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Revista M&T - Ed.284 - Junho 2024
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AGRISHOW 2024

A força do campo brasileiro

Mesmo em um cenário de incertezas por conta das questões climáticas, a 29ª edição do evento registrou volume recorde em negócios e manteve um elevado número de visitantes
Por Melina Fogaça

Apesar de um cenário desafiador, em que diferentes culturas vêm sofrendo por conta de fenômenos climáticos, prejudicando safras como soja e milho, a Agrishow 2024 manteve a tradição de registrar números bastante expressivos, tanto de visitação quanto de negócios gerados no evento, inclusive superando marcas anteriores.

Segundo dados divulgados pela Informa Markets, organizadora da feira, a 29ª edição da feira agrícola – que ocorreu entre os dias 29 de abril e 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP) – alcançou um volume recorde de R$ 13,6 bilhões em intenções de negócios, envolvendo especificamente máquinas e implementos agrícolas, resultando em um crescimento de 2,4% na comparação com a edição anterior, que movimentou um volume de R$ 13,2 bilhões em ativos.

Já o número de visitantes foi equivalente à edição anterior, com aproximadamente 195 mil pessoas, incluindo produtores rurais de pequenas, médias e grandes propriedades de todas as regiões do país, assim como do exterior.

No entanto, esses bons resultados não eliminam o clima de certa apreensão do setor em relação aos resultados do ano.

PROJEÇÕES

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de 2024 deve chegar a 299,6 milhões de toneladas, ou 15,8 milhões de toneladas a menos (-5%) que no ano passado. E isso vem tendo um impacto direto na venda de máquinas para o setor.

Divulgado durante a feira, o balanço do 1º trimestre de 2024 elaborado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta queda de 21,3% na receita líquida do setor, somando R$ 56,6 bilhões no período, com os piores desempenhos sendo registrados justamente na área agrícola, além de infraestrutura, indústria de base e de transformação.

De acordo com Pedro Estevão Basto


Apesar de um cenário desafiador, em que diferentes culturas vêm sofrendo por conta de fenômenos climáticos, prejudicando safras como soja e milho, a Agrishow 2024 manteve a tradição de registrar números bastante expressivos, tanto de visitação quanto de negócios gerados no evento, inclusive superando marcas anteriores.

Segundo dados divulgados pela Informa Markets, organizadora da feira, a 29ª edição da feira agrícola – que ocorreu entre os dias 29 de abril e 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP) – alcançou um volume recorde de R$ 13,6 bilhões em intenções de negócios, envolvendo especificamente máquinas e implementos agrícolas, resultando em um crescimento de 2,4% na comparação com a edição anterior, que movimentou um volume de R$ 13,2 bilhões em ativos.

Já o número de visitantes foi equivalente à edição anterior, com aproximadamente 195 mil pessoas, incluindo produtores rurais de pequenas, médias e grandes propriedades de todas as regiões do país, assim como do exterior.

No entanto, esses bons resultados não eliminam o clima de certa apreensão do setor em relação aos resultados do ano.

PROJEÇÕES

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de 2024 deve chegar a 299,6 milhões de toneladas, ou 15,8 milhões de toneladas a menos (-5%) que no ano passado. E isso vem tendo um impacto direto na venda de máquinas para o setor.

Divulgado durante a feira, o balanço do 1º trimestre de 2024 elaborado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta queda de 21,3% na receita líquida do setor, somando R$ 56,6 bilhões no período, com os piores desempenhos sendo registrados justamente na área agrícola, além de infraestrutura, indústria de base e de transformação.

De acordo com Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA/Abimaq), já se esperava um trimestre mais difícil até em função do Plano Safra, que só entra em vigor em julho.

“O setor solicitou ao governo R$ 36 bilhões em recursos para o Plano Safra 2024/2025, sendo R$ 26 bilhões para o Moderfrota, incluindo valores para o médio produtor (Moderfrota Pronamp) e R$ 10 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)”, detalhou Oliveira.

Para o ano, a Abimaq projeta uma queda de 15% nas vendas de máquinas, atrelada especialmente ao cenário atual das commodities agrícolas e problemas com o clima.

