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Revista M&T - Ed.149 - Agosto 2011
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Rolamentos

Cuidados que preservam O giro do guindaste

Corretos procedimentos de operação e manutenção estendem a vida útil dos rolamentos de grande porte, como os utilizados para o giro de guindastes

Um estudo da fabricante de rolamentos SKF aponta que o aumento da carga em duas vezes em relação ao limite estabelecido para esse componente reduz sua vida útil em até oito vezes. A sobrecarga, todavia, não é o único fator capaz de comprometer a durabilidade dos rolamentos e seus conjuntos. A lubrificação, montagem e desmontagem também figuram entre os pontos que merecem especial atenção, principalmente em se tratando de componentes de grande porte, como os rolamentos utilizados em guindastes.

Walter Junior Arbel, supervisor de treinamento da SKF, destaca que os rolamentos desenvolvidos pela empresa para a rotação da lança dos guindastes são do tipo axial. “Eles exigem uma série de cuidados semelhantes a outros rolamentos de grande porte, com o agravante de que somente sua pista é sedimentada, ou seja, há partes do rolamento que não são endurecidas por indução, o que o torna mais frágil.”

O especialista explica que as partes não endurecidas não podem receber carga, o que reforça a indicação de só utilizar os rolamentos para giro do guindaste após estudos detalhados


Um estudo da fabricante de rolamentos SKF aponta que o aumento da carga em duas vezes em relação ao limite estabelecido para esse componente reduz sua vida útil em até oito vezes. A sobrecarga, todavia, não é o único fator capaz de comprometer a durabilidade dos rolamentos e seus conjuntos. A lubrificação, montagem e desmontagem também figuram entre os pontos que merecem especial atenção, principalmente em se tratando de componentes de grande porte, como os rolamentos utilizados em guindastes.

Walter Junior Arbel, supervisor de treinamento da SKF, destaca que os rolamentos desenvolvidos pela empresa para a rotação da lança dos guindastes são do tipo axial. “Eles exigem uma série de cuidados semelhantes a outros rolamentos de grande porte, com o agravante de que somente sua pista é sedimentada, ou seja, há partes do rolamento que não são endurecidas por indução, o que o torna mais frágil.”

O especialista explica que as partes não endurecidas não podem receber carga, o que reforça a indicação de só utilizar os rolamentos para giro do guindaste após estudos detalhados sobre a operação do equipamento. “É preciso saber exatamente o ângulo de instalação desse rolamento, algo definido com base nas projeções de içamento dos guindastes”, ele salienta.

Outro cuidado especial, nesse caso, está relacionado à remoção ou à montagem do componente. Justamente por não ser inteiramente sedimentado, esse tipo de rolamento não pode ser içado com apoio somente em um dos seus lados. “A elevação da peça deve ser feita com ancoragem em vários pontos da circunferência. Caso contrário, o rolamento pode ficar ovalizado e perder suas características”, diz Arbel.

Montagem e Desmontagem

Outras técnicas devem ser levadas em conta durante o manuseio de rolamentos de grande porte. Uma pré-condição para sua montagem é que o processo seja feito em superfície plana e livre de graxa e óleo. O processo começa com a remoção de rebarbas, pingos de solda, tinta e outras irregularidades. Em seguida, os anéis superior e inferior precisam estar plenamente assentados nas bases de apoio da máquina de montagem dos rolamentos. Após a solda, ainda é necessária uma usinagem mecânica das superfícies de apoio, como último passo da fabricação/montagem.

O ajuste fino engloba a limpeza das superfícies de encosto superior e inferior do rolamento. Além disso, essa etapa exige cuidados para que os solventes não contaminem as vedações e pistas de rolamento. Após a montagem e limpeza da peça, o técnico deve verificar suas superfícies de apoio com um aparelho de nivelamento ou a laser. Esse processo aponta possíveis desvios, que não devem exceder valores expressos numa tabela de tolerância existente para cada tipo de rolamento. Caso contrário, a recomendação é que o mecânico consulte técnicos especializados do fabricante de rolamentos.

Arbel acrescenta que a montagem dos rolamentos também deve contemplar cuidados com o alinhamento. “O desalinhamento é um dos principais geradores de vibração nesse componente e também transfere forças desproporcionais e prejudiciais ao conjunto, reduzindo sua vida útil.” Ele diz que existem tecnologias avançadas para essa finalidade, como o alinhamento a laser, que avalia toda a geometria do rolamento e até mesmo sua coaxialidade. “Todavia, há soluções menos evoluídas, das quais a mais conhecida é o método reverso, que utiliza relógios para realizar o alinhamento por meio da medição de um eixo em relação ao outro.”

No caso dos componentes de grande porte, a SKF também indica o aquecimento por indução antes da montagem. “Ao ser aquecido a temperaturas de 100ºC a 110ºC, o rolamento dilata, facilitando sua montagem”, explica o especialista. Para isso, a SKF dispõe de equipamento especifico para serviços de manutenção em rolamentos, que realizam automaticamente o aquecimento da peça mediante uma temperatura programada, de acordo com o seu tamanho.

