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Revista M&T - Ed.281 - Fev/Mar - 2024
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FINANCIAMENTO

Viés além do financeiro

Em um persistente cenário de taxas de juros elevadas e dificuldades na obtenção de crédito, os bancos de fábrica se tornam importantes aliados na renovação das frotas
Por Santelmo Camilo

Em movimento de retração desde agosto de 2023, a taxa Selic sofreu novo corte no começo de 2024 e atualmente se encontra em 11,25% ao ano — menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75%. Na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em que foi decidido o mais recente corte, os diretores da entidade foram unânimes em optar pela redução de 0,5 ponto percentual.

Ainda situada em patamar elevado, a expectativa é de que a Selic siga em queda e se encontre em torno de 9% no fim de 2024, segundo projeção do Relatório Focus, do Banco Central.

Em comunicado divulgado após o encontro, o Copom indica que, “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Assim, espera-se um novo corte de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, que acontece no final de março. “A taxa de juros alta é ruim para todos, inclusive instituições financeiras e seus clientes. Afinal, tal cenário torna o ambiente de negócios mais difícil”, avalia Paulo Alves, CEO do Banco Komatsu, destacando a importância das reduções na Selic e as perspectivas de futuras quedas.

“Essa é a informação que todo mercado tem e que traz expectativas positivas de maneira geral”, afirma.

Dentre os muitos obstáculos criados por uma taxa de juros elevada está a restrição de acesso ao crédito, o que – no caso de bens de capital – dificulta a aquisição de máquinas e equipamentos para a renovação de frotas em todo o país. Nesse sentido, os bancos de fábrica exercem um papel crucial em viabilizar tais investimentos.

“A redução da Selic, mesmo que modesta, tem surtido efei


Em movimento de retração desde agosto de 2023, a taxa Selic sofreu novo corte no começo de 2024 e atualmente se encontra em 11,25% ao ano — menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75%. Na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em que foi decidido o mais recente corte, os diretores da entidade foram unânimes em optar pela redução de 0,5 ponto percentual.

Ainda situada em patamar elevado, a expectativa é de que a Selic siga em queda e se encontre em torno de 9% no fim de 2024, segundo projeção do Relatório Focus, do Banco Central.

Em comunicado divulgado após o encontro, o Copom indica que, “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Assim, espera-se um novo corte de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, que acontece no final de março. “A taxa de juros alta é ruim para todos, inclusive instituições financeiras e seus clientes. Afinal, tal cenário torna o ambiente de negócios mais difícil”, avalia Paulo Alves, CEO do Banco Komatsu, destacando a importância das reduções na Selic e as perspectivas de futuras quedas.

“Essa é a informação que todo mercado tem e que traz expectativas positivas de maneira geral”, afirma.

Dentre os muitos obstáculos criados por uma taxa de juros elevada está a restrição de acesso ao crédito, o que – no caso de bens de capital – dificulta a aquisição de máquinas e equipamentos para a renovação de frotas em todo o país. Nesse sentido, os bancos de fábrica exercem um papel crucial em viabilizar tais investimentos.

“A redução da Selic, mesmo que modesta, tem surtido efeito nas decisões de aquisições de máquinas”, avalia Marianna Fernandes, gerente comercial do Banco CNH Industrial para o segmento de construção. “Há aumento gradual das cotações desde os últimos meses de 2023.”

As reduções da taxa de juros trazem mais um “efeito psicológico” no mercado do que propriamente impactos na decisão de compra, mas têm a sua parcela de contribuição, destaca João Aissa Neto, head comercial para pesados da Santander Financiamentos.

Para ele, o que leva as empresas a investir na aquisição de equipamentos é a confiança no setor de infraestrutura e de obras, principalmente na área pública. “Além da concessão de crédito para esse segmento, que devido ao histórico recente tem certa restrição”, opina. “Mas acredito em crescimento neste ano.”

PRODUTOS

Atualmente, as opções de produtos que os bancos de fábrica disponibilizam para permitir investimentos em máquinas e equipamentos são variadas. Entre as alternativas, a mais popular é o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) com taxa pré-fixada.

De acordo com Alves, no Banco Komatsu essa é a escolha de cerca de 95% dos clientes, independentemente do segmento em que a empresa atua. Indicando que, em geral, a construção teve os melhores resultados nos últimos 12 meses, Fernandes também destaca o CDC com recursos próprios (devido a campanhas customizadas e incentivadas pelas marcas do Grupo CNHi) e a linha de repasse do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), especialmente o Finame TFB (Taxa Fixa do BNDES).


Mesmo tímida, redução da Selic tem surtido efeito nas decisões de aquisições de máquinas

Historicamente, o mercado da Linha Amarela apresenta especial preferência pelo CDC no Brasil, mas existem alguns segmentos em que diferentes soluções acabam sendo mais buscadas. “Certas empresas de locação optam pelo leasing financeiro devido ao benefício fiscal, e ainda temos um mercado em torno de 10% em linhas de BNDES”, comenta Aissa.

