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Revista M&T - Ed.146 - Maio 2011
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Reciclagem de Resíduos

Sustentabilidade na demolição e construção

Com baixo custo de operação e manutenção, os britadores sobre esteiras se popularizam nas frotas de equipamentos para demolição e viabilizam o reaproveitamento dos resíduos no próprio canteiro de obras

Apesar dos avanços em direção à maior sustentabilidade da operação, a atividade de construção civil, que por natureza interfere em seu entorno, ainda convive com um problema a ser solucionado: o gigantesco volume de entulho gerado nos canteiros de obras e até mesmo nas pequenas reformas residenciais. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado há 11 anos, esse material representa entre 13% e 67% de todos os resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil, o que significa uma média de 40% do lixo produzido no país.

Somente na cidade de São Paulo, os resíduos de construção e demolição (RCD) correspondem a 55% dos 17.240 kg de lixo sólido que se acumulam diariamente em aterros sanitários, bota-foras e até mesmo de forma irregular em várzeas, encostas e outras áreas não licenciadas pelos órgãos ambientais. O cálculo faz parte do estudo “Gestão Ambiental dos Resíduos da Construção Civil”, elaborado pelo sindicato patronal do setor, o Sinduscon-SP, em parceria com outras entidades de classe e empresas de engenharia.

A divulgação desses números, bem como a implantação da nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, vem contribuindo para alertar os profissionais do setor sobre a necessidade de adoção de processos mais racionais e sustentáveis em obras de demolição e construção. A importância do assunto, inclusive, levou a Sobratema a montar uma área temática sobre sustentabilidade na feira Construction Expo, que será realizada em São Paulo, entre o dias 10 e 13 de agosto próximo.

Além de reduzir o impacto ambiental gerado pela atividade de demolição ou construção, a reciclagem dos resíduos gerados se mostra economicamente atrativa ao viabilizar seu reaproveitamento no próprio canteiro ou em outras obras próximas a ele.

Aplicações para o resíduo
Iniciativas desse tipo ganharam força nos últimos quatro anos, quando as primeiras unidades de britadores móveis sobre esteiras começaram a ser vendidas no mercado brasileiro para o processamento de entulhos no próprio canteiro de obras. “A utilização desses equipamentos é um divisor de águas e, além de refletir a preocupação ambiental das empresas com a gestão desses resíduos, revela o valor econômico de seu reaprov


Apesar dos avanços em direção à maior sustentabilidade da operação, a atividade de construção civil, que por natureza interfere em seu entorno, ainda convive com um problema a ser solucionado: o gigantesco volume de entulho gerado nos canteiros de obras e até mesmo nas pequenas reformas residenciais. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado há 11 anos, esse material representa entre 13% e 67% de todos os resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil, o que significa uma média de 40% do lixo produzido no país.

Somente na cidade de São Paulo, os resíduos de construção e demolição (RCD) correspondem a 55% dos 17.240 kg de lixo sólido que se acumulam diariamente em aterros sanitários, bota-foras e até mesmo de forma irregular em várzeas, encostas e outras áreas não licenciadas pelos órgãos ambientais. O cálculo faz parte do estudo “Gestão Ambiental dos Resíduos da Construção Civil”, elaborado pelo sindicato patronal do setor, o Sinduscon-SP, em parceria com outras entidades de classe e empresas de engenharia.

A divulgação desses números, bem como a implantação da nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, vem contribuindo para alertar os profissionais do setor sobre a necessidade de adoção de processos mais racionais e sustentáveis em obras de demolição e construção. A importância do assunto, inclusive, levou a Sobratema a montar uma área temática sobre sustentabilidade na feira Construction Expo, que será realizada em São Paulo, entre o dias 10 e 13 de agosto próximo.

Além de reduzir o impacto ambiental gerado pela atividade de demolição ou construção, a reciclagem dos resíduos gerados se mostra economicamente atrativa ao viabilizar seu reaproveitamento no próprio canteiro ou em outras obras próximas a ele.

