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Revista M&T - Ed.280 - Dezembro 2023
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MANUTENÇÃO

Vida útil plena para eixos

Programa de intervenções inclui análise de fluidos, lubrificação periódica e cuidados com rolamentos, vedações, engrenagens, fixações e pneus, mas procedimentos com solda não são indicados
Por Antonio Santomauro

Além de interligarem os pares de rodas e contribuírem para a estabilidade, os eixos exercem outras funções em caminhões e máquinas móveis, como transmitir a força gerada pelo motor para as rodas.

Por isso, a manutenção do conjunto de eixos significa não apenas zelar pela segurança da operação – considerando que problemas nesse componente podem gerar graves acidentes –, mas também colaborar com o bom desempenho da máquina, inclusive obtendo redução no consumo.

A segurança da operação e, especialmente, dos profissionais envolvidos pode ser comprometida caso o eixo não esteja em boas condições, ocasionando eventuais quebras ou soltura de rodas, por exemplo.

lém disso, a manutenção inadequada do componente também pode elevar o consumo de combustível.

“Como o eixo é composto por rolamentos, há esforço adicional do motor quando um deles é ineficiente”, ressalta Marco Antonio Strassacapa, assistente técnico sênior da Cummins Meritor, que no Brasil produz eixos de tração para caminhões pesados e extrapesados (e, mais recentemente, também para equipamentos agrícolas).


Ineficiência de rolamentos dos eixos gera esforço adicional do motor,
exigindo um cronograma ajustado de ações preventivas

O eixo trativo, ele detalha, tem a responsabilidade de transferir o movimento do motor para as rodas de tração. Esse componente é constituído por diferencial (por sua vez composto por coroa, pinhão, satélites e planetárias), carcaça e semieixos, além de conter freios e cubos de rodas.

Como ocorre com qualquer componente, um bom processo de manutenção desse conjunto deve seguir um cronograma pré-estabelecido de ações, fundamentadas nas especificações dos respectivos manuais.

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Além de interligarem os pares de rodas e contribuírem para a estabilidade, os eixos exercem outras funções em caminhões e máquinas móveis, como transmitir a força gerada pelo motor para as rodas.

Por isso, a manutenção do conjunto de eixos significa não apenas zelar pela segurança da operação – considerando que problemas nesse componente podem gerar graves acidentes –, mas também colaborar com o bom desempenho da máquina, inclusive obtendo redução no consumo.

A segurança da operação e, especialmente, dos profissionais envolvidos pode ser comprometida caso o eixo não esteja em boas condições, ocasionando eventuais quebras ou soltura de rodas, por exemplo.

lém disso, a manutenção inadequada do componente também pode elevar o consumo de combustível.

“Como o eixo é composto por rolamentos, há esforço adicional do motor quando um deles é ineficiente”, ressalta Marco Antonio Strassacapa, assistente técnico sênior da Cummins Meritor, que no Brasil produz eixos de tração para caminhões pesados e extrapesados (e, mais recentemente, também para equipamentos agrícolas).


Ineficiência de rolamentos dos eixos gera esforço adicional do motor,
exigindo um cronograma ajustado de ações preventivas

O eixo trativo, ele detalha, tem a responsabilidade de transferir o movimento do motor para as rodas de tração. Esse componente é constituído por diferencial (por sua vez composto por coroa, pinhão, satélites e planetárias), carcaça e semieixos, além de conter freios e cubos de rodas.

Como ocorre com qualquer componente, um bom processo de manutenção desse conjunto deve seguir um cronograma pré-estabelecido de ações, fundamentadas nas especificações dos respectivos manuais.

A primeira medida desse programa, ressalta o profissional, é trocar o óleo nos períodos recomendados, pois as engrenagens do eixo sempre exigem fluido em boas condições (geralmente, quanto mais severa a aplicação, menor é o intervalo de troca).

“Além de seguir o cronograma de trocas, é necessário usar o óleo indicado nas quantidades corretas”, acrescenta Strassacapa.

Como destacado acima, também é importante cuidar dos rolamentos. A maioria dos eixos, relata o assistente, conta com cinco rolamentos, que devem ser periodicamente trocados, juntamente com as respectivas vedações.

Os fabricantes disponibilizam um cronograma pré-definido de trocas, sendo recomendado também verificar as condições de rolamentos e engrenagens na hora da troca do óleo.

“A contaminação por material particulado no lubrificante indica que algum componente está sofrendo desgaste acentuado e, portanto, encontra-se na iminência da falha”, observa Strassacapa.

ANÁLISE

A análise do óleo que está sendo substituído também é recomendada por Giovane Luiz da Silva, gerente de serviços da Brasif, que distribui produtos das marcas Case CE, Hyster-Yale e FPT Industrial, além de prestar serviços de manutenção ao mercado.