As chuvas extremas que castigaram o Rio Grande do Sul nos meses de abril e maio também constituem um motivo de preocupação para os produtores, em especial de arroz, assim como para a agropecuária.

Segundo Cláudio Esteves, diretor comercial da Valtra no Brasil, a competência da agroindústria do país está pautada na soja e no milho, em especial para exportação.

“Todavia, o cenário agrícola como um todo é muito importante para a economia nacional”, comentou.

Em meio a um cenário incerto, produtos como café, cana-de-açúcar e laranja vêm se destacando perante as demais culturas de relevância não só no Brasil, como também globalmente. “Essas culturas estão crescendo em área, produção e produtividade”, afirmou Esteves.

“Somos o primeiro em exportação em todos desses segmentos, com 33% do café exportado globalmente saindo do Brasil, assim como 49% da cana-de-açúcar e 76% da laranja.”

EQUIPAMENTOS

A despeito da instabilidade, as fabricantes mais uma vez marcaram presença com tecnologias voltadas para o produtor.

A John Deere, por exemplo destacou lançamentos como a colheitadeira de grãos X9, apresentada in loco pela marca como uma das maiores do mundo após participar como conceito nas duas últimas edições da Agrishow.

De acordo com Rodrigo Bonato, diretor de marketing da John Deere para a América Latina, a máquina tem capacidade de colher mais de 100 t/h com menos de 1% de perdas.

Com sistema eletrificado, a solução se destaca – segundo a fabricante – pela redução no consumo de combustível, cerca de 30% menor em relação a modelos similares, podendo trabalhar até 14 h sem reabastecimento por conta do sistema de transmissão de energia para os módulos finais.

“A X9 conta com alta performance, resultando em perdas menores no momento da colheita, que podem chegar a apenas 10 kg por hectare, sendo que antes se falava em três sacos e meio de desperdício”, afirmou Bonato.


Com sistema eletrificado, a colheitadeira X9
foi apresentada como uma das maiores do mundo

Outro lançamento de destaque foi o trator de alta potência 8R 410 EVT, uma atualização do modelo 8R (já comercializado no Brasil) que oferece transmissão elétrica como principal benefício, substituindo os motores hidrostáticos da transmissão CVT (Continuously Variable Transmission, ou Transmissão Continuamente Variável) por motores elétricos, prometendo assim melhor aceleração e controle de velocidade.

“A indústria está migrando dos sistemas hidráulicos para sistemas elétricos por boas razões, começando pela maior precisão, atendendo assim à questão ambiental, pois se não há fluído rodando, também não há contaminação”, ressaltou Bonato.

“Além disso, trata-se do primeiro passo para a automação, uma vez que só é possível contar com um trator autônomo, por exemplo, com sistemas elétricos bem-desenvolvidos.”

Segundo o diretor, o trator autônomo já é realidade nos EUA, enquanto no Brasil ainda estão sendo realizados diversos testes, inclusive de Machine Learning, pois a máquina precisa aprender por si mesma.

"Mas o primeiro passo para a automação vingar no Brasil está na pulverização, ou seja, estamos educando a tecnologia para plantar em condições brasileiras, para depois irmos para processos de automação em outras etapas da agricultura”, disse Bonato, citando o sistema inteligente See & Spray Select, capaz de identificar plantas invasoras por meio de visão computacional com alta capacidade de leitura e processamento.

Como destaque para a tecnologia, a Case IH apresentou na Agrishow a nova colheitadeira de grãos Axial-Flow Série 160 Automation. Com produção 100% nacional, a máquina é fabricada na planta de Sorocaba (SP) e se destaca por recursos como o sistema Automation e soluções de conectividade de fábrica.

“Por meio de recursos de machine learning e inteligência artificial, toda a operação foi reduzida a quatro modos de colheita que garantem processos simples e de alta produtividade na operação”, comentou Eduardo Domingues, vice-presidente de manufatura da CNH para a América Latina.