Além dessas, as instituições financeiras disponibilizam ainda alternativas criadas para companhias com atuações específicas, como exportação. Mas não são apenas os produtos oferecidos por esses bancos que despertam o interesse dos clientes.

Existem, também, alguns diferenciais que simplificam os negócios. No caso do Santander Financiamentos, por exemplo, Aissa aponta a chamada “jornada para o fornecedor”. “Temos um processo rápido e fácil, indo desde a aprovação do crédito até o desembolso da operação – sempre com taxas competitivas”, assegura.

Já o Banco CNHi aposta na experiência como banco de montadora e no profundo entendimento sobre os negócios e necessidades de seus clientes. “Temos condições de financiamento e seguros customizadas que atendem desde o empreendedor individual até grandes empresas.

Também contamos com equipe de campo especializada no segmento, pronta para ajudar o cliente a escolher a opção de crédito que melhor se ajusta à sua necessidade”, menciona Fernandes, citando ainda a relação de parceria com a rede de concessionários das marcas Case CE e New Holland Construction.

“Relação que nos permite estar sempre atentos às necessidades e oportunidades do mercado”, complementa a gerente.

SUPORTE

O Banco Komatsu garante que a aprovação de crédito é rápida, sendo que o solicitante é informado se está apto a fazer o financiamento em até 2 ou 3 h. “Quando falamos em CDC, há ainda uma flexibilidade”, detalha Alves.


Mercado da Linha Amarela apresenta especial preferência pelo CDC

“Ou seja, o cliente desenha o produto de acordo com a necessidade, selecionando o percentual de entrada, prazo de pagamento ou se terá ou não carência”, diz ele, ao destacar que, além de pacotes fechados, a instituição também oferece opções personalizadas.

Esse diferencial permite que um mesmo cliente escolha as condições que melhor atendam às necessidades em função do momento. Caso esteja sem caixa, o cliente pode optar por uma entrada menor, solicitando depois um novo financiamento, dessa vez com entrada maior e parcelas menores. “Também é possível mencionar as taxas mais reduzidas”, detalha Alves.

“Em alguns momentos, oferecemos condições de 0,69% em feiras (para prazos e modelos específicos) ou, até mesmo, taxa zero. Mas, em média, trabalhamos com uma taxa de 0,99% ao mês”, detalha o CEO.

Vale lembrar que o desempenho da empresa ao longo do relacionamento com o banco é um dos principais indicadores na concessão de novos créditos, seja para aumentar o limite ou para fazer novas operações.

Esse é um fator sempre considerado para entender se o solicitante faz os pagamentos em dia, assim como qual é seu comportamento durante o relacionamento com a instituição financeira. Da mesma forma, também é analisado se a empresa precisou renegociar no período, se teve outras necessidades ou se apresentou inadimplência.

INADIMPLÊNCIA

Por falar em inadimplência, em uma realidade de altas taxas de juros é bastante comum encontrar empresas com fluxo de caixa sufocado.

Isso acontece porque a manutenção da Selic em patamares mais elevados faz com que os custos dos financiamentos aumentem, prejudicando a saúde econômica de diversas companhias, que acabam encontrando dificuldades para honrar os compromissos financeiros.

“A elevada taxa de juros faz a inadimplência aumentar”, reitera Alves, informando que o Banco Komatsu percebeu um crescimento na inadimplência, mas que se trata de uma situação totalmente administrável.

“Historicamente, nosso nível de inadimplência é baixíssimo, em torno de 0,5%”, conta o executivo. “Percebemos que essa porcentagem cresceu durante o ano, porém esperamos que volte a cair na medida em que a Selic também retroceda.”


Bancos de fábrica conseguem atuar diretamente
sobre os produtos que oferecem ao mercado

A percepção no Banco CNH Industrial é semelhante, apontando níveis de inadimplência mais altos em 2023 – sempre em linha com o mercado. “Temos trabalhado junto aos concessionários e clientes para reduzir esses níveis, buscando manter a carteira de crédito saudável e pronta para enfrentar situações desfavoráveis de mercado”, destaca Fernandes.

No Santander Financiamentos, já se visualizam os efeitos das safras melhores do final de 2023, mostrando uma boa recuperação dos índices de inadimplência. “Porém, o momento pede cautela, até a redução estar consolidada”, adverte Aissa.

Além da Selic, outras situações podem provocar aumentos nos níveis de inadimplência. É o caso de eventos climáticos extremos, como fortes chuvas ou secas capazes de impactar o desempenho das empresas e comprometer a capacidade de pagamento.

