Foto: AGRISHOW
Mesmo diante das incertezas do setor agrícola, alimentadas por altas taxas de juros que dificultam o acesso às linhas de crédito, a 30ª edição da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação foi marcada por uma alta movimentação de pessoas e de negócios.
Neste ano, o evento – que acontece anualmente na cidade de Ribeirão Preto (SP) – atraiu um público de 197 mil pessoas de diversas partes do país, registrando recorde de visitação.
Como é de praxe, a feira também atingiu um resultado expressivo em intenções de negócios, especificamente no setor de máquinas e implementos agrícolas, totalizando R$ 14,6 bilhões, o que representa um aumento de 7% em relação à edição anterior, quando o evento registrou R$ 13,6 bilhões nesse indicador.
Foto: AGRISHOW
Mesmo diante das incertezas do setor agrícola, alimentadas por altas taxas de juros que dificultam o acesso às linhas de crédito, a 30ª edição da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação foi marcada por uma alta movimentação de pessoas e de negócios.
Neste ano, o evento – que acontece anualmente na cidade de Ribeirão Preto (SP) – atraiu um público de 197 mil pessoas de diversas partes do país, registrando recorde de visitação.
Como é de praxe, a feira também atingiu um resultado expressivo em intenções de negócios, especificamente no setor de máquinas e implementos agrícolas, totalizando R$ 14,6 bilhões, o que representa um aumento de 7% em relação à edição anterior, quando o evento registrou R$ 13,6 bilhões nesse indicador.
“A concretização desse volume de negócios só será possível com um Plano Safra robusto e juros compatíveis com a necessidade do setor”, acautelou o presidente da Agrishow, João Carlos Marchesan.
De acordo com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que participou da solenidade de abertura, o governo federal pretende lançar um volume de crédito para o Plano Safra 2025/2026 (que deve ser anunciado até o meio do ano) superior ao do ano passado, quando foram destinados R$ 400,5 bilhões ao setor.
Porém, ele também ressaltou que esses recursos só terão efeito com o controle da taxa de juros.
“Vamos trabalhar para ter um aumento no valor, o que certamente irá exigir uma equalização maior em razão do aumento da taxa Selic”, disse Alckmin.
Segundo estimativa da Abimaq, o setor de máquinas agrícolas deve crescer 8,2% em 2025. Foto: AGRISHOW
Para Carlos Aguiar, diretor de agronegócio do Banco Santander, o Plano Safra deve refletir os efeitos do cenário macroeconômico, com expectativa de um aumento tímido nas taxas para todas as linhas, que deve ficar na casa de 1,5%.
“Será um desafio, pois mesmo diante das safras recordes obtidas em alguns setores, muitos produtores estão endividados atualmente”, advertiu.
Aparentemente, o pior já passou para o segmento de máquinas e equipamentos voltados à agricultura, tendo em vista o crescimento de 13% na demanda registrado no 1º trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2024, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
“A volta das chuvas contribuiu para o aumento da produtividade, permitindo obter uma boa safra”, ponderou Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), ligada à Abimaq.
De fato, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2024/2025 será histórica, estimada em 330 milhões de toneladas de grãos.
Em relação às vendas de máquinas agrícolas, a estimativa da Abimaq é de crescimento de 8,2% em 2025, com faturamento do setor estimado em R$ 65 bilhões.
“A estimativa otimista vem ao encontro dos bons resultados colhidos no 1º trimestre”, disse Oliveira.
“Mas será necessário um plano razoável para que essa expectativa se concretize, para não haver risco de cancelamentos expressivos de pedidos.”
Confiantes na retomada, cerca de 800 expositores nacionais e estrangeiros exibiram maquinários de todos os portes em uma área de 520 mil m², além de serviços e soluções para o campo, mostrando que a tecnologia pode ser acessível para diferentes tipos de produtores.
A seguir, confira alguns dos lançamentos em colheitadeiras, tratores e Linha Amarela realizados na Agrishow, cuja próxima edição acontece de 27 de abril a 1º de maio de 2026.
COLHEITADEIRAS
Um dos destaques da Case IH no evento foi a colheitadeira de grãos Axial-Flow AF10 Automation, o maior modelo de um rotor do mundo, segundo a empresa.
Indicada para trabalhar com plataformas de 61 pés, a máquina traz motorização de 775 cv e tanque com capacidade para 20 mil l, além de tecnologias que prometem contribuir para o aumento da eficiência e, portanto, da produtividade.
