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Revista M&T - Ed.260 - Dez/Jan 2022
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Entrevista: Paulo Herrmann

“A agenda ambiental é intrínseca ao nosso negócio”

Presidente da John Deere Brasil desde 2012, o executivo Paulo Herrmann – que se aposenta em janeiro, após 22 anos na empresa – acredita que o desenvolvimento tecnológico atrelado ao agronegócio contribui de forma significativa para o crescimento do país, que é o segundo mercado da empresa norte-americana no mundo.

Com toda a carreira profissional dedicada ao setor agrícola, o executivo – que nasceu em uma família de pequenos agricultores do interior do Rio Grande do Sul – vem liderando há anos importantes projetos na área de agricultura de baixa emissão de carbono, especialmente por meio de iniciativas para aumentar a eficiência produtiva da agricultura nos trópicos.

Entre essas ações, o especialista cita o fomento à realização e difusão de estudos relativos a uma atividade agrícola mais intensiva e eficiente, que integre diferentes sistemas de produção em uma mesma unidade produtiva, sob o conceito de ILPF – Integração Lavoura, Pecuária e Floresta.

Formado em engenharia agrícola pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), com MBA em gestão de negócios pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o executivo possui ampla carreira em empresas de grande porte, tanto nas áreas vendas e marketing, como em planejamento estratégico e relações corporativas.

No âmbito institucional, Herrmann também atua como diretor do Conselho Superior do Agronegócio (COSAG/FIESP) e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), além de participar como membro de diversos conselhos consultivos de empresas públicas e privadas, entre outras funções de liderança desempenhadas no setor.

Em reconhecimento aos serviços prestados ao agronegócio brasileiro, em agosto deste ano recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), outorgado por unanimidade pelos membros do Conselho Un


Presidente da John Deere Brasil desde 2012, o executivo Paulo Herrmann – que se aposenta em janeiro, após 22 anos na empresa – acredita que o desenvolvimento tecnológico atrelado ao agronegócio contribui de forma significativa para o crescimento do país, que é o segundo mercado da empresa norte-americana no mundo.

Com toda a carreira profissional dedicada ao setor agrícola, o executivo – que nasceu em uma família de pequenos agricultores do interior do Rio Grande do Sul – vem liderando há anos importantes projetos na área de agricultura de baixa emissão de carbono, especialmente por meio de iniciativas para aumentar a eficiência produtiva da agricultura nos trópicos.

Entre essas ações, o especialista cita o fomento à realização e difusão de estudos relativos a uma atividade agrícola mais intensiva e eficiente, que integre diferentes sistemas de produção em uma mesma unidade produtiva, sob o conceito de ILPF – Integração Lavoura, Pecuária e Floresta.

Formado em engenharia agrícola pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), com MBA em gestão de negócios pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o executivo possui ampla carreira em empresas de grande porte, tanto nas áreas vendas e marketing, como em planejamento estratégico e relações corporativas.

No âmbito institucional, Herrmann também atua como diretor do Conselho Superior do Agronegócio (COSAG/FIESP) e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), além de participar como membro de diversos conselhos consultivos de empresas públicas e privadas, entre outras funções de liderança desempenhadas no setor.

Em reconhecimento aos serviços prestados ao agronegócio brasileiro, em agosto deste ano recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), outorgado por unanimidade pelos membros do Conselho Universitário da instituição. “É um privilégio testemunhar e participar dessa revolução que a indústria vem passando”, diz ele nesta entrevista exclusiva concedida à Revista M&T. Acompanhe.

  • Após completar dez anos à frente do grupo, qual é o balanço desse período?

O agronegócio sempre foi a força pujante do Brasil e continua avançando. Agora, se inicia um processo de decolagem e crescimento exponencial em nossas produções. O setor de construção também não para. Mesmo com a pandemia, ambos os segmentos continuam em expansão. Nos últimos dez anos, temos trabalhado para levar o melhor aos nossos clientes, ajudando o país a se desenvolver, oferecendo os produtos mais modernos, tecnológicos, inovadores e versáteis para quem entende e domina a cultura de um ambiente tropical. Assim, conseguimos produzir mais para atender às necessidades nacionais e globais, com máquinas avançadas, aumento na produtividade e manejo sustentável. Ao longo da minha carreira, acompanhei muitas transformações. Por meio da mecanização, agricultura de precisão, conectividade e engenharia genética aumentamos a produção agrícola em mais de 500% nos últimos 40 anos, ao passo que a área cultivada cresceu apenas 60%, o que mostra que é possível produzir, preservar e prosperar. Posso dizer que é um privilégio testemunhar e participar dessa revolução que a indústria vem passando.

