Quando se fala em mineração e pedreiras, sempre é importante destacar os requisitos que contribuem para a segurança operacional dos equipamentos utilizados nessas operações, das mais exigentes para os equipamentos (e profissionais) em toda a indústria. No rol de soluções móveis, os pneus OTR sem dúvida constituem um dos componentes mais críticos da operação, tendo em vista sua exposição constante e a severidade implacável do ambiente em que atuam.
Segundo Leandro Pavarin, gerente de vendas para o segmento OTR da Bridgestone, o grau de agressividade das condições geralmente enfrentadas em uma operação subterrânea, por exemplo, é muito similar ao de uma mina de superfície, excetuando-se os impactos na lateral do pneu que tendem a ocorrer (muito) mais no subsolo. “Por se tratar de um ambiente confinado,
Quando se fala em mineração e pedreiras, sempre é importante destacar os requisitos que contribuem para a segurança operacional dos equipamentos utilizados nessas operações, das mais exigentes para os equipamentos (e profissionais) em toda a indústria. No rol de soluções móveis, os pneus OTR sem dúvida constituem um dos componentes mais críticos da operação, tendo em vista sua exposição constante e a severidade implacável do ambiente em que atuam.
Camadas extra de borracha e compostos mais resistentes estão entre os recursos para proteger pneus fora de estrada
Segundo Leandro Pavarin, gerente de vendas para o segmento OTR da Bridgestone, o grau de agressividade das condições geralmente enfrentadas em uma operação subterrânea, por exemplo, é muito similar ao de uma mina de superfície, excetuando-se os impactos na lateral do pneu que tendem a ocorrer (muito) mais no subsolo. “Por se tratar de um ambiente confinado, tanto a banda de rodagem como as laterais dos pneus sofrem abrasão, enquanto em minas a céu aberto a maior agressão se dá na banda de rodagem”, explica. “Mas também é comum a terra estar alagada, lubrificando as paredes das rochas e, como consequência, acarretando maior incidência de cortes nos componentes.”
Por conta dessa característica operacional, o pneu OTR – empregado maciçamente em operações carboníferas, por exemplo – precisa receber uma camada de borracha mais espessa na capa, para proteger a carcaça. Além de maior, essa camada também pressupõe um composto com maior resistência a cortes. “A dissipação de calor é menor por ser um ambiente confinado, onde inclusive as condições de manutenção são mais difíceis”, destaca Pavarin.
Frotas precisam contar com pneus em estoque para evitar máquina parada
“Nos caminhões, o pneu de classificação E4 é o mais usado, com profundidade de sulco intermediária entre o pneu E3 e o E5, enquanto nas pás carregadeiras usa-se mais o L5.”
Já as medidas mais usadas em caminhões variam bastante neste segmento, sendo mais comum a tríade composta pelas especificações 14.00-24, 16.00-25 e 18.00-25, bias e radial. Para pás carregadeiras, por sua vez, as opções partem da medida 20.5-25, passam pela 23.5-25 até chegarem à 29.5-25. Segundo Pavarin, a diferença mais significativa entre pneus fora de estrada para caminhões, pás carregadeiras e outras máquinas que atuam na operação subterrânea fica por conta da velocidade e capacidade de carga. Dentre as ofertas comerciais atuais, recomendam-se o Earthmover 4 para caminhões e o Loader 4 (ou Loader 5) para pás carregadeiras.
Resistência e qualidade das malhas definem o desempenho das blindagens
Uma questão de suma importância nesse segmento diz respeito à vida útil dos pneus, que evidentemente depende das características de cada operação, mas também da qualidade da manutenção realizada. De acordo com Pavarin, na mineração subterrânea também é possível realizar a reforma do pneu por duas ou três vezes, dependendo da condição da carcaça. Todavia, o especialista recomenda que as frotas sempre contem com pneus em estoque, de modo a evitar que a máquina seja paralisada devido à falta de componentes para a reposição emergencial.
Um segundo ponto que jamais pode ser negligenciado é a proteção. O executivo destaca que a blindagem geralmente é utilizada em pneus dianteiros das pás carregadeiras, mas não é raro que isso ocorra nos quatro pneus da máquina. “Essa máquina trabalha no desmonte de material solto, que é altamente cortante”, reforça Pavarin. “E como ela manobra em espaços confinados, a proteção também é colocada nos pneus traseiros, visando à redução de cortes. Já em caminhões não se usa, por conta da sua velocidade.”