Esse resultado é possível, ele assegurou, pelo fato de que a máquina conta com 12 sensores que coletam dados para autorregulagem, “encontrando o ponto exato de trabalho para cada situação e controlando automaticamente 90% das operações”.

De acordo com o executivo, isso representa até 1.800 intervenções diárias na máquina durante a colheita, “algo que nenhum operador seria capaz de realizar sozinho”.

Outro destaque da empresa foi o trator de esteira Quadtrac AFS Connect 715, apresentado pela primeira vez no Brasil.


Trator Quadtrac AFS Connect 715 deve ser
disponibilizado a partir do próximo ano no país

“Lançado na Agritechnica 2023, em Hannover, na Alemanha, o modelo deve ser disponibilizado ao produtor brasileiro a partir do próximo ano”, informou Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para a América Latina.

A New Holland Agriculture aproveitou a Agrishow para divulgar inovações tecnológicas recentes, como o trator T4 Electric Power – conceito utilitário elétrico com funções automatizadas – e o modelo T6.180 Methane Power, primeiro trator do mundo movido a biometano, já disponível no Brasil.


Ainda em versão conceitual, o modelo
T4 Electric Power traz funções automatizadas

“O mercado brasileiro é de suma importância para nós, uma vez que um em cada quatro tratores comercializados no país leva a nossa marca”, sublinhou Carlo Lambro, presidente global da companhia, destacando que há dois anos o país já é o principal mercado global da divisão agrícola do Grupo CNH.

“A empresa faturou cerca de US$ 6,5 bilhões no ano passado em todo o mundo, sendo que o mercado brasileiro respondeu por mais de US$ 1 bilhão desse total, ou aproximadamente 15%”, posicionou.

Já a Valtra exibiu como principal destaque a Série Q5 de tratores, consagrada na Europa e que abrange os modelos Q265 (265 cv), Q285 (285 cv) e Q305 (305 cv).

Segundo Cláudio Esteves, diretor comercial da Valtra no Brasil, a série chega para suprir a lacuna de tratores na faixa de 250 a 300 cv no país.


Com três modelos, a Série Q5 chega para suprir
uma lacuna de tratores na faixa de 250 a 300 cv

A linha conta com transmissão CVT, capaz de operar com baixas rotações do motor, prometendo velocidades precisas sem a necessidade de escalonamento.

“As novidades da marca não incluem apenas maquinários, mas sim um pacote de soluções”, frisa Esteves.

“Em conjunto com as plantadeiras Momentum, os tratores da Série Q5 trazem ao usuário a melhor experiencia de plantio, maximizando os ganhos nas lavouras.”

MOTORES

A demanda de motores com emissões reduzidas também foi um tema bastante explorado pelos expositores na Agrishow 2024, que preparam lançamentos e conceitos para o evento.

Na John Deere, a novidade (ainda como conceito) foi o motor a etanol de 9 l, apresentando originalmente na Agritechnica 2023, em Hanover, na Alemanha.


​​​​​​​Motor com combustão interna a etanol de 9 l
ainda não tem previsão de lançamento no Brasil

Por ser um combustível de alta octanagem, o etanol é uma opção viável para motores de combustão interna de alto desempenho, além de ser uma opção estratégica para o país, que atualmente é um dos principais produtores globais do biocombustível, tanto de cana-de-açúcar quanto de milho.

“É uma tecnologia conceito, ainda sem data específica de lançamento, mas que representa uma aposta promissora para o mercado brasileiro”, afirmou Marcelo Lopes, diretor de vendas da John Deere Brasil.

Marca do Iveco Group, a FPT também acentuou o desenvolvimento de combustíveis alternativos, representado na feira pelo motor conceito Cursor 13 Etanol, uma solução de 12,9 l e seis cilindros totalmente desenvolvida no Brasil.

Segundo Marco Rangel, que recentemente assumiu a posição de gestor global de clientes estratégicos da FPT Industrial, a base do propulsor é o motor a diesel da marca, que foi passada para o biometano e, agora, chega à plataforma de etanol.


Desenvolvido no Brasil, o conceito Cursor 13 Etanol
é voltado para grandes tratores e colhedoras

A plataforma multicombustível, ele explicou, permite selecionar a melhor solução para o negócio do cliente, conforme a necessidade da operação.