Assim como a montagem, a desmontagem também deve ser realizada com o emprego de ferramentas específicas. No caso dos rolamentos de grande porte, como os utilizados no giro de guindastes, a remoção dos corpos rolantes pode ser realizada por extrator hidráulico. “Costumamos indicar esse procedimento para peças maiores de 150 mm, já que a ferramenta realiza a injeção de óleo sob pressão, sem danificar as peças”, diz Arbel. Dessa forma, o extrator hidráulico proporciona maior qualidade ao serviço em comparação com os sistemas mecânicos que realizam a desmontagem com o uso de talhadeiras ou outras ferramentas do gênero.

Armazenagem

Os rolamentos de grande porte também demandam cuidados especiais em relação ao armazenamento. Como regra geral, os especialistas recomendam que eles jamais sejam armazenados em posição vertical, que pode provocar sua ovalizados. Outro cuidado é que os rolamentos sejam armazenados em locais cobertos e pelo período máximo de seis meses. “Em recintos fechados e climatizados com temperatura média de 12°C, a armazenagem pode se estender a até um ano, chegando a cinco anos caso a peça tenha proteções especiais”, explica Arbel.

Após períodos prolongados de armazenamento, os rolamentos de grande porte podem apresentar resistência ao giro em consequência de aderência dos retentores às faces. Por isso, antes de colocá-lo em operação, a recomendação é levantar ligeiramente os retentores de forma cuidadosa em todo o circulo e girar o rolamento repetidas vezes em 360°, tanto no sentido horário como no anti-horário. Essa prática, segundo os especialistas, deve ser realizada com um objeto ‘cego’.

Cuidados na operação

Uma vez montados, os rolamentos do giro do guindaste podem ter vida útil bastante extensa, desde que sejam obedecidos certos parâmetros de operação pré-estabelecidos. “O respeito ao limite de carga do guindaste é o primeiro item de cuidado”, adianta Arbel, explicando que a operação com cargas acima das especificadas na tabela de rigging reduzem drasticamente a vida útil do rolamento.

Um dos sintomas de avaria, seja ela causada por excesso de carga ou por outros procedimentos incorretos como a falta de lubrificação, é a vibração. Para controle desse problema, é possível utilizar a análise de vibração, uma técnica de manutenção preditiva que permite identificar falhas prematuras nos mancais e em todo sistema de rolamentos.  “Atualmente, há tecnologias de monitoramento online de vibração que acompanham o conjunto de rolamentos em tempo real e emitem informações diretamente para um software de gerenciamento dos dados de vibração”, diz Antonio de Campos Junior, engenheiro de análise de vibrações da SKF.

Esses softwares, segundo ele, elaboram diagnósticos, relatórios e até enviam alertas via SMS para o gestor responsável. “Outras tecnologias de análise de vibração são off-line, nas quais o gestor de manutenção recolhe as informações coletadas pelo sistema através de um analisador manual de dados”, ele complementa.

Lubrificação

Nos rolamentos de giro de guindastes, o fator operação imprime outra particularidade: nos guindastes sobre caminhão, por exemplo, a lança raramente realiza giros de 360°. Por isso, algumas partes do rolamento ficam menos lubrificadas do que outras. Isso implica que, via de regra, a lubrificação seja realizada a cada 50 ou 100 horas, dependendo do que especifica o fabricante da máquina.

De acordo com Marcelo Medeiros, diretor de serviços da Manitowoc, dificilmente os rolamentos de giro dos guindastes produzidos pela empresa – incluindo as marcas Grove, Manitowoc, Potain e National Cranes – apresentam problemas de manutenção. “Se o usuário seguir os prazos indicados para as manutenções preventivas e adotar os corretos procedimentos de manutenção, eles ultrapassam as 10 mil h de operação sem necessidade de intervenções.” O especialista ressalta ainda que, após a intensa repetição do mesmo movimento, o operador deve realizar rotações de 360º na lança do guindaste para evitar que o desgaste se concentre em apenas um segmento do rolamento de giro

No caso da lubrificação, a maioria dos fabricantes de rolamentos aconselha a utilização de sistemas automáticos e centralizados para as peças de grande porte, mas, mesmo assim, pontuam os principais cuidados a serem tomados nessa área. Um deles é que a primeira lubrificação seja realizada imediatamente após a instalação do rolamento.

Como a função da lubrificação é diminuir o atrito, vedar e proteger o componente contra corrosão, os fabricantes ainda indicam que a aplicação de graxa deve ser feita inicialmente em abundancia, até que se forme um ‘colarinho’ de lubrificante ao redor dos vãos existentes entre os anéis e as juntas. Em seguida é preciso remover o excesso de graxa vazada com espátula (o ‘colarinho’ deve ser mantido). O processo termina com a remoção cuidadosa de respingos de graxa na área de movimentação de pessoas, de forma a se evitar possíveis acidentes.

 

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