PROTEÇÃO
Para André Varini Mutti, diretor da Helevar, que representa o Pewag Group no Brasil, a forma mais tradicional para proteção de pneus de mineração é a adoção de correntes protetoras. Em resumo, trata-se de uma malha bastante fechada que cobre as partes mais vulneráveis dos pneus, tanto na banda de rodagem como nas laterais, formando uma barreira contra avarias. Seu uso, inclusive, vem crescendo nos últimos tempos, devido ao alto custo que os pneus representam nas frotas de mineração.
Detalhando o assunto, o executivo explica que as linhas de produtos se diferenciam de acordo com o tamanho das máquinas. “Conforme a aplicação realizada pela máquina, as blindagens podem ser mais robustas ou mais leves, com malhas mais abertas ou mais fechadas, assim como podem ser diferenciadas conforme a dureza e os materiais empregados na sua fabricação”, informa. “No nosso caso, para facilitar a escolha e o entendimento por parte dos clientes, utilizamos uma classificação de produtos que é definida pela dureza do minério com que as blindagens irão trabalhar.”
A malha de corrente mais fechada é indicada para aplicações severas em mineração, pedreiras e siderurgia, enquanto a malha mais aberta garante tração extrema, sendo indicada para superfícies com lama, barro ou neve. Já a malha intermediária proporciona proteção e tração de forma balanceada em superfícies molhadas e escorregadias
Assim como outros insumos de mineração, o controle da durabilidade destes produtos é realizado por meio do registro das horas trabalhadas pela máquina. “O produto tem como característica a possibilidade de realização de medições periódicas, permitindo o monitoramento da taxa de desgaste e a previsibilidade da sua vida útil final”, comenta Mutti. “Também são registradas as quantidades de intervenções de manutenção para reaperto ou realização de reparos, que podem representar um grande diferencial não apenas pela redução dos custos com as peças empregadas, mas ainda pela menor necessidade de se parar a máquina”, explica.
Em 2015, a província de Colúmbia Britânica, no Canadá, aprovou uma nova solução de tração de pneus para uso em rodovias cobertas de neve, as chamadas proteções “meias de neve”. Aprovado em 2011 pela Associação de Inspeção Técnica da Alemanha (TÜV - Technischer Überwachungsverein), o produto de base têxtil da empresa norueguesa AutoSock propõe-se a entregar ainda mais tração que as correntes
Na mesma linha, o engenheiro Cesar Bergami, gerente de vendas e aplicação da RUD Correntes Industriais, concorda que as blindagens de fato constituem a melhor alternativa para proteção de pneus de equipamentos fora de estrada que atuam em mineradoras e pedreiras, principalmente contra furos e cortes, tanto nas laterais (internas e externas) como nas bandas de rodagem. “Montadas externamente, essas malhas densas são constituídas por peças forjadas de aço-liga, que conferem proteção superior aos componentes, resultando em significativa diminuição dos acidentes com perdas por cortes e aumento de vida útil”, diz o profissional da RUD, precursora em blindagens para pneus na Alemanha e que possui fábrica no Brasil há 40 anos.
Responsáveis por ganhos de produtividade na operação, as correntes de pneus basicamente são divididas em três linhas. No primeiro grupo, as correntes que protegem os pneus são chamadas de “blindagens de pneus”, enquanto no segundo estão as correntes hexagonais, também chamadas de “correntes de tração”, que conferem maior tração ao equipamento. Nesse rol, constituem alternativas para aplicações agressivas as malhas de oito e dez elos, que proporcionam uma tração extra aos equipamentos.
Por fim, há ainda um mix entre as duas anteriores. Se a aplicação for extremamente severa, como ocorre em pedreiras, minas subterrâneas e também altos-fornos industriais, pode-se escolher o melhor tipo de blindagem para a operação em uma variedade de combinações, incluindo proteção, tração, proteção-tração ou extra-tração.
Segundo Bergami, a opção indicada para tração possui a malha mais aberta, evitando que o barro se agregue à corrente e ao pneu e proporcionando um maior atrito entre o pneu e o solo, o que resulta em melhorias consideráveis na mobilidade do equipamento em terrenos lamacentos.
Já a malha mais fechada é indicada para proteção contra cortes e furos. Por ser muito fechada, contudo, não deve ser usada em terrenos com barro, pois tende a reter o material e a criar uma capa de barro, afetando desse modo a tração do equipamento. “Por este motivo, a malha fechada é destinada somente para proteção de pneus”, diz o engenheiro.
Tecnologia de preenchimento permite a pneus OTR transitar sobre vidros, pregos, metais e pedras
Dependendo da aplicação, tais recursos podem aumentar a vida útil dos pneus em três, cinco ou até mais vezes. “Diante disso, até para justificar o investimento, calcula-se o custo/hora do pneu sem a blindagem, comparando-o ao custo/hora do conjunto blindagem mais o pneu”, explica Bergami.
