Com uma dimensão de 8.514.876 km², o Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial. Em seu interior e também na costa marítima e no mar territorial, a existência de importantes fontes de recursos naturais e uma biodiversidade incomparável exige a atenção do Estado para o reaparelhamento progressivo das Forças Armadas, em um esforço de atualização tecnológica permanente para coibir potenciais ameaças externas e proteger as fronteiras terrestres e marítimas do país.
Além disso, a instituição militar também tem a responsabilidade de agir como apoio às atividades de defesa civil, ou seja, participar de ações de socorro à população em decorrência de desastres naturais, ou mesmo atuar em grandes eventos, como ocorreu na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, além de auxiliar em ações de segurança durante ondas de violência que ocasionalmente assolam os grandes centros urbanos do país, como ocorre atualmente no Rio de Janeiro. “Porém, o planejamento da Defesa Nacional prioriza a Amazônia e o Atlântico Sul, tanto pela riqueza de recursos
Com uma dimensão de 8.514.876 km², o Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial. Em seu interior e também na costa marítima e no mar territorial, a existência de importantes fontes de recursos naturais e uma biodiversidade incomparável exige a atenção do Estado para o reaparelhamento progressivo das Forças Armadas, em um esforço de atualização tecnológica permanente para coibir potenciais ameaças externas e proteger as fronteiras terrestres e marítimas do país.
Além disso, a instituição militar também tem a responsabilidade de agir como apoio às atividades de defesa civil, ou seja, participar de ações de socorro à população em decorrência de desastres naturais, ou mesmo atuar em grandes eventos, como ocorreu na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, além de auxiliar em ações de segurança durante ondas de violência que ocasionalmente assolam os grandes centros urbanos do país, como ocorre atualmente no Rio de Janeiro. “Porém, o planejamento da Defesa Nacional prioriza a Amazônia e o Atlântico Sul, tanto pela riqueza de recursos como pela vulnerabilidade de acesso pelas fronteiras terrestre e marítima”, explica Rodrigo Medeiros, executivo da Iveco Veículos de Defesa (marca da CNH Industrial voltada à proteção e defesa civil).
Inaugurada em 2013, a linha de produção em Sete Lagoas (MG) foi a primeira da Iveco fora de Europa
RENOVAÇÃO
Além do efetivo humano, nestas missões as Forças Armadas brasileiras contam com o fundamental auxílio de veículos de defesa. O que nem todos sabem é que algumas dessas tecnologias já são produzidas no país, em parceria com o Exército brasileiro.
A própria Iveco, por exemplo, inaugurou em 2013 a primeira unidade industrial da sua divisão de veículos de defesa fora de Europa. Localizada em Sete Lagoas (MG), atualmente a unidade é voltada para a produção de uma viatura blindada sobre rodas para transporte de pessoal, o já famoso VBTP-MR Guarani. “Vencemos a licitação para a produção da nova viatura blindada e iniciamos o projeto, que é realizado em parceria entre a montadora e os militares”, diz Medeiros.
E não se trata de uma solução qualquer. De acordo com o Exército Brasileiro, o Guarani é um dos principais Meios de Emprego Militar (MEM) da força terrestre com que o país conta em seu arsenal. As primeiras viaturas importadas foram adquiridas por meio de contratos do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), entre 2007 e 2014. No atual estágio, após o Exército solicitar um novo lote de unidades, a Iveco vem produzindo os veículos em sua fábrica brasileira, com a configuração escolhida pelo Exército.
Produzido em Sete Lagoas, o Guarani é um dos principais recursos terrestres do arsenal militar brasileiro
Segundo o coronel Everton Pacheco da Silva, chefe da Seção de Blindados da Diretoria de Material do Exército Brasileiro, o programa tem como finalidade desenvolver e adquirir uma moderna família de blindados sobre rodas para o Exército Brasileiro. “Além de renovar a frota das viaturas obsoletas, o Ministério da Defesa optou por nacionalizar esse tipo de veículo”, acrescenta o militar, destacando que o Guarani deve substituir gradualmente o lendário veículo blindado Urutu, com cerca de 40 anos de atuação nas Forças Armadas brasileiras.
