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Revista M&T - Ed.264 - Junho 2022
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MANIPULADORES

Potencial de crescimento

A despeito da instabilidade econômica, oscilações cambiais e relativo desconhecimento do produto, demanda de manipuladores pode dar um salto de 150% no Brasil em 2022
Por Antonio Santomauro

Reconhecidamente, os manipuladores telescópicos – ou telehandlers – são equipamentos ecléticos. Com uma enorme gama de implementos, um único equipamento permite realizar um conjunto de tarefas de transporte e movimentação que, sem ele, exigiria pás carregadeiras, guindastes, elevadores e outros equipamentos.

Em comparação a outros países, porém, a assimilação dessas soluções ainda é tímida. No Brasil, isso ocorre por diversos fatores, como a recorrente instabilidade econômica e as oscilações cambiais, que impactam diretamente a demanda desses equipamentos, ainda disponíveis predominantemente via importação. No entanto, como observam os fabricantes, também há muito desconhecimento sobre a tecnologia e seus benefícios, principalmente na agropecuária.

E é justamente desse mercado que tem vindo a contribuição mais significativa para a expansão da demanda. Expansão que, embora pouco expressiva em números absolutos, mostra-se acentuada em termos percentuais. “Relativamente a 2021, quando o mercado somou cerca de 240 manipuladores, este ano as vendas podem crescer mais de 150%, chegando a 600 unidades”, prevê Etelson Hauck, gerente de produto da JCB. Cerca de 80% dessa expansão, ele projeta, decorrerão dos negócios realizados com o setor agropecuário. “Mas também há um nicho bastante interessante na mineração”, complementa.

Para Marcelo Bracco, diretor da Manitou na América Latina, as possibilidades de negócios realmente são interessantes na mineração, que utiliza tanto manipuladores de menor porte – para manutenção e construção de túneis – quanto versões maiores, destinadas à manutenção de grandes equipamentos e sistemas de correias. “Recentemente, vendemos um manipulador de 33 t para a Vale”, diz. “E o setor de construção já conhece bem os benefícios


Reconhecidamente, os manipuladores telescópicos – ou telehandlers – são equipamentos ecléticos. Com uma enorme gama de implementos, um único equipamento permite realizar um conjunto de tarefas de transporte e movimentação que, sem ele, exigiria pás carregadeiras, guindastes, elevadores e outros equipamentos.

Em comparação a outros países, porém, a assimilação dessas soluções ainda é tímida. No Brasil, isso ocorre por diversos fatores, como a recorrente instabilidade econômica e as oscilações cambiais, que impactam diretamente a demanda desses equipamentos, ainda disponíveis predominantemente via importação. No entanto, como observam os fabricantes, também há muito desconhecimento sobre a tecnologia e seus benefícios, principalmente na agropecuária.

E é justamente desse mercado que tem vindo a contribuição mais significativa para a expansão da demanda. Expansão que, embora pouco expressiva em números absolutos, mostra-se acentuada em termos percentuais. “Relativamente a 2021, quando o mercado somou cerca de 240 manipuladores, este ano as vendas podem crescer mais de 150%, chegando a 600 unidades”, prevê Etelson Hauck, gerente de produto da JCB. Cerca de 80% dessa expansão, ele projeta, decorrerão dos negócios realizados com o setor agropecuário. “Mas também há um nicho bastante interessante na mineração”, complementa.

Para Marcelo Bracco, diretor da Manitou na América Latina, as possibilidades de negócios realmente são interessantes na mineração, que utiliza tanto manipuladores de menor porte – para manutenção e construção de túneis – quanto versões maiores, destinadas à manutenção de grandes equipamentos e sistemas de correias. “Recentemente, vendemos um manipulador de 33 t para a Vale”, diz. “E o setor de construção já conhece bem os benefícios dos manipuladores.”

Não obstante, ao menos nos próximos dois anos o agro deve seguir como o principal destino dos manipuladores comercializados no Brasil, projeta Bracco, que compara o nicho com o segmento de tratores, ainda predominante nas operações no campo.

Na França, relata o especialista, estima-se que seja vendido um manipulador a cada cinco tratores, enquanto na Inglaterra essa proporção é de um para três. “No Brasil, se chegássemos a 10% do mercado de tratores, venderíamos 3 mil equipamentos por ano”, observa. “Seja como for, a demanda vem crescendo bastante, tanto no agro quanto na construção e mineração.”


