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Revista M&T - Ed.87 - Fev/Mar 2005
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MAUTENÇÃO & TECNOLOGIA

A opinião da indústria 

Maior desafio do programa de incentivo ao biodiesel concentra-se na produção e distribuição do combustível

A aceleração no cronograma de implantação do programa de biodiesel impôs exigências de testes, por parte de fabricantes de equipamento e de motores, para aferir parâmetros de desempenho e vida útil. “Nos testes com adição de até 25% de biodiesel, constatou-se boa redução na emissão de particulados, sem qualquer alteração à performance do motor, porém com aumento nas emissões de óxido de nitrogênio (NOx)”, afirma Elcio Reginato, gerente de vendas e marketing da International Engines.
Segundo ele, como as adições estabelecidas pelo ProBiodiesel (Programa Brasileiro de Biodiesel) são baixas, com o possível acréscimo de 5% no futuro, ele considera os resultados dos testes satisfatórios. “Novos ensaios devem ser realizados, mas fica claro que, para os patamares propostos pelo governo, os riscos são baixos ou até mesmo inexistentes em termos de agressão a retentores ou demais componentes de borracha do motor.”
Assim como Reginato, o diretor de portfólio de produtos da Caterpillar, Mikhael Doueihi, ressalta que o maior desafio desse programa se concentra na produção e distribuição do combustível. “O importante é garantir que ele chegue aos usuários nas especificações definidas pelo governo, sob pena de uma proposta repleta de boas intenções acabar penalizando a frota de equipamentos do País, com impacto em sua vida útil e nos custos de manutenção”, afirma Doueihi.


Riscos - Segundo ele, o uso de biodiesel já é consagrado em vários mercados internacionais, mas sua implantação demanda um ambiente controlado, com participação de órgãos governamentais, centros de pesquisa e fabricantes. “No segmento de off-road, não vi nenhum teste com mais de 1.000 ou 2.000 horas de operação.” O abastecimento do mercado, com uma infraestrutura de cultivo da


A aceleração no cronograma de implantação do programa de biodiesel impôs exigências de testes, por parte de fabricantes de equipamento e de motores, para aferir parâmetros de desempenho e vida útil. “Nos testes com adição de até 25% de biodiesel, constatou-se boa redução na emissão de particulados, sem qualquer alteração à performance do motor, porém com aumento nas emissões de óxido de nitrogênio (NOx)”, afirma Elcio Reginato, gerente de vendas e marketing da International Engines.
Segundo ele, como as adições estabelecidas pelo ProBiodiesel (Programa Brasileiro de Biodiesel) são baixas, com o possível acréscimo de 5% no futuro, ele considera os resultados dos testes satisfatórios. “Novos ensaios devem ser realizados, mas fica claro que, para os patamares propostos pelo governo, os riscos são baixos ou até mesmo inexistentes em termos de agressão a retentores ou demais componentes de borracha do motor.”
Assim como Reginato, o diretor de portfólio de produtos da Caterpillar, Mikhael Doueihi, ressalta que o maior desafio desse programa se concentra na produção e distribuição do combustível. “O importante é garantir que ele chegue aos usuários nas especificações definidas pelo governo, sob pena de uma proposta repleta de boas intenções acabar penalizando a frota de equipamentos do País, com impacto em sua vida útil e nos custos de manutenção”, afirma Doueihi.


Riscos - Segundo ele, o uso de biodiesel já é consagrado em vários mercados internacionais, mas sua implantação demanda um ambiente controlado, com participação de órgãos governamentais, centros de pesquisa e fabricantes. “No segmento de off-road, não vi nenhum teste com mais de 1.000 ou 2.000 horas de operação.” O abastecimento do mercado, com uma infraestrutura de cultivo das oleaginosas escolhidas para a matriz — e os possíveis subsídios governamentais para se atingir os volumes de safra necessários — completa o ciclo de gestão do programa, na visão de Doueihi.
Para o gerente de qualidade e projetos especiais da Delphi, Vicente Pimenta, o ProBiodiesel não pode ser analisado como alternativa ao controle de emissões e sim como uma política energética de aproveitamento de fontes renováveis. “Nas cidades brasileiras já contamos com um controle eficiente de dessulforização e da qualidade do diesel, mas no interior ainda temos combustíveis emitindo 500 ppm (partícula por milhão) de material particulado, enquanto nos Estados Unidos qualquer motor a diesel não poderá emitir mais de 15 ppm a partir de 2010”, ele afirma.
Segundo Pimenta, as especificações da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para o biodiesel brasileiro já indicam limitações ao uso de alguns insumos em sua matriz. “O combustível a partir da mamona, por exemplo, apresenta viscosidade muito alta, o que pode representar riscos à vida útil de bombas e outros componentes do motor em adições acima de 5%.”
Para o biodiesel proveniente de soja, ele aponta limitações ao seu tempo de utilização, já que o combustível degrada a partir de três meses. “Imagine o impacto em uma colheitadeira, que fica parada no período de entre safra, ou mesmo em um gerador, que pode falhar no momento de a partida por seu motor estar totalmente entupido”, diz ele.
Por esse motivo, o executivo da Delphi alerta para a necessidade de mais baterias de testes por parte dos fabricantes, antes da implantação do programa de biodiesel. “Trata-se de uma questão muito séria, pois a frota de diesel carrega o Brasil nas costas, seja na produção e transporte agrícola, ou nos canteiros de obras e projetos de mineração”. Como os equipamentos usados nesses setores são bens de capital, eventuais custos adicionais de manutenção poderiam comprometer o equilíbrio de tais segmentos, com impacto em toda a economia brasileira.