Segundo Medeiros, desde a inauguração da fábrica em Sete Lagoas já foram produzidas cerca de 300 unidades do Guarani, que – além do Exército Brasileiro – também já foram comercializadas no exterior. “A mais recente aquisição foi realizada em 2017, com a entrega de 60 unidades do novo veículo”, diz ele.
Segundo o coronel Pacheco da Silva, o contrato em vigor – específico para a produção seriada do Guarani – foi assinado em 22 de novembro de 2016, entre o Comando Logístico (COLOG) e a Iveco, prevendo a aquisição de 1.580 viaturas até o ano de 2038.
Instalado em uma área de 30 mil m², sendo 18 mil m² de área construída, o complexo industrial em Minas Gerais recebeu investimentos que ultrapassam R$ 100 milhões, incluindo o desenvolvimento do blindado. “Quando a fábrica foi idealizada, já estava nos planos a produção de outros veículos militares para as Forças Armadas Brasileiras e a intenção de exportar para a América Latina e outros continentes”, complementa o executivo. “A partir da produção local, já comercializamos 16 unidades do blindado para as Forças Armadas do Líbano, em 2015.”
BLINDADO
O Guarani é um veículo anfíbio blindado, que possui a facilidade de locomover-se tanto em terra firme quanto em águas de rios, lagos ou mesmo no mar. Sua principal finalidade é de deslocar as tropas, tanto em missões de patrulhamento quanto em situações de combate armado.
Com tração 6X6, o veículo tem capacidade para transportar até 11 pessoas e pesa 18 toneladas, podendo chegar a 110 km/h. Em suas dimensões básicas, o blindado possui 6,91 metros de comprimento, 2,7 metros de largura e 2,34 metros de altura, o que permite que seja facilmente aerotransportado (confira gráfico abaixo).
Assim como em outros veículos militares modernos, o Guarani também apresenta uma estrutura modular, que pode ser modificada e receber outros tipos de dispositivos, como armas, sensores, blindagem extra e mecanismos de defesa, de acordo com a demanda. “O blindado apresenta ainda uma série de inovações tecnológicas, como sistema automático de detecção e extinção de incêndio e de baixas assinaturas térmicas, além de radar, o que dificulta sua localização pelos inimigos, dentre outros”, explica o executivo da Iveco.
Com a proposta de aumentar a produção local, o equipamento apresenta índice de nacionalização superior a 60%, incluindo trem de força e chassi, além de ser impulsionado por um motor diesel Cursor 9 com 383 cv de potência máxima e transmissão automática, produzido pela FPT Industrial, empresa que também integra o Grupo CNH Industrial. “A plataforma do blindado pode ser usada como base para o desenvolvimento e a produção de uma família de blindados em diferentes versões, desde viaturas de reconhecimento e socorro, até posto de comando, porta-morteiro e ambulância”, complementa Medeiros.
De acordo com o coronel Pacheco da Silva, a viatura tem sido utilizada pelo Exército na preparação das tropas para as missões constitucionais previstas e em outras operações. “Para o emprego de tropas em operações futuras, qualquer MEM, inclusive o Guarani, estará disponível e em condições de ser utilizado nas ações do Exército Brasileiro”, complementa.
ATUAÇÃO
No Brasil, algumas das viaturas produzidas pela Iveco Veículos de Defesa participam de uma experimentação doutrinária e já estão em operação na região de Cascavel (PR), onde são utilizados em ações de combate a delitos em fronteiras.
No Rio de Janeiro, o veículo tem sido utilizado em operações conduzidas pelas forças de pacificação, como a Operação Maré, ocorrida em 2015 e que consistiu no apoio das Forças Armadas ao processo de pacificação das favelas que formam o chamado Complexo da Maré, comunidade que registra altos índices de violência, associados especificamente ao tráfico de drogas. “Além disso, o Centro de Instrução de Blindados do Exército Brasileiro, localizado em Santa Maria (RS), realiza capacitação em operação e manutenção da viatura”, reforça o especialista.
