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Um caminhão de investimentos

Na contramão da Ford, a Scania acelera seus investimentos no País. Embalada pela alta das exportações, a montadora sueca vai desembolsar R$ 1,4 bilhão até 2024

Istoé

26/01/2021 11h00 | Atualizada em 26/01/2021 13h45

Em ano atípico de apenas 46 semanas, como definiu Christopher Podgorski, presidente da Scania para a América Latina, a montadora sueca registrou, até novembro de 2020, queda de 12,8% nos emplacamentos de veículos pesados (acima de 16 toneladas) em comparação a 2019, após ter as atividades paralisadas por quase seis semanas, entre março e abril, por causa da pandemia.

E a aposta para a retomada dos negócios em 2021 está no início do emprego de R$ 1,4 bilhão na planta de São Bernardo do Campo (SP), programado para até 2024, e na eficiência dos sistemas modular (permite montar os caminhões para diferentes aplicações) e de produção global (aliado nas exportações).

“A previsão para 2021 é positiva do ponto de vista de produção levando em conta que o Brasil está retomando as atividades, a exemplo de alguns países, como Chile, Peru e Colômbia”, comenta.

As projeções de Podgorski se mostram certeiras. A Scania inicia o ano com a produção de cinco meses vendida – a quantidade não foi revelada. A maior parte

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Em ano atípico de apenas 46 semanas, como definiu Christopher Podgorski, presidente da Scania para a América Latina, a montadora sueca registrou, até novembro de 2020, queda de 12,8% nos emplacamentos de veículos pesados (acima de 16 toneladas) em comparação a 2019, após ter as atividades paralisadas por quase seis semanas, entre março e abril, por causa da pandemia.

E a aposta para a retomada dos negócios em 2021 está no início do emprego de R$ 1,4 bilhão na planta de São Bernardo do Campo (SP), programado para até 2024, e na eficiência dos sistemas modular (permite montar os caminhões para diferentes aplicações) e de produção global (aliado nas exportações).

“A previsão para 2021 é positiva do ponto de vista de produção levando em conta que o Brasil está retomando as atividades, a exemplo de alguns países, como Chile, Peru e Colômbia”, comenta.

As projeções de Podgorski se mostram certeiras. A Scania inicia o ano com a produção de cinco meses vendida – a quantidade não foi revelada. A maior parte do volume será comercializada com a indústria do agronegócio, numa repetição do que ocorreu em 2020.

“Talvez seja (o agronegócio) o carro chefe dentre 36 diferentes aplicações que um caminhão pode ter”, afirmou. “E quando fabricamos há sempre um cliente por trás. Não produzimos para estoque.”

A utilização do sistema modular na linha de montagem, segundo o executivo, oferece melhores resultados econômico e financeiro.

A empresa fabrica apenas a quantidade correspondente à comercializada. No início da quarentena, em março, a montadora tinha em carteira 2,3 mil caminhões a serem produzidos. Diante da situação, a Scania antecipou o retorno às atividades com a preocupação de honrar os compromissos com os clientes.

“O mercado de transportes reagiu em 2020. Não demorou a retomarmos as nossas atividades normais em termos de produção e comercialização.”

O sistema de produção global também tem garantido negócios importantes para a operação brasileira. As dez unidades produtivas instaladas em São Bernardo são idênticas em processo, método e equipamentos às plantas européias.

A Scania do Brasil exporta para a Rússia e a África do Sul, além de ter a Argentina e o Chile como dois dos principais clientes na América do Sul.

“Com a desvalorização cambial do real (cerca de 40% em um ano) repentinamente nos tornamos supercompetitivos como exportadores”, afirmou o executivo, ao destacar que 30% dos veículos fabricados no ano passado foram para o mercado internacional.

Para atender às novas tendências globais de transportes, a montadora vai iniciar neste ano o aporte de R$ 1,4 bilhão na modernização da planta de São Bernardo.

O montante será aplicado ainda em novas tecnologias e no prosseguimento de projetos relacionados a combustíveis alternativos, como o gás natural e o biometano. A Scania também tem acelerado o processo jornada de eletrificação e mobilidade.

Mesmo durante a pandemia, a companhia concluiu a viabilização da industrialização de veículos a gás, no caso caminhões – até outubro, 50 unidades foram comercializadas. E espera que, nos próximos meses, a produção de ônibus a gás seja realidade no mercado brasileiro.

A planta da montadora automotiva tem trabalhado em alerta nas últimas semanas em razão de problema comum a outros setores da economia: a falta de matéria-prima e insumos. No caso da Scania, de aço e sucata. A empresa, no entanto, não deixou de produzir qualquer unidade programada.

“O pior já passou. A situação deve estar normalizada ainda no primeiro trimestre”. Além disso, como a cadeia de suprimentos da empresa tem muitos componentes importados, o presidente revelou discussão comercial com fornecedores para precificação em decorrência da desvalorização cambial. “Tudo está equacionado.”

Apesar da preocupação com a desvalorização do real, além do possível aumento da inflação e dos juros durante o ano, Podgorski revela confiança na economia brasileira.

“Temos 62 anos de Brasil. Estamos acostumados à volatilidade. O nome do jogo é sempre flexibilidade. A perspectiva é positiva”. De acordo com ele, com base na estimativa de crescimento do agronegócio (3%, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e da indústria (de 4,2% para a Confederação Nacional da Indústria), ”a retomada não parece ser em bolha e, sim, consistente e sustentável pelo, no mínimo, os próximos 12 meses.”

Alta

A expectativa de bons negócios em 2021 demonstrada pela Scania é compartilhada pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Apesar de o segmento de caminhões novos ter registrado queda de 12,3% no fechamento dos emplacamentos de 2020 – foram vendidas 89.207 unidades no total contra 101.733 de 2019 –, o resultado foi superior ao projetado e depois revisado pela entidade em outubro, que estimava redução de 15% (86,6 mil), e maior do que o computado nos anos de 2015 a 2018.

Diante deste cenário, a Fenabrave estima crescimento de 21,7% neste ano (em relação ao último período), com a comercialização de 108,5 mil veículos.

O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, acredita que as vendas só não foram maiores devido à retração da produção em virtude da pandemia. “Os fabricantes de caminhões tiveram muita dificuldade para atender à demanda”, afirmou, ao destacar que “boa oferta de crédito e melhora do preço das commodities são fatores positivos, que impulsionaram e continuam mantendo a procura.” Resta saber se a demanda irá se manter ou se as montadoras terão de suspender novamente as atividades em virtude do aumento dos casos de Coronavírus pelo país.

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