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Revista M&T - Ed.295 - Julho de 2025
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BETONEIRAS

Muito além do transporte

Combinar logística eficiente a um concreto de alta qualidade é um desafio para as betoneiras, que precisam entregar um material homogêneo e com características preservadas
Por Santelmo Camilo

Garantir que o concreto produzido em centrais chegue até a obra com as características ideais de resistência, trabalhabilidade e durabilidade é uma tarefa desafiadora. Com efeito, vai muito além da força dos equipamentos, em uma operação na qual a engenharia do concreto se atrela à eficiência logística. Nessa missão de mobilidade e transporte, os caminhões-betoneira são os principais protagonistas, operando muitas vezes em trajetos longos, acidentados e sob condições climáticas variadas.

Em um mercado em que a régua que mede eficiência, segurança e controle de custos mostra-se cada vez mais elevada, os fabricantes têm investido em engenharia e inovação para entregar equipamentos que combinam robustez, tecnologia embarcada e baixo custo operacional. De início, todavia, é preciso entender o cenário do transporte de concreto no Brasil, onde os clientes mantêm-se atent


Garantir que o concreto produzido em centrais chegue até a obra com as características ideais de resistência, trabalhabilidade e durabilidade é uma tarefa desafiadora. Com efeito, vai muito além da força dos equipamentos, em uma operação na qual a engenharia do concreto se atrela à eficiência logística. Nessa missão de mobilidade e transporte, os caminhões-betoneira são os principais protagonistas, operando muitas vezes em trajetos longos, acidentados e sob condições climáticas variadas.

Em um mercado em que a régua que mede eficiência, segurança e controle de custos mostra-se cada vez mais elevada, os fabricantes têm investido em engenharia e inovação para entregar equipamentos que combinam robustez, tecnologia embarcada e baixo custo operacional. De início, todavia, é preciso entender o cenário do transporte de concreto no Brasil, onde os clientes mantêm-se atentos ao TCO (Total Cost of Ownership).

Na percepção de Suelen Prudente, diretora comercial do Grupo Convicta, o mercado busca soluções que entreguem alta eficiência, com foco em durabilidade e garantia de retorno sobre o investimento. “O mercado valoriza a eficiência no consumo de combustível, o que impacta diretamente nos custos operacionais”, diz. “Outro ponto importante é a tecnologia embarcada, que possibilita monitoramento preciso e manutenções preventivas no tempo certo.”

Segundo a diretora, critérios como sustentabilidade e redução do impacto ambiental também têm se tornado essenciais na escolha dos clientes, que têm se interessado ainda por equipamentos com maior capacidade de carga.

Gerente divisional de tecnologia do concreto da Liebherr, Gian Romano acrescenta outros aspectos priorizados pelas concreteiras, como qualidade e agilidade na mistura, assegurando as características do material entregue na obra, o que implica menor tempo de homogeneização. “A capacidade volumétrica adequada também é fundamental, de modo que seja possível o transporte do volume nominal nas mais diversas condições, assim como obter slump mais alto (mais fluído) e percorrer trajetos com aclives mais acentuados, sem risco de derramamento”, exemplifica.

A robustez e a durabilidade são outros pontos buscados por esse mercado, que precisa suportar condições severas de operação e desgaste acentuado causado pelo concreto. “A facilidade de manutenção e a disponibilidade de atendimento pós-venda também são relevantes”, acrescenta Romano, destacando como “ideais” os equipamentos que demandam “manutenção simples e descomplicada, com suporte ágil e adequado”.

Na visão de André Penso, supervisor comercial da Fiori, a autonomia operacional também tem sido valorizada, especialmente em obras remotas ou de difícil acesso. “O mercado demanda mais do que transportar concreto, pois os clientes querem mobilidade e independência de usinas fixas”, delineia. Nesse sentido, as exigências mais recorrentes incluem caminhões-betoneira capazes de produzir o concreto no local de aplicação, assim como precisão na dosagem e controle da qualidade do traço. “Mesmo em terrenos difíceis, a facilidade de operação e manutenção é um diferencial almejado, além de menor geração de resíduos e economia de água e cimento”, constata o executivo.

ESTRUTURA

No caso dos caminhões-betoneira, a estrutura é crucial para garantir que o concreto mantenha as características durante o transporte. Pontos como design e ângulo de trabalho do tambor, espaçamento das facas, qualidade dos materiais e sistema de mistura são fundamentais para evitar a segregação e a perda de propriedades do concreto. Na Convicta, Suelen Prudente conta que a betoneira possui estrutura robusta, que assegura confiança no transporte e garante a integridade do insumo, desde a saída até o ponto de aplicação, mesmo em percursos salpicados de aclives e declives. “O projeto do balão, por exemplo, foi pensado para manter o concreto em forma líquida mais ao fundo do tambor, evitando que retorne”, diz ela.