  • Como avalia o desempenho dos setores agrícola e de construção no Brasil?

Os segmentos agrícola e de construção são importantes pilares para o desenvolvimento do país. A John Deere se orgulha em fazer parte dessa revolução em inovação, sempre visando a qualidade da produção, seja no campo ou na infraestrutura. É importante ressaltar que o desempenho dos negócios pode ser influenciado por diversos fatores, como clima, tipo de solo, área cultivada, tecnologia, custos de produção e comportamento de diversas variáveis econômicas. Conhecer o impacto dessas variáveis é fundamental para os nossos clientes. Mas, no geral, estamos otimistas com esses setores, que continuam aquecidos.

Segundo Hermann, a pandemia ajudou a acelerar a interatividade no campo de operações

  • Em termos de mercado, quais são as projeções para 2022?

Para o fechamento de 2021, esperamos um crescimento entre 20% e 25% nas vendas da indústria em relação ao ano passado. E estamos otimistas com 2022. Nosso mercado é cíclico e, hoje, observamos um dos maiores aumentos em um curto espaço de tempo, mas ainda há muito pela frente, pois variáveis importantes influenciam esse mercado.

  • Quais desafios podem surgir pela frente?

O produtor precisa colher a safra. O mundo continuará precisando se alimentar e nossos agricultores não vão parar de produzir. Estamos no campo, operando, colhendo, plantando. O Brasil é mais do que o celeiro do mundo. Para 2022, a expectativa é que a John Deere saia da pandemia como protagonista na produção de alimentos e energia renovável no mundo. Impactos sempre vão existir, até porque o produtor depende de muitas variáveis. Mas o agronegócio brasileiro é responsável e sustentável. Por isso, estamos sempre em busca da melhor tecnologia para atendê-los de forma eficaz, inovadora, econômica e sustentável.

  • Falando de pandemia, quais aprendizados ela trouxe?

Ao mesmo tempo que restringiu uma série de atividades, diversas outras foram impulsionadas. Nossa jornada sobre conectividade, tecnologia e interação pessoas-máquinas ocorre já há algum tempo. Mas a pandemia ajudou a acelerar isso tudo. Hoje, é possível interagir com o cliente e sua máquina a distância. Nossos concessionários contam com o Centro de Soluções Conectadas (CSC), por meio do qual conseguem monitorar o desempenho da máquina, antecipar ocorrências e evitar paradas indesejadas. É possível orientar o operador para que evite ações inadequadas, que possam comprometer o produto ou a operação. E, se a máquina parar, o concessionário consegue monitorar o problema e ter um diagnóstico remoto preciso.

  • Quais são os destaques atuais em termos de produtos?

Em 2020, iniciamos a produção da colhedora CH-950 para a cultura da cana, que traz um conceito pioneiro de duas linhas simultâneas, possibilitando dobrar a produtividade. Além disso, o modelo também reduz em 30% o consumo de combustível, 60% das perdas e 28% dos tratores de transbordo, resultando em redução de 22% no custo por tonelada. É um projeto ambientalmente sustentável e que contribui para a melhoria das condições no campo, diminuindo a compactação da área em 60%, o que aumenta a produtividade e a longevidade do canavial, além de reduzir as emissões de CO2.

  • E para a construção, o que pode destacar?

Em agosto, lançamos a pá carregadeira 444G, uma máquina versátil para utilização em operações agrícolas, de construção e locação. O equipamento chegou para coroar e somar a mais completa linha de máquinas de construção e agrícola do Brasil, unindo simplicidade de operação e manutenção à capacidade tecnológica.

A inovação aberta é fundamental para desenvolver máquinas inteligentes no campo, diz o executivo

  • Como a tecnologia abre oportunidades para o país?

No campo, desbloquear o potencial tecnológico por meio da conectividade rural e da agricultura de precisão é um ponto decisivo para o desenvolvimento socioeconômico do país. Somente por esse caminho é possível dar um impulso significativo ao setor produtivo que mais contribui com o PIB e para a retomada econômica que todos esperam. Precisamos democratizar o uso da conectividade em áreas rurais com soluções sem custos ao agricultor, que vai produzir de maneira cada vez mais eficiente e ambientalmente sustentável. O benefício gerado pela tecnologia é muito maior do que o valor inicial de investimento, independentemente do porte da operação.