Puxado pelo agronegócio, mercado pode chegar a 600 unidades este ano

POSSIBILIDADES

Mercados de exploração mais recente também vêm alavancando as vendas. É o caso da reciclagem, segmento para o qual a Bobcat posicionou um modelo recém-lançado, com capacidade para elevar 4,3 ton a uma altura de 7,5 m.

A reciclagem, lembra Pedro Medeiros, gerente da Bobcat na América Latina, muitas vezes lida com material contaminado, inclusive com substâncias que podem agredir o equipamento, como farpas e lascas. Por isso, o modelo incorpora uma série de itens de proteção – para proteger transmissão, tanques e faróis –, além de pneus sólidos. O mercado da reciclagem, observa Medeiros, “já é importante para diversos tipos de equipamentos”.

O modelo integra a série R (atualizando a Série M), que a Bobcat começa a divulgar agora no Brasil. A linha conta com 19 modelos, com capacidades de carga entre 2,6 e 4,3 ton e altura de elevação entre 6 e 18 m. Entre os destaques da linha, Medeiros aponta características como maior conforto para o operador, novo joystick – que confere maior precisão aos movimentos e assegura maior durabilidade – e design renovado na transmissão, capaz de proporcionar movimentos mais precisos.

No Brasil, relata Medeiros, a demanda ainda é maior por dois modelos destinados à construção, com capacidade de carga de 4 ton e alturas de 14 e 18 m, além de outros três modelos que, com variações na cabina, podem elevar de 2,6 a 4,3 ton de carga a alturas de 5,9 m a 7,5 m, atendendo principalmente ao mercado agro. “A penetração dos manipuladores já vem crescendo nesses mercados, mas tem potencial para crescer muito mais”, afirma.

Apostando em modelos mais básicos, a JCB acaba de lançar no mercado nacional os manipuladores 530-70 e 530-110, capazes, respectivamente, de içar cargas de até 3 ton a 7 m (agronegócio) ou a 11 m (construção). “Esses modelos contribuirão para alavancar nossas vendas no Brasil”, acredita Hauck.

Com as mesmas capacidades de carga e elevação, a marca disponibiliza outros manipuladores que, de acordo com o executivo, atendem melhor à demanda por equipamentos mais simples. Um deles é o modelo 531-70, que têm capacidade de carga similar (3,1 ton) e a mesma altura de elevação do recém-lançado 530-70. Porém, conta com tecnologia mais sofisticada, como maior potência – 114 hp contra 75 hp – e movimentação independente nas quatro rodas, que permite o movimento conhecido como ‘caranguejar’. “Com isso, o custo de aquisição é cerca de 30% superior ao do 530-70”, compara Hauck.

Globalmente, a JCB produz mais de 20 modelos de loadalls (termo com o qual a empresa designa seus manipuladores telescópicos). Seis deles são oferecidos no Brasil, incluindo os modelos 540-170 – com 4 ton de carga e 17 m de altura – e 535-125 – 3,5 ton e 12,5 m –, ambos produzidos na unidade de Sorocaba (SP). “Dos modelos que temos aqui, três são voltados para o agro e três para a construção”, ressalta Hauck, destacando que as máquinas permitem o uso cruzado. “Geralmente, as máquinas para o agro são menores, comparativamente às de construção”, descreve.

DESAFIOS

Na Manitou, a estratégia para ampliação das vendas inclui a expansão do apelo de modelos rotativos, que Bracco qualifica como equipamentos ‘3 em 1’, pois podem movimentar cargas, elevar pessoas e operar como um pequeno guindaste.

Na Europa e nos EUA, afirma, os rotativos já têm uso bem-consolidado na construção civil, setor que no Brasil trabalha basicamente com manipuladores fixos. “Também na mineração começamos a trabalhar mais intensamente com esses modelos”, especifica o profissional.

Segundo ele, no Brasil o câmbio influi na demanda não apenas quando valoriza acentuadamente as principais moedas em relação ao real, mas principalmente quando oscila muito, gerando incertezas tanto nos fabricantes quanto em potenciais compradores.

Ao menos momentaneamente, a demanda também pode ser afetada pelas dificuldades na logística global e pela escassez de alguns componentes necessários à produção. “Não estamos vendendo mais por falta de disponibilidade, pois se tivéssemos mais 50% de máquinas, venderíamos tudo”, revela Bracco. “Mas faltam componentes para produzir e contêineres para transportar os produtos.”

Para Hauck, da JCB, o fator que hoje pode conter a demanda nacional mais incisivamente é mesmo a variação cambial. “Mas, hoje, o câmbio está muito mais equilibrado”, ele avalia. Já Medeiros, da Bobcat, lembra que, quando confrontado com países europeus e com a América do Norte, o mercado brasileiro de telehandlers ainda tem números irrelevantes. “Em dez anos, nossa frota total não atingiu sequer um ano de produção de equipamentos novos na França”, compara.