Segundo ele, inicialmente é possível realizar uma análise visual, detectando um eventual acúmulo de partículas nos imãs dos bujões magnéticos, responsáveis pela filtragem do óleo.

Porém, somente a análise química pode proporcionar um leque mais amplo de informações. “Em máquinas de Linha Amarela e outros equipamentos off-road, o sistema de freios é interno ao eixo, sendo que a análise do óleo pode indicar se são os freios que estão se desgastando”, comenta Silva.

“Além disso, a maioria das máquinas tem sistemas autoblocantes, que impedem que uma roda gire livremente em relação à outra, sendo ainda possível descobrir se esse sistema está se desgastando.”

A análise do óleo, complementa o gerente, pode indicar inclusive se o componente está se desgastando naturalmente, revelando se a máquina está operando em regime mais severo que o normal, o que, por sua vez, embasa a recomendação de possível antecipação de reforma.

“Deve-se utilizar sempre o óleo indicado”, reforça o especialista da Brasif. “Um óleo inadequado, por exemplo, pode danificar o sinterizado do freio a banho de óleo, que contribui para a frenagem, ou as embreagens do bloqueio do diferencial.”

Uma primeira análise, ele destaca, pode ser considerada após a inspeção visual, notando-se a presença de partículas no óleo ou verificando-se o bujão magnético, que retém as partículas metálicas em excesso no sistema.

Mas somente uma análise química, em laboratórios especializados, pode proporcionar um leque mais amplo de informações, além de indicar se o óleo atende às especificações para o uso.

“Podemos identificar a presença de água e silício, mostrando ainda falhas em vedações, tampas, bujões, filtro do respiro ou, até mesmo, decorrentes da manutenção preventiva”, destaca.


A vida útil de eixos está diretamente
elacionada à severidade da aplicação

Para manter os freios em boas condições, deve-se ainda trabalhar com pneus que tenham a mesma vida útil e sejam do mesmo fabricante, como destaca Luis Fernando Bertoncelo, supervisor de suporte de serviços da Brasif.

“Senão, há o risco de danos no diferencial, cuja função é justamente compensar as diferentes rotações das rodas, mas que pode ser forçado indevidamente por pneus com dimensões ou características diferentes”, explica.

“Também é importante acompanhar os ruídos, parando imediatamente a operação caso surjam barulhos anormais, que normalmente vêm acompanhados por outros tipos de anomalias, como solavancos.”

A verificação das fixações – principalmente relacionadas às extremidades – é ressaltada por Renan Silveira, especialista de produtos da Cummins Meritor. Isso inclui a fixação de semieixo, freios, cubo e tambor.

“A porca de fixação do cubo, por exemplo, tem uma trava externa”, diz Silveira. “Mas isso não quer dizer que não possa haver um afrouxamento eventual, tornando necessário verificar suas condições.”

A vida útil de um eixo, delineia o especialista, está diretamente relacionada à aplicação, sendo geralmente menor que a de seus componentes, de acordo com a severidade da operação.

“Os eixos são projetados para durar por toda a vida útil do equipamento, mas sempre pode haver alguma quebra, seja por excesso de carga, condução indevida ou outro problema”, salienta.

“Nesse caso, não é aconselhável realizar qualquer procedimento com solda, mas substituir o componente em caso de quebra.”

Da mesma maneira, os eixos geralmente não estão sujeitos a trincas. Caso surja um problema desse gênero, a indicação – novamente – é trocar o componente avariado, ao invés de recorrer à solda.

Até porque, como ressalta Bertoncelo, da Brasif, “em alguns equipamentos os eixos têm inclusive uma função estrutural”.


Em geral, as intervenções em eixos se resumem a trocas de rolamentos, vedações e ruelas

PROCEDIMENTO

De acordo com Renan Moreira, coordenador de serviços da Tracbel, além da substituição de óleos e filtros nos períodos indicados de revisões preventivas, deve-se ainda limpar o eixo periodicamente, assim como realizar acompanhamentos por meio da análise de fluidos.

“Alertas de alterações nas análises de óleo do componente, indícios de limalhas nos bujões de dreno, existência de ruídos e vazamentos anormais no componente são situações que podem exigir um serviço de manutenção nos eixos”, resume Moreira.

Embora seja um componente fundamental de qualquer veículo ou equipamento móvel – e, diga-se, de valor financeiro mais elevado –, um eixo normalmente não exige ações muito complexas de manutenção, desde que mantido de acordo com as indicações dos fabricantes.


Eixos podem apresentar problemas decorrentes de cargas excessivas ou da operação em campo

Na maioria das vezes, as intervenções se resumem a trocas de rolamentos, vedações, calços e arruelas, como apontado nesta reportagem.