  • Quais ações têm sido realizadas no campo da conectividade?

Há anos temos estabelecido parcerias para levar a internet de forma mais rápida às áreas rurais. Tanto com o projeto Trópico, em 2018, como mais recentemente com a Claro, temos trabalhado para a instalação de torres de transmissão em áreas rurais para impulsionar a cobertura do sinal e, assim, permitir que o produtor se conecte. Hoje, já temos uma demanda superior a sete milhões de hectares com a iniciativa Campo Conectado. Além disso, nossa parceria com a Ericsson busca desenvolver soluções focadas na quinta geração de conectividade móvel e Internet das Coisas, que ajudem a identificar e a solucionar problemas reais do setor.

  • A empresa vem trabalhando na eletrificação dos equipamentos?

Os motores elétricos são parte fundamental do futuro dos equipamentos agrícolas. Porém, a tecnologia disponível ainda não é suficiente para atender às necessidades técnicas das máquinas. Atualmente, as baterias disponíveis não são capazes de prover a autonomia ou a velocidade de recarga necessárias para uso em campo, onde as máquinas operam longe das sedes. Mesmo considerando ser o futuro, ainda é necessário desenvolver mais as baterias, o que pode levar alguns anos. Mas a John Deere vem trabalhando para o avanço da inovação, investindo diariamente US$ 4 milhões em P&D.

  • Apontaria outras tendências tecnológicas para os próximos anos?

Sem dúvida, a inovação aberta é uma tendência que veio para ficar. Por isso, destaco as parcerias com startups e o desenvolvimento de sistemas inteligentes, como JDLink e Operations Center. Há ainda a ferramenta YieldGap, criada em parceria com a startup DataFarm para dar suporte às decisões agronômicas no campo, ajudando o produtor a entender e quantificar as perdas de produtividade que ocorrem durante o ciclo agrícola. Recentemente, a John Deere também adquiriu a startup Bear Flag Robotics, que faz parte da estratégia de desenvolver máquinas inteligentes no campo. Acredito que esse será o caminho.

  • Como vê a importância crescente das pautas de ESG?

A agricultura extrai riqueza da natureza e a transforma em alimento. Por isso, a agenda ambiental é intrínseca ao nosso negócio. Hoje, estamos preocupados com a procedência do alimento e sua rastreabilidade. Nesse cenário, é importante destacar que o agricultor, cuja atividade depende da terra, sabe que precisa conservar a lavoura e o meio ambiente. Estamos no meio de uma terceira revolução, que é o sistema ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta), estratégia que integra diferentes sistemas produtivos em uma mesma área. Ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento da agricultura brasileira, o ILPF protege biomas, trabalha sobre áreas degradadas e promove o reflorestamento, o que resulta em maior produtividade agrícola.

Para o especialista, o Brasil tem oportunidade de assumir protagonismo global no setor agrícola

  • Quais são as expectativas para o futuro?

Em 30 anos, a China e a Índia serão duas das maiores economias mundiais e os maiores importadores de alimentos. São países altamente populosos e sem produção agrícola suficiente. Ou seja, estamos diante de uma oportunidade real para o Brasil assumir o protagonismo. Precisamos construir esse caminho de liderança global, pois ninguém será melhor que o Brasil para mostrar que é possível produzir e preservar. Por meio do sistema ILPF, por exemplo, o Brasil conseguiu superar a meta estipuladas voluntariamente dentro do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), parte do Acordo de Paris. A ideia inicial era atingir 9 milhões de hectares cobertos com o ILPF até 2030. Hoje, segundo o IBGE, o país já conta com 15 milhões de hectares integrados e está buscando alcançar 30 milhões – o triplo da meta inicialmente proposta.

  • O que representa para uma liderança empresarial receber um título de Doutor Honoris Causa?

É uma honra e uma surpresa, sobretudo por conta da tradição em contemplar pesquisadores pela trajetória acadêmica – o que não é o meu caso, já que tenho apenas o curso superior. A minha história profissional sempre esteve ligada à iniciativa privada e aos agricultores. Esse título é mais uma prova de que a academia e a iniciativa privada têm atributos complementares e absolutamente compatíveis para construir em conjunto não o futuro, mas o presente, que se transforma a cada minuto.

Saiba mais:
John Deere:
www.deere.com.br

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