É o caso do Sistema Automation 2.0, que utiliza recursos de aprendizado da máquina e inteligência artificial para se autorregular, o que é feito por meio de sensores.
De acordo com Nilson Righi, gerente de marketing tático da Case IH para a América Latina, o sistema é capaz de realizar até 1.800 intervenções diárias na máquina durante a colheita, assumindo até 90% das operações sem a necessidade de intervenções humanas.
“Com as janelas cada vez mais curtas, a AF10 visa atender um perfil de cliente que precisa colher o mais rápido possível sem perder a qualidade”, ressaltou.
Os destaques em colheitadeiras (em sentido horário): Axial-Flow AF10, S7, CR11 e Ideal 25. Fotos: CASE IH / JOHN DEERE / FENDT / NEW HOLLAND AGRICULTURE
A Fendt levou à Agrishow a nova colheitadeira Ideal 25, que oferece recursos como sistema Dual Helix Processor, com “os maiores rotores do mercado” (4,84 m de comprimento), além de área de trilha 45% maior, permitindo alta capacidade sem comprometer a qualidade dos grãos e com menor consumo de energia.
“Trata-se de um sistema de processamento de grãos por meio de dois rotores”, explicou Rafael Antônio Costa, diretor comercial da marca do grupo AGCO.
“Com isso, há um cuidado especial com o grão, para que o produtor possa obter um processamento mais eficiente, sem danificar o produto, reduzindo assim o nível de perdas.”
Além disso, o sistema de limpeza está 25% maior na nova versão da máquina, contando ainda com compensação de até 15% na declividade, o que é especialmente importante em terrenos irregulares, comuns nas regiões Sul e Sudeste do país, resultando em uma “limpeza objetiva do material colhido no tanque de grãos”.
Outra característica tecnológica relevante, acrescentou Costa, é o sistema HarvestPlus, que automatiza o controle de velocidade para manter uma taxa constante de alimentação.
“O sistema de automação garante uma operação com eficiência máxima, reduzindo perdas, melhorando a qualidade do material colhido e minimizando o uso de recursos”, garantiu Costa.
Ainda na linha de colheitadeiras, a John Deere apresentou um modelo inteligente da Série S7 (detalhado na edição de maio da Revista M&T), que conta com duas tecnologias inovadoras de automação (preditiva de velocidade e configurações da colheita).
Produzida em Horizontina (RS), a colheitadeira também sai de fábrica equipada com o serviço de internet via satélite JDLink Boost, que utiliza a rede Starlink.
“O objetivo é auxiliar os produtos rurais a desbloquear o potencial tecnológico de sua frota de máquinas e equipamentos agrícolas”, afirmou Horácio Meza, diretor de vendas da John Deere Brasil.
Na New Holland, um dos principais destaques na mostra foi a colheitadeira CR11, apresentada como a “maior do mundo com duplo rotor disponível no mercado brasileiro”.
O equipamento faz parte do programa de renovação da linha de colheitadeiras da Série CR, que inclui o lançamento de seis modelos com automação baseada em inteligência artificial.
Com 775 cv de potência, o modelo inclui tanque graneleiro de 20 mil l e oferece capacidade de descarga de 210 l/s.
Segundo Eduardo Kerbauy, vice-presidente da New Holland para a América Latina, o objetivo da marca é facilitar a vida do operador, para que tenha uma experiência mais fluída com as máquinas.
“Ou seja, queremos que qualquer operador, independentemente do nível de conhecimento técnico e operacional, consiga extrair cada vez mais das nossas máquinas”, observou.
TRATORES
Pertencente ao grupo AGCO, a Valtra celebrou 65 anos no Brasil com o lançamento da nova Série S6 de tratores, que inclui os modelos mais potentes do portfólio da marca.
Com três modelos (S346, S376 e S416), a linha oferece potências máximas de 345 cv, 375 cv e 425 cv, respectivamente, com torques de até 1.750 Nm.
“Para realmente atender às necessidades do agricultor, disponibilizamos um portfólio com 46 diferentes potências, começando com o modelo de 77 cv, até o nosso mais novo lançamento, que supera 400 cv”, frisou Marcelo Traldi, vice-presidente da Valtra para a América Latina.