Segundo Rangel, o motor pode ser utilizado em grandes tratores e colhedoras de cana e de grãos, por exemplo.

“O Cursor 13 é compatível com a infraestrutura já existente, contando com o alto desempenho da família Cursor, cuja robustez e confiabilidade já são comprovadas pelo mercado”, destacou o executivo da FPT, que também exibiu na Agrishow o motor eletrônico N45 Tier III, voltado para tratores de médio porte.


TRANSPORTE
Caminhões ganham destaque no agribusiness


Família de caminhões VW Meteor
ganhou destaque na feira agrícola

Há tempos, os caminhões têm se mostrado cada vez mais essenciais para o processo do agronegócio, atuando desde o transbordo da colheita e transporte de grãos até a distribuição nos centros das cidades.

Partindo dessa centralidade logística, a VW levou à Agrishow um portfólio completo para o setor.

“A Volkswagem tem uma linha de produtos a partir de 3,5 t, que atua na entrega de produtos derivados do agro, até o modelo 33480, de 125 t”, afirmou Luciano Cafure, diretor de marketing da Volkswagen Caminhões.

Na Agrishow, a fabricante destacou a família VW Meteor, que inclui os modelos 28.480 6x2 e 29.530 6x4 e os extrapesados VW Constellation 33.480 6x4, 25.480 6x2 e 19.380 4x2, além do VW Delivery 11.180, exibido no evento na versão 4x4.

Já a Scania preparou o lançamento do novo caminhão a gás com 460 cv de potência. Segundo Adriano Brito, engenheiro de vendas da montadora, o principal destaque são os novos cilindros do conjunto.

Além dos 8 cilindros laterais, foram acrescentados mais dois cilindros adicionais atrás da cabine, permitindo que o veículo percorra até 650 km, podendo chegar a 700 km dependendo da operação.

“Como a lei brasileira limita o eixo dianteiro em 6 t, tivemos de fazer um esforço para aumentar a autonomia do caminhão sem sobrecarregar o eixo dianteiro”, explicou Brito.

Segundo ele, a autonomia ampliada permite uma atuação mais efetiva nos agronegócios.

Na versão 6x2, o modelo pode ser utilizado no transporte de cana, soja, milho e outros produtos, em carretas de quatro eixos e bitrens de sete eixos.

Já a versão 6x4 tem maior potência e torque (2.300 Nm), podendo tracionar composições de nove eixos em rodotrens. “

Agora com potência de 460 cv, o caminhão pode transportar cargas de até 74 t”, detalhou o engenheiro.


​​​​​​​EQUIPAMENTO
Colheitadeira vence o prêmio Machine of the Year Brasil 2024


Colheitadeira Axial-Flow Série 160 Automation
traz recursos avançados de automação

Produzida pela Case IH em Sorocaba (SP), a colheitadeira Axial-Flow Série 160 Automation foi eleita Machine of the Year Brasil 2024 na categoria “Máquinas para Colheita” pelo júri técnico da Agrishow.

O prêmio reconhece a excelência em engenharia e desenvolvimento de máquinas e sistemas para o setor, levando em consideração a funcionalidade e o desempenho, além de questões éticas, de sustentabilidade e potencial de transformação.

O modelo escolhido pelo júri foi o 5160, equipado com sistema Automation e, segundo a fabricante, o único da categoria que traz automação real. Outro ponto forte da série é o novo sistema X-Flow de peneira nivelante, que promete alto desempenho em áreas inclinadas.

O sistema conta com vibrações laterais que compensam inclinações de até 12º, além de área de limpeza de 5,3 m², atendendo colheitas mais desafiadoras.

“A Série 160 é essencial para o nosso propósito como marca, de fornecer tecnologia de ponta para o produtor que deseja se profissionalizar”, comentou Eduardo Penha, diretor de marketing e comunicação da Case IH, que investiu R$ 100 milhões para a fábrica brasileira se tornar polo global de produção da linha.


Saiba mais:
Agrishow:
www.agrishow.com.br

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