Em relação à manutenção, aliás, o coronel explica que as intervenções são realizadas nas unidades militares do Exército, unicamente por técnicos que passaram por treinamento com os especialistas da fábrica da Iveco Veículos de Defesa em Minas Gerais.
A nova viatura blindada multitarefa ainda não tem data definida para o início da produção no Brasil
CONSTRUÇÃO X DEFESA
Além do Guarani, a Iveco Veículos de Defesa foi escolhida pelo Exército Brasileiro como fornecedora da nova viatura blindada multitarefa sobre rodas VBMT-LR, que consiste em um veículo blindado de porte médio com funções múltiplas, como o transporte de militares em locais de difícil acesso.
De acordo com Medeiros, a montadora pretende entregar até 186 unidades do LMV (Light Multirole Vehicle). “A montagem desse novo veículo será feita na mesma planta que faz o Guarani, mas ainda não existe uma data definida para o início da produção”, afirma.
O executivo destaca ainda que a tecnologia presente nas marcas de construção da CNH Industrial, como a Case CE e New Holland Construction, também são empregadas no desenvolvimento dos veículos da Iveco Veículos de Defesa. Os motores da FPT Industrial, por exemplo, equipam veículos de defesa e também de construção. Além disso, as máquinas de construção também são utilizadas pelo Exército Brasileiro. De 2005 a 2017, mais de 100 equipamentos pesados da New Holland Construction já foram entregues às Forças Armadas, incluindo escavadeiras, motoniveladoras, retroescavadeiras, pás carregadeiras e tratores de esteiras, todos com pintura camuflada. “A New Holland Construction fornece tecnologias ao Exército Brasileiro desde quando ainda se chamava Fiatallis”, arremata Medeiros.
CONFIRA DETALHES DA CONFIGURAÇÃO DO GUARANI
Nome VBTP-MR Guarani
Tipo Viatura de combate blindado de transporte de pessoal anfíbio
Origem Brasil- Itália
Utilizadores Brasil
Fabricante Iveco e Exército
ESPECIFICAÇÕES
Massa vazio 18 ton
Massa Máxima 24,5 ton
Comprimento 6,91 m
Largura 2,70 m
Altura 2,34 m
Tripulação 3+8 militares
Blindagem Aço
Armamento Canhão 30 mm, metralhadora 7,62 mm
MotorIveco FPT Cursor 9, 383 hp, 285 603 W
Suspensão Hidropneumática 6×6
Velocidade máxima 90 km/h
EXÉRCITO ALEMÃO ADQUIRE 280 CAMINHÕES EUROCARGO
Criada na Itália em 1937, a divisão especial Iveco Veículos de Defesa fechou recentemente dois novos contratos com Forças Armadas do exterior. Para o Exército Alemão (Bundeswehr), o pedido inclui uma nova frota de caminhões militares multiuso MLL 150 E 28 WS 4x4. Firmado pela BwFuhrpark Service, empresa estatal alemã que fornece serviços de frotas para o Bundeswehr, o acordo prevê a entrega de cerca de 280 caminhões Eurocargo até o final de 2018. “Esse contrato é o resultado de dois anos de avaliação do mercado e ensaios práticos com um veículo de demonstração”, informa a empresa, destacando que os veículos serão fornecidos com nova disposição de assentos na cabina, além de armazenamento flexível para sistemas de rádio, pneus single off-road, escotilha de teto, sistema de iluminação militar versão reboque e suporte para estepe, dentre outras características. Já outro contrato, assinado com o Ministério da Defesa da Romênia, consiste na entrega de 173 veículos logísticos militares 6x6, que deve ser finalizada ainda em 2018. Segundo a fabricante, os modelos serão utilizados no transporte de tropas e materiais, contando com guincho de autorrecuperação e capacidade para fornecer suporte tático às operações militares.
Contrato com o Exército Alemão prevê a entrega de 280 caminhões Eurocargo até o final do ano
Saiba mais:
Exército: www.eb.mil.br
Iveco Veículos de Defesa: www.ivecoveiculosdefesa.com.br
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