Aplicações para o resíduo
Iniciativas desse tipo ganharam força nos últimos quatro anos, quando as primeiras unidades de britadores móveis sobre esteiras começaram a ser vendidas no mercado brasileiro para o processamento de entulhos no próprio canteiro de obras. “A utilização desses equipamentos é um divisor de águas e, além de refletir a preocupação ambiental das empresas com a gestão desses resíduos, revela o valor econômico de seu reaproveitamento na execução de pisos e aterros”, diz Artur Granato, diretor da Nortec.

Apesar das normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) vetarem o uso desse material em concreto estrutural, ele ressalta que sua aplicação não precisa ficar restrita apenas a aterros e bases para pavimentação. De acordo com o especialista, esses resíduos britados já começam a ser utilizados também na fabricação de pré-moldados de concreto, argamassa ou revestimento de paredes, servindo ainda para a proteção no assentamento de tubulações de redes de esgoto, entre outras aplicações.

Segundo Granato, antes de 2007 todo o mercado brasileiro não contabilizava mais de cinco unidades de britadores móveis atuando em canteiros de obras na reciclagem de resíduos. “Atualmente, contamos com cerca de 20 equipamentos destinados a esse tipo de atividade, muitos deles operando em projetos de destaque no cenário nacional.” As obras para a Copa do Mundo de 2014 contribuíram para a popularização dessa prática já que, na maioria dos casos, as reformas das arenas esportivas contemplam a demolição parcial ou total das estruturas existentes.

Reformas de estádios
A Terex Latin America confirma a tendência, vislumbrando uma oportunidade para a aplicação dos britadores móveis PowerScreen, comercializados no Brasil por meio da distribuidora Simpex. “Há pouco mais de um ano, destinamos esses equipamentos para as obras dos estádios que vão sediar os jogos da Copa do Mundo em Cuiabá (MT), Salvador (BA), Recife (PE), Belo Horizonte (MG) e, mais recentemente, no Rio de Janeiro (RJ)”, diz José Brum, gerente de desenvolvimento de negócios da marca PowerScreen.

Com a estimativa de processar 25 mil m³ de concreto demolido – volume que certamente será revisto para cima nos próximos meses, segundo Brum – a reforma do Estádio do Maracanã está mobilizando um conjunto móvel com capacidade para a britagem de 200 t/h. “A velocidade de processamento depende muito da alimentação de material, pois, diferentemente das pedreiras, onde esse processo é constante, na reciclagem de entulho o equipamento trabalha com períodos de ociosidade, enquanto aguarda a demolição das estruturas para sua britagem.”

José Brum destaca que a reforma do Maracanã é uma referência, devido à curiosidade que desperta na opinião pública em geral, e que a aplicação de britadores móveis nessa obra pode ser considerada um caso de sucesso. “Em função desse interesse que ela desperta, a população pode visitar a obra a qualquer momento, pois o estádio virou uma espécie de bolha de vidro, com visitação aberta ao público em pontos estratégicos que permitem total visibilidade dos serviços em execução”, ele complementa.

Para conferir maior produtividade à operação do britador móvel na obra do estádio, o especialista explica que a correia transportadora do equipamento descarrega o material britado diretamente na caçamba do caminhão. “Isso evita a formação de pilhas de material, que exigiriam a mobilização de pás carregadeiras para o carregamento do caminhão.” A estratégia não é seguida na reconstrução do Estádio Fonte Nova, em Salvador, onde outro britador PowerScreen é utilizado para o processamento de cerca de 40 mil m³ de concreto demolidos. Nesse caso, os resíduos reciclados são aproveitados na própria obra e também em projetos de pavimentação da prefeitura.

Outras aplicações
Além dessa marca de britador móvel, a empresa acaba de introduzir outra família de equipamentos no mercado brasileiro, por meio da divisão Roadbuilding, que também já encontra aplicação em reciclagem de resíduos da construção. Os conjuntos móveis da linha Finlay, importados da Irlanda, são oferecidos em modelos com britador de mandíbula, de cone ou de impacto, de acordo com a necessidade do cliente. Segundo Gilvan Pereira, diretor de vendas, marketing e pós-vendas da Terex Roadbuilding, as primeiras unidades foram vendidas no país não apenas para aplicação em mineração e produção de agregados da construção, mas também em obras de rodovias e de demolição.