Além disso, o pneu com blindagem preserva a carcaça durante toda a sua vida útil, possibilitando duas ou até três reformas do componente e reduzindo ainda mais o seu custo/hora. “Como o custo/hora da blindagem é baixo, pois sua vida útil é alta, obtém-se um custo/hora reduzido e favorável ao conjunto, quando comparado ao custo/hora do pneu sem corrente”, afirma.
Mas, para tanto, é preciso critério na seleção. Segundo o especialista, o mercado nacional conta com uma diversidade de modelos de correntes e blindagens, indicados para as mais distintas aplicações. Segundo Bergami, a indicação assertiva de um modelo específico depende diretamente do tamanho da máquina e, consequentemente, do tamanho do pneu, mas não apenas disso. “Também se deve considerar a severidade da aplicação, a abrasividade do solo e as distâncias percorridas durante a operação, dentre muitos outros fatores”, ressalta. “Assim, para se chegar ao modelo mais adequado de corrente, a sugestão é que o cliente avalie as condições de trabalho sempre em conjunto com a fornecedora.”
PREENCHIMENTO
Além das blindagens, o mercado oferece outras opções para proteger os pneus, como o preenchimento, em substituição ao ar. Especializada em pneus fora de estrada, a Laguna Pneus, por exemplo, é representante oficial no Brasil da Gripmaster, fabricante norte-americana que desenvolveu uma tecnologia de preenchimento para todos os tipos de pneus OTR. Recentemente, a empresa apresentou o 3S Solution, um produto indicado para operações pesadas que permite que o pneu transite sobre vidros, pregos, metais, pedras e afins, garantindo resistência a cortes e perfurações.
De acordo com o especialista da área técnica da Laguna Pneus, Adriano Marinho, as condições de operação em minas subterrâneas são bastante severas também por conta das pedras que ficam ocultas sob a água. Por isso, ele acentua, neste tipo de operação é fundamental apresentar uma resistência elevada a cortes, pois muitas vezes o espaço exíguo de manobra nas minas não permite desviar de pedras pontiagudas.
Substituindo ar, os elastômeros sintéticos (detalhe) prometem ganhos econômicos e ambientais em operações subterrâneas de mineração
Nesses casos, os pneus geralmente apresentam desenhos borrachudos ou lisos, com estruturas radiais e compostos mais resistentes a cortes, sendo por isso mais duros. Para pás carregadeiras que trabalham em condições ainda mais severas em minas, a empresa recomenda a aplicação do pneu L5S, enquanto os caminhões de transporte têm a opção do pneu E4. “A vida útil do pneu depende muito do manuseio correto e, é claro, das condições adversas, que contribuem para a diminuição da sua durabilidade”, diz Marinho. “Assim, é importante controlar ações que interfiram em seu desempenho, como controle de pressão, por exemplo, evitando que a máquina rode com pressão acima ou abaixo do recomendado.”
Como destaca o especialista, a hostilidade do ambiente faz com que o pneu de uma pá carregadeira LHD, por exemplo, dure em torno de 800 h. Mas com uma manutenção mais adequada, é possível é ampliar essa durabilidade. Segundo Rogério Rodrigues, também especialista da área técnica da Laguna Pneus, outro aspecto que merece atenção diz respeito à gestão de estoque, mantendo-se uma programação preventiva de compras ajustada para as frotas. “Algumas empresas adotam programação anual ou semestral, já que não é um item que se pode encontrar em qualquer lugar”, diz ele.
Com duas décadas de atuação, a Comercial Rodrigues (CR Pneus – Tyre Solutions) é outra empresa nacional que comercializa preenchimentos de poliuretano em substituição ao ar, no caso, os elastômeros sintéticos da marca TyrFil, produzidos pela empresa Accella Polyurethane Systems. “Vários estudos comprovam aumento significativo na produção de minas subterrâneas ao se deixar de parar o equipamento e substituir de forma prematura os pneus, além de uma redução expressiva dos riscos de explosão”, comenta a empresa, que também oferece soluções para mineração a céu aberto ou subterrânea como correntes protetoras e de tração da marca Las Zirh, além de escudos e pneus OTR para vários setores produtivos. “Outros benefícios apontados nesses relatórios incluem a eliminação quase completa dos serviços de borracharia e uma significativa redução da geração de pneus inservíveis e sucateados, reduzindo assim os custos e também contribuindo fortemente para a preservação do meio ambiente”, conclui a empresa.
Saiba mais:
Bridgestone: www.bridgestone.com
Comercial Rodrigues: www.comercialrodrigues.com
Helevar: www.helevar.com.br
Laguna Pneus: www.lagunapneus.com.br
RUD: www.rud.com.br
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