A AEA e o Programa Brasileiro do Biodiesel
A grande preocupação da indústria veicular do Brasil é que o lançamento açodado do programa, apesar dos ganhos políticos inegáveis que representa, possa colocar em risco o seu sucesso e a oportunidade que finalmente se apresenta para o país, de poder contar com um sucedâneo adequado para o óleo diesel derivado do petróleo, permitindo, a médio
prazo, não só melhorar a qualidade do combustível, mas também solucionar o desbalanceamento da matriz de combustíveis brasileiros.
A seguir são detalhadas algumas das principais preocupações técnicas da AEA (Associação de Engenharia Automotiva):
(1) Necessidade de garantir a qualidade do Biodiesel a ser utilizado em mistura com o óleo diesel, através de uma especificação adequada do produto. A legislação ora em vigor (Portaria ANP n° 255 de 15/09/2003) que estabelece a especificação do Biodiesel puro a ser adicionado ao óleo diesel automotivo para testes em frotas cativas, pode e deve ser aprimorada. Entretanto, ao contrário do que tem sido defendido por alguns "detentores de tecnologia de produção", a especificação do Biodiesel não pode ser "relaxada" pelo fato de, num primeiro momento, a adição na mistura ser de apenas 2%. Esta simplificação poderia levar a qualidade do novo combustível a um rápido descrédito, além de criar um problema de difícil equacionamento no futuro:
o aprimoramento das tecnologias de produção implantadas, quando os níveis de adição forem aumentados.
(2) Necessidade de controlar a qualidade do Biodiesel na produção, distribuição e consumo, levando-se em conta que, até hoje, não foi definida a logística de mistura do novo combustível ao óleo diesel convencional.
Existem vantagens e desvantagens evidentes nas duas alternativas possíveis: se a mistura for feita nas refinarias (como foi feito com o álcool no inicio do PROÁLCOOL) - o Biodiesel terá que ser transportado até elas, mas será possível avaliar a sua qualidade antes da mistura; se a mistura for feita nas bases das distribuidoras - será facilitada a logística de transporte do Biodiesel, em detrimento da possibilidade de controlar sua qualidade antes da mistura. O governo precisa se posicionar quanto a esta questão após ouvir os diversos segmentos que atuam no setor e pesar
os argumentos a favor e contra cada uma das alternativas.
(3) Necessidade de garantir o suprimento do Biodiesel quando a sua adição ao óleo diesel for obrigatória. O percentual de mistura não poderá ser alterado ao sabor das alterações de preço no mercado internacional dos produtos derivados das oleaginosas, uma vez que as refinarias produtoras de óleo diesel adequarão sua produção à fração de Biodiesel que será adicionada para que o produto final atenda às especificações necessárias para o cumprimento da Resolução CONAMA, que estabelece limites para as emissões veiculares.
O governo deve estabelecer, de forma absolutamente transparente, quais as regras ou medidas que garantirão o suprimento, se não quiser que o Programa caia em descrédito na primeira ameaça de desabastecimento.
(4) Necessidade de garantir que serão completados os testes dinamométricos de desempenho, emissões e durabilidade, bem como os testes em frota cativa para avaliar o novo combustível antes que a mistura de teores de Biodiesel superiores aos 2% seja autorizada. O governo deve coordenar este esforço de avaliação e validação técnica deste novo combustível, uma vez que características peculiares do Biodiesel brasileiro (rota etílica de produção e diferentes matérias-primas, entre outras) podem reservar surpresas quando do seu uso indiscriminado.
(5) Necessidade de estabelecer um programa de avaliação de eventuais impactos ambientais causados pela adição do Biodiesel ao óleo diesel. O governo deverá envolver, neste programa, os diversos órgãos ambientais, para que avaliem as emissões de resíduos não regulamentados (aldeídos, ácidos orgânicos, entre outros) que poderão causar importantes danos ao meio ambiente nas grandes cidades.

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