Durante mesa-redonda realizada no 2º Congresso de Tecnologia e Gestão de Equipamentos para Construção e Mineração, as fabricantes Caterpillar, Komatsu, Liebherr e Volvo CE apresentaram detalhes tecnológicos de seus respectivos equipamentos híbridos, assim como softwares para gestão e conceitos inovadores que estão sendo introduzidos no setor em nível global.

Segundo os especialistas, é notória a necessidade atual de se aprofundar o compromisso de redução do impacto ambiental e diminuição do consumo de diesel por meio da utilização de equipamentos híbridos no segmento da construção, um tema recorrente nas preocupações das empresas relacionadas ao desenvolvimento de novos produtos.

Regeneração - Segundo Carlos Joaquim Stocco Portes, gerente de engenharia de produtos da Caterpillar Brasil, a principal característica das máquinas híbridas é justamente a presença de tecnologias inovadoras no uso de energia, que não estão presentes nos projetos tradicionais. "Esses equipamentos combinam conceitos elétricos e hidráulicos, tirando melhor proveito de ambas as tecnologias", afirma o especialista. "Além disso, têm a vantagem de coletar, transformar, armazenar e reutilizar energia quando é apropriado."

Nesse sentido, a escavadeira hidráulica HB205-1 foi um dos equipamentos apresentados pela Komatsu que utilizam o sistema híbrido para conversão de energia. Conforme explica Paulo Jauhar, gerente de vendas da fabricante, a máquina recupera a energia de frenagem, convertendo-a em energia elétrica para carregamento dos capacitores. Durante a operação de giro, a energia armazenada retorna ao sistema não apenas na forma de energia de movimento e torque de giro, mas também como suporte à aceleração do motor a diesel. "É por isso que dizemos que esses equipamentos híbridos trabalham com o conceito de regeneração", diz ele. 

A Liebherr apresentou o sistema Pactronic, um conceito híbrido no qual a energia dos guinchos é armazenada em dois acumuladores hidráulicos e o acionamento dos guinchos é feito por meio do sistema hidrostático, auxiliado pelos próprios acumuladores. "Este sistema integrado utiliza uma tecnologia avançada de controle eletrônico e software", explica Sergio Kioshi Sassaki, engenheiro de vendas sênior da Liebherr, "e isso resulta em baixo consumo de combustível e um controle mais preciso e suave de movimentos, além de um alto nível de segurança".

De acordo com Massami Murakami, diretor de engenharia de aplicações para a América Latina da Volvo CE, a empresa sueca também conta com tecnologia híbrida em seu portfólio, especialmente na linha de ônibus, que contribui para uma redução de até 35% no consumo de combustível e significativas taxas de redução nas emissões de CO2. "Para o futuro, estamos pensando em desenvolver esta tecnologia também para os equipamentos de construção, visando atender à evolução das regulamentações de emissões, ao aumento de custos dos combustíveis fósseis e à necessidade crescente dos sistemas de potência e controle", afirma.

Gestão - Ao discorrer sobre gestão de equipamentos, Marcelo Souccar, diretor dos segmentos de Serviços e Jurídico da Totvs, apresentou algumas ferramentas inovadoras e já disponíveis no mercado para a otimização do gerenciamento de ativos móveis.

Dentre os recursos atuais, o especialista destacou portais on-line, plantas gráficas, controles de reincidência, ferramentas de atendimento e previsibilidade de estoques e suítes de distribuição, entre outros. "Com a utilização de softwares, é possível por exemplo melhorar a organização dos processos, padronizar os relatórios e informações gerenciais e garantir um maior controle de compras e produtividade do projeto", afirma Souccar.

Consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema, Yoshio Kawakami apresentou o conceito de Integrated Vehicle Health Management (IVHM) – algo como Gestão Integrada da Saúde do Equipamento, um conceito surgido na década de 70 no âmbito da indústria aeroespacial norte-americana para garantir a confiabilidade de sistemas.

Segundo o consultor, o conceito precisa migrar rapidamente para o setor de equipamentos. Nesse novo estágio, além de integrar componentes de diferentes linhas, o equipamento melhora a cada dia, por meio de simulações, testes e métodos de otimização em tempo real que permitem isolar as falhas e impedem o comprometimento do sistema. "O IVHM amplia o ciclo de vida do produto com saúde, realizando diagnósticos e prognósticos mais precisos e realistas, de modo a antecipar falhas", explica. "Além disso, permite a realização de intervenções baseadas na degradação real versus estimativas empíricas, reduzindo o tempo necessário de intervenções de manutenção."