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Revista M&T - Ed.245 - Julho 2020
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Cenário

Sem margem de erro

Para especialista, mercado da construção pode se movimentar com obras urbanas mais curtas e de baixo investimento, mas empresas precisam ser mais eficientes e estratégicas
Por Marcelo Januário (Editor)

Obras urbanas menores e com muitas empresas em situação apertada. Dessa forma, o diretor da Raiz Consultoria, Yoshio Kawakami, resume as perspectivas para o setor da construção no curto prazo. Na visão do executivo, até a próxima eleição é de se esperar um ciclo de obras em infraestrutura social e urbana, composto por projetos menores e com prazos mais curtos.

Segundo ele, a crise trouxe uma visão mais clara das deficiências estruturais do país, especialmente na área social, no que se refere ao atendimento das necessidades da população, incluindo saúde, saneamento, habitação e educação. “Daqui em diante, as verbas serão menores e com um viés político bastante forte voltado às eleições”, avalia Kawakami. “Portanto, podemos esperar obras menores e com prazos mais curtos, próximas aos eleitores, especialmente em áreas urbanas densamente habitadas, que revertam rapidamente os investimentos em obras públicas em votos.”

Sem desconsiderar as necessidades de infraestrutura e de mercado do país, o consultor avalia que, em um momento de verbas reduzidas, a prioridade política pode alavancar um tipo bem específico de obra, de menor valor e com utilização mais intensa de mão de obra – o que pode ajudar na questão do desemprego e levar solução às famílias. “Se essa obra trouxer um benefício final para a população, talvez esse seja o modelo mais interessante do ponto de vista político”, ressalta Kawakami. “E isso significa custo menor, baixo investimento e utilização de mão de obra, ao invés de mecanização.”

GESTÃO

Para Kawakami, que tem ampla experiência no setor de bens de capital, uma das principais dificuldades do mundo corporativo atualmente tem sido entender com clareza o que acontece no mercado e no próprio negócio. “Além da perda


Obras urbanas menores e com muitas empresas em situação apertada. Dessa forma, o diretor da Raiz Consultoria, Yoshio Kawakami, resume as perspectivas para o setor da construção no curto prazo. Na visão do executivo, até a próxima eleição é de se esperar um ciclo de obras em infraestrutura social e urbana, composto por projetos menores e com prazos mais curtos.

Segundo ele, a crise trouxe uma visão mais clara das deficiências estruturais do país, especialmente na área social, no que se refere ao atendimento das necessidades da população, incluindo saúde, saneamento, habitação e educação. “Daqui em diante, as verbas serão menores e com um viés político bastante forte voltado às eleições”, avalia Kawakami. “Portanto, podemos esperar obras menores e com prazos mais curtos, próximas aos eleitores, especialmente em áreas urbanas densamente habitadas, que revertam rapidamente os investimentos em obras públicas em votos.”

Sem desconsiderar as necessidades de infraestrutura e de mercado do país, o consultor avalia que, em um momento de verbas reduzidas, a prioridade política pode alavancar um tipo bem específico de obra, de menor valor e com utilização mais intensa de mão de obra – o que pode ajudar na questão do desemprego e levar solução às famílias. “Se essa obra trouxer um benefício final para a população, talvez esse seja o modelo mais interessante do ponto de vista político”, ressalta Kawakami. “E isso significa custo menor, baixo investimento e utilização de mão de obra, ao invés de mecanização.”

GESTÃO

Para Kawakami, que tem ampla experiência no setor de bens de capital, uma das principais dificuldades do mundo corporativo atualmente tem sido entender com clareza o que acontece no mercado e no próprio negócio. “Além da perda das referências tradicionais, no decorrer da pandemia surgiram diferenças setoriais muito grandes”, diz o especialista, que também é diretor técnico da Sobratema e colunista da Revista M&T. “Em abril, por exemplo, houve casos de empresas que tiveram a receita diminuída em 90% e, no mesmo período, outras que tiveram receita 30% acima do que inicialmente haviam planejado para este ano.”

Entender o que acontece no mercado e no próprio negócio é um desafio para as empresas

Para o consultor, essa disparidade entre os diversos segmentos de atuação tem sido um grande dilema para o setor empresarial em geral. “Sem um cenário definido, sem uma visão do que vai acontecer no futuro, não é possível traçar uma estratégia, uma linha de conduta para a atividade da empresa”, afirma. “Nesse quadro, é fundamental haver um interlocutor capaz de pegar esses diversos fragmentos, sinais e indicadores do mercado e construir uma visão de negócio específica para a empresa.”