A construção de rodovias, aliás, pode apresentar peculiaridades na mobilização desse tipo de equipamento, como demonstra Artur Granato, da Nortec. Como exemplo, ele cita a implantação de uma estrada em Jandira (SP), cujo traçado passa por áreas com formação rochosa. Nesse caso, as caçambas dos equipamentos de carga são substituídas por rompedores hidráulicos para o desmonte da rocha e sua britagem no próprio canteiro. “Essa brita é automaticamente remanejada para aproveitamento como base e sub-base da pista em construção.”

Segundo o especialista, o material britado nessa operação de pavimentação, diferentemente dos entulhos de construção, não pode ser destinado a outros canteiros de obra, pois se trata de minério, cuja remoção depende de licença prévia dos órgãos competentes. “Nesse caso, a utilização do britador móvel representou a solução para problemas legais e logísticos”, ele pondera.

Mandíbula ou Impacto?
Na maioria das aplicações em construção civil, tanto em obras de rodovias como na reciclagem de entulhos em reforma de estádio de futebol, os conjuntos de britagem utilizados são equipados com britador de mandíbula. Nessa segunda hipótese, eles também poderiam contar com britador de impacto, eficiente na redução granulométrica de materiais menos abrasivos. Mas os especialistas do setor apresentam uma série de características que torna preferíveis os modelos de mandíbula para a reciclagem de resíduos de demolição.

“Os britadores de mandíbula e os de impacto apresentam diferenças básicas de qualidade de material britado”, adianta Tiago Carvalho, gerente do segmento de construção da Sandvik. Ele explica que, enquanto os modelos de impacto geram material final com alto fator de redução – de 13 partes para uma, em média – os de mandíbula reduzem o material cerca de sete vezes. “Os modelos de impacto produzem um material de alta qualidade, mas a reciclagem em geral não requer classificação e a bica corrida – britagem sem peneiramento – produzida pelos britadores de mandíbula se revela a melhor opção em termos de custo/benefício”, diz.

Além de ter um custo de aquisição até 30% superior em relação aos modelos de mandíbula, os britadores de impacto também apresentam maiores custos com materiais de desgaste, principalmente quando trabalham com materiais abrasivos. Esses custos poderiam ser diluídos ao longo do processo, dada a maior capacidade de processamento desses modelos, mas nas atividades de reciclagem essa possibilidade é irrelevante para sua maior competitividade. “Os entulhos de construção não são abrasivos, mas geralmente chegam ao britador com vergalhões de aço e isso pode comprometer a operação dos modelos de impacto”, diz Carvalho.

Ele explica que os vergalhões podem enroscar uns nos outros, formando uma espécie de novelo capaz de aderir facilmente ao rotor da máquina e de causar danos ao equipamento. “Já no britador de mandíbula não há esse risco, pois ele pode ser alimentado até mesmo com barras de ferro em meio ao entulho e esse material é automaticamente separado dos resíduos a serem reciclados”, pondera o especialista da Sandvik.

Capacidade de alimentação
A abertura da boca de alimentação dos modelos de mandíbula também é maior se comparada à dos equipamentos da mesma capacidade de processamento com tecnologia de britagem por impacto. No caso da alemã Kleemann, empresa do grupo Wirtgen cujos britadores começam a ser vendidos no Brasil este ano pela Ciber, um modelo de mandíbula com capacidade para o processamento de 350 t/h, por exemplo, conta com boca de alimentação de 1.300 mm por 800 mm. Um equipamento de impacto da marca com a mesma capacidade tem boca de alimentação de 1.100 mm por 800 mm.

No caso da Atlas Copco, que contabiliza a venda de cinco britadores móveis de mandíbula no Brasil para o segmento de reciclagem, a abertura da boca de alimentação dos modelos de impacto e de mandíbula é semelhante. “Um equipamento de 200 t/h, por exemplo, tem abertura de 1.000 mm por 600 mm, no modelo de impacto, e de 1.000 mm por 550 mm no modelo de mandíbula”, diz Conrado Augusto, gerente de negócios de equipamentos de perfuração de superfície da Atlas Copco. “Todavia, os de mandíbula se mostram os preferidos pelos empreiteiros devido a suas inúmeras vantagens”, ele complementa.