“Temos muitos clientes que são prestadores de serviço, como os locadores de máquinas”, comenta Alves. “Dependendo do clima, as companhias precisam parar o trabalho e não recebem – algo que pode se prolongar por longos períodos e provocar impactos negativos difíceis de prever com antecedência.”

CONSÓRCIO

Consórcio e financiamento são duas opções financeiras que se complementam, até por atenderem a diferentes necessidades de mercado. Em linhas gerais, caso a empresa precise de uma máquina ou equipamento rapidamente, pode optar pela via do financiamento. Por outro lado, se a mesma companhia puder renovar a frota a cada cinco anos, pode adquirir uma cota de consórcio e contar com prazos de até 120 meses.

Assim, a empresa conta com o benefício de uma parcela menor, que não compromete o fluxo de caixa. Depois de cinco anos – quando precisar da máquina –, pode dar um lance ou ser contemplada para ter acesso ao bem.

“Essa é uma alternativa de médio ou longo prazo, diferentemente do financiamento, que funciona melhor no curtíssimo prazo”, compara Alves. Uma empresa com 30 máquinas, por exemplo, pode começar a atualização da frota com o consórcio de dez equipamentos, e ir pagando as parcelas ao longo dos anos.

“Assim, no momento que os bens realmente tiverem de ser substituídos, será preciso financiar apenas 20 máquinas”, ele observa. “Ou seja, os dois produtos vão se completando quando existe bom planejamento.”

Aissa acrescenta que a modalidade do consórcio está crescendo, principalmente entre as companhias que planejam antecipadamente as compras. “A vantagem é que não há juros, sendo que as parcelas são compostas por taxa de administração, fundo de reserva e reajuste anual”, explica.

“Logo, a empresa consegue fazer um planejamento financeiro de longo prazo para a aquisição do bem e, caso tenha urgência na compra do equipamento, há ainda a opção do lance embutido, usando até 30% da carta de crédito.”

PERSPECTIVA

Para 2024, a perspectiva dos bancos de fábrica é positiva, especialmente pelo fato de que importantes feiras setoriais (como M&T Expo e Agrishow) serão realizadas no 1º semestre, além de eventos regionais.


Eventos setoriais impulsionamos negócios no setor de equipamentos

“Esses encontros começam a ser retomados de maneira mais significativa, gerando um ambiente mais positivo, o que é muito bom para a demanda”, indica Alves. Existe, ainda, a expectativa de que o Copom continue a reduzir a taxa de juros.

“O cenário econômico traz uma perspectiva mais positiva, o que gera a expectativa de que conseguiremos um bom volume de negócios e teremos um crescimento da carteira neste ano”, acredita.

Muito dessa expectativa se baseia em fatores como o lançamento do novo plano industrial para o país e as obras do PAC, que devem começar a se concretizar no decorrer do 2º semestre.

“Quando olhamos para 2024, temos expectativas positivas e de novos investimentos dos clientes”, reforça Alves. O sentimento de Aissa também é positivo, justificado por um aumento no volume de consultas de crédito em torno de 10% a 15% no primeiro mês de 2024.

“As notícias de melhor controle dos níveis de inadimplência, possibilidade de queda de juros e alguma flexibilidade do crédito para os clientes com boa classificação de risco devem contribuir para isso”, ele ressalta.


ECNONOMIA
Entenda o que é a taxa Selic


Taxa básica de juros tem impacto direto na oferta de crédito ao mercado

Sigla para “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”, a Selic compõe a taxa básica de juros que é utilizada para balizar as operações de crédito no país.

Criado em 1979 pelo Banco Central e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto, o instrumento originalmente tinha o objetivo de agilizar a venda e a compra de títulos públicos. Atualmente, além de influenciar nas captações de financiamentos e empréstimos, também é empregado no controle da inflação.

A taxa também baliza os valores pagos por títulos públicos, determinando os rendimentos do dinheiro investido em diferentes carteiras. Os cortes ou aumentos da taxa são definidos em reuniões do Banco Central realizadas em intervalos regulares de cerca de 45 dias.

Para calculá-la, o Copom (Comitê de Política Monetária) analisa diferentes indicadores financeiros. Quando a taxa é reduzida, o crédito fica mais fácil e a inflação tende a cair.

Por outro lado, quando o Banco Central opta por elevá-la, os juros do crédito ficam mais altos e os preços apresentam uma tendência de redução ou estabilidade (consequência do controle da inflação).

Segundo especialistas, as mudanças na taxa Selic demoram entre seis e 18 meses para ter um impacto pleno na economia do país.


Saiba mais:
Banco CNH Industrial:
www.cnhindustrialcapital.com/pt_br
Banco Komatsu: www.bancokomatsu.com.br
Relatório Focus: www.bcb.gov.br/controleinflacao/relatoriofocus
Santander Financiamentos: www.santander.com.br

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