Também presente nos novos tratores, a transmissão CVT (Continuously Variable Transmission) da marca já é consagrada no mercado, com destaque para a “confiabilidade e engenharia na condução da máquina”, prometendo tração e mudanças de velocidade eficientes, sem a necessidade de troca de marchas.
“Isso garante o máximo controle e conforto, tanto em operações no campo quanto no transporte”, assegurou Claudio Esteves, diretor de vendas da fabricante.
Em sentido horário, os tratores S6, XT864-5EBR e MT4 70, novidades da Agrishow 2025. Fotos: VALTRA / LS TRACTOR / XCMG
A XCMG Brasil preparou uma participação com equipamentos especialmente projetados para maior eficiência no campo, destacando tratores agrícolas de 60, 86 e 100 hp, além de outros produtos.
Prometendo maior potência e conforto, a versão nacional da linha XT804 conta com detalhes de projeto que prometem potencializar os atributos das máquinas, como nova entrada de ar e maior potência.
Oferecendo força de tração superior a 33 kN, o modelo XT864-5EBR tem tração 4×4, peso mínimo de 3.800 kg e potência de motor de 86 hp.
“Esse modelo garante capacidade máxima de operação em terrenos difíceis, facilidade de manobra e conforto ao operador”, garantiu Renato Torres, diretor comercial da XCMG Brasil.
A LS Tractor levou a Ribeirão Preto o trator MT4 70, um modelo utilitário projetado para suprir as necessidades de pequenas propriedades e agricultores familiares que cultivam hortaliças, frutas e café.
De fabricação nacional, o projeto da máquina inclui transmissão de 32 marchas a frente e 16 à ré com super redutor integrado, eixo dianteiro HD, sistema hidráulico com capacidade de levante de 1.655 kg e controle remoto com vazão variável e ajuste de 0 a 35 l/m em uma das válvulas.
Equipado com motor de quatro cilindros e potência de 62 cv, o lançamento propõe-se a atender diversas necessidades da agricultura brasileira, com ênfase em cafeicultura, fruticultura, horticultura e fumicultura, além de pecuária leiteira, destacando-se pela agilidade operacional, principalmente em atividades que exigem manobras constantes e repetitivas.
O trator será disponibilizado em duas versões – plataformado (ROPs) e com cabine original de fábrica.
“Essa é a oportunidade para o agricultor trocar um equipamento antigo por um novo com muita tecnologia”, disse Felippe Vieira, diretor comercial da LS Tractor.
LINHA AMARELA
Já há várias edições, os equipamentos de construção marcam presença na Agrishow.
De acordo com estimativas de mercado de algumas fabricantes, 15% das vendas totais de equipamentos da Linha Amarela no país são voltadas para o agronegócio.
Para algumas fabricantes, essa participação é cada vez mais relevante.
Segundo Adriano Merigli, CEO da JCB para a América Latina, a fabricante britânica conta atualmente com share de 20% no agronegócio e de 12% no segmento de construção.
“Em 20 anos, a participação da Linha Amarela no setor saltou de 5% para 15%”, pontuou.
De olho nesse mercado, a marca destacou na Agrishow a oferta de máquinas de Linha Amarela com foco em atividades voltadas para o setor canavieiro.
Dentre outros produtos, a mostra incluiu a carregadeira 437ZX AGRI, equipada com motor Cummins de 173 hp e caçamba de 6 m³. Segundo a JCB, o modelo é indicado para operações com movimentação de grandes volumes.
“Essa máquina já existia em nosso portfólio, mas agora chega customizada para movimentação de bagaço”, destacou Hauck.
“A caçamba, por exemplo, tem mais do que o dobro da outra versão, que é de 2,7 m³.”
A partir do alto, as pás carregadeiras WA150-6, 856H-E Sugar
Cane e 437ZX AGRI. Fotos: KOMATSU / LIUGONG / JCB
Na LiuGong, o destaque foi a pá carregadeira elétrica de rodas 856H-E Sugar Cane, também projetada para atender ao setor sucroalcooleiro.
O gerente de marketing e produto da fabricante,
Diego Zolezi, ressaltou que o modelo é o primeiro produto totalmente elétrico da marca para o segmento, patenteado pela fabricante e desenvolvido especialmente para o mercado brasileiro.
“Esse projeto nasceu para atender ao mercado da cana-de-açúcar no país”, disse no evento.
De acordo com o especialista, a máquina traz caçamba de 6 m³ com nivelamento automático, suportando até 4.800 kg de carga.
