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Revista M&T - Ed.258 - Outubro 2021
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Entrevista com Enio Pallaro

A inteligência artificial é a principal tendência do setor

Como outras fabricantes chinesas de máquinas para construção, a Zoomlion Heavy Industry Science & Technology Co. também aposta em uma estratégia sustentável de internacionalização, buscando expandir a atuação fabril para outros continentes, notoriamente em países da Europa, mas também nos Estados Unidos e no Brasil.

Na visão da empresa fundada em 1992 em Changsha, há boas razões para isso. Em entrevista exclusiva concedida à Revista M&T, o executivo country manager da Zoomlion Brasil, Enio Pallaro, ressalta que o Brasil é um “celeiro” aberto para a infraestrutura, o que contribui para impulsionar o crescimento da fabricante e alimentar suas pretensões comerciais no país.

Segundo Pallaro, a companhia vive um momento de fortalecimento das atividades no país, reforçando os times de vendas, pós-venda e marketing com o intuito de atender


Como outras fabricantes chinesas de máquinas para construção, a Zoomlion Heavy Industry Science & Technology Co. também aposta em uma estratégia sustentável de internacionalização, buscando expandir a atuação fabril para outros continentes, notoriamente em países da Europa, mas também nos Estados Unidos e no Brasil.

Na visão da empresa fundada em 1992 em Changsha, há boas razões para isso. Em entrevista exclusiva concedida à Revista M&T, o executivo country manager da Zoomlion Brasil, Enio Pallaro, ressalta que o Brasil é um “celeiro” aberto para a infraestrutura, o que contribui para impulsionar o crescimento da fabricante e alimentar suas pretensões comerciais no país.

Segundo Pallaro, a companhia vive um momento de fortalecimento das atividades no país, reforçando os times de vendas, pós-venda e marketing com o intuito de atender aos pedidos atuais e, principalmente, se preparar para as demandas que ainda estão por vir.

Formado em engenharia mecânica pela Universidade Paulista (UNIP), com especialização em gestão de projetos pela Fundação Vanzolini e MBA em marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), o executivo atua há 31 anos no setor, tendo exercido diversos cargos de liderança ao longo de sua trajetória profissional, especialmente nas áreas de vendas, serviços e desenvolvimento em empresas globais como Mercedes-Benz, ZF, Mann+Hummel, Mahle e outras.

Em 2013, Pallaro passou a atuar diretamente com produtos da Zoomlion, inicialmente como gerente de pós-venda de um dos distribuidores da marca no Brasil (a Brasif), juntando-se em 2018 ao time da Zoomlion Brasil. Desde então, o executivo vem atuando na área comercial da empresa, assumindo no início deste ano o atual cargo de liderança, no qual é responsável pelas operações no Brasil para as linhas de guindastes, bombas para concreto, plataformas elevatórias e gruas.

“Nosso principal desafio é vencer uma barreira até então vista com dificuldade pelos fabricantes chineses no Brasil, que é comercializar guindastes acima de 100 toneladas de capacidade de içamento”, diz ele.

Acompanhe.

Novo produto no portfólio, as plataformas da Zoomlion são projetadas para mercados com alto nível de exigência

  • Qual é a participação da operação brasileira nos resultados globais do grupo?

Em 2020, a receita mundial da Zoomlion ultrapassou 9,92 bilhões de dólares, atingindo o recorde histórico com um aumento de 50% em relação ao ano anterior. A participação da operação brasileira, embora tímida nos resultados globais, é expressiva, considerando que temos subsidiárias em mais de 21 países e o Brasil está entre os cinco principais mercados de atuação. A fabricante tem crescido fortemente nos mercados fora da Ásia e, na primeira metade de 2021, destacou-se graças à sólida estratégia de expansão dos mercados “overseas” (externos), não só reforçando os times nos países, como promovendo a produção local de algumas linhas.

  • Qual é a percepção sobre o mercado de máquinas atual?

Mesmo diante de um ambiente internacional complexo e do severo impacto da pandemia, o setor de construção civil teve uma das maiores evoluções na criação de empregos formais neste ano. E a empresa respondeu ativamente a essas situações. Fizemos avanços nos negócios, ajustando e desenvolvendo continuamente nossa estratégia de internacionalização e aumentando de forma abrangente a competitividade. Também aumentamos nosso poder de mercado e aprimoramos as capacidades de colaboração e integração de recursos globais de pesquisa e desenvolvimento de ponta.

  • Qual ação se destaca nesse movimento?

Em maio, foi inaugurada uma nova fábrica na Itália (em Mantova), buscando expandir o mercado da União Europeia com produção localizada. É uma etapa notável para melhorar a competitividade da empresa. Mas, no geral, os negócios para máquinas de construção continuam significativos, a receita de exportação continua a crescer e as vendas vêm aumentando, incluindo guindastes, gruas, plataformas aéreas e equipamentos para concreto, produtos que contribuem para uma série de projetos em todo o mundo. Tanto que as exportações na indústria de maquinário de construção aumentaram 80,2% em relação ao ano anterior, chegando a 4,04 bilhões de dólares no primeiro semestre deste ano.

  • Nessa linha, quais são as projeções para 2022?

Espera-se que as exportações aumentem em altas taxas de crescimento no segundo semestre de 2021 e mantenham um crescimento robusto no próximo ano. Com o programa de vacinação em massa e a retomada de projetos relevantes, projeta-se que a economia global cresça 5,5% em 2021 e 4,2% em 2022. Todos esses fatores ajudam a criar condições favoráveis.

  • Isso vale para o Brasil também?

O mercado reagiu muito bem no primeiro semestre de 2021, e continua em crescimento. A previsão da Sobratema em relação às vendas nacionais de máquinas de construção foi aumentada em 25% frente à perspectiva do final do ano passado. O Brasil tem muito a avançar em infraestrutura e isso vai impulsionar significativamente o crescimento, de forma a chegarmos mais próximos dos excelentes resultados obtidos entre 2011 e 2013.

  • Na sua visão, quais são os desafios para as OEMs nesse cenário?

A pandemia causou uma desordem sem precedentes na logística de comércio internacional. Problemas como aumento do frete, falta de equipamentos e congestionamento dos portos estão afetando de forma generalizada as cadeias produtivas do mundo. Logo no início, as previsões eram de forte retração no comércio, mas desde o segundo semestre de 2020 houve uma retomada gradual da economia, gerando uma alta na demanda do mercado internacional, em níveis acima da capacidade dos portos.

  • Que desdobramentos esse quadro pode trazer?

Nesse momento, há uma intensa concorrência global por serviços de transporte, e as especificidades da posição brasileira no comércio marítimo intensificam os desafios que a indústria e os países estão enfrentando. Muitas empresas no Brasil não têm conseguido realizar operações do comércio exterior por conta do alto valor do frete. Isso tem sido um grande desafio. A esperança é de que, aos poucos, o mercado marítimo internacional se conduza para uma situação de normalidade e equilíbrio, conforme a demanda reprimida seja atendida e as rupturas na oferta corrigidas.

Segundo o especialista, o modelo ZTC250N-EV é o primeiro guindaste elétrico do mundo

  • Como tem sido o desempenho das famílias de máquinas no Brasil?

Obviamente, guindastes e equipamentos para concreto são as famílias que temos de considerar, pois iniciamos a comercialização das demais linhas a partir de março deste ano. A linha de guindastes sobre caminhão (truck cranes) é a que temos maior participação, com aproximadamente 15% a 20% da frota atual de equipamentos emplacados no Brasil. Levando-se em consideração que iniciamos as vendas no mercado brasileiro em 2005 e que entre 2014 e 2019 esse mercado registrou níveis em torno de 5% dos volumes de 2012, o resultado foi muito positivo.