O especialista também aponta dificuldades como o desequilíbrio contábil das empresas, que certamente sairão da crise com menos recursos, fazendo com que todos comecem a retomada em uma situação muito mais apertada. “Em um quadro sem muita margem para erro, como agora, é importante contar com um plano estratégico que leve a uma execução com bastante eficiência”, ele orienta. “É muito importante pensar antes de agir, no ‘quê’ fazer e também no ‘como’ fazer.”

Pandemia acelera novos modelos de negócio

Muitos têm repetido o chavão do ‘novo normal’, mas a verdade é que muitas mudanças já vinham acontecendo bem antes da crise. Segundo Anicia Pio, gerente do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (DDA/Fiesp), a pandemia apenas reforça a necessidade de transformações profundas do atual modelo de produção e consumo, criticado mundo afora. “O mundo está totalmente integrado e os nossos produtos precisarão competir em mercados cada vez mais restritivos em termos do impacto ambiental”, diz a especialista, que participou do Webinar BW Talks, promovido em junho pela Sobratema. “Hoje, há um grande desafio em incorporar valores como redução do consumo de água e energia, desperdício zero e reutilização de matéria-prima, enfim, novos modelos de negócio, só que agora no curto prazo.”

Ações sustentáveis já são adotadas por empresas como a Case CE, cuja fábrica em Contagem alcançou geração zero de resíduos

Outro ponto crítico está na cadeia de valor. Enquanto as multinacionais já atuam para diminuir o impacto ambiental de suas atividades, as pequenas e médias empresas precisarão ser estimuladas para essa finalidade, principalmente por conta da escassez de recursos. “Um fator-chave para a aceleração dessa demanda são as políticas públicas de fomento, que podem ajudar nos investimentos em inovação, novas tecnologias, processos e capacitação”, avalia a gerente.

Nesse aspecto, o diretor comercial da Case CE para a América Latina, Roque Reis, observa que as companhias de capital aberto já dão mais atenção a questões de sustentabilidade, mas a cadeia de equipamentos para construção também conta com fornecedores de porte menor, que continuam a atuar sem ações efetivas. “O ciclo de economia circular ainda tem muito a caminhar no setor”, admite o executivo.

Não obstante, Reis acredita que as novas gerações inevitavelmente vão trabalhar para que a tecnologia esteja cada vez mais adequada e integrada aos recursos naturais disponíveis. “Há cinco anos, não se falava em eletrificação das máquinas ou até mesmo em economia circular”, diz. “Hoje, já são tomadas ações efetivas nessas áreas.”

Isolamento consolida novas formas de trabalho

A aceleração no uso de ferramentas digitais para comunicação, para trabalho remoto de equipes e para controle de projetos tem sido um desdobramento inevitável do isolamento social. Essa é a opinião de Gustavo Faria, presidente da Terex Latin America, para quem o isolamento valorizou ferramentas que já estavam disponíveis, assim como a capacidade de autogestão das pessoas. “Já estávamos um pouco preparados, mas ainda ‘engatinhando’ na mudança para esse tipo de trabalho”, afirma.

Necessidade de distanciamento pode impulsionar mecanização

Segundo ele, operações técnicas como recebimento e entrega de máquinas seguem presenciais, mas agora assimilando protocolos de segurança. “O difícil disso tudo é que se trata de uma adaptação, pois ainda há alguns questionamentos, uma certa insegurança”, reconhece Faria, destacando que as consequências da pandemia podem trazer alterações até mesmo na mecanização das atividades produtivas. “Levar duas ou três pessoas no cesto é algo que talvez tenha de ser revisto”, afirma. “Assim, é possível que seja necessário usar mais máquinas, para distanciar as pessoas.”

Na mesma linha, Faria comenta que a telemetria pode impulsionar o mercado, pois permite o atendimento remoto das frotas e mesmo o atendimento presencial, quando necessário, agregando mais elementos para a atuação das equipes, que sabem de antemão o que está acontecendo com as máquinas. “É difícil dizer se essas inovações podem levar a um reaquecimento de mercado, pois – para a nossa linha de equipamentos – isso depende muito dos investimentos na infraestrutura e na indústria”, acentua. “Contudo, que essas novas formas de trabalho têm uma eficiência maior é algo claro.”

Saiba mais:
Case CE: www.casece.com/latam/pt-br
Fiesp: www.fiesp.com.br
Raiz: raizconsultoria.com.br
Terex: www.terex.com/pt-br

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