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As perspectivas pós-crise

Leia análise conjuntural e considerações estratégicas sobre a gestão de empresas durante e após a crise sanitária, elaboradas pela Raiz Consultoria

Raiz Consultoria

26/05/2020 11h00 | Atualizada em 28/05/2020 15h56

Pela primeira vez, ultrapassamos a marca de 1.000 óbitos em 24 horas. Mais precisamente, 1.179 pessoas perderam a vida em apenas um dia (19 de maio). Além de capitais e estados em condições de ‘lockdown’, mesmo as cidades do interior apresentaram aumento do número de casos, confirmando a perda da vantagem construída inicialmente com a quarentena.

Como resultado, contabilizamos os custos da quarentena (paralisações) e da indisciplina (contaminação), potenciando o pior dos dois mundos. Embora as discussões direcionem para a liberação das atividades, o fato é que nos últimos 30 dias houve pequenos avanços e grandes retrocessos nesse objetivo, mesmo com as medidas mais restritivas no Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

O governo federal segue com a pressão pela abertura, enquanto governadores e prefeitos seguem com a necessária contenção. Em termos práticos, as decisões dos administradores públicos têm sido coerentes para a situação real, sem ações levianas.

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Pela primeira vez, ultrapassamos a marca de 1.000 óbitos em 24 horas. Mais precisamente, 1.179 pessoas perderam a vida em apenas um dia (19 de maio). Além de capitais e estados em condições de ‘lockdown’, mesmo as cidades do interior apresentaram aumento do número de casos, confirmando a perda da vantagem construída inicialmente com a quarentena.

Como resultado, contabilizamos os custos da quarentena (paralisações) e da indisciplina (contaminação), potenciando o pior dos dois mundos. Embora as discussões direcionem para a liberação das atividades, o fato é que nos últimos 30 dias houve pequenos avanços e grandes retrocessos nesse objetivo, mesmo com as medidas mais restritivas no Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

O governo federal segue com a pressão pela abertura, enquanto governadores e prefeitos seguem com a necessária contenção. Em termos práticos, as decisões dos administradores públicos têm sido coerentes para a situação real, sem ações levianas.

Cenários
O cenário de proximidade das eleições presidenciais nos EUA já direciona as atitudes e as ações do presidente Trump, como o ataque à China e a suspensão da contribuição à OMS. Nos últimos dias, Trump tem mencionado a possibilidade de cancelamento de voos do Brasil para os EUA, sinalizando um prejuízo diretamente causado pela gestão pública da crise da Covid-19.

O setor agrícola e pecuarista temem que a postura do governo em relação à China prejudique as relações comerciais. O setor industrial está sofrendo com perdas cambiais resultantes dos efeitos internacionais da pandemia e das seguidas crises políticas no Brasil.

A China segue com ações para minimizar o impacto das críticas lideradas pelos EUA, seja ao concordar com auditoria independente na OMS – o diretor-geral da Organização, Tedros Adhanom, está sofrendo pressão para renunciar, por supostamente ter negligenciado informações sobre o novo coronavírus – como ao tomar ações internas para melhorar a competitividade da indústria. Em abril, as exportações da China cresceram 3,5% em relação ao mesmo mês de 2019.

Notícias sobre o avanço das pesquisas para o tratamento e prevenção da Covid-19 causaram impacto positivo nos mercados. Apesar de ainda distantes da disponibilidade, a mera possibilidade de surgirem medicamentos e vacinas já provoca efeitos positivos na economia.

Desafios
Apesar de seguirmos em plena crise sanitária, com indicadores cada dia mais comprometedores, há pressões para a retomada das atividades econômicas. Exemplos de outros países, que já dobraram a curva do pico da pandemia, mostram que a retomada terá de ser gradual e cuidadosamente monitorada, pois o recrudescimento da doença pode frear a liberação das atividades.

Nos últimos 30 dias, houve ruído nos meios de comunicação e polêmicas nas mídias sociais, além de muita pressão política, mas pouco avanço na liberação das atividades.

O fato é que o equilíbrio de forças resultou em poucas mudanças, beneficiando o combate à covid-19, mas com crescente insatisfação da população pelo sofrimento causado.

Temas importantes sobre o futuro, que demandam decisões de gestores e líderes, começam a incomodar as empresas. Para as empresas que mantêm as atividades, a preparação para o momento de aceleração e investimento é uma questão essencial. Para as que sofreram paralisação de suas atividades, o momento e a forma de retorno são questões no mínimo angustiantes.