  • Qual é a estratégia adotada para essa linha no Brasil?

Os guindastes são o principal produto da Zoomlion, somos o terceiro maior fabricante mundial. No ano passado, foram vendidos em torno de 11.000 equipamentos. Nosso portfólio abrange todos os principais modelos e capacidades de elevação. Mas o principal desafio é vencer uma barreira até então vista com dificuldade pelos fabricantes chineses no Brasil, que é comercializar guindastes acima de 100 toneladas de capacidade de içamento. Essa mentalidade está mudando, pois o mercado está percebendo que nossos produtos não deixam a desejar em relação aos concorrentes. Assim, a estratégia é focar em equipamentos acima de 100 toneladas, inclusive com alguns projetados específicos para esse mercado que têm alta demanda no Brasil.

  • E quanto aos novos produtos?

As plataformas elevatórias são um produto novo em nosso portfólio. Nossa fábrica na China foi inaugurada há apenas três anos, porém já nos aproximamos dos dez maiores fabricantes mundiais. São produtos com elevado índice tecnológico, projetados e certificados para atender a mercados com alto nível de exigência, como o europeu e o americano. Para ambos, focaremos não só na venda dos produtos, mas principalmente no estoque local de peças de reposição e na prestação de serviços. Sabemos que essa é a principal preocupação dos clientes em relação aos produtos importados, de modo que trabalhamos ativamente para deixá-los seguros nesse aspecto.

  • Quais são os destaques recentes do portfólio global da marca?

Nosso mais recente lançamento foi o guindaste sobre caminhão ZTC250N-EV, um equipamento do tipo truck crane com capacidade de içamento de 25 toneladas, 100% movido a eletricidade e com condução não tripulada. Outro lançamento recente, apresentado na ConExpo em março do ano passado, é o sistema inteligente 5G para controle remoto de equipamentos. A empresa tem aplicado com sucesso a tecnologia 5G em escavadeiras, gruas, guindastes e bombas de concreto, assim como atualizações inteligentes das linhas de produção e fábricas.

Equipamentos acima de 100 toneladas de capacidade estão no foco da fabricante, diz Pallaro

  • Aliás, quais são as tendências tecnológicas que vão ditar o futuro?

A maior tendência é a inteligência artificial aplicada a produtos. E a Zoomlion tem investido fortemente em pesquisa e desenvolvimento de computação em nuvem, IoT, big data, blockchain e sua implementação na indústria. Recentemente, nossa subsidiária ZValley lançou a ZValley OS, uma poderosa plataforma de Internet das Coisas Industrial, que habilita as empresas, especialmente nas áreas de fabricação, agricultura, cidades inteligentes e tecnologia financeira, a aproveitar o poder das tecnologias digitais emergentes. O lançamento dessa plataforma irá acelerar a transformação da empresa, de uma fabricante de equipamentos para uma fornecedora de serviços de fabricação.

  • A descarbonização dos produtos é um driver para a empresa?

Já temos betoneiras híbridas há anos e uma ampla linha de equipamentos para concreto movidos a bateria ou outra fonte de energia elétrica. Como disse, o lançamento do guindaste elétrico ZTC250N-EV é resultado de uma filosofia de desenvolvimento sustentável, o que significa muito para a economia de energia e redução de emissões, também demonstrando a P&D e a nossa capacidade de inovação. Já no primeiro semestre de 2021, as plataformas aéreas da Zoomlion chegaram no Brasil e ganharam o reconhecimento dos principais locadores.

  • O que a empresa vem realizando em termos de ESG?

Em 2020, a Zoomlion investiu um total de 9 milhões de dólares em transformação tecnológica para proteção ambiental. Continuamos atentos aos possíveis impactos da fabricação de máquinas no meio ambiente e consideramos a conservação de energia e proteção ambiental uma questão fundamental em nossa operação.

Saiba mais:
Zoomlion: br.zoomlion.com

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