Além dos conjuntos de carga e descarga, o tambor e as hélices são os principais responsáveis por garantir a qualidade da mistura e do transporte do concreto, sempre aliados ao sistema de acionamento hidráulico. Nesse aspecto, Romano destaca que as betoneiras da Liebherr possuem tambor e hélices configurados para misturar o concreto de maneira eficiente. A geometria de projeto resulta em “uma das maiores linhas de água do mercado”, diz ele, referindo-se à capacidade de enchimento, o que permite o carregamento do volume nominal do equipamento, mesmo em condições adversas. “Essa geometria também permite obter uma menor taxa de enchimento do tambor, o que proporciona uma mistura mais ágil e eficiente, reduzindo o desgaste dos componentes e prolongando a vida útil”, detalha. “Isso resulta em menor consumo de combustível e proporciona agilidade e eficiência na mistura e entrega do concreto na obra.”

Além disso, prossegue Romano, também proporciona menor ângulo de inclinação e centro de gravidade mais baixo para o equipamento, resultando – segundo ele – em maior segurança e estabilidade do conjunto durante o trajeto. “Essa característica reduz riscos de acidentes e proporciona conforto ao operador durante a condução”, conta o especialista, ressaltando que as betoneiras da marca e seus componentes estruturais são projetados sob medida para cada tipo de caminhão. “Um sistema exclusivo de fixação elástica permite manter a integridade estrutural do equipamento mesmo nas condições mais severas de mistura e de tráfego sobre terrenos irregulares”, completa.

A Fiori, por sua vez, adota um conceito diferente. No caso, a autoconcreteira produz o concreto no próprio local de aplicação, atuando como uma central móvel autônoma, substituindo a necessidade de usina fixa, betoneira e carregadeira. “Isso reduz custos operacionais, elimina desperdícios e proporciona controle total da qualidade do concreto”, assegura Penso. “Já o sistema de mistura é contínuo e controlado, com geometria interna helicoidal, que assegura a homogeneização e a trabalhabilidade do concreto.”

Já o sistema de gestão de água, diz o supervisor, promete dosagem precisa e controlada diretamente da cabine, aprimorando o ajuste da relação água/cimento conforme o traço especificado. “A autoconcreteira conta ainda com sistema embarcado de pesagem, que garante a produção de concreto conforme o traço especificado, mesmo em locais sem infraestrutura”, observa.

De olho nos custos operacionais, mercado busca eficiência no consumo e tecnologia embarcada. Foto:LIEBHERR


CONFIGURAÇÃO

O portfólio das fabricantes reflete a diversidade das demandas do mercado. A Convicta, por exemplo, oferece modelos de 5, 8 e 10 m³, com previsão de lançamento em breve de um novo produto. Atualmente, a betoneira fornecida pela empresa conta com opcionais como controle remoto da rotação do balão, além de sentido de carga e descarga a uma distância de 50 m. “O intuito é possibilitar conforto e segurança na operação de descarregamento”, pontua Suelen Prudente.

Na Liebherr, a oferta inclui equipamentos com capacidades de 5 a 12 m³, em versões convencionais, leves, estacionárias e de baixo perfil (voltadas para minas subterrâneas). “Todos os modelos são projetados e fabricados sob medida para implementação em caminhões de qualquer fabricante nas mais diversas configurações de rodagem, seja com 2, 3, 4 ou 5 eixos”, argumenta Romano, citando as possiblidades de variações 4x2, 6x4, 8x4 e 10x4.

Autonomia operacional também tem sido valorizada em obras remotas ou de difícil acesso. Foto:CONVICTA


A fabricante dispõe ainda de diversos opcionais, como acionamento e gerenciamento eletrônico, tanques de água com volumes variados, lubrificação centralizada, acionamento eletrohidráulico da calha e controle remoto, entre outros. Em termos de tecnologia, as betoneiras da marca contam com o sistema de controle EMC (Electronic Mixer Control), que faz o gerenciamento inteligente da rotação, ajustando o tambor à necessidade operacional. “Esse sistema permite utilizar a potência do caminhão somente para o deslocamento, sem influenciar no giro do tambor”, elucida o especialista, acrescentando que o sistema mantém a rotação constante durante o trajeto, padronizando os tempos de carregamento e mistura. “Também permite a operação dentro da cabine ou por meio de controle remoto”, informa Romano.

Por seu turno, as autoconcreteiras da Fiori têm capacidades de 2 a 5 m³ de concreto por ciclo. Além da tração integral 4x4 e do esterçamento nas quatro rodas, outro destaque do portfólio é o sistema de raio de giro reduzido, que promove a manobrabilidade em terrenos de difícil acesso ou obras urbanas com espaço limitado. “O sistema de pesagem embarcado do equipamento é realizado diretamente na concha de carregamento, por meio de transdutores de pressão nos cilindros hidráulicos”, afirma Penso. “Durante o carregamento, ele calcula com precisão o peso dos materiais e exibe as informações em tempo real na cabine, permitindo uma dosagem exata do traço com total autonomia, sem balanças externas.”

Configurado com cabine ROPS/FOPS, o equipamento também dispõe de sistema de abastecimento e limpeza com reservatório de água. “Como recursos tecnológicos, a autoconcreteira conta com painel digital multifuncional para monitoramento em tempo real, controle eletrônico da rotação do tambor (com ajuste do sentido e velocidade) e joystick ergonômico, que centraliza os principais comandos da máquina”, complementa.

