárias. Gosto demais do que faço e me realizo com o trabalho nas fazendas. Estou fazendo exatamente o que gostaria de fazer.

P: Qual o perfil ideal para uma pessoa se destacar profissionalmente na área de suprimentos?

R: Ser profissional: assumir com responsabilidade o trabalho, ser disciplinado e cumprir rigorosamente seus compromissos.

P: Como refletiu, no ramo das empreiteiras com equipamento de terraplanagem, a abertura de mercado? E na empresa que você atua em particular, de forma prática?

R: Com a abertura das importações, você sabe a que preço chegará um produto importado (e na maioria das vezes mais barato que o nacional). Com isso, você tem condições de barganhar com o fabricante nacional. Fiz algumas importações de equipamento posto e desembaraçado com todas as taxas, saindo mais barato que o nacional e comprei equipamento nacional mostrando, ao fornecedor, que o preço dele estava muito alto fazendo com que ele acompanhasse o preço do importado.

P: E no que se refere a peças de reposição?

R: O preço de peças para reposição no Brasil está um absurdo. As peças importadas, com todas as taxas (imposto de importação, frete, ICM, IPI), acabram chegando mais baratas ao País. Hoje estou operando com um escritório em Miami, fazendo contato diário via fax.

P: Como planejar e viabilizar a compra de equipamentos de grande porte sem um horizonte ou prazo razoáveis de suas ocupação efetiva?

R: É impossível viabilizar a compra de equipamento de grande porte, sem um horizonte de ocupação definido. Hoje, mesmo com ocupação definida você corre o risco de ficar com ele parado por falta de verbas para conclusão da obra.

P: Como a área de manutenção da sua empresa analisa e decide sobre as opções entre reformar os substitutos por novo?

R: Estamos trabalhando em cima de uma idade média. Atingida essa idade, ooloca-se de lado para venda. No caso de reforma, feito um orçamento geral do serviço e avaliado o preço de equipamentos no mercado de usados. Com isso se faz uma avaliação com mais segurança nas decisões.

P: O que leva a Empresa onde você atua a ter uma verticalização acentuada no que se refere a serviços de manutenção, contrariando tendências de terceirização e parceria com fornecedores?

R: Desde que você tenha uma boa equipe de mecânicos, com uma oficina na bem montada, gerenciada por um bom engenheiro mecânico, nada impede que você centralize todos os serviços de manutenção dentro empresa. O resultado é um custo bem menor e um serviço mais rápido, po você determina a sua pressa.


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