Mineração também vem descobrindo os benefícios dos manipuladores

MERCADO

Atualmente, algo entre 1,5 mil e 2 mil unidades compõem a frota brasileira de telehandlers, estima o gerente da JCB. Para ele, o mercado nacional realmente comporta uma frota muito maior, especialmente nas atividades agropecuárias, que geralmente empregam tratores adaptados em tarefas que podem ser realizadas por manipuladores. “Em uma operação que combina lavoura e pecuária, o loadall é utilizado em tempo integral. Excluindo o arar (pois não é projetado para tracionar), o manipulador faz mais e melhor que um trator”, assegura Hauck.

Do mesmo modo, as pás carregadeiras também podem ser substituídas por telehandlers, acrescenta Bracco, da Manitou. “Além de tudo, o manipulador consome menos combustível que uma carregadeira”, pondera. Em 2012, ele lembra, foram vendidas cerca de 1.000 unidades no Brasil, muitas utilizadas no programa Minha Casa, Minha Vida, que vivia seu auge no país.

A partir daquele ano, as vendas foram se reduzindo, até chegar a 100 unidades em 2015. As vendas permaneceram baixas até 2019, quando teve início um processo de recuperação que, no ano passado, já gerou a comercialização de cerca de 250 máquinas. Este ano, prossegue Bracco, as vendas estão atingindo índices superiores aos registrados em 2021, embora ainda seja difícil precisar a quais patamares chegarão. “Creio que em um prazo não muito longo – talvez uns dois anos – esse mercado possa voltar a 1.000 máquinas/ano, das quais uns 60% destinados ao setor agropecuário”, projeta.

Mesmo o mercado de usados vive um momento bastante ativo, como destaca Medeiros, da Bobcat. A atividade, ressalta, é decorrente de uma conjugação de fatores. “Além de crescer a popularidade desse equipamento no Brasil, persiste a dificuldade para a entrega de manipuladores novos no mercado nacional”, explica.

Oferta no rental está equilibrada com a demanda, avalia executivo

Como estima Guilherme Bueno, diretor da Eleva Brasil, o mercado brasileiro de locação dispõe de algo entre 800 e 1.000 manipuladores telescópicos. Desse volume, 300 estão na própria Eleva, que também loca plataformas elevatórias.

A oferta, avalia o executivo, está equilibrada com a demanda, que provém basicamente de setores como construção civil e montagem industrial – os produtores rurais geralmente compram os equipamentos. “Historicamente, manipuladores para locação têm uma ocupação de 60% a 65% do tempo”, relata Bueno. “Estamos mantendo essa média.”

Ele também observa sinais capazes de prenunciar um início de desaquecimento da demanda. “É o caso da elevação das taxas de juros, indicando que a economia deve reduzir o ritmo”, comenta o diretor.

Além disso, a acentuada elevação dos preços de aquisição das máquinas nos últimos meses também dificulta os projetos e investimentos dos locadores, que não conseguem repassar os aumentos para os preços que praticam. “Porém, com o PIB do país crescendo uns 2%, o mercado brasileiro de locação de manipuladores pode expandir-se de 7% a 10% ao ano”, projeta Bueno.


Mesmo com desafios, mercado de locação de manipuladores pode expandir-se de 7% a 10% ao ano


INTELIGÊNCIA DE MERCADO
AEM lança novo programa estatístico para manipuladores na América Latina

A associação anunciou o lançamento de um novo programa de estatísticas para manipuladores telescópicos na América Latina, incluindo países como Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Panamá. O lançamento marca a mais recente fase dos programas da AEM na América Latina, cujas empresas participantes incluem Caterpillar, JLG Alliance, Doosan Bobcat e Sany Brasil.


Programa de estatísticas da AEM abrange países como Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Panamá

Desde janeiro, as empresas-membros recebem informações mensais sobre a participação de mercado com base em dados desses países. “Os programas fornecem informações oportunas, precisas e confiáveis”, diz Arnold Huerta, diretor de Estatísticas da AEM para a América Latina.

“Graças em parte aos programas, os membros contam com as melhores ferramentas e relatórios para determinar sua penetração no mercado e a rentabilidade do negócio”.

Saiba mais:
AEM:
www.aem.org
Bobcat: www.bobcat.com/la/pt/index
Eleva Brasil: https://elevabr.com.br
JCB: www.jcb.com/pt-br
Manitou: www.manitou.com/pt-BR#1

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