“Geralmente, são ações mais simples, que demandam peças fáceis de encontrar”, diz Bertoncelo. “Contudo, caso um cronograma de manutenção preventiva não seja devidamente implementado, pode haver estragos mais significativos, cuja solução invariavelmente será bem mais onerosa, com a troca de componentes como coroa, pinhão, satélites e planetárias”, alerta o especialista da Brasif.


DICAS
Eixos de implementos rodoviários também exigem cuidados


Em implementos, o ideal é realizar a verificação dos eixos com instrumentos de medição

Também para eixos de implementos rodoviários, contar com um programa ajustado de manutenção periódica é essencial para manter o equipamento em bom estado, ressalta Gabriel de Oliveira Lopes Zardo, coordenador de engenharia de produto do Ibero Group, empresa de Itaquaquecetuba (SP) que produz eixos para implementos tanto fora de estrada – como implementos canavieiros e florestais –, quanto baús, soluções para transporte de carga seca, cegonheiros e tanques, dentre outros.

Seja qual for o tipo de implemento, ele observa, os eixos basicamente requerem os mesmos cuidados, podendo variar apenas a periodicidade.

“Geralmente, as ações de manutenção têm periodicidades menores nos implementos fora de estrada, que atuam em ambientes mais agressivos”, ressalta Zardo, destacando a necessidade de verificação – sempre que possível – de folgas ou aperto dos rolamentos.

“O ideal é realizar a verificação com instrumentos de medição, mas operadores, motoristas e mecânicos experientes são capazes de perceber se há folga apenas pelo balanço anormal da roda”, destaca.

O especialista também recomenda atenção com a lubrificação periódica. Geralmente, a troca deve ser feita de 30 a 40 mil km em implementos fora de estrada e entre 40 e 60 mil km nos demais.

“É de suma importância não apenas utilizar a graxa correta, mas também nas quantidades recomendadas pelos fabricantes”, diz ele. “Sempre que se trocar a graxa, também é necessário trocar o retentor, para evitar o risco de vazamentos e incêndios.”

Outro aspecto imprescindível é cuidar dos freios, especialmente no caso de implementos acionados por sistema pneumático de tambor S-Came. Nesse caso, é recomendável verificar periodicamente o desgaste das lonas (a cada 10 a 15 mil km, aproximadamente) e trocá-las quando necessário.

“Sempre que for feita a troca das lonas é preciso trocar também as molas de ancoragem e retorno”, lembra Zardo. “Além disso, também é necessário verificar o desgaste do tambor.”

Os manuais de manutenção, orienta o profissional, definem as periodicidades das verificações e trocas de componentes. “Caso haja alguma trinca, deve-se verificar com o fabricante se existe a possibilidade de correção com solda, que deve ser feita apenas na linha neutra, nunca nas vigas”, orienta.


CONTROLE
Condições operacionais afetam a resistência mecânica de eixos


Falta de manutenção preventiva pode ocasionar estragos significativos em eixos

Com um programa de manutenção bem-programado, dificilmente ocorre falha em um eixo, observa Odilon Moraes Junior, professor de cursos técnicos em processos metalúrgicos e de pós-graduação em engenharia de fundição da Faculdade SENAI Nadir Dias de Figueiredo.

Dependendo das condições de operação, ele ressalva, é preciso acompanhar não apenas as ocorrências mais habituais (como a possibilidade de vazamentos), mas também a influência de fatores como temperatura e vibração.

Temperaturas muito elevadas ou muito baixas podem ocasionar perda de resistência mecânica do material, destaca o professor. “Vibrações excessivas também podem ocasionar problemas”, lembra Moraes Junior, destacando que esses fatores devem ser acompanhados durante as ações de manutenção.

Os eixos, ele prossegue, também são submetidos a esforços cíclicos, sendo que o atrito e as vibrações resultantes podem comprometer o desempenho. Inclusive, esses agentes podem ter a ação agravada por fatores como cargas excessivas ou operação em terrenos irregulares.

Por isso, em situações desse gênero é indicado acompanhar atentamente o impacto nos eixos.

Ou seja, como qualquer outro componente, o eixo também pode apresentar problemas decorrentes tanto da produção quanto da operação em campo, acentuando a importância da manutenção.

“Em todas essas vertentes, um fator muito importante é o controle, indispensável para que os procedimentos corretos sejam realmente seguidos”, acentua Moraes Junior.


Saiba mais:
Brasif Máquinas:
www.brasifmaquinas.com.br
Cummins Meritor: www.cummins.com/pt
Ibero Group: https://iberogroup.com.br
SENAI: https://metalurgia.sp.senai.br
Tracbel: www.tracbel.com.br

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