Nesse quadro, todos se perguntam sobre agir ante os desdobramentos inevitáveis que virão. Pelo histórico de crises recentes e de epidemias do passado, é possível traçar algumas premissas para orientar as decisões:
• A expectativa das pessoas é resgatar seu cotidiano, hábitos e liberdades após as crises, que desencadeiam esforços de reconstrução nas famílias e nas pessoas. Os anseios do mundo são direcionados ao resgate da vida anterior.
• Apesar das dificuldades iniciais, a descoberta de medicamentos e tratamentos mais eficazes para a covid-19 é um processo científico natural e certamente surgirão soluções que reduzirão o efeito letal da doença.
• O desenvolvimento de uma vacina eficaz requer algum tempo, mas os recursos dedicados são incomparavelmente superiores a qualquer caso anterior. A descoberta deverá ser mais rápida, assim como os investimentos para sua produção. A dimensão da oportunidade mercadológica assegura o interesse.
• Sem vacinas e tratamentos, nem toda a população poderá assumir os riscos de um retorno gradual, mas grande parte poderá retomar suas atividades com algumas adaptações e cuidados. A cada dia, mais empresas e setores encontram uma forma para conciliar o desafio e as soluções para o retorno gradual.
• A cada catástrofe fala-se que ‘o mundo nunca mais será o mesmo’, mas poucas mudanças profundas acontecem abruptamente e o mundo ‘retorna à normalidade’. Mesmo após o choque da crise financeira de 2008 ou dos atentados de 2001, o mundo seguiu o mesmo curso, ao menos em linhas gerais.
• Apesar de a crise sanitária ser classificada como ‘pandemia’, há diferenças regionais e oportunidades particulares a serem consideradas para as decisões de negócios das empresas. A pandemia é democrática nas consequências da doença, mas não no seu impacto social e econômico.
• Haverá críticas às falhas de gestões públicas e de organizações como a OMS, por uso político da situação e recursos que nunca alcançam os mais necessitados. Populações, regiões e países esquecidos por governos e instituições internacionais são comuns nessas crises. As discrepâncias são evidenciadas, com maior espaço para propostas de iniciativas sociais.
• Apesar das discussões sobre o modelo do retorno, em ‘V’, ‘U’ ou ‘L’, as reações às crises e epidemias funcionam como energia represada e, geralmente, promovem um rápido e vigoroso crescimento econômico no pós-crise. Ninguém sabe o que acontecerá, mas a história mostra recuperações mais rápidas do que as preconizadas.
• Como em qualquer situação de mercado, novas oportunidades surgirão e o fator determinante de recuperação e crescimento dos negócios serão as iniciativas adotadas pelas empresas. A recuperação econômica é resultado das iniciativas e ações das empresas e das instituições que atuam no mercado.
• Os recursos dos governos salvam as instituições financeiras e empresas no mundo com força política. Mas a população paga indiretamente tais ‘salvamentos’. Nem todas as empresas menores conseguem acesso aos recursos e muitas delas sobrevivem às próprias custas e iniciativas, enquanto outras não conseguem resistir às dificuldades.

Apesar de todas as incertezas atuais sobre a retomada das atividades e recuperação do mundo, indicamos essas premissas como um ponto de partida para elaboração de uma visão específica dos negócios, preparação do processo de tomada de decisões, planejamento de atividades e definição de perspectivas para o futuro.

Recomendações
A velocidade de recuperação é fundamental para ganhar espaço no mercado pós-crise. Este é o principal objetivo do trabalho a ser desenvolvido por gestores e líderes. ‘Como proceder no momento adequado’ é o plano a ser desenvolvido, mirando oportunidades durante a crise e, especialmente, no pós-crise.

Cabe aos gestores elaborar e proporcionar uma expectativa de continuidade do empreendimento e crescimento da empresa. Seguem alguma considerações:

• Assimilar que a base do pós-crise será o retorno à vida, à rotina e às atividades anteriores. As expectativas são de resgate das condições anteriores como consequências do retorno à normalidade. Um ‘novo mundo’ não é parte das expectativas da população.
• Fatores que provocarão mudanças no mundo são pré-existentes, como:
o Implantação da tecnologia 5G
o Introdução da Inteligência Artificial
o Mobilidade elétrica
o Isolacionismo individual (Hikimori)
o Longevidade
o Menor crescimento populacional
o Acesso a bens, ao invés de posse
o Doenças da Alma
o Excesso de Capital
• Crise é represamento de energia, que gera uma recuperação rápida e vigorosa na retomada, promovendo períodos de crescimento econômico superiores aos previstos pelos especialistas de cada época.
• Recuperação depende mais de iniciativas próprias das empresas do que dos programas de ajuda, que não alcançam os mais necessitados na ponta do mercado. Queixas e críticas sem estratégia não produzem resultados concretos.
• Reavaliar as fontes de insumos e produtos, considerando-se os custos da situação cambial, como parte da política econômica do governo brasileiro. Os insumos e produtos importados poderão representar perda de competitividade para o negócio.
Para encerrar, fica a lembrança de que em toda crise de grandes proporções, a estratégia é sempre a sobrevivência: ‘Espere o melhor, mas prepare-se para o pior’.

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