“A pá 856H-E foi projetada para movimentar materiais de baixa densidade, como bagaço de cana, cavaco de madeira e biomassa”, detalhou.
A novidade da Komatsu na Agrishow foi a carregadeira de rodas WA380-6, uma edição especial projetada para aplicação com biomassa.
Equipado com pneus agrícolas e caçamba de 5,5 m³, o modelo oferece cabine ROPS/FOPS nível 2, transmissão hidrostática, engate rápido e caçamba de 1,7 m³.
Apostando na versatilidade no campo, a máquina traz – segundo a fabricante – soluções práticas para tarefas como movimentação de insumos, limpeza de áreas e preparo de solo.
“A WA150-6 é resultado de um olhar atento às demandas do agronegócio campo”, destacou Leandro Bueno, gerente geral de estratégia, planejamento e marketing de produto da Komatsu.
“O equipamento entrega eficiência e durabilidade em um pacote compacto, com foco total na produtividade do campo.”
COMPACTOS
Na Agrishow 2025, a Caterpillar apostou nos equipamentos compactos, que também vêm ganhando espaço crescente no setor agrícola.
Segundo Dennis Ventura, vice-presidente de vendas e marketing da fabricante no Brasil, as máquinas compactas se destacam pela versatilidade. “Com elas, é possível trabalhar em ambientes confinados, além da possibilidade de trocar as ferramentas para aplicações diversas”, disse.
No evento, os destaques incluíram as minicarregadeiras Cat 250 e Cat 260, que contam com atualizações no torque do motor e na força de desagregação, além de melhorias na inclinação, estabilidade, conforto do operador e tecnologia embarcada.
“Entre os avanços tecnológicos, esses modelos oferecem um nível avançado de integração entre máquina e ferramenta de trabalho”, ressaltou Ventura.
“Os monitores, por exemplo, oferecem a capacidade de operar acessórios Cat Smart, como lâminas de tratores de esteira, motoniveladoras e retroescavadeiras.”
A minicarregadeira Cat 260 (no alto) e a miniescavadeira Volvo ECR25 Electric. Fotos: CATERPILLAR / VOLVO
A Volvo apresentou na Agrishow 2025 destaques na linha de compactos como a miniescavadeira ECR25 Electric, que tem aplicação em diversas atividades do agronegócio.
O modelo tem aplicação em diversas obras nas propriedades rurais, como escavação de tanques, açudes, curvas de nível e movimentação de materiais.
A escavadeira ECR40 é um modelo compacto com peso operacional de 4 t e raio de giro curto, adaptável a espaços limitados.
Já o modelo ECR25 Electric se distingue por ser um equipamento 100% elétrico, com zero emissões de CO2. Com peso operacional de 2,7 t, a máquina tem aplicação em granjas, currais e trato com animais.
“Temos alto potencial de crescimento no agro, elevando ainda mais a produtividade no campo”, acentuou Luiz Marcelo Daniel, presidente da Volvo CE na América Latina, que também exibiu carregadeiras, motores e caminhões durante o evento, além da oferta de serviços financeiros.
TENDÊNCIAS
Locação avança na agroindústria
Buscando impulsionar ainda mais a locação de máquinas no país, empresas como a Armac vêm trabalhando a cultura de uso também no agronegócio.
Segundo Mairon Karr, gerente sênior de agronegócios da locadora, aproximadamente 6 mil equipamentos da frota de 11 mil máquinas da empresa são de Linha Amarela, sendo as carregadeiras as mais aderentes ao agronegócio.
“Essas máquinas são utilizadas na fazenda para realizar curvas de nível, preparo de solo e movimentação de calcário e de fertilizantes”, comentou o executivo durante a Agrishow 2025.
“Além disso, também são aplicadas em fábricas, misturadoras, agroindústrias e operações de movimentação de resíduos e bagaço.”
Atualmente, o agronegócio já representa 12% dos negócios da empresa, mas a tendência é de crescimento.
“Quando se olha para o setor de fertilizantes, portos e terminais, essa unidade de negócios representa 15%”, comentou Karr.
“Ou seja, totalizamos 27% de nossa receita gerada no segmento agrícola.”
Locadoras como a Armac trabalham a cultura de uso também no agronegócio. Foto: ARMAC
Saiba mais:
Agrishow: www.agrishow.com.br
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade