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Revista M&T - Ed.82 - Abr/Mai 2004
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ENERGIA

Avança a infra-estrutura do gás natural

Petrobrás está investindo USS 2,8 bilhões até 2007. Em São Paulo, Comgás está implantando em média 330 quilômetros de gasodutos por ano. Brasil conta com tradição e construtoras especializadas nesse tipo de obra.

A necessidade de criar alternativas viáveis para suprir a demanda energética do país fez com que Governo e iniciativa privada desenvolvessem, nos últimos anos, uma série de projetos de produção, através de variadas fontes, que não fossem voltados apenas à hidroeletricidade. Entre as fontes energéticas com maior potencial de crescimento no Brasil, o gás natural é o que reúne, atualmente as melhores perspectivas levando-se em conta aspectos ecológicos (sustentabilidade ambiental), econômicos (custo-benefício), e até políticos (regulamentação).

Mesmo com alguns aspectos a serem definidos nas estruturas tarifária, operacional (transporte), de gestão (titularidade) e financeira (subsídios do governo, a injeção de recursos por parte da Petrobrás e das distribuidoras vem gerando resultados que beneficiam, hoje, milhares de clientes nos segmentos industrial, comercial e residencial. A evolução do gás natural como fonte energética também tem se desenvolvido pelo know-how e experiência nesse tipo de obra das empresas brasileiras de engenharia, principalmente depois dos primeiros “pipelines”, implantados na década de 1980, fruto da exploração na Bacia de Campos.

PETROBRÁS: APOSTA NO CRESCIMENTO.

Com a vinda do gás da Bolívia, a partir de 1999, os gasodutos cresceram bastante em todo o Brasil. Para consumir a oferta de 20 milhões de m3 (hoje superior a esse volume), a Petrobrás dedicou parcelas significativas de recursos na ampliação dos seus ramais gasíf


Petrobrás está investindo USS 2,8 bilhões até 2007. Em São Paulo, Comgás está implantando em média 330 quilômetros de gasodutos por ano. Brasil conta com tradição e construtoras especializadas nesse tipo de obra.

A necessidade de criar alternativas viáveis para suprir a demanda energética do país fez com que Governo e iniciativa privada desenvolvessem, nos últimos anos, uma série de projetos de produção, através de variadas fontes, que não fossem voltados apenas à hidroeletricidade. Entre as fontes energéticas com maior potencial de crescimento no Brasil, o gás natural é o que reúne, atualmente as melhores perspectivas levando-se em conta aspectos ecológicos (sustentabilidade ambiental), econômicos (custo-benefício), e até políticos (regulamentação).

Mesmo com alguns aspectos a serem definidos nas estruturas tarifária, operacional (transporte), de gestão (titularidade) e financeira (subsídios do governo, a injeção de recursos por parte da Petrobrás e das distribuidoras vem gerando resultados que beneficiam, hoje, milhares de clientes nos segmentos industrial, comercial e residencial. A evolução do gás natural como fonte energética também tem se desenvolvido pelo know-how e experiência nesse tipo de obra das empresas brasileiras de engenharia, principalmente depois dos primeiros “pipelines”, implantados na década de 1980, fruto da exploração na Bacia de Campos.

PETROBRÁS: APOSTA NO CRESCIMENTO.

Com a vinda do gás da Bolívia, a partir de 1999, os gasodutos cresceram bastante em todo o Brasil. Para consumir a oferta de 20 milhões de m3 (hoje superior a esse volume), a Petrobrás dedicou parcelas significativas de recursos na ampliação dos seus ramais gasíferos. Nos últimos cinco anos, investiu US$ 1.647 milhões em linhas localizados nas regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. Conectou grandes centros urbanos como Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e São Paulo, além de polos industriais paulistas - Ribeirão Preto, Campinas, São José dos Campos.

Atualmente, o planejamento da estatal está voltado ao transporte do gás boliviano para o Rio de Janeiro, através da interligação com Campinas! à conexão entre as malhas Sudeste e Nordeste, passando por Vitória (ES); bem como ao aproveitamento da bacia de gás natural do Norte e ampliação da malha Nordeste, estendendo a rota de pipelines nessas duas últimas regiões. Somados, os principais projetos irão demandar recursos da ordem de US$ 2.812 milhões até o primeiro semestre de 2007. “O Brasil, pelas suas dimensões continentais, possui um grande potencial de crescimento da malha de dutos. Para efeito de comparação, o PIB brasileiro é cerca de 10% do PIB dos Estados Unidos, enquanto a nossa rede dutoviária representa apenas 1% da implantada naquele país”, explica David Schmidt, gerente geral da divisão de Gás e Energia da Petrobrás.

Segundo ele, dezenas de milhões de metros cúbicos de Gás natural passarão pelos dutos da empresa nos próximos anos, com o objetivo de suprir, principalmente, a demanda das centrais termelétricas e dos projetos de co-geração implantados em unidades industriais. “Além disso, o parque industrial brasileiro também tem se adaptado continuamente para receber o gás natural. Assim como as distribuidoras vêm investindo fortemente na ampliação dos seus ramais”, continua Schmidt.

Com percurso de 453 km e 28" de diâmetro, o gasoduto Campmas-Rio de Janeiro vai ligar a Refinaria de Paulínia (Replan) ao Terminal Japeri, em Volta Redonda (RJ), permitindo conduzir a produção do Gasbol para abastecer as unidades da própria Petrobrás e demais indústrias do Rio.

A tubulação terá capacidade para transportar 5,8 milhões de m3 de gás natural por dia, a partir de outubro de 2005. Cerca de US$ 285 milhões serão investidos na linha. Outro importante empreendimento na área de pipeline que começa a ser implantado pela Petrobrás é a conexão das linhas Sudeste e Nordeste, partindo de Cabiúnas (RJ) até Catu (BA). No total, a malha dutoviária terá 1.215 km e estará apta ao transporte de 19 milhões m3 de GN por dia, com investimentos de US$ 957 milhões. O primeiro gasoduto ligará Cabiúnas a Vitória, numa distância de 325 km e com 28" de diâmetro, de maneira a utilizar o gás natural proveniente da Bacia de Campos. “Serão gastos US$ 270 milhões nessa fase, a ser finalizada em junho de 2006”, afirma o gerente geral de gás e energia da estatal.

O trecho que une as duas cidades capixabas, Vitória-Cacimbas, está previsto para operar já em março do próximo ano. E o menor deles - 125 km de extensão e 26" - e também o de menor custo, US$ 87 milhões. A intenção é aproveitar o gás produzido na Bacia de Vitória a fim de desenvolver o mercado local. Já a maior tubulação será construída entre Cacimbas e Catu, município próximo a capital Salvador. Nessa obra serão aplicados US$ 600 milhões, para instalar 765 km de dutos com 28". O prazo de conclusão fixado é para dezembro de 2006.

No Nordeste, outros quatro gasodutos têm como meta aumentar em 12 milhões de nfVdia o volume de gás natural, atendendo diversas indústrias da região, como o Pólo de Camaçari (BA). De Catu a Fortaleza, no Ceai’á, a linha de dutos terá 1.211 km de extensão. O trecho inicial, Catu-Carmópolis (SE), vai consumir US$ 190 milhões e ficará pronto no começo do primebo semestre de 2006, em 285 km e 26". Deste último

município até Pilar (AL) sairá um ramal com 176 km e 26" de diâmetro, cujo investimento será de US$ 130 milhões e o prazo final é para dezembro do ano que vem. “A malha Nordeste ainda será completada pelos trechos Pilar-Mossoró e Mossoró- Fortaleza. O primeiro terá 510 km de dutos com 24”, sendo concluído em três anos e orçamento de US$ 310 milhões. Já o segundo está previsto para fevereiro de 2006, com 240 km e 20" de diâmetro, e consumirá US$ 190 milhões”, detalha Schmidt.

A Petrobrás também está aproveitando o gás natural da Bacia do Alto Amazonas para abastecimento deste Estado e do Acre, além de Rondônia e Roraima. O gasoduto Urucu- Manaus poderá transportar 10,5 milhões m3 diários de GN, numa extensão de 682 km e 20". O projeto vai consumir US$ 400 milhões e o prazo de conclusão é para outubro de 2006. A outra obra em pipeline no Norte do País é a Urucu-Porto Velho, prevista para ficar pronta na mesma época. Serão gastos US$ 350 milhões nesta linha, que terá capacidade para 2,5 milhões de m3 por dia, com 540 km de extensão e 14" de diâmetro.

DA PRODUÇÃO À DISTRIBUIÇÃO

Após ser transportado em tubulações de grandes diâmetros, que conectam reservas nacionais e internacionais aos chamados citygates (pontos de intersecção da Petrobrás com os ramais de abastecimento), sob pressões que podem chegai- a 100 bar, o gás natural entra na rede de distribuição, para, posteriormente, seguir às indústrias, centros comerciais e residências. “E nesse ponto em que atuamos, na parte da distribuição, utilizando tubulações menos largas e pressões reduzidas, conforme pede a atividade para qual o gás será destinado”, explica José Carlos Broisler, superintendente de operações da Comgás.

Atualmente, a Comgás adquire cerca de 8 milhões de m3/dia do gás que vem da Bolívia. A oferta do insumo é complementada por mais 3 milhões de m3 provenientes das Bacias de Campos e de Merluza, em Santos. O volume é distribuído na área de concessão da companhia, que engloba Grande São Paulo, Baixada Santista, Vale do Paraíba e região de Campinas. Desde que foi privatizada, em 1999, a maior concessionária de distribuição de gás natural de São Paulo aumentou de 2.400 km para 3.500 km suas redes dutoviárias.

Nos próximos cinco anos, deverá construir uma média de 330 km de gasodutos por ano, investindo cerca de R$ 1 bilhão no período. “Em 2004, a Comgás vai implantar em torno de 400 km de dutos e investir R$ 370 milhões. No planejamento traçado até 2009, este será o ano de maior crescimento”, destaca Broisler.

Dentre os principais projetos a serem desenvolvidos pela empresa está a continuação das redes primárias ao longo das rodovias D. Pedro I e Anhanguera (próximo a Campinas) e na região do pólo industrial de São José dos Campos. Grande parte dessas tubulações - que partem dos citygates e têm dutos entre 16 e 20 polegadas e pressões de 35 bar—já foi implantada, nos últimos cinco anos, para abastecer companhias químicas, alimentícias, farmacêuticas e de bens de capital. Porém, ainda restam empreendimento para conexão de regiões como Cajamar-Caieiras. Itupeva-Cabreúva, Pedreira-Amparo, bem como reforços no ramal de Rio Claro. A meta é estender o fornecimento do gás natural às cidades de Araras e Leme.

Segundo o superintendente de operações da Comgás, a concessionária também já iniciou a capilarizarão das redes (redução dos diâmetros e da pressão) para o atendimento de academias, hotéis, postos, clubes e posteriormente, residências em s algumas cidades do interior paulista, “Já estamos adentrando na Grande Campinas, para distribuir gás natural em pontos comerciais. A tendência é fazer isso também nos ouros municípios onde já mantemos infra- estrutura. No entanto, teremos mais uns quatro anos para implantação das redes primárias”, detalha Broisler.

Em São Paulo, a Comgás tem projetos para levar gás natural a grandes consumidores comerciais da periferia. Afora o Programa Bolsões, por meio do qual pretende crescer em áreas de baixo poder aquisitivo e fraca infraestrutura, levando gás natural aos bairros de Itaquera, Guaianazes e Ferraz de Vasconcelos. O projeto teve início em 2003 e vai continuar nos próximos quatro anos.

ESPECIALISTAS EM INFRAESTRUTURA

A vinda do gás natural da Bolívia e a privatização na área de distribuição, há cinco anos atrás, fez movimentar o mercado de produtos e serviços designados ao ramo de gasodutos no país. Muitas empresas de engenharia e construção, aproveitaram a experiência em projetos de perfuração para oleodutos, adutoras de água e mesmo redes de gás nafta para a Petrobrás ou outras companhias e passaram a atuar na área, algumas inclusive com divisões específicas no segmento de Gás e Energia.

A empresa Setal Construções e Empreendimentos, por exemplo, conta mais de 20 anos de implantação de dutos de petróleo para estatal. Desde a década de 80, no início dos grandes projetos de gás natural com a exploração da Bacia de Campos (RJ), a companhia também vem acumulando know-how em engenharia, construção, montagem e gerenciamento de tubulações, plataformas, estações de compressão e unidades de tratamento de gás natural junto a Petrobrás.

A construtora finalizou, em 2002, um de seus mais importantes pipelines desenvolvidos até hoje. Com 183 km de extensão e 20" de diâmetro, o Osduc interliga a unidade de recuperação de líquidos da Petrobrás, em Cabiúnas, à Refinaria Duque de Caxias, para atender ao Polo Petroquímico Rio Polímeros. O gasoduto faz parte do Projeto Cabiúnas, de US$ 800 milhões, que a partir de 2005 contará também com uma planta de fracionamento de líquidos de gás natural, sistema de escoamento e transporte, rede de escoamento entre as unidades de produção e o continente e melhorias no sistema de compressão da plataforma de Campos.

O objetivo é aproveitar melhor o potencial da Bacia de Campos, agregando mais 10,8 milhões de m3/ dia de gás natural à capacidade de processamento da Petrobrás. “Apenas o Osduc custou em torno de US$ 34 milhões”, lembra Gabriel Aidar Abouchar, presidente da Setal e diretor de Petróleo, Petroquímica e Gás da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi). A Setal também implantou para a Petrobrás o Gasalpe, em 2000, com 223 km e 10" e que completa o “Nordestão”, com 453 km e responsável pelo abastecimento da região, conectando os Estados de Alagoas e Pernambuco. A empresa também projeta redes de distribuição como a de Curitiba, com 90 km e 6", destinada à calefação em residências.

Quanto aos projetos futuros, Abouchar ainda acha cedo comentar sobre a infra-estrutura a ser aplicada na recém-descoberta reserva de gás natural na bacia de Santos, com 419 milhões de m3 e que poderia gerar 42 milhões de m3 por dia à produção nacional. “Isso só será realidade em quatro anos, se tudo for bem conduzido pelo governo do Estado. Primeiro, temos que tratar de situações mais emergenciais como, “É tudo muito complicado e burocratizado. Está fora dos padrões de um país que deseja crescer”, diz.

Grandes diâmetros - Outra construtora com grande experiência em obras de GN no Brasil é a Azevedo & Travassos, que há 22 anos criou a divisão de dutos e, hoje, possui 80% dos seus negócios ligados ao setor de gás. “Atuamos na implantação de alguns segmentos do Gasbol, como no trecho do Pantanal, com 10.000 m de extensão e 32 polegadas de diâmetro”, recorda o engenheiro Paulo Fernando Roos, diretor da área de dutos da companhia.

Atualmente, o maior projeto da construtora em grandes diâmetros é o gasoduto Campinas-Rio de Janeiro, que ligará a Refinaria de Paulínia (Replan) ao Terminal de Japeri (RJ), em um percurso de 453 km. Aparcela da obra que ficará a cargo da Azevedo abrange a área de Atibaia e Bom Jesus dos Perdões, em São Paulo, com 46 km de extensão e 28 polegadas de diâmetro.

“Já estamos com o canteiro de tubulação aberto e todos os tubos estocados no local, apenas aguardando a autorização ambiental”, declara Roos. Assim como a Setal, a Azevedo também construiu um trecho do Nordestão, fornecendo 80 km de dutos com 12" e, desde os anos 90, incorporou a suas operações o método de perfuração dirigida ou não-destrutivo (MND). Segundo Roos, a Azevedo empregou o sistema de furo direcional em duas obras da Petrobrás - o Gasbol e a travessia do Rio Doce, em Linhares (ES) - e numa aproximação de praia do gasoduto Merluza, na Praia Grande (SP), realizada para a Sociedade Brasileira de Eletricidade (SBEI).

Na área de distribuição, onde é uma das principais contratadas da Comgás, a A&T participa de licitação para implantar 100 km de dutos na região de Cajamar e Cabreúva. Realiza ainda ramais industriais, ligações de postos GNV e adequação da linha-tronco da Comgás em São Paulo, além da readequação de redes antigas, algumas com 80 anos, feitas para o transporte de gás nafta, fazendo a substituição dos dutos de ferro galvanizado por outros de polietileno e das válvulas de controle de pressão, por outras mais potentes.

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