Separadores magnéticos
Independentemente do modelo adotado, todos os conjuntos de britagem contam com separadores magnéticos quando especificados para aplicação em reciclagem de resíduos de demolição. “Trata-se de um extrator magnético, equipado com um eletroímã, que faz a retirada de todo material metálico antes do material britado seguir para a correia transportadora”, explica Ernani Martineschen, gerente de negócios da Kleemann.

Essa tecnologia, segundo ele, é uma das responsáveis pela popularização dos britadores móveis nos processos de reciclagem, pois dispensa a necessidade de uma pré-separação dos materiais que alimentam o equipamento. José Brum, da Terex, ressalta que outros opcionais também contribuem para a maior adoção de britadores móveis na reciclagem de resíduos de construção e demolição.

“O sistema de supressão de pó, dotado de bicos de aspersão que eliminam a poeira gerada na britagem, por exemplo, são de extrema importância nas operações em áreas urbanas”, diz ele. O especialista destaca que o equipamento é comandado por sistema de controle remoto, permitindo sua operação pelo profissional que conduz a escavadeira hidráulica ou pá carregadeira para sua alimentação. Dessa forma, o conjunto móvel de britagem opera com alta produtividade e baixo custo de mão-de-obra.

Equipamentos de apoio
Apesar de separadores magnéticos e outras tecnologias permitirem que os britadores móveis transformem entulho em material passível de reaproveitamento no canteiro, a reciclagem desses resíduos pode ser otimizada com o auxílio de uma família de equipamentos específicos para serviços de demolição. A lista é extensa e inclui desde os rompedores hidráulicos e martelos manuais, até as tesouras de demolição, pulverizadores e compressores de ar, entre outros (veja ilustração na páginas 10 e 11).

Nesse processo, os pulverizadores desempenham um papel fundamental. “Utilizados após a ação de rompedores hidráulicos ou das tesouras de demolição, eles são capazes de triturar colunas inteiras de concreto armado, separando o ferro do concreto”, diz Marcelo Camargo, gerente de negócios da linha de ferramentas para demolição da Atlas Copco. Com isso, os britadores móveis podem ser alimentados somente com resíduos de concreto, já que o ferro previamente separado segue outra rota de reciclagem.

“Algumas empresas se interessam por determinados projetos de demolição devido aos negócios que podem ser alavancados com o alto volume de ferro para reciclagem, pois é estimado que cada metro cúbico de concreto contenha cerca 200 kg de aço”, completa Camargo. Em algumas obras que envolveram demolições de grande porte, a concorrência chegou a contar com a participação de siderúrgicas interessadas no aproveitamento desse material em suas respectivas usinas.

Os rompedores hidráulicos, tesouras de demolição e garras demolidoras também ocupam o seu lugar de destaque no processo de demolição e reciclagem de resíduos. Os primeiros, mais utilizados nos canteiros de obras, têm a função de realizar a demolição da estrutura de concreto e até mesmo de reduzir seus resíduos em frações menores. As tesouras de demolição e os multiprocessadores, por sua vez, são destinados para aplicações primárias e secundárias de demolição, ambos com foco no corte de estruturas reforçadas e na trituração do concreto.

Demanda em expansão
Em toda a linha de equipamentos para demolição e reciclagem, entretanto, o destaque fica mesmo para os conjuntos móveis de britagem, que nos últimos anos se tornaram mais populares nos canteiros de obras do país. O crescimento nas vendas reflete essa tendência e leva os fabricantes do setor a projetar um futuro promissor. “A utilização de britadores móveis em reciclagem também impulsionou seu emprego em pedreiras, segmento que deverá responder por cerca de 80% das 100 unidades consumidas este ano no Brasil”, avalia Conrado Augusto, da Atlas Copco.

Pelas projeções da empresa, a demanda desses equipamentos já apresenta equilíbrio entre os mercados de pedreiras e de reciclagem de entulhos da construção. “Com apenas cinco meses de comercialização da linha de britadores da austríaca Hartl Powercrusher, adquirida recentemente pela Atlas Copco, contabilizamos a vendas de 12 equipamentos, sendo cinco deles voltados à reciclagem de resíduos de construção e os outros sete para pedreiras”, finaliza Augusto.

 

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