MANUTENÇÃO

O caminhão-betoneira possui baixa complexidade de manutenção, mas se alguns itens não receberem o devido cuidado, podem ocasionar a parada abrupta do conjunto. E isso ninguém quer, sob circunstância alguma.

Portfólio das fabricantes reflete a diversidade crescente das demandas do mercado. Foto:CONVICTA


Qualidade e agilidade na mistura são fundamentais para preservar as características do material.


Algumas partes requerem averiguação semanal, como pontos de engraxamento, principalmente no sistema de acionamento da betoneira (que inclui o cardan acoplado à tomada de força do caminhão). “Outro ponto de atenção é a verificação constante do funcionamento do sistema de arrefecimento, do eletroventilador e dos sensores de temperatura”, enumera Suelen Prudente. “Na Convicta, os equipamentos trazem como padrão um exclusivo sistema de arrefecimento, cujo dispositivo de segurança inclui aviso sonoro e luminoso, em caso de pane ou superaquecimento”, relata.

De acordo com ela, a expectativa de vida do balão está atrelada diretamente aos fatores que provocam desgaste. Além da abrasividade, incidem fatores como tipo de brita e areia, além da velocidade de rotação no carregamento e no translado até a aplicação. Até por isso, a lavagem do equipamento deve ser feita com produtos biodegradáveis e PH neutro. “Se a limpeza do concreto seco for executada de forma errada, podem surgir até furos na parede do balão”, adverte. “Já as inspeções na estrutura e nas espessuras das chapas externas do tambor devem ocorrer, no máximo, a cada 15 dias.”

Devido a esses pontos críticos, a manutenção se torna crucial para garantir a qualidade do concreto transportado, a segurança da operação e a longevidade do equipamento. Nessa linha, Romano, da Liebherr, recomenda o cumprimento estrito dos planos de manutenção contidos no manual do equipamento, tanto da betoneira quanto do caminhão, para que a vida útil do conjunto caminhe de acordo com o previsto. “A lavagem e a limpeza, assim como a manutenção, são imprescindíveis para garantir o bom funcionamento do equipamento, bem como a qualidade do concreto”, reforça. “Inclusive, recomendamos a limpeza dos componentes em contato direto com o concreto imediatamente após cada descarga, além da lavagem do equipamento ao final do turno.”

Manutenção do equipamento é crucial para garantir a qualidade do concreto transportado. Foto:FIORI


A lavagem deve compreender toda a parte externa da betoneira, bem como a parte interna do tambor. Isso ajuda a prevenir a aderência e o endurecimento de resíduos de concreto no tambor, no conjunto de carga e descarga (funil de enchimento e calhas de descarga) e nos demais componentes. “Durante as lavagens, não devem ser utilizadas ferramentas abrasivas nem soluções a base de ácidos agressivos, para não comprometer a pintura do equipamento”, recomenda.

A lubrificação dos componentes é outro item indispensável para o correto funcionamento do equipamento, visando reduzir o desgaste por atrito e proporcionar uma operação eficiente e segura do sistema de rotação do tambor. Romano reitera que o concreto tem efeito abrasivo no tambor, conforme entra em contato com as chapas de aço que formam as paredes a as hélices. “A qualidade do concreto está diretamente ligada à integridade desses itens, que devem passar por inspeções periódicas”, observa o especialista da Liebherr. “Dessa forma, o usuário se certifica de que estejam aptos à operação.”

Já a Fiori destaca a simplicidade construtiva das autoconcreteiras como um fator que facilita a manutenção. “Os pontos de acesso são fáceis, o que reduz o tempo de parada e os custos de manutenção”, afirma Penso. “A limpeza deve ser feita diariamente, enquanto a lubrificação é indispensável nos pontos indicados pelo fabricante”, finaliza.

Após instabilidade, vendas de betoneirasdão sinais de recuperação no país

A perspectiva para o segmento de caminhões-betoneira é de alta em 2025, impulsionada por fatores como obras em áreas remotas e de difícil acesso logístico, setores de energia, mineração, agronegócio e obras públicas, que exigem mobilidade e independência de usinas. “Além disso, há necessidade de produção própria de concreto no canteiro, especialmente por parte de pequenas e médias construtoras”, comenta Penso, da Fiori.

Na Liebherr, o otimismo é mais cauteloso. De acordo com Romano, as vendas de caminhões-betoneira apresentam um cenário difuso no Brasil, o que se reflete tanto em desafios como em oportunidades para o setor. “As perspectivas são de crescimento moderado, uma vez que o setor de construção deve manter a curva de crescimento até 2026”, pondera o executivo. “No entanto, também demandam certa cautela, pois a alta dos juros pode inibir os investimentos por parte do mercado.”

Alta dos juros pode inibir os investimentos, exigindo cautela das empresas.

Saiba mais:

Convicta: www.convicta.com.br

Fiori: https://fioridobrasil.com.br

Liebherr